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segunda-feira, 15 de abril de 2013

Justificativas para o estudo de História Africana

Justificativas para o estudo de História Africana

Caso o Brasil fosse um país sem nenhuma imigração africana de importância, não seria surpreendente que os currículos escolares dispensassem estes conteúdos. Mesmo assim, por razões da história da humanidade, ou mesmo da história econômica do capitalismo, seria indispensável um conhecimento da história africana. Surpreendente e impensável é um país que nos seus pelos menos últimos quatro séculos teve não somente a imigração africana maciça como também tem a maioria da sua população descendente de africanos, não ter história africana nos currículos escolares.
Pela cultura e pelas construções de identidades dos Afro-descendentes e em nome das pluralidades culturais são justificáveis a presença da história africana como fundamento do conhecimento da história nacional.
No entanto, devido o país ter sido colonizado por portugueses provenientes da Península Ibérica e, visto que o desenvolvimento diferenciado de Portugal e Espanha, com relação ao restante da Europa, no século 14 e 15, se deve em parte pela influência africana nesta região. Tenho de lembrar que Portugal e Espanha foram colônias dos Mouros por 700 anos. Que estes Mouros são fusão de Africanos Islamizados e Árabes. Temos que rever que os conhecimentos técnicos e científicos neste período são mais avançados na África e no Mundo Árabe do que na Europa, para compreendermos a mecânica dos processos de desenvolvimento de Portugal e Espanha com relação ao restante da Europa.
O argumento principal para o ensino da História Africana esta no fato da impossibilidade de uma boa compreensão da história brasileira sem o conhecimento das histórias dos atores africanos, indígenas e europeus. As relações trabalho-capital, realizadas no escravismo brasileiro são antes de qualquer coisa, relações entre africanos e europeus. As tecnologias utilizadas nos ciclos econômicos brasileiros são de origem africana e, as formas de produção são altamente dependentes do tipo de mão da obra e dos estágios civilizatórias das nações africanas. A história política brasileira inicialmente é do escravismo e da alternativa política dos Quilombos, este último, produto das formas organizativas africanas reelaboradas para a realidade brasileira.
A partir de 1500, o entendimento da história econômica, política e cultural do Brasil, só é possível através do conhecimento da história e da cultura africana. Sem estes elementos se constrói uma história parcial, distorcida e promotora de racismos.
Ela produz a eliminação simbólica do africano e da história nacional.
Henrique Cunha Júnior - professor da Universidade Federal do Ceará

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