Senhor Gestor...
Respeito é bom, e todos gostam!
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A palavra gestão é muito usada hoje tanto em organizações empresariais como em escolas, sejam elas particulares ou públicas, e seu conceito veio para ficar. É indispensável a um bom gestor conhecer tudo sobre liderança. Ser um líder bem-sucedido, em qualquer instituição, é um grande desafio. Por outro lado, essa busca por líderes verdadeiros para gerenciar processos — sejam eles administrativos ou pedagógicos — não é fácil. Encontrar pessoas capazes de usar, com sabedoria, a posição e o poder que um gestor tem em suas mãos é uma tarefa complicada. É preciso ter visão, pois essa é a questão mais fundamental de valores, aspirações e metas de cada um de nós enquanto gestores de uma escola. O ato de gerir pode e deve ser aprendido. Ele não acarreta privilégios, e sim responsabilidades. Vemos que alguns gestores apresentam pontos em comum: muitos possuem ego elevado, capacidade de pensar estrategicamente e orientação inclinada para o futuro. Porém, o gestor tem de ser uma pessoa humilde e generosa até certo ponto, deve criar uma estratégia de liderança, comunicar-se de forma persuasiva, comportar-se de modo íntegro, respeitar os outros e agir com muita delicadeza ao conduzir seus liderados para as metas e os objetivos a que se propõem alcançar. Para isso, tem de haver prioridades. Não pode mais se prender a pequenos detalhes que não sejam importantes para o contexto geral. A liderança tem como responsabilidade criar uma estratégia para que o processo ensino-aprendizagem aconteça — e com sucesso —, a fim de que a escola como um todo seja bem- -sucedida e propicie metas (crescer, prosperar, vencer, etc.). Histórias do cotidiano escolar Gostaria de comentar uma história bem interessante e que prova que a realidade de algumas escolas está longe do ideal. No fim de ano, professores que atuam em uma ou mais escolas estão realmente sufocados de tanto trabalho. Nossa história aconteceu em uma quente manhã de segunda-feira. O professor, personagem principal, havia acordado cedo, como de costume, saiu de casa às 6:30 e, logo depois, já estava participando da segunda reunião de seu dia com seus parceiros de jornada, a equipe diretiva e pedagógica de uma das instituições em que trabalha. Em meio à reunião, pede- se a ele que atenda a uma ligação, pois alguém do outro lado da linha afirma ser de suma importância comunicar-se com ele. Levanta-se e vai até o telefone. Suas pernas tremem, e, com a mente cheia de preocupação com violência, assaltos, acidentes (tendo como centro sua família), já pensando em..., diz um fraco “alô”. Logo reconhece a voz de sua gestora — da outra escola em que trabalha — na linha, que começa a falar rispidamente, alto e bom som, o quanto relapso e relaxado ele era porque não tinha colocado as notas em edital e ainda havia tirado a capinha de plástico que cobria o livro de chamada. Isso era inadmissível sob sua coordenação, e ela iria pensar muito se ficaria com ele para o próximo ano. A essa altura, o grupo presente na reunião tinha dificuldades de reter os risinhos, pois a gestora do outro lado da linha falava tão alto que todos a ouviam como se ela estivesse na sala. O professor procurava explicar que havia dado as notas em sala. A gestora quis colocar seu pensamento pedagógico de que a exposição de notas em público, muitas vezes, é polêmi ca, podendo deixar em posição vexatória os alunos que não conseguiram bons resultados. Além disso, esse procedimento poderia até gerar más interpretações do processo, tornando- se um provável motivo para críticas à própria instituição. O professor, indignado ao telefone, disse que, como ela estava coordenadora, tinha o direito de pedir a capinha de plástico do livro de chamada (que ainda estava com ele) e informou que esta estava no seu armário e que a havia tirado para manusear o livro com mais facilidade e evitar a irritação que a capa causava em sua pele. Portanto, no ato da entrega, o livro de chamada estaria como ela desejava: com a capinha de plástico. Entretanto, a gestora, que estava coordenadora naquele momento (ninguém nasce com uma função, o profissional está na função), nada queria ouvir, apenas dizia que teve de ligar e falar tudo aquilo porque só assim se sentia melhor. Ao que o professor, humilde e generosamente, respondeu: “Ora, se isso lhe faz bem, faça-o”. A partir dessa história real, analisamos quatro pontos muito importantes na gestão: 1. Devemos respeitar o tempo e o espaço que nossos colaboradores dedicam a outras atividades. Só temos permissão de invadir esses espaços com temas de real importância. 2. Até que ponto podemos expor publicamente as provas e notas de nossos educandos? Será essa atitude correta? 3. Disciplina e organização são importantes para o gestor, mas e a boa e velha educação, onde fica? 4. O respeito à vida particular dos colaboradores, ao seu nome como profissional e à construção de sua atuação profissional (tendo como prioridade o respeito ao próximo e à individualidade), como fica? Esse é um caso que me faz pensar: que tipo de gestores as organizações educacionais estão recrutando? Será que esse pessoal leu o livro O Monge e o Executivo, de James Hunter? A gestora da história relatada com certeza não. Qualidade total na gestão Você já participou de alguma equipe que procurava sempre melhorar a qualidade do seu desempenho no trabalho? É bem possível que você tenha respondido “sim” e que lhe tenha sido uma experiência muito útil. Geralmente, uma equipe liderada por um bom gestor promove a melhoria da qualidade do serviço, mas nem sempre são levadas em conta as qualidades morais do indivíduo. Caso tenha interesse, seguem algumas dicas que favorecem a qualidade total de seu desempenho: • Pensar positivo é qualidade Ao acordar, não permita que algo que saiu errado ontem seja o primeiro obstáculo para tornar seu trabalho cada vez mais eficaz. • Ser educado é qualidade Ao entrar no prédio de sua escola, cumprimente cada um que lhe dirigir o olhar, mesmo que não seja seu amigo ou colega. • Ser organizado é qualidade Seja metódico ao organizar seu armário, fazer uso do material e disponibilizar os recursos ao redor. Comece relembrando os objetivos e as metas de ontem e os compromissos de hoje. • Ser cauteloso é qualidade Não se deixe envolver pela primeira informação de erro recebida de quem talvez não saiba de todos os detalhes. Junte mais dados que lhe permitam obter um parecer correto sobre o assunto. • Respeitar as coisas alheias é qualidade Use os equipamentos e os materiais da escola com moderação e sem desperdícios. • Ser atencioso é qualidade Quando alguém procurar você, tente adiar sua própria tarefa, pois quem veio à sua procura deve estar precisando bastante de sua ajuda e confia em você. Esse alguém ficará feliz pelo auxílio que você lhe der. • Respeitar a saúde é qualidade Não deixe de se alimentar na hora do almoço, ainda que seja um pequeno lanche; respeite suas necessidades físicas. Aquela tarefa urgente pode aguardar alguns minutos. Se você adoecer, dezenas de tarefas terão de esperar a sua volta, menos aquelas que acabarão por sobrecarregar seu colega. • Cumprir o combinado é qualidade Dentro do possível, procure organizar sua agenda para os próximos dez dias. Não fique trocando datas a todo momento, principalmente pouco tempo antes de um evento. Lembre-se de que você afetará o horário de vários colegas. • Ter paciência é qualidade Ao comparecer aos eventos, leve tudo o que for preciso para a ocasião, principalmente suas ideias, e divulgue-as sem receio. O máximo que pode ocorrer é não serem aceitas. Talvez, mais tarde, você tenha uma chance de mostrar que estava com a razão. Saiba esperar. • Falar a verdade é qualidade Não prometa o que está além das suas possibilidades só para impressionar quem o ouve. Se você não cumprir, vai comprometer a reputação que levou anos para construir. • Amar a família e os amigos é a maior das qualidades Ao encerrar o expediente, esqueça o trabalho. Pense como vai ser bom chegar em casa e rever a família ou os amigos que lhe dão segurança para desenvolver suas tarefas com equilíbrio. A qualidade não se resume unicamente em produzir muito e fazer benfeito. Humanizar o ambiente de trabalho também é um fator importante. Respeitar as diferenças, colaborar de boa vontade e comprometer-se com a harmonia geral é ter qualidade. Para alcançarmos a qualidade total, é preciso considerar, além da nossa qualificação profissional, o nosso aperfeiçoamento moral. Pensemos nisso! Fonte: Revista Gestão Educacional. Janeiro de 2006. Curitiba: Humana Editorial. Gilda Lück é assessora pedagógica do Grupo Dom Bosco, mestre em Educação pelo Lesley College (EUA) e doutora em Engenharia da Produção. E-mail: egopedagogia@ig.com.br |
Educar é Semear
sábado, 7 de janeiro de 2012
Senhor Gestor...
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