Educar é Semear

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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Formação Continuada


Departamento de Formação Continuada

 OBJETIVO
Implementar políticas públicas de formação inicial, continuada e em serviço por meio de programas, projetos e ações que contribuam com o desenvolvimento profissional-institucional e a melhoria da qualidade do ensino.
As mudanças curriculares e as políticas pedagógicas
A maioria das pessoas quando vai visitar uma escola ou uma rede escolar observa dados como aspectos físicos, asseio, localização, segurança, normas disciplinares e equipamentos, deixando de lado o currículo, a política pedagógica e o modelo pedagógico que é aplicado no estabelecimento de ensino.
Dessa forma, as pessoas normalmente atentam para o que é superficial no processo pedagógico de um educandário, não observando o fundamental na aprendizagem, qual seja: o currículo criativo, rico e bem definido, tanto nos seus aspectos amplos quanto nos pontos particulares; a grade curricular devidamente estruturada e cumprida em consonância com um planejamento pedagógico cuidadosamente discutido e acompanhado; o envolvimento dos docentes e de toda a equipe escolar com a política pedagógica definida.
Nesse processo de ensino/aprendizagem, a definição clara de objetivos que contemplem a missão estratégica da escola, no contexto cultural, regional, social e político frente ao sistema produtivo é de fundamental importância, levando-se em conta questões como:
1. Qual a visão de mundo e de "trabalho" que a escola pretende desenvolver com seu trabalho pedagógico, na perspectiva não só da continuidade dos estudos, mas também na incorporação de conhecimentos sobre as diversas formas de linguagem, iniciação científica e desenvolvimento tecnológico?
2. Que formação para o mundo do trabalho e para a cidadania plena o projeto político pedagógico da escola oferece, com vistas à incorporação de valores e atitudes como criticidade, iniciativa, auto-estima, afetividade, criatividade, tolerância, segurança, capacidade empreendedora e respeito aos valores democráticos?
3. Qual a efetiva integração dos conteúdos no que se refere à base humanística, fundamentos científicos e iniciação à base tecnológica na difusão dos conhecimentos a serem ministrados no cotidiano da escola, e qual o nível de envolvimento e a preparação dos docentes para esse trabalho?
4. Qual o comprometimento da direção escolar, da equipe docente e de técnicos com a pesquisa e o aprendizado permanente, na busca de uma troca constante educador—educando—comunidade, objetivando o fortalecimento do diálogo nas atividades educacionais, como caminho para o crescimento mútuo?
Tocar nas questões curriculares e de modelo político-pedagógico das escolas significa mexer no cerne das questões educacionais, ou seja, alterar a plataforma de suporte das estruturas do currículo nos seus diversos pontos. Por tudo isso que é mais cômodo "deixar como está": pelos complexos envolvimentos que essa ação exige e pelas diversas demandas que ela cria.
Essa é uma atitude política que solicita um permanente debate e uma decisiva transparência das gerências de sistemas educacionais, das direções escolares e de professores/técnicos nas estruturas de educação. Daí o fato de as políticas educacionais (em sua maioria) virem de cima para baixo, já prontas, ou aterem-se aos aspectos periféricos dos problemas da educação, como compra de merenda escolar, transporte de alunos, construção de prédios escolares, compra de material didático, aquisição de equipamentos e meios de comunicação, fugindo das discussões sociológicas, ideológicas e filosóficas que fundamentam o trabalho de educar no dia-a-dia dos educandários nos aparatos de ensino.
Infelizmente, o quadro de indigência no campo educacional do país, muitas vezes já denunciado, vem impedindo que se tenha uma visão mais acurada dos problemas de fundo da escola, favorecendo-se mais os investimentos físicos e exteriores ao processo educacional em si, em detrimento da discussão aprofundada acerca desse processo e do que ocorre dentro das unidades escolares e das salas de aula.
Não podemos deixar de citar o pouco investimento profissional no corpo docente/técnico, no sentido de envolver esses profissionais como grupo estratégico no efetivo debate das questões fundamentais da educação, numa interação dinâmica do projeto político pedagógico da escola com a evolução da sociedade e o crescimento profissional dos trabalhadores em educação.
Trabalhar a permanente reformulação dos projetos educacionais e políticos e dos modelos pedagógicos das escolas, bem como repensar seus currículos e reestruturar suas grades curriculares, é como fazer o saneamento nos bairros das cidades. São ações que não aparecem à primeira vista porque ficam submersas, ninguém inaugura nem pode fazer muita propaganda, mas de vital importância para a população, porque afetam profundamente a saúde e a vida de todos nós.
Referências bibliográficas
BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel G. Arroyo; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania .São Paulo, Cortez, 1988.
DEMO, Pedro. Formação do profissional de educação infantil: alguns desafios do ponto de vista formativo., Rio de Janeiro, Senac, v. 23, n. 1, jan. abr. 1997, p. 21-25.
ROSETTI, Hélio Júnior. Pensando a escola. Vitória, ETFES, 1997.
SAVIANI, Dermeval. A nova lei da educação. LDB — trajetória, limites e perspectivas. São Paulo, Cotez, 1997.
VELLOSO, João Paulo dos Reis e ALBUQUERQUE, Roberto Cavalcanti (orgs.). Modernidade e pobreza. São Paulo, Nobel, 1994.

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