O LÚDICO NO PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: Relato de uma experiência no PIBID
[1]
Ana Paula Silva dos Santos
Aline da Silva Santos
Ízala Soares Alencar
Silvana Karine Costa Francelino
RESUMO:
Apresentar à relevância de se
trabalhar a alfabetização inserida numa perspectiva lúdica é o foco deste
artigo. Para tanto, apresentamos os resultados das experiências vivenciadas com
a execução do Projeto de intervenção Pedagógica “Pedagogia em ação: o lúdico
como instrumento facilitador no processo de alfabetização e letramento”
consolidado em uma escola da rede pública da cidade de Maceió. Direcionado a
crianças dos 7 aos 16 anos, tendo como objetivo geral estimular a aprendizagem
da leitura e escrita de maneira lúdica e prazerosa, oportunizando aos alunos uma
aprendizagem que tenha como ponto de partida a realidade social e cultural em
que estão introduzidos. Para o desenvolvimento deste estudo e do projeto foram
utilizadas as contribuições teóricas de Almeida (2003); Cavalcante, Freitas
(2008); Ferreiro e Teberosky (1985) e Paulo Freire (1989). Desse modo, com base
na abordagem metodológica da pesquisa-ação o projeto de intervenção foi
desenvolvido em três etapas. A primeira consistiu na realização de um
levantamento dos materiais didáticos necessários para a consolidação das
atividades. Na segunda etapa, desenvolvida em sessões tivemos o contato direto
com as crianças realizando atividades lúdicas para estimular a percepção, a
atenção e a produção textual. Na terceira etapa fizemos uma avaliação do
impacto do projeto no comportamento e no aprendizado das crianças. Espera-se
que este artigo contribua para que os educadores repensem sua prática docente,
contemplando a ludicidade como elemento importante no processo de alfabetização
e letramento das crianças.
Palavras-Chave:
Alfabetização. Letramento. Ludicidade. prática docente.
INTRODUÇÃO
O
Programa institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID) do Curso de
Pedagogia-Licenciatura, intitulado “Melhorando a Qualidade da Educação no
Ensino Fundamental em Escolas da Rede Pública” - teve início em maio de 2010.
Tem como objetivo contribuir com o processo de formação dos pedagogos ampliando
sua formação inicial no ensino fundamental, através do desenvolvimento de
projetos de intervenção na escola pública. O presente projeto de intervenção
pedagógica, intitulado: “o lúdico como instrumento facilitador no processo de
alfabetização e letramento”. É destinado às crianças do Ensino Fundamental I da
Escola Estadual Rosalvo Lôbo, localizada no bairro da Jatiúca em Maceió/AL. Surgiu
após observações em sala de aula e a partir de conversas com professoras, assim
como a aplicação de um diagnóstico com os estudantes. Desta forma podemos
perceber um acentuado déficit de aprendizagem que algumas crianças apresentam
no que se refere a leitura/escrita.
Encontramos no Método de Alfabetização Lúdica
subsídios para apoiar nossas ideias. Esse Método surge desde 1980, e vem sendo
aplicado no Brasil com resultados bastante satisfatório no processo de
alfabetização de crianças brasileiras. O Método de Alfabetização Lúdica
consiste em alfabetizar a criança de uma forma prazerosa, divertida,
participativa por meio de textos, frases e palavras relacionadas com a sua
vida. O desenvolvimento do método dar-se-á num ambiente alegre, repleto de
letreiros, manchetes de jornais, revistas e textos diversificados para que a
criança possa se acostumar com a linguagem escrita e sua estruturação gráfica/escrita.
O projeto teve duração de seis meses
e contemplou cinqüenta e três crianças do 2º ao 5º ano. O objetivo principal
deste projeto consiste em contribuir para a aprendizagem da leitura e escrita
de maneira lúdica e prazerosa, tendo como ponto de partida a realidade social e
cultural em que as crianças estão inseridas, sendo a mesma um ponto de partida
para realização de atividades pedagógicas que contribuam para o desenvolvimento
da aprendizagem dos educandos.
O
presente projeto é de extrema relevância no processo de aquisição da leitura e
escrita dos estudantes da referida escola, pois possibilitará aos alunos, com
maiores dificuldades para ler e escrever, um maior contato com textos de
diversos gêneros literários, jogos que visem estimular a aprendizagem e
momentos em que possam ser também direcionados a desenvolver de escrita forma
prazerosa a oralidade.
BREVE
HISTÓRICO SOBRE OS MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO PREDOMINANTES NAS PRÁTICAS DOCENTES
Historicamente desde a antiguidade o
método sintético vigorou de forma unívoca no sistema educacional até meados do
século XVIII. Este método considera a leitura como processo somatório que parte
do simples para o composto, ou seja, trata-se de unir os elementos básicos: as
letras e sílabas em novas palavras.
No
século XVII até o início do século XX surge o método analítico. Tal método vai
se ocupar com a capacidade que o sujeito tem de decompor as palavras nos
elementos mais básicos: sílabas e letras. “Nessa metodologia o ensino parte de
unidades maiores da língua: oração ou conto, chegando ás partes menores:
sílabas e letras.” (CAVALCANTE; FREITAS, 2008, p.4).
No
século XX essas metodologias começam a ser criticadas por não darem conta de
alfabetizar o grande número de alunos. Nesse sentido pode-se observar o
surgimento de estudos sobre a alfabetização voltados para a necessidade de
mudanças em relação a alfabetização e para a expansão dos aspectos referentes a
aquisição da linguagem escrita. È importante frisar que a união dos estudos
sobre método sintético e analítico de alfabetização com o método de
alfabetização lúdica desenvolvido por Paulo Nunes de Almeida no Brasil a partir
de 1980, deve ser um elemento considerado na prática docente.
Ferreiro
e Teberosky (1985) em seus estudos fizeram com que o interesse sobre como o
professor ensina se deslocasse para como o aluno aprende. Para as autoras cada
criança desenvolve sua própria maneira de aprender a ler e escrever, buscando
construir seu conhecimento através de elaboração de hipóteses e do produto de
um conflito cognitivo que permita ela avanços frente ao sistema de escrita.
O
LÚDICO COMO FERRAMENTA RELEVANTE NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
Diante da realidade educacional alagoana que, de
acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílio (PNAD),
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2010, Alagoas
segue com a segunda pior taxa de analfabetismo do Nordeste. Essa realidade é
permeada por muitas dificuldades no processo de alfabetização das crianças nas
séries iniciais do Ensino Fundamental, faz-se necessário entre os educadores um
repensar acerca de sua prática pedagógica. Nesta perspectiva o trabalho com a
alfabetização lúdica torna-se um instrumento essencial no processo de aquisição
da leitura e escrita, desde que vise desenvolver uma metodologia que contemple
uma aprendizagem significativa. Pois, deste modo os alunos serão estimulados
para a aprendizagem da leitura bem como para o prazer da escrita.
Freire
enfatiza a relevância do ato de ler como algo que se relaciona com uma
percepção crítica, que não se esgota na decodificação pura da palavra. Segundo ele a importância do ato de ler implica sempre uma percepção
crítica, não se esgota da decodificação pura da palavra escrita, ele vai muito
além, quando permite uma leitura do mundo. Cada sujeito é singular, logo as
visões de mundo, leituras de mundo também serão. E elas se darão a partir da
realidade em que estão inseridos. A linguagem e a realidade estão ligadas
dinamicamente, pois para ler o texto é preciso relacioná-lo ao contexto. Dessa
forma se terá uma leitura real e não abstrata. O ato de ler não
se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas
que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.” A leitura do mundo
precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa
prescindir da continuidade da leitura daquela” (FREIRE,1989).
Cada
indivíduo em sua subjetividade sente a necessidade de saber o pra que e o
porquê deve aprender determinados conteúdos, para que assim os temas passem a
ter mais sentido na realidade de vida em que estiver inserido. Dessa forma o
ato de aprender a ler e escrever deve ser questionado quando a sua finalidade.
Cabe a escola o papel de mediar e deixar bem claro esses fins, tendo em vista
que eles muitas vezes são regidos por interesses políticos e de poder, que a
uns “acolhe” e a outros “excluí”.
Podemos
afirmar com propriedade embasada nas experiências vivenciadas durante seis
meses de atuação efetiva no projeto: “o lúdico como instrumento facilitador no
processo de alfabetização e letramento” na escola Rosalvo Lôbo com o método de
alfabetização lúdica, que
as crianças contempladas
participaram de forma atenta e disponível das atividades propostas, tendo a
abertura de expor suas ideias, de demonstrar sua criatividade, através de peças
teatrais e toda produção escrita e também a oportunidade de realizar trabalhos
cooperativos. Realizamos atividades de estímulo a leitura,
escrita e oralidade através de jogos pedagógicos e cooperativos, contação e
re-contação de histórias, Cine Mágico, onde assistimos junto às crianças filmes
que nos levaram a discussões. Além disso também promovemos atividades como:
Brincando com o nome; Brincando com outros nomes; Brincando com textos (poemas,
trovas, canções, musicas, parlendas; adivinhações, histórias, receitas,
comunicados, bilhetes...); Formulando conceitos (propor as crianças situações
de desafios). Análise e estudo do texto; Análise e estudo de palavras - tema
extraídas do texto, Análise e estudo de letras e sílabas das palavras; Junção
de letras e silabas para formação de novas palavras; Junção de palavras para
formação de novos textos; Produção de novos textos (no início os alunos falam,
o professor escreve). Levantar com os alunos todas as palavras que gostariam de
aprender a ler e a escrever. Explorar o significado de cada uma delas e
desafiá-los a formar histórias com elas. Eles inventam, falam, e o professor
escreve. Apresentar aos alunos novos textos pertinentes ao tema, para que eles
possam fazer a leitura e responderem as questões de interpretação e pesquisar
sobre o tema; e aprofundarem o estudo dos textos.
Nas turmas do 4º e 5º ano houve uma
melhoria significativa na interpretação textual e na escrita,bem como um
aumento nas práticas de leitura,e uma acentuada melhoria na oralidade, nas
turmas do 2º e 3º ano se percebe uma maior compreensão e distinção entre as
letras do alfabeto, o número de sílabas e encontros vocálicos
e consonantais. Além disso, com o uso de recursos tecnológicos educacionais
como: som, DVD, televisão, percebemos que houve um acentuado desenvolvimento da
oralidade das crianças. A utilização dos jogos pedagógicos, assim como o uso de
vários gêneros textuais como: fábula, rimas, acróstico, gibis, paulatinamente
favoreceram a construção e a leitura de pequenos textos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É
válido e apropriado afirmarmos que é imprescindível a preparação de um ambiente físico que convide ao
lúdico, às descobertas
e à diversidade, isto exige das instituições de ensino
planejamento sistematizado e organização de espaços
e tempos que disponibilizem materiais lúdicos. O professor como principal agente que pode promover
ou não, a ludicidade instrumento facilitador no processo de alfabetização e
letramento deve compreender a relevância do aspecto lúdico para a criança ter
uma aprendizagem de fato significativa.
A tradição oral
brasileira é rica em lendas, contos, personagens, jogos de rua, brinquedos e
artefatos feitos com matérias naturais, simples, que se encontram no cotidiano
e oferecem traços culturais importantes na construção do pertencimento social.
Convém salientar que não bastam espaços, materiais e repertórios adequados, há
necessidade da presença de adultos sensíveis, atentos para transformar o
ambiente institucional em um local onde predomina a ludicidade.
Consideramos
que a alfabetização concebida na perspectiva lúdica possibilitará as crianças
com maiores dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita um maior contato
com textos de diversos gêneros literários, jogos que visem estimular a
aprendizagem e momentos em que possam ser também direcionados a desenvolver de
forma prazerosa a oralidade no processo da aquisição da leitura e escrita.
Destarte, estimularemos os estudantes a adentrarem em práticas de alfabetização
e letramento.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica.
Técnicas e jogos pedagógicos. 11ª edição. Loyola, 2003.
CAVALCANTE, Maria Auxiliadora da Silva; FREITAS,
Marinaide de Lima Queiroz; MERCADO, Elisângela de Oliveira. Alfabetização e
letramento. In: O ensino da língua portuguesa nos anos iniciais: eventos
e práticas de letramento. Maceió: EdUFAL, 2008.p.1-26.
PAULO, Freire. A importância do Ato de
Ler: em três artigos que se completam. 36ª Edição –São Paulo, Cortez, 1998.
FERREIRO,
Emília; Teberosky, Ana. A Psicogênese da
Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.
Olá PIbidianos, como dizemos por aqui !rs
ResponderExcluirTambém sou bolsista do PIBID do interior de São Paulo, estou passando aqui para parabeniza-las pelo blog! Ficou muito bacana !!! Estamos começando o nosso.. estamos com 6 meses de projetos, e estou encantada pelos projetos que vcs estão desenvolvendo!! Adorei o artigo de vocês também , está bem dentro da proposta que também utilizamos com nossos alunos!
Caso queiram conhecer um pouquinho do nosso trabalho também é só visitar alegrapibid.blogspot.com
Bom inicio de ano e que o sucesso de vcs continue !!! Grande Abraço, Valeska