Educar é Semear

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

REFLEXOES SOBRE PARA O PLANEJAMENTO DAS EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS EM HISTORIA E GEOGRAFIA


REFLEXOES SOBRE PARA O PLANEJAMENTO DAS EXPERIÊNCIAS FORMATIVAS EM HISTORIA E GEOGRAFIA

Luiz Carlos Cerquinho de Brito e

Prezados Professores,

            Vários questionamentos nos tomam quando iniciamos o planejamento das atividades pedagógicas, do ensino e da aprendizagem de nossos estudantes. Tradicionalmente, as primeiras interrogações dizem respeito aos conteúdos e aos métodos. O que e como ensinar?  Mas se pensarmos na direção dos sujeitos, devemos iniciar nossas interrogações acerca das condições de desenvolvimento, socialização e inserção social, cultural e geográfica dos estudantes, especialmente da criança, para depois voltarmos à interrogação acerca de qual conteúdo e quais procedimentos de ensino. 
            Em primeiro lugar, devemos nos interrogar sobre nossos estudantes: quem são as crianças com as quais nos depararemos? Quais são as suas características? De que famílias provêm? Quais são seus costumes, hábitos, necessidades? Como a instituição escolar pode ser, para elas, um ambiente enriquecedor e formativo? O que alterar nas nossas práticas como educadores/professores? Que atividades propor? Como favorecer as aprendizagens na direção da humanização, da apropriação da cultura e da participação das crianças no meio natural, social e cultural? São inúmeras as questões que permeiam o pensamento dos professores nos momentos dedicados ao planejar.
            Em segundo lugar, cabe ressaltar que estas interrogações não podem fazer parte apenas do momento do planejamento, mas devem ocorrer durante todo o percurso no qual desenvolvemos nossas atividades pedagógicas. O trabalho com crianças, não pode prescindir de uma prática contínua de reflexão e planejamento sobre a realidade e o nosso fazer enquanto profissionais, mediadores da formação das crianças. Devemos entender que, a cada ano que se inicia, a cada turma de estudantes com a qual trabalhamos, diversas novidades se apresentam, como resultado das transformações na vida social, na cultura, no meio ambiente, nas relações humanas. Do ponto de vista do planejamento didático, cada momento da rotina das crianças, cada atividade que propomos para a formação de uma ou outra habilidade, cada forma de organização do ambiente, cada material a ser introduzido, deve ser sistematicamente analisado, com referencia as próprias condições de formação das crianças.
Em suma, ao professor cabe a tarefa essencial de conhecer o porquê e o para quê cada ação educativa se configura. É necessário saber como uma habilidade se desenvolve na criança e quais os materiais, formas de agrupamento, relações e atividades são mais convenientes para essa formação. E, para tanto, é preciso refletir, analisar, projetar, planejar,
            Quando educamos, realizamos um trabalho intencional. Devemos saber, portanto, como as nossas ações interferem no desenvolvimento da criança. Devemos estar conscientes de que nossas ações sempre influenciam a formação delas. E quando falamos, aqui, em formação, estamos nos referindo não apenas à inteligência, mas também à personalidade, a formação moral e artística, ao domínio da linguagem, do espaço geográfico, das práticas culturais, enfim, estamos nos referindo às múltiplas dimensões que envolvem a formação humana da criança.
            Grande é a nossa responsabilidade. Os meninos e meninas com os quais trabalhamos tem o seu desenvolvimento marcado por nosso trabalho pedagógico. Tendo consciência ou não, as nossas atividades como professores podem favorecer o desenvolvimento da identidade, da auto-estima, da sociabilidade, das formas de expressão, dos modos como as crianças entendem o mundo, as pessoas e a si mesmas.
 Por isso, planejar é tão importante. Para além de cumprir normas burocráticas, o planejamento se constitui em ferramenta fundamental na busca de organização das atividades do professor e de seus estudantes.
            Significa que planejar não é apenas elencar conteúdos e métodos de ensino. Lembremos que quando se trata de educação de crianças, o processo pedagógico não pode se caracterizar somente pela transmissão de conteúdos. Trata-se de promover o enriquecimento das experiências da criança, favorecendo a construção de novos significados e “olhares” sobre a realidade. Trata-se de um trabalho que pode oportunizar a descoberta do mundo, das relações sociais, dos afetos, dos elementos da natureza, do próprio corpo, dos movimentos, das possibilidades de expressão criadoras.
O entorno e as práticas culturais que envolvem a criança são os grandes e fundamentais conteúdos da Educação nas Series Iniciais. As instituições e os espaços de convívio da criança – a família, a casa, o quintal, a rua, o bairro, a escola - são as primeiras estruturas que agregam conhecimento, os quais as crianças devem se apropriar para viver, se socializar, alargar seus passos. Vinculado ao próprio desenvolvimento da criança, os conteúdos de historia e geografia se iniciam nestes espaços e instituições, trazendo os significados e percepções do cotidiano vivido, do lugar, da paisagem, do território, dos agrupamentos humanos, dos sujeitos, do tempo, das práticas afetivas e culturais.
Esses conteúdos visam à formação de capacidades especificamente humanas, como se apropriar de idéias, valores, conhecimentos, desenvolver habilidades de escrita, leitura, interpretação; perceber e compreender os objetos (e, para isso, manipulá-los, explorá-los, relacioná-los entre si). Vale dizer que a aprendizagem da historia e da geografia não são apropriações mecânicas de datas e nomes de pessoas e lugares, mas um processo dinâmico, que envolve a mobilização e as atividades do sujeito: de interagir e expressar-se por meio do desenho, do gesto, da fala, da música, da dança, da dramatização. Nesse processo dinâmico, a criança desenvolve habilidades simbólicas, mentais, históricas e geográficas, de classificar e seriar os objetos, os diversos animais, as plantas; mapear e pensar sobre como as coisas funcionam; observar e registrar; brincar; entender muitas e muitas coisas...
            Tudo o que é simples para nós, adultos, é, para as crianças pequenas, motivo de grandes descobertas e de profundo desenvolvimento. Amarrar os sapatos, encaixar peças, manusear os talheres, misturar cores para obter novas cores, aprender uma nova canção, entender que é hora do lanche ou de ir para casa, conhecer uma história, memorizar um poema, desenhar a árvore do jardim da escola, pintar um painel, fazer de conta... São tantas as descobertas! E, na escola, o princípio de todas essas oportunidades de desenvolvimento está na prática pedagógica organizada, e intencional do professor.
            Pensemos, pois, um pouco sobre essa tarefa, para a qual estamos reunidos. Se nossa responsabilidade é propiciar as condições para que as experiências culturais das crianças se ampliem, devemos partir do pressuposto que essas experiências culturais já existem e que a criança é um ser datado e localizado, histórica e geograficamente. As experiências da família e da comunidade das quais os meninos e meninas fazem parte são a base sobre a qual qualquer prática educativa deve se apoiar. Assim, para planejar, é preciso conhecer as práticas culturais que caracterizam as experiências vivenciadas pelas crianças fora da instituição. Por isso a necessidade de investigarmos a realidade de nossos estudantes. Por isso, também, a necessidade de darmos significados aos conteúdos escolares a partir das próprias necessidades do mundo da vida e da formação dos sujeitos. 
Que valores, costumes, hábitos, crenças, saberes fazem parte da vida das crianças com as quais trabalhamos? Essa é a nossa primeira tarefa investigativa... Tarefa que não termina, mas que se estende ao longo de todo o ano, se desejamos realmente entender o sujeito criança e através de nosso trabalho pedagógico, contribuir para seu desenvolvimento.
Pensar nestas questões que envolvem as relações sociais, a cultura e o entorno da criança nos remete a analisarmos quais conteúdos escolares contribuem para a compreensão da realidade dos sujeitos e nos detemos no planejamento dos componentes de história e geografia como conteúdos de relevância nesse processo.
Com base nos indicadores da realidade, da socialização, do ambiente natural, das relações sociais e das práticas culturais de vivência da criança, podemos eleger eixos temáticos, os quais irão configurar nosso plano de trabalho. Na organização dos planos de história e geografia, esses eixos temáticos se constituem em fator de articulação dos conteúdos escolares nos cinco primeiros anos do ensino fundamental. Por isso, voltamos a dizer, a importância da investigação pedagógica voltada para a identificação de temáticas significativas a aprendizagem da criança..
Na fase inicial da escolarização, os conteúdo tratados devem ser entendidos como “ferramentas” – noções, conceitos, categorias - importantes para que as crianças sejam capazes de entender que o homem é um ser histórico, que se situa num espaço geográfico e que vive em um contexto social, estabelecendo relações inúmeras. Entender que as ações dos sujeitos são localizadas no tempo e no espaço e que o mundo onde vivem, as relações que nele estabelecem os sujeitos e que, o momento histórico atual é fruto de uma construção social e de tomadas de decisões que, de uma maneira ou de outra, contribuíram para o momento social vivido.
Para a formação e aprendizagem da criança, os objetivos da História e da Geografia buscam, entre outros:
1.    Reconhecer que vivemos em um contexto que é produzido socialmente e que todos os povos produzem diferentes formas de relação com o ambiente natural, com a cultura e que cada um tem uma forma diferente de se expressar;
2.    Valorizar a cultura brasileira que é múltipla e plural, salientando as manifestações locais, no Estado, na Região e no País;
3.    Desenvolver o sentido de tolerância por meio da percepção da diversidade e da convivência intercultural que caracteriza a sociedade brasileira, composta de diversas etnias, como indígenas, negros, brancos, pardos, entre outros.
4.    Analisar como o homem produz e organiza seu espaço e como se apropria dele.
Para alcançarmos tais objetivos precisamos compreender quais as categorias históricas e geográficas que constituem o conteúdo escolar trabalhado nas séries iniciais do ensino fundamental, a fim de elaborar o planejamento da aprendizagem de forma significativa para as crianças. Nas séries iniciais o conhecimento da história começa pela história da criança e de seus familiares. Quando e onde ele nasceu? Quem são seus pais, seus avós, seus tios? De onde eles vieram, o que fazem? A partir dessas referencias se amplia o conhecimento para a história e geografia do bairro, da cidade, do estado e assim por diante.
Percebemos então que, tempo histórico, sujeito histórico e fonte histórica são categorias que configuram a apropriação dos conhecimentos histórico.
Quanto aos conhecimentos geográficos, devemos reconhecer que estes fazem parte da apropriação inicial do espaço vivido pela criança, seu quarto, sua casa, a rua onde mora, a escola onde estuda, sua sala de aula, enfim, o seu espaço de vivencia diária. Nesse caminho as categorias geográficas a serem trabalhadas são: lugar, paisagem e território. Lugar entendido como lugar vivido, de existência. A paisagem é a forma como os lugares se apresentam e o território que representa a relação de poder que as pessoas ou grupos mantêm com os lugares.
Para elaborarmos um planejamento significativo para a formação da criança, devemos, também, pensar e organizar os tempos e os espaços do ensino e da aprendizagem. Construir um currículo para a educação dos pequenos envolve organizar intencionalmente os tempos e os espaços da criança na instituição. A forma como dispomos os materiais, as mesinhas, os armários, evidenciam nosso projeto pedagógico. Demonstram o modo como entendemos os movimentos das crianças em sua formação. Mais do que o adulto que já aprendeu disciplinas corporais, a criança necessita de movimento e de possibilidades de expressão.
Assim, devemos pensar e organizar o espaço da sala de aula (e da própria escola) de modo a propiciar momentos de trabalho em grandes grupos, pequenos grupos e individualizados. Que espaços da instituição podem ser reservados para tais atividades? Como o espaço pode ser organizado de forma que as famílias e a comunidade possam reconhecer suas práticas culturais no interior da escola? Como a sala pode se tornar um ambiente múltiplo, provocador, estimulante? Como os materiais devem ser dispostos para possibilitar a autonomia das crianças? Que cantos podem ser organizados na sala para possibilitar descobertas e desenvolvimento das linguagens infantis? Que materiais são essenciais? Como a sala pode se tornar um ambiente com identidade própria, com registro da presença das crianças?
Tempos e espaços são elementos pedagógicos muito importantes, diretamente relacionados com a aprendizagem da história e da geografia. Para a criança, as atividades que envolvem a percepção e compreensão do movimento e o domínio dos espaços - da escola e da sala de aula -, são importantes estratégias da apropriação das noções de tempo, ritmo e espaço. Significa dizer que os espaços, e também os tempos, educam; favorecem a percepção de continuidades e descontinuidades, das formas, características do espaço. Na escola e na sala de aula, a organização dos espaços e dos tempos são formas de mediação da aprendizagem, estando relacionados a própria dinâmica de vida da criança no espaço ambiental e social; e lembremos que o próprio movimento da criança na direção da escola já esta repleto de significados, da paisagem, das mensagens no trajeto, das casas, ruas, ou rios, de pessoas que circulam, comercializam, se relacionam.
Como podemos utilizar os espaços da escola, da sala de aula, do entorno da escola para as atividades de aprendizagem?
A conhecida abordagem didática do trajeto CASA – ESCOLA – CASA, representa um exitoso procedimento válido para as atividades de aprendizagem, de leitura do ambiente e das relações humanas. Significa dizer que, em se tratando de aprendizagem, o espaço e o tempo são flexíveis, assim também como os nossos planos de ensino e aprendizagem. 
Assim, devemos dizer que os planos que se modificam conforme as necessidade que se vão apresentando, direcionam as modificações no espaço, tempos, materiais e as formas de agrupamento das crianças.
Além de definição de conhecimento da realidade, definição de eixos temáticos, de objetivos e de organização das atividades, devemos pensar, também, nos registros e documentação de nossas atividades e das crianças. Precisamos entender que os registros e a documentação se apresentam como atividades tanto dos Professores como dos Estudantes.
Para os Professores, as práticas de registro e documentação estão relacionadas ao estudo das atividades da criança, para conhecê-la a fim de avaliar os percursos das aprendizagens e auxiliá-la nas suas dificuldades. Para tanto, temos à nossa disposição um instrumento que nos pode ser muito útil: a documentação pedagógica. Do que se trata?
Sabemos que conhecer cada criança não se resume a estudar as especificidades do desenvolvimento de uma criança genérica. Os registros nos dão pistas fundamentais a respeito do que observar, das atividades, do ritmo e das características da aprendizagem em cada momento. Os registros nos falam da criança concreta, com suas vivências, curiosidades, particularidades que são social e historicamente determinadas. Cada criança é única e irrepetível. O que se faz com uma tem grande possibilidade de não dar certo com a outra. Por isso, é preciso observá-las atentamente e sempre. Observá-las brincando, formulando hipóteses, conversando, modelando, construindo, falando consigo mesmas. E, cada observação deve ser acompanhada de registro cuidadoso. Mas, para que servem os registros?
            Podemos dizer que a primeira função dos registros estão relacionados ao processo de avaliação e gestão das situações pedagógicas e de aprendizagem que envolvem as atividades da criança e do próprio professor. Significa dizer que o registro pode favorecer a auto-formação do professor bem como a revisão da caminhada e a formulação de novas alternativas ao planejamento e as atividades pedagógicas. 
Para um bom exercício de observar, vale a pena ter um caderno de anotações da prática pedagógica cotidiana, ou seja, um “caderno de campo”, uma vez que a sala de aula é o laboratório de observação, por excelência, do professor. Nesta forma de registro serão anotados os fatos significativos que são objetos da reflexão do professor, com as datas das observações.
A documentação permite, dessa forma, que possamos, continuamente, repensar e planejar nossa prática. Ao observar a criança e refletir sobre isso, concluiremos se o que foi projetado está ou não satisfazendo as condições primordiais para o seu desenvolvimento, nesse momento. E mais: a documentação ainda permite que o trabalho pedagógico se individualize, atendendo a cada criança em suas necessidades específicas.
            De outro lado, os registros desempenham a função pedagógica, quando se traduzem em documentação que valoriza o trabalho desenvolvido pelas crianças os quais podem ser compartilhados com a comunidade escolar, os pais.
Para as crianças, os registros e a documentação se definem como importantes fatores de organização da aprendizagem, de compreensão de seu próprio desenvolvimento e evolução nas atividades pedagógicas. Não estamos falando simplesmente dos registros das aulas, dos apontamentos dos conteúdos que o Professor transmite em suas aulas, mas do registro como pratica que vai se constituindo nos atos de sublinhar um texto, retirar mensagens, colecionar imagens, desenhar, pintar, fotografar, narrar ocorrências através de múltiplas linguagens (oral, imagético, escrito, gestual). As histórias que as crianças relatam, por meio de registros escritos, imagéticos ou da oralidade dos personagens de seu convívio - pai, mãe, irmãos, do feirante, do mercado, entre outros – representam a importantes referencias pedagógicas para trabalhar a percepção acerca das organizações humanas (da família, da comunidade, da escola, igreja, comércio...).
Na apropriação dos conteúdos escolares pela criança os atos de registrar e documentar potencializa as habilidades de organização, estabelecimento de seqüências, identificação de erros e acertos, que auxiliarão a criança na revisão e continuidade de seus estudos. Os registros da geografia, por exemplo, potencializam a construção de mapas mentais sobre o espaço, através de desenhos de imagens, trajetos, figuras dispostas no seu ambiente. O registro dos elementos de uma paisagem, por exemplo, se constitui em documento sobre o que a criança elege como importante ou secundário em seu ambiente de vivência.
Quando expomos seus trabalhos na sala de aula, ou apresentamos numa atividade cultural da escola, estes registros tornam-se importantes materiais de socialização do trabalho desenvolvido pelas crianças, potencializando o pertencimento, a identificação e a auto-estima. Na disciplina geografia, por exemplo, os registros estão relacionados à própria construção do imaginário infantil, sendo um mapa de suas representações, no desenho, numa tabela.
            Enfocamos, até aqui, alguns aspectos relevantes da prática de planejar. Como se pôde observar, não há receitas, mas um convite à reflexão contínua, à construção, ao diálogo, à observação.

A dinâmica pedagógica e a organização didática

A partir das reflexões e proposições indicadas acima, verificamos de modo breve os aspectos metodológicos e a seqüência de elaboração do plano de ensino e aprendizagem.
O planejamento didático deve ter por base as condições efetivas dos sujeitos (crianças, adolescente, jovem, adulto), assim como conceitos operacionalizáveis pelo sujeito estudante na apropriação de conteúdos e na formação de habilidades e atitudes. Neste sentido, o planejamento deve ser entendido como projeção da organização do trabalho do professor e das ações a serem efetuadas pelos estudantes.
Para que o processo didático seja relevante à atuação do professor e a formação do estudante, é preciso ter como horizonte a significação dos conteúdos, habilidades, atitudes e atividades para um “estudante concreto”, situado histórica e geograficamente.
Isso significa tomar como referência os processos e condições reais do sujeito, do desenvolvimento cognitivo, social, cultural, estético e emocional do indivíduo, na infância, na adolescência, na vida adulta. Isso significa tomar como pressuposto a formação de categorias e conceitos pelos estudantes.
As categorias e os conceitos se constituem nas ferramentas através das quais se expressa o pensamento, a cultura e o conhecimento. A categoria se refere principalmente a disposição humana de classificar, especificar, distinguir, estando intimamente relacionada ao desenvolvimento. Por exemplo, quando a criança diz que ama figura tal e não gosta de figura tal, teremos uma categorização básica na qual está distinguindo seus afetos. O conceito, por outro lado, se constitui em ferramenta mais específica de apropriação e representação de uma dada realidade, objeto, fenômeno, como H2O que significa a representação química da água. Os conceitos são inerentes ao trabalho cognitivo, estético, corporal e moral do sujeito; entendidos como ‘instrumentos’ capazes de compreensão e explicitação dos fenômenos da realidade e da cultura. Por outro lado, os conceitos se vinculam a valores e regras do agir sócio-individual, postos na cultura, nos grupos sociais. O trabalho orientado pela formação de conceitos pode favorecer um aprofundamento da aprendizagem e do desenvolvimento.
Na organização do processo didático, as ações devem ser seqüenciadas e intimamente relacionadas. Devem integrar atividades significativas, para as quais o aluno esteja motivado emocional e cognitivamente. É preciso significar as ações de aprendizagem e de ensino, buscando uma seqüência que atenda os propósitos da aprendizagem.
 Como expoxto anteriormente, a organização do trabalho pedagógico envolve atividades complexas, sendo a organizaçao didática dos conhecimentos um dos maiores desafios do professor. Em verdade, a seleção e sistematização dos conteúdos devem estar sempre referidas a metodologia de ensino e aos processos de aprendizagem; sendo esta referencia a busca de nosso investimento pedagogico.
Como exmplo de uma caminhada pedagógica possível nos parece ser a organização dos conteúdos escolares a partir de organizações temáticas e desenvolvimento de mapas conceituais.
As organizações temáticas podem ser definidas a partir de assuntos que constituam interesse social e individual para os estudantes; constituindo-se em assunto com abrangencia, podendo ser tratado por conceitos e processos metodologicos de varias areas do conhecimento, como a lingua, a história, as ciencias, a geografia, as artes, a matematica. Neste sentido, entendemos que a organizaçao didatica por temas favorece o processo interdisciplinar e transversal de tratamento dos conteudos escolares. É preciso dizer que a organizaçao dos temas não pode prescindir dos conteudos, dos conhecimentos curriculares das áras do conhecimento, sendo estas as ferramentas para favorecer a aprendizagem do sujeito.
A organização temática requer a delimitaçao dos conteudos que serao tratados, salientando quais seus conceitos especificos, quais os resultados globais para a aprendizagem do estudante. De modo geral, a pratica pedagogica por temas resulta em trabalhos escolares, trazendo as leituras de mundo, as reflexões sobre a realdade social abrangente, contextual e vivida pelos sujeitos.
Na Amazonia, por exemplo, entre os diversos questões de interesse social e individual, destacam-se os temas do Meio Ambiente e da Diversidade Cultural, ambos articulados aos modos e condições de vida, ao imaginário coletivo, as condições economicas da região, dos diversos lugares que a constituem.
Mesmo salientando sua pertinencia, devemos cuidar da organizaçao didatica por temas, visto os riscos de esbarrar no espontaneismo, em atividades desprovidas de significados, de conceitos, nao contribuindo para a construçao de habilidades e atitudes pelos estudantes.
Para que uma organizaçao didatica por temas se efetive de modo producente, é preciso dimensionar as ferramentas basicas que definem os conteudos, quais seja, os conceitos e habilidades a serem tratados. Nesta direção, destacamos o segundo aspecto orientador de uma organizaçao e sequencia didatica, pautada na construçao do conhecimento pelo sujeito.
Desenvolvimento de mapas conceituais e de significação. A noçao de mapa conceitual é aqui entendida numa perspectiva pedagógica, de organizaçao didatica e aprendizagem, de teorias, realidades; sendo ferramenta central no trabalho intelectual e de expresssao humano. O conceito deve ser entendido nao apenas em seu significado cientifico ou de denominaçao das coisas. O conceito é uma ferramenta operatória que possibilida descrever, refletir, classificar, sistematizar, construir conhecimentos e objetos, produtos.
Quando falamos de mapa conceituais, estamos nos referindo a uma compreensáo ampliada de um fenomeno ou processo da vida social, ambiental e humana.Para trabalhar a construçao de mapas conceituais e de significaçao, precisamos recorrer aos conhecimentos de diversas áreas, disciplinas, nas quais o mapa pode ser configurado como rede de significaçoes, representaçoes, as quais possibilitam contruir um tema em suas multiplas abordagens.
Com base nas argumentaçoes acima, podemos realizar um ensaio de organizaçao de organização tematica. A primeira tarefa se refere a definiçao do tema a ser trabalhado num plano didatico ou num projeto interdisciplinar
Para que o tema  se torne significativo e conte com a adesão dos alunos,  ele deve responder às necessidades, interesses e possibilidades dos estudantes e professores. O mais importante de uma organização temática e conceitual dos conteúdos escolares é favorer a aprendizagem integrada e organica: dos conceitos, do desenvolvimento de procedimentos, de disciplina, de atitudes frente ao tema de estudo. Os conceitos específicos das disciplinas – matemática, artes, lingua, história, geografia, ciencias – se orientam para construir olhares sobre dimensões, questões e problemas que envolvem o tema de de estudo na escola. A construçao conceitual, vale dizer, deve favorecer a orgnizaçao do pensamento, capaz de tratar a realidade com os diversos conceitos das areas e campos do conhecimento.
Mesmo que a escolha dos temas seja partilhada entre professor e estudantes, cabe ao professor conceber o processo didatico que orientará a construçao tematica. Para explicitar esse processo didatico, devemos considerar os seguintes momentos e aspectos na escolha do tema e na organizaçao do projeto de aprendizagem:

1º. MOMENTO - Estudo para delimitaçao da tematica – resultado de investigaçao pedagogica
  1. Escolha de um tema – pode ser orientada pelas indicações da investigação sobre os processos formativos da criança, na escola, comunidade, familia
  2. Reunir com pais e membros da comunidade local;
  3. Visitar bibliotecas, acervos, arquivos, a fim de ampliar o enfoque sobre o tema e conhecer os recursos a serem explorados;
  4. Estudo e compreensão pedagógica do tema – sua pertinencia e relevancia para a aprendizagem dos estudantes. Conhecimento dos recursos a serem explorados;

2º. MOMENTO - Estruturação do Projeto de Aprendizagem - Definição dos Componentes
1.    Definição de eixos, conteúdos, linguagens, temas, conceitos; relacionados aos componentes curriculares de Historia e Geografia;
2.    Definição dos objetivos educacionais e resultados pretendidos no processo de ensino e aprendizagem;
3.    Definir de que modo o trabalho se insere no currículo visando envolver outras disciplinas no tema;
4.    Estabelecimento de atividades dos estudantes.
5.    Organização e confecção dos recursos didáticos - livros, mapas, recursos produzidos, jogos, imagens, fotos, etc.
6.    Definir como o trabalho será avaliado e como poderá ser mostrado na escola ou na comunidade.
7.     Cronograma;

Referencias para a organização das atividades didáticas com as crianças
Utilizando diferentes linguagens e seqüência didáticas em tratamento interdisciplinar dos componentes curriculares (história, geografia, ciências, artes, matemática, língua português, Ed. Física)
BASES
RECURSOS / ATIVIDADES
OBJETIVOS

1. Observação
Exercícios de percepção sensorial, por meio da atenção, perguntas, manipulação de objetos, medição, anotações, dedução, comparação, jogos.  Envolvendo o ambiente, o entorno da escola, os bens culturais, as instituições locais
Identificação do objeto. Função / significado, desenvolvimento da percepção visual, simbólica, descrição, caracterização 



2. Registro

Desenhos, descrição verbal ou escrita de recursos naturais, bens culturais.
Identificação de características, categorias.
Montagem de gráficos, fotografias, maquetes, mapas e plantas baixas, modelagens, etc.
Função do conhecimento percebido, detalhamento da percepção e descrição. Desenvolvimento da memória, pensamento lógico, intuitivo e operacional. Desenvolvimento da linguagem através do registro de diferentes formas.


3. Exploração e Tratamento
Analise do problema, levantamento de hipótese, questionamento,  discussão, avaliação, pesquisa em outras fontes como: fontes orais, mapas, bibliotecas, documentos familiares, jornais, revistas, entrevistas, etc. Organização e sistematização de informações, dados,
Desenvolvimento das capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências e significados.


4. Síntese e produção
Recriação, releitura, dramatização em diferentes meios de expressão como a pintura, escultura, drama, dança, música, poesia, texto, filme e vídeo, exposição em classe.
Envolvimento afetivo, internalização, desenvolvimento da capacidade de auto-expressão, apropriação, participação criativa, valorização da linguagem e dos bens culturais.

MODELO DE PLANO DIDÁTICO
Escola:
Endereço/fone: 
Modalidade do Ensino / Séries / Ciclos:
Área / Disciplinas:
Período/ Cronograma:
Professor:
Fone / e-mail:

2. JUSTIFICATIVA / RELEVÂNCIA (Indicação de eixos; Relevância das escolhas, opções)


3. ELEMENTOS ESTRUTURANTES DO PLANO
COMPONENTES DIDÁTICOS
DETALHAMENTO DO PROCESSO DIDÁTICO
1.    Definição de eixos, conteúdos, linguagens, temas, conceitos; relacionados aos componentes curriculares de Historia e Geografia;

2.    Definição dos objetivos educacionais e resultados pretendidos no processo de ensino e aprendizagem;

3.    Definir de que modo o trabalho se insere no currículo visando envolver outras disciplinas no tema;

4.    Estabelecimento de atividades dos estudantes.

5.    Organização e confecção dos recursos didáticos - livros, mapas, recursos produzidos, jogos, imagens, fotos, etc.


6.    Definir como o trabalho será avaliado e como poderá ser mostrado na escola ou na comunidade.

7.    Cronograma;

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