REFLEXOES
SOBRE PARA O PLANEJAMENTO DAS EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS EM HISTORIA E GEOGRAFIA
Luiz Carlos Cerquinho de Brito e
Prezados
Professores,
Vários
questionamentos nos tomam quando iniciamos o planejamento das atividades
pedagógicas, do ensino e da aprendizagem de nossos estudantes.
Tradicionalmente, as primeiras interrogações dizem respeito aos conteúdos e aos
métodos. O que e como ensinar? Mas se pensarmos na direção dos sujeitos,
devemos iniciar nossas interrogações acerca das condições de desenvolvimento,
socialização e inserção social, cultural e geográfica dos estudantes,
especialmente da criança, para depois voltarmos à interrogação acerca de qual
conteúdo e quais procedimentos de ensino.
Em primeiro lugar, devemos nos interrogar sobre nossos estudantes: quem
são as crianças com as quais nos depararemos? Quais são as suas
características? De que famílias provêm? Quais são seus costumes, hábitos,
necessidades? Como a instituição escolar pode ser, para elas, um ambiente
enriquecedor e formativo? O que alterar nas nossas práticas como
educadores/professores? Que atividades propor? Como favorecer as aprendizagens
na direção da humanização, da apropriação da cultura e da participação das
crianças no meio natural, social e cultural? São inúmeras as questões que permeiam
o pensamento dos professores nos momentos dedicados ao planejar.
Em
segundo lugar, cabe ressaltar que estas interrogações não podem fazer parte
apenas do momento do planejamento, mas devem ocorrer durante todo o percurso no
qual desenvolvemos nossas atividades pedagógicas. O trabalho com crianças, não
pode prescindir de uma prática contínua de reflexão e planejamento sobre a
realidade e o nosso fazer enquanto profissionais, mediadores da formação das
crianças. Devemos entender que, a cada ano que se inicia, a cada turma de
estudantes com a qual trabalhamos, diversas novidades se apresentam, como
resultado das transformações na vida social, na cultura, no meio ambiente, nas
relações humanas. Do ponto de vista do planejamento didático, cada momento da
rotina das crianças, cada atividade que propomos para a formação de uma ou
outra habilidade, cada forma de organização do ambiente, cada material a ser
introduzido, deve ser sistematicamente analisado, com referencia as próprias
condições de formação das crianças.
Em suma, ao professor cabe a tarefa essencial de
conhecer o porquê e o para quê cada ação educativa se configura. É necessário
saber como uma habilidade se desenvolve na criança e quais os materiais, formas
de agrupamento, relações e atividades são mais convenientes para essa formação.
E, para tanto, é preciso refletir, analisar, projetar, planejar,
Quando
educamos, realizamos um trabalho intencional. Devemos saber, portanto, como as nossas
ações interferem no desenvolvimento da criança. Devemos estar conscientes de
que nossas ações sempre influenciam
a formação delas. E quando falamos, aqui, em formação, estamos nos referindo
não apenas à inteligência, mas também à personalidade, a formação moral e
artística, ao domínio da linguagem, do espaço geográfico, das práticas
culturais, enfim, estamos nos referindo às múltiplas dimensões que envolvem a
formação humana da criança.
Grande
é a nossa responsabilidade. Os meninos e meninas com os quais trabalhamos tem o
seu desenvolvimento marcado por nosso trabalho pedagógico. Tendo consciência ou
não, as nossas atividades como professores podem favorecer o desenvolvimento da
identidade, da auto-estima, da sociabilidade, das formas de expressão, dos modos
como as crianças entendem o mundo, as pessoas e a si mesmas.
Por isso,
planejar é tão importante. Para além de cumprir normas burocráticas, o
planejamento se constitui em ferramenta fundamental na busca de organização das
atividades do professor e de seus estudantes.
Significa
que planejar não é apenas elencar conteúdos e métodos de ensino. Lembremos que
quando se trata de educação de crianças, o processo pedagógico não pode se
caracterizar somente pela transmissão de conteúdos. Trata-se de promover o
enriquecimento das experiências da criança, favorecendo a construção de novos
significados e “olhares” sobre a realidade. Trata-se de um trabalho que pode oportunizar
a descoberta do mundo, das relações sociais, dos afetos, dos elementos da
natureza, do próprio corpo, dos movimentos, das possibilidades de expressão
criadoras.
O entorno e
as práticas culturais que envolvem a criança são os grandes e fundamentais
conteúdos da Educação nas Series Iniciais. As instituições e os espaços de convívio da criança – a família, a
casa, o quintal, a rua, o bairro, a escola - são as primeiras estruturas que
agregam conhecimento, os quais as crianças devem se apropriar para viver, se
socializar, alargar seus passos. Vinculado ao próprio desenvolvimento da
criança, os conteúdos de historia e geografia se iniciam nestes espaços e
instituições, trazendo os significados e percepções do cotidiano vivido, do
lugar, da paisagem, do território, dos agrupamentos humanos, dos sujeitos, do
tempo, das práticas afetivas e culturais.
Esses conteúdos visam à formação de capacidades
especificamente humanas, como se apropriar de idéias, valores, conhecimentos,
desenvolver habilidades de escrita, leitura, interpretação; perceber e compreender
os objetos (e, para isso, manipulá-los, explorá-los, relacioná-los entre si).
Vale dizer que a aprendizagem da historia e da geografia não são apropriações mecânicas
de datas e nomes de pessoas e lugares, mas um processo dinâmico, que envolve a mobilização
e as atividades do sujeito: de interagir e expressar-se por meio do desenho, do
gesto, da fala, da música, da dança, da dramatização. Nesse processo dinâmico,
a criança desenvolve habilidades simbólicas, mentais, históricas e geográficas,
de classificar e seriar os objetos, os diversos animais, as plantas; mapear e pensar
sobre como as coisas funcionam; observar e registrar; brincar; entender muitas
e muitas coisas...
Tudo
o que é simples para nós, adultos, é, para as crianças pequenas, motivo de
grandes descobertas e de profundo desenvolvimento. Amarrar os sapatos, encaixar
peças, manusear os talheres, misturar cores para obter novas cores, aprender
uma nova canção, entender que é hora do lanche ou de ir para casa, conhecer uma
história, memorizar um poema, desenhar a árvore do jardim da escola, pintar um
painel, fazer de conta... São tantas as descobertas! E, na escola, o princípio
de todas essas oportunidades de desenvolvimento está na prática pedagógica
organizada, e intencional do professor.
Pensemos,
pois, um pouco sobre essa tarefa, para a qual estamos reunidos. Se nossa
responsabilidade é propiciar as condições para que as experiências culturais das
crianças se ampliem, devemos partir do pressuposto que essas experiências culturais
já existem e que a criança é um ser datado e localizado, histórica e
geograficamente. As experiências da família e da comunidade das quais os
meninos e meninas fazem parte são a base sobre a qual qualquer prática
educativa deve se apoiar. Assim, para planejar, é preciso conhecer as práticas
culturais que caracterizam as experiências vivenciadas pelas crianças fora da
instituição. Por isso a necessidade de investigarmos a realidade de nossos
estudantes. Por isso, também, a necessidade de darmos significados aos
conteúdos escolares a partir das próprias necessidades do mundo da vida e da
formação dos sujeitos.
Que valores, costumes, hábitos, crenças, saberes fazem
parte da vida das crianças com as quais trabalhamos? Essa é a nossa primeira
tarefa investigativa... Tarefa que não termina, mas que se estende ao longo de
todo o ano, se desejamos realmente entender o sujeito criança e através de
nosso trabalho pedagógico, contribuir para seu desenvolvimento.
Pensar nestas questões que envolvem as relações
sociais, a cultura e o entorno da criança nos remete a analisarmos quais
conteúdos escolares contribuem para a compreensão da realidade dos sujeitos e
nos detemos no planejamento dos componentes de história e geografia como
conteúdos de relevância nesse processo.
Com base nos indicadores da realidade, da
socialização, do ambiente natural, das relações sociais e das práticas
culturais de vivência da criança, podemos eleger eixos temáticos, os quais irão
configurar nosso plano de trabalho. Na organização dos planos de história e
geografia, esses eixos temáticos se constituem em fator de articulação dos conteúdos
escolares nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Por isso, voltamos a
dizer, a importância da investigação pedagógica voltada para a identificação de
temáticas significativas a aprendizagem da criança..
Na fase inicial da escolarização, os conteúdo tratados
devem ser entendidos como “ferramentas” – noções, conceitos, categorias - importantes
para que as crianças sejam capazes de entender que o homem é um ser histórico,
que se situa num espaço geográfico e que vive em um contexto social,
estabelecendo relações inúmeras. Entender que as ações dos sujeitos são
localizadas no tempo e no espaço e que o mundo onde vivem, as relações que nele
estabelecem os sujeitos e que, o momento histórico atual é fruto de uma
construção social e de tomadas de decisões que, de uma maneira ou de outra,
contribuíram para o momento social vivido.
Para
a formação e aprendizagem da criança, os objetivos da História e da Geografia
buscam, entre outros:
1.
Reconhecer que
vivemos em um contexto que é produzido socialmente e que todos os povos
produzem diferentes formas de relação com o ambiente natural, com a cultura e
que cada um tem uma forma diferente de se expressar;
2.
Valorizar a
cultura brasileira que é múltipla e plural, salientando as manifestações
locais, no Estado, na Região e no País;
3.
Desenvolver
o sentido de tolerância por meio da percepção da diversidade e da convivência
intercultural que caracteriza a sociedade brasileira, composta de diversas
etnias, como indígenas, negros, brancos, pardos, entre outros.
4.
Analisar como
o homem produz e organiza seu espaço e como se apropria dele.
Para alcançarmos tais objetivos precisamos compreender
quais as categorias históricas e geográficas que constituem o conteúdo escolar
trabalhado nas séries iniciais do ensino fundamental, a fim de elaborar o
planejamento da aprendizagem de forma significativa para as crianças. Nas
séries iniciais o conhecimento da história começa pela história da criança e de
seus familiares. Quando e onde ele nasceu? Quem são seus pais, seus avós, seus
tios? De onde eles vieram, o que fazem? A partir dessas referencias se amplia o
conhecimento para a história e geografia do bairro, da cidade, do estado e
assim por diante.
Percebemos então que, tempo histórico, sujeito
histórico e fonte histórica são
categorias que configuram a apropriação dos conhecimentos histórico.
Quanto aos conhecimentos geográficos, devemos
reconhecer que estes fazem parte da apropriação inicial do espaço vivido pela
criança, seu quarto, sua casa, a rua onde mora, a escola onde estuda, sua sala
de aula, enfim, o seu espaço de vivencia diária. Nesse caminho as categorias
geográficas a serem trabalhadas são: lugar, paisagem e território. Lugar
entendido como lugar vivido, de existência. A paisagem é a forma como os
lugares se apresentam e o território que representa a relação de poder que as
pessoas ou grupos mantêm com os lugares.
Para
elaborarmos um planejamento significativo para a formação da criança, devemos,
também, pensar e organizar os tempos e os espaços do ensino e da aprendizagem. Construir um currículo para a educação dos pequenos
envolve organizar intencionalmente os tempos e os espaços da criança na
instituição. A forma como dispomos os materiais, as mesinhas, os armários,
evidenciam nosso projeto pedagógico. Demonstram o modo como entendemos os
movimentos das crianças em sua formação. Mais do que o adulto que já aprendeu
disciplinas corporais, a criança necessita de movimento e de possibilidades de
expressão.
Assim, devemos pensar e organizar o espaço da sala de
aula (e da própria escola) de modo a propiciar momentos de trabalho em grandes
grupos, pequenos grupos e individualizados. Que espaços da instituição podem
ser reservados para tais atividades? Como o espaço pode ser organizado de
forma que as famílias e a comunidade possam reconhecer suas práticas culturais
no interior da escola? Como a sala pode se tornar um ambiente múltiplo,
provocador, estimulante? Como os materiais devem ser dispostos para
possibilitar a autonomia das crianças? Que cantos podem ser organizados na sala
para possibilitar descobertas e desenvolvimento das linguagens infantis? Que
materiais são essenciais? Como a sala pode se tornar um ambiente com identidade
própria, com registro da presença das crianças?
Tempos e
espaços são elementos pedagógicos muito importantes, diretamente relacionados
com a aprendizagem da história e da geografia. Para a criança, as atividades que envolvem a percepção
e compreensão do movimento e o domínio dos espaços - da escola e da sala de
aula -, são importantes estratégias da apropriação das noções de tempo, ritmo e
espaço. Significa dizer que os espaços, e também os tempos, educam; favorecem a
percepção de continuidades e descontinuidades, das formas, características do espaço.
Na escola e na sala de aula, a organização dos espaços e dos tempos são formas
de mediação da aprendizagem, estando relacionados a própria dinâmica de vida da
criança no espaço ambiental e social; e lembremos que o próprio movimento da
criança na direção da escola já esta repleto de significados, da paisagem, das
mensagens no trajeto, das casas, ruas, ou rios, de pessoas que circulam,
comercializam, se relacionam.
Como podemos utilizar os espaços da escola, da sala de
aula, do entorno da escola para as atividades de aprendizagem?
A conhecida abordagem didática do trajeto CASA –
ESCOLA – CASA, representa um exitoso procedimento válido para as atividades de
aprendizagem, de leitura do ambiente e das relações humanas. Significa dizer
que, em se tratando de aprendizagem, o espaço e o tempo são flexíveis, assim
também como os nossos planos de ensino e aprendizagem.
Assim, devemos dizer que os planos que se modificam
conforme as necessidade que se vão apresentando, direcionam as modificações no
espaço, tempos, materiais e as formas de agrupamento das crianças.
Além de definição de conhecimento da realidade,
definição de eixos temáticos, de objetivos e de organização das atividades,
devemos pensar, também, nos registros e documentação de nossas atividades e das
crianças. Precisamos entender que os registros e a documentação se apresentam
como atividades tanto dos Professores como dos Estudantes.
Para os Professores, as práticas de registro e documentação estão relacionadas ao estudo
das atividades da criança, para conhecê-la a fim de avaliar os percursos das
aprendizagens e auxiliá-la nas suas dificuldades. Para tanto, temos à nossa
disposição um instrumento que nos pode ser muito útil: a documentação pedagógica. Do que se trata?
Sabemos que conhecer cada criança não se resume a
estudar as especificidades do desenvolvimento de uma criança genérica. Os
registros nos dão pistas fundamentais a respeito do que observar, das
atividades, do ritmo e das características da aprendizagem em cada momento. Os
registros nos falam da criança concreta, com suas vivências, curiosidades,
particularidades que são social e historicamente determinadas. Cada criança é
única e irrepetível. O que se faz com uma tem grande possibilidade de não dar
certo com a outra. Por isso, é preciso observá-las atentamente e sempre.
Observá-las brincando, formulando hipóteses, conversando, modelando,
construindo, falando consigo mesmas. E, cada observação deve ser acompanhada de
registro cuidadoso. Mas, para que servem os registros?
Podemos
dizer que a primeira função dos registros estão relacionados ao processo de avaliação e gestão das situações pedagógicas
e de aprendizagem que envolvem as atividades da criança e do próprio professor.
Significa dizer que o registro pode favorecer a auto-formação do professor bem
como a revisão da caminhada e a formulação de novas alternativas ao
planejamento e as atividades pedagógicas.
Para um bom exercício de observar, vale a pena ter um caderno de anotações da prática pedagógica
cotidiana, ou seja, um “caderno de campo”, uma vez que a sala de aula é o
laboratório de observação, por excelência, do professor. Nesta forma de registro serão anotados os fatos
significativos que são objetos da reflexão do professor, com as datas das
observações.
A documentação permite, dessa forma, que possamos,
continuamente, repensar e planejar nossa prática. Ao observar a criança e
refletir sobre isso, concluiremos se o que foi projetado está ou não
satisfazendo as condições primordiais para o seu desenvolvimento, nesse
momento. E mais: a documentação ainda permite que o trabalho pedagógico se
individualize, atendendo a cada criança em suas necessidades específicas.
De
outro lado, os registros desempenham a
função pedagógica, quando se traduzem em documentação que valoriza o trabalho desenvolvido pelas crianças os
quais podem ser compartilhados com a comunidade escolar, os pais.
Para as
crianças, os registros e a documentação se definem como importantes fatores de
organização da aprendizagem, de compreensão de seu próprio desenvolvimento e
evolução nas atividades pedagógicas. Não estamos falando simplesmente dos
registros das aulas, dos apontamentos dos conteúdos que o Professor transmite
em suas aulas, mas do registro como pratica que vai se
constituindo nos atos de sublinhar um texto, retirar mensagens, colecionar
imagens, desenhar, pintar, fotografar, narrar ocorrências através de múltiplas
linguagens (oral, imagético, escrito, gestual). As histórias que as crianças
relatam, por meio de registros escritos, imagéticos ou da oralidade dos
personagens de seu convívio - pai, mãe, irmãos, do feirante, do mercado, entre
outros – representam a importantes referencias pedagógicas para trabalhar a
percepção acerca das organizações humanas (da família, da comunidade, da escola,
igreja, comércio...).
Na apropriação dos conteúdos escolares pela criança os
atos de registrar e documentar potencializa as habilidades de organização,
estabelecimento de seqüências, identificação de erros e acertos, que auxiliarão
a criança na revisão e continuidade de seus estudos. Os registros da geografia,
por exemplo, potencializam a construção de mapas mentais sobre o espaço,
através de desenhos de imagens, trajetos, figuras dispostas no seu ambiente. O
registro dos elementos de uma paisagem, por exemplo, se constitui em documento
sobre o que a criança elege como importante ou secundário em seu ambiente de
vivência.
Quando expomos seus trabalhos na sala de aula, ou
apresentamos numa atividade cultural da escola, estes registros tornam-se importantes
materiais de socialização do trabalho desenvolvido pelas crianças, potencializando
o pertencimento, a identificação e a auto-estima. Na disciplina geografia, por
exemplo, os registros estão relacionados à própria construção do imaginário
infantil, sendo um mapa de suas representações, no desenho, numa tabela.
Enfocamos,
até aqui, alguns aspectos relevantes da prática de planejar. Como se pôde
observar, não há receitas, mas um convite à reflexão contínua, à construção, ao
diálogo, à observação.
A dinâmica
pedagógica e a organização didática
A partir das reflexões e proposições indicadas acima,
verificamos de modo breve os aspectos metodológicos e a seqüência de elaboração
do plano de ensino e aprendizagem.
O planejamento didático deve ter por base as condições
efetivas dos sujeitos (crianças, adolescente, jovem, adulto), assim como
conceitos operacionalizáveis pelo sujeito estudante na apropriação de conteúdos
e na formação de habilidades e atitudes. Neste sentido, o planejamento deve ser
entendido como projeção da organização do trabalho do professor e das ações a
serem efetuadas pelos estudantes.
Para que o processo didático seja relevante à atuação
do professor e a formação do estudante, é preciso ter como horizonte a
significação dos conteúdos, habilidades, atitudes e atividades para um
“estudante concreto”, situado histórica e geograficamente.
Isso significa tomar como referência os processos e
condições reais do sujeito, do desenvolvimento cognitivo, social, cultural,
estético e emocional do indivíduo, na infância, na adolescência, na vida
adulta. Isso significa tomar como pressuposto a formação de categorias e conceitos pelos estudantes.
As categorias e os conceitos
se constituem nas ferramentas através das quais se expressa o pensamento, a
cultura e o conhecimento. A categoria se refere principalmente a disposição
humana de classificar, especificar, distinguir, estando intimamente relacionada
ao desenvolvimento. Por exemplo, quando a criança diz que ama figura tal e não
gosta de figura tal, teremos uma categorização básica na qual está distinguindo
seus afetos. O conceito, por outro lado, se constitui em ferramenta mais específica
de apropriação e representação de uma dada realidade, objeto, fenômeno, como H2O
que significa a representação química da água. Os conceitos são inerentes ao
trabalho cognitivo, estético, corporal e moral do sujeito; entendidos como
‘instrumentos’ capazes de compreensão e explicitação dos fenômenos da realidade
e da cultura. Por outro lado, os conceitos se vinculam a valores e regras do
agir sócio-individual, postos na cultura, nos grupos sociais. O trabalho
orientado pela formação de conceitos pode favorecer um aprofundamento da
aprendizagem e do desenvolvimento.
Na organização do processo didático, as ações devem ser seqüenciadas e
intimamente relacionadas. Devem integrar atividades significativas, para as
quais o aluno esteja motivado emocional e cognitivamente. É preciso significar
as ações de aprendizagem e de ensino, buscando uma seqüência que atenda os
propósitos da aprendizagem.
Como expoxto
anteriormente, a organização do trabalho pedagógico envolve atividades
complexas, sendo a organizaçao didática dos conhecimentos um dos maiores
desafios do professor. Em verdade, a seleção e sistematização dos conteúdos
devem estar sempre referidas a metodologia de ensino e aos processos de
aprendizagem; sendo esta referencia a busca de nosso investimento pedagogico.
Como
exmplo de uma caminhada pedagógica possível nos parece ser a organização dos
conteúdos escolares a partir de organizações
temáticas e desenvolvimento de mapas conceituais.
As
organizações temáticas podem ser definidas a partir de assuntos que constituam
interesse social e individual para os estudantes; constituindo-se em assunto
com abrangencia, podendo ser tratado por conceitos e processos metodologicos de
varias areas do conhecimento, como a lingua, a história, as ciencias, a
geografia, as artes, a matematica. Neste sentido, entendemos que a organizaçao
didatica por temas favorece o processo interdisciplinar e transversal de
tratamento dos conteudos escolares. É preciso dizer que a organizaçao dos temas
não pode prescindir dos conteudos, dos conhecimentos curriculares das áras do
conhecimento, sendo estas as ferramentas para favorecer a aprendizagem do
sujeito.
A
organização temática requer a delimitaçao dos conteudos que serao tratados,
salientando quais seus conceitos especificos, quais os resultados globais para
a aprendizagem do estudante. De modo geral, a pratica pedagogica por temas
resulta em trabalhos escolares, trazendo as leituras de mundo, as reflexões
sobre a realdade social abrangente, contextual e vivida pelos sujeitos.
Na
Amazonia, por exemplo, entre os diversos questões de interesse social e
individual, destacam-se os temas do Meio Ambiente e da Diversidade Cultural,
ambos articulados aos modos e condições de vida, ao imaginário coletivo, as
condições economicas da região, dos diversos lugares que a constituem.
Mesmo
salientando sua pertinencia, devemos cuidar da organizaçao didatica por temas,
visto os riscos de esbarrar no espontaneismo, em atividades desprovidas de
significados, de conceitos, nao contribuindo para a construçao de habilidades e
atitudes pelos estudantes.
Para
que uma organizaçao didatica por temas se efetive de modo producente, é preciso
dimensionar as ferramentas basicas que definem os conteudos, quais seja, os
conceitos e habilidades a serem tratados. Nesta direção, destacamos o segundo
aspecto orientador de uma organizaçao e sequencia didatica, pautada na
construçao do conhecimento pelo sujeito.
Desenvolvimento
de mapas conceituais e de significação. A noçao de
mapa conceitual é aqui entendida numa perspectiva pedagógica, de organizaçao
didatica e aprendizagem, de teorias, realidades; sendo ferramenta central no
trabalho intelectual e de expresssao humano. O conceito deve ser entendido nao
apenas em seu significado cientifico ou de denominaçao das coisas. O conceito é
uma ferramenta operatória que possibilida descrever, refletir, classificar,
sistematizar, construir conhecimentos e objetos, produtos.
Quando
falamos de mapa conceituais, estamos nos referindo a uma compreensáo ampliada
de um fenomeno ou processo da vida social, ambiental e humana.Para trabalhar a
construçao de mapas conceituais e de significaçao, precisamos recorrer aos
conhecimentos de diversas áreas, disciplinas, nas quais o mapa pode ser
configurado como rede de significaçoes, representaçoes, as quais possibilitam
contruir um tema em suas multiplas abordagens.
Com
base nas argumentaçoes acima, podemos realizar um ensaio de organizaçao de
organização tematica. A primeira tarefa se refere a definiçao do tema a ser
trabalhado num plano didatico ou num projeto interdisciplinar
Para
que o tema se torne significativo e
conte com a adesão dos alunos, ele deve
responder às necessidades, interesses e possibilidades dos estudantes e
professores. O mais importante de uma organização temática e conceitual
dos conteúdos escolares é favorer a aprendizagem integrada e organica: dos
conceitos, do desenvolvimento de procedimentos, de disciplina, de atitudes
frente ao tema de estudo. Os conceitos específicos das disciplinas –
matemática, artes, lingua, história, geografia, ciencias – se orientam para
construir olhares sobre dimensões, questões e problemas que envolvem o tema de
de estudo na escola. A construçao conceitual, vale dizer, deve favorecer a orgnizaçao
do pensamento, capaz de tratar a realidade com os diversos conceitos das areas
e campos do conhecimento.
Mesmo
que a escolha dos temas seja partilhada entre professor e estudantes, cabe ao
professor conceber o processo didatico que orientará a construçao tematica.
Para explicitar esse processo didatico, devemos considerar os seguintes momentos
e aspectos na escolha do tema e na organizaçao do projeto de aprendizagem:
1º. MOMENTO - Estudo para delimitaçao da tematica –
resultado de investigaçao pedagogica
- Escolha de um tema – pode ser orientada pelas
indicações da investigação sobre os processos formativos da criança, na
escola, comunidade, familia
- Reunir com pais e membros da comunidade local;
- Visitar bibliotecas, acervos, arquivos, a fim de ampliar o
enfoque sobre o tema e conhecer os recursos a serem explorados;
- Estudo e compreensão pedagógica do tema – sua pertinencia e
relevancia para a aprendizagem dos estudantes. Conhecimento dos recursos a
serem explorados;
2º.
MOMENTO - Estruturação do Projeto de
Aprendizagem - Definição dos Componentes
1. Definição de eixos, conteúdos, linguagens, temas,
conceitos; relacionados aos componentes curriculares de Historia e Geografia;
2. Definição dos objetivos
educacionais e resultados pretendidos no processo de ensino e aprendizagem;
3. Definir de que modo o
trabalho se insere no currículo visando envolver outras disciplinas no tema;
4. Estabelecimento de atividades dos estudantes.
5. Organização e confecção dos recursos didáticos -
livros, mapas, recursos produzidos, jogos, imagens, fotos, etc.
6. Definir como o trabalho
será avaliado e como poderá ser mostrado na escola ou na comunidade.
7. Cronograma;
Referencias
para a organização das atividades didáticas com as crianças
Utilizando diferentes linguagens e seqüência didáticas
em tratamento interdisciplinar dos componentes curriculares (história,
geografia, ciências, artes, matemática, língua português, Ed. Física)
BASES
|
RECURSOS / ATIVIDADES
|
OBJETIVOS
|
1. Observação
|
Exercícios
de percepção sensorial, por meio da atenção, perguntas, manipulação de
objetos, medição, anotações, dedução, comparação, jogos. Envolvendo o ambiente, o entorno da escola,
os bens culturais, as instituições locais
|
Identificação
do objeto. Função / significado, desenvolvimento da percepção visual, simbólica,
descrição, caracterização
|
2. Registro
|
Desenhos,
descrição verbal ou escrita de recursos naturais, bens culturais.
Identificação
de características, categorias.
Montagem
de gráficos, fotografias, maquetes, mapas e plantas baixas, modelagens, etc.
|
Função
do conhecimento percebido, detalhamento da percepção e descrição.
Desenvolvimento da memória, pensamento lógico, intuitivo e operacional.
Desenvolvimento da linguagem através do registro de diferentes formas.
|
3. Exploração e Tratamento
|
Analise
do problema, levantamento de hipótese, questionamento, discussão, avaliação, pesquisa em outras
fontes como: fontes orais, mapas, bibliotecas, documentos familiares,
jornais, revistas, entrevistas, etc. Organização e sistematização de
informações, dados,
|
Desenvolvimento
das capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências
e significados.
|
4. Síntese e produção
|
Recriação,
releitura, dramatização em diferentes meios de expressão como a pintura,
escultura, drama, dança, música, poesia, texto, filme e vídeo, exposição em
classe.
|
Envolvimento
afetivo, internalização, desenvolvimento da capacidade de auto-expressão,
apropriação, participação criativa, valorização da linguagem e dos bens
culturais.
|
MODELO DE PLANO
DIDÁTICO
Escola:
|
Endereço/fone:
|
Modalidade do
Ensino / Séries / Ciclos:
|
|
Área / Disciplinas:
|
Período/
Cronograma:
|
Professor:
|
Fone / e-mail:
|
2. JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA (Indicação de eixos; Relevância das
escolhas, opções)
|
3. ELEMENTOS ESTRUTURANTES DO PLANO
COMPONENTES DIDÁTICOS
|
DETALHAMENTO DO PROCESSO DIDÁTICO
|
1. Definição de eixos, conteúdos, linguagens, temas, conceitos; relacionados aos
componentes curriculares de Historia e Geografia;
|
|
2.
Definição
dos objetivos educacionais e resultados pretendidos no processo
de ensino e aprendizagem;
|
|
3.
Definir
de que modo o trabalho se insere no currículo visando
envolver outras disciplinas no tema;
|
|
4. Estabelecimento de atividades dos estudantes.
|
|
5. Organização e confecção dos recursos didáticos - livros, mapas, recursos
produzidos, jogos, imagens, fotos, etc.
|
|
6. Definir como o trabalho será avaliado e como
poderá ser mostrado na escola ou na comunidade.
|
|
7.
Cronograma;
|
|
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