Educar é Semear

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sábado, 7 de janeiro de 2012


O fenômeno bullying
O poder de sensibilização ao fenômeno bullying está relacionado, entre outros fatores, à sua alta carga emotiva devido ao fato de o ciclo se fechar muitas vezes com manifestação de alto grau de violência e seqüelas profundas — o fenômeno chega a ser denominado por Rubem Alves como forma escolar de tortura —, mas também devido ao fato de relacionar-se à busca de maneiras eficientes de transformar uma sala de aula em que se apresentam condutas desrespeitosas e violentas num espaço de respeito e ensino–aprendizagem efetivo. Ao estudar o fenômeno, alguns autores optam por um reducionismo psicológico; outros ainda o tratam sob uma ótica sociológica, propondo encaminhamentos pedagógicos coerentes com essas escolhas. É exemplo da primeira opção a corrente compreensão de que a solução do bullying está em tratar por meio de terapia individual a vítima e o agressor, sem envolvimento da comunidade escolar. Dessa linha, derivam idéias do tipo “Não vale a pena falar sobre o assunto na escola, pois, desse modo, estaríamos estimulando a ocorrência”, as quais acreditam numa resolução derivada da orientação direta às famílias das vítimas e de medidas socioeducativas aos agressores; ou, ainda, em casos mais graves, a idéia de que os problemas são comuns a certas faixas etárias, esvaecendo com a idade. As pesquisas já demonstraram que essas posições não só não favorecem a resolução dos problemas, como são potencializadoras de novos casos.
Devido à complexidade do problema e ao crescente índice de violência escolar, apontado por Duarte (2006) em pesquisa sobre o efeito da violência no aprendizado nas escolas públicas do Recife, a problemática da violência escolar não deve ser desvinculada dos altos índices de pobreza e desamparo político em que vive grande parte da população brasileira, em especial a recifense. Esse autor nos auxilia a compreender que a perpetuação da situação de exclusão — econômica, cultural, afetiva, etc. — é fruto de uma ordem social que vem passando por um processo de esgarçamento deveras preocupante, intensificado pela competitividade oriunda do capitalismo em sua fase tardia.
Essa abordagem dialoga com a necessidade de compreender o contexto cultural da vida dos indivíduos envolvidos, pois, como apontam Beaudon e Taylor (2006), “os pensamentos dos indivíduos geralmente estão sujeitos a um filtro cultural daquilo que é aceitável num contexto específico”, o que significa dizer que o pensamento está sujeito a bloqueios culturais, os quais provêm da cultura em sentido mais amplo, a saber: patriarcado, capitalismo, individualismo, racismo e adultismo.




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