Departamento
de Formação Continuada
OBJETIVO
Implementar políticas públicas de formação inicial,
continuada e em serviço por meio de programas, projetos e ações que contribuam
com o desenvolvimento profissional-institucional e a melhoria da qualidade do
ensino.
As mudanças curriculares e as políticas
pedagógicas
A maioria das pessoas
quando vai visitar uma escola ou uma rede escolar observa dados como aspectos
físicos, asseio, localização, segurança, normas disciplinares e equipamentos,
deixando de lado o currículo, a política pedagógica e o modelo pedagógico que é
aplicado no estabelecimento de ensino.
Dessa forma, as
pessoas normalmente atentam para o que é superficial no processo pedagógico de
um educandário, não observando o fundamental na aprendizagem, qual seja: o
currículo criativo, rico e bem definido, tanto nos seus aspectos amplos quanto
nos pontos particulares; a grade curricular devidamente estruturada e cumprida
em consonância com um planejamento pedagógico cuidadosamente discutido e
acompanhado; o envolvimento dos docentes e de toda a equipe escolar com a
política pedagógica definida.
Nesse processo de
ensino/aprendizagem, a definição clara de objetivos que contemplem a missão
estratégica da escola, no contexto cultural, regional, social e político frente
ao sistema produtivo é de fundamental importância, levando-se em conta questões
como:
1. Qual a visão de
mundo e de "trabalho" que a escola pretende desenvolver com seu
trabalho pedagógico, na perspectiva não só da continuidade dos estudos, mas
também na incorporação de conhecimentos sobre as diversas formas de linguagem,
iniciação científica e desenvolvimento tecnológico?
2. Que formação para
o mundo do trabalho e para a cidadania plena o projeto político pedagógico da
escola oferece, com vistas à incorporação de valores e atitudes como criticidade,
iniciativa, auto-estima, afetividade, criatividade, tolerância, segurança,
capacidade empreendedora e respeito aos valores democráticos?
3. Qual a efetiva
integração dos conteúdos no que se refere à base humanística, fundamentos
científicos e iniciação à base tecnológica na difusão dos conhecimentos a serem
ministrados no cotidiano da escola, e qual o nível de envolvimento e a
preparação dos docentes para esse trabalho?
4. Qual o
comprometimento da direção escolar, da equipe docente e de técnicos com a
pesquisa e o aprendizado permanente, na busca de uma troca constante
educador—educando—comunidade, objetivando o fortalecimento do diálogo nas
atividades educacionais, como caminho para o crescimento mútuo?
Tocar nas questões
curriculares e de modelo político-pedagógico das escolas significa mexer no
cerne das questões educacionais, ou seja, alterar a plataforma de suporte das
estruturas do currículo nos seus diversos pontos. Por tudo isso que é mais
cômodo "deixar como está": pelos complexos envolvimentos que essa
ação exige e pelas diversas demandas que ela cria.
Essa é uma atitude
política que solicita um permanente debate e uma decisiva transparência das
gerências de sistemas educacionais, das direções escolares e de
professores/técnicos nas estruturas de educação. Daí o fato de as políticas
educacionais (em sua maioria) virem de cima para baixo, já prontas, ou
aterem-se aos aspectos periféricos dos problemas da educação, como compra de
merenda escolar, transporte de alunos, construção de prédios escolares, compra
de material didático, aquisição de equipamentos e meios de comunicação, fugindo
das discussões sociológicas, ideológicas e filosóficas que fundamentam o trabalho
de educar no dia-a-dia dos educandários nos aparatos de ensino.
Infelizmente, o
quadro de indigência no campo educacional do país, muitas vezes já denunciado,
vem impedindo que se tenha uma visão mais acurada dos problemas de fundo da
escola, favorecendo-se mais os investimentos físicos e exteriores ao processo
educacional em si, em detrimento da discussão aprofundada acerca desse processo
e do que ocorre dentro das unidades escolares e das salas de aula.
Não podemos deixar de
citar o pouco investimento profissional no corpo docente/técnico, no sentido de
envolver esses profissionais como grupo estratégico no efetivo debate das
questões fundamentais da educação, numa interação dinâmica do projeto político
pedagógico da escola com a evolução da sociedade e o crescimento profissional
dos trabalhadores em educação.
Trabalhar a
permanente reformulação dos projetos educacionais e políticos e dos modelos
pedagógicos das escolas, bem como repensar seus currículos e reestruturar suas
grades curriculares, é como fazer o saneamento nos bairros das cidades. São
ações que não aparecem à primeira vista porque ficam submersas, ninguém
inaugura nem pode fazer muita propaganda, mas de vital importância para a
população, porque afetam profundamente a saúde e a vida de todos nós.
Referências
bibliográficas
BUFFA, Ester; ARROYO,
Miguel G. Arroyo; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania .São Paulo, Cortez,
1988.
DEMO, Pedro. Formação
do profissional de educação infantil: alguns desafios do ponto de vista
formativo., Rio de Janeiro, Senac, v. 23, n. 1, jan. abr. 1997, p. 21-25.
ROSETTI, Hélio
Júnior. Pensando a escola. Vitória, ETFES, 1997.
SAVIANI, Dermeval. A
nova lei da educação. LDB — trajetória, limites e perspectivas. São Paulo,
Cotez, 1997.
VELLOSO, João Paulo
dos Reis e ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti (orgs.). Modernidade e pobreza. São
Paulo, Nobel, 1994.
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