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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Como fazer um TCC


Como fazer TCC?
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O QUE É UM TCC?
Tcc significa Trabalho de Conclusão de Curso. Criado em 1983, como disciplina obrigatória no curso de Pedagogia da Universidade de Franca, logo tornou-se institucional e se estendeu a todos os cursos de graduação. Refere-se a uma dissertação científica, do cunho monográfico iniciático, que os alunos concluintes devem elaborar.
Procurou-se, por meio desta exigência, criar espaço para os estudantes iniciarem-se no campo da pesquisa, buscando ampliar os conhecimentos teóricos acumulados ao longo da graduação.

ESTRUTURA DO TCC
Todo trabalho tem que ter o seu início, meio e fim, ou seja, introdução, desenvolvimento e conclusão. A seguir apresentamos esta composição com mais detalhes, podendo ser compostos das seguintes partes:
PRÉ-TEXTUAIS 
Capa - Obrigatório
Folha de rosto - Obrigatório
Folha de aprovação - Obrigatório
Dedicatória - Opcional
Agradecimentos - Opcional
Epígrafe - Opcional
Resumo - Obrigatório
Sumário - Obrigatório
Lista de ilustrações - Opcional
Listas de abreviaturas e siglas - Opcional
Listas de notações - Opcional

TEXTUAIS 
Introdução - Obrigatório
Desenvolvimento - Obrigatório
Conclusão ou Considerações finais - Obrigatório

PÓS-TEXTUAIS 
Referências bibliográficas - Obrigatório
Obras consultadas - Opcional
Apêndices - Opcional
Anexos - Opcional
Glossário - Opcional

Discriminação das partes
Capa
Deve conter o nome do autor ao alto da folha, o título do trabalho ao centro e, na parte inferior o nome da cidade e o ano de apresentação. Tudo deve ser datilografado ou digitado em caixa alta sem sublinhar nem utilizar aspas e centrado na folha.
Folha de rosto
Vem imediatamente após a capa e nela aparece o nome completo do autor; no centro da folha o título do trabalho desenvolvido, sendo que logo abaixo, da metade da folha para a direita, aparece uma explicação rápida mais clara acerca dos objetivos institucionais, seguida da instituição a que se destina a pesquisa. Na parte inferior escreve-se o nome da cidade e o ano. Aqui apenas as iniciais são maiúsculas e não as todas as palavras como na capa.
Folha de aprovação
Deve conter data de aprovação, nome completo dos membros da banca examinadora e local para assinatura dos membros.
Páginas preliminares
Páginas que antecedem ao sumário. Podem ser incluídas as seguintes partes, devendo constar cada uma em página separada.
Dedicatória: essa folha não é obrigatória, mas contém texto, geralmente curto, no qual o autor dedica seu trabalho a alguém.
Agradecimentos: essa folha não é obrigatória, e visa agradecer a pessoas que tenham contribuído para o sucesso do trabalho, prestar homenagem a pessoas que não estiveram diretamente relacionadas com sua realização, a entes queridos.
Epígrafe: trata-se de um pensamento de algum outro autor e que de preferência, mas não necessariamente, tenha alguma relação com o tema.
Resumo:"Redigido pelo próprio autor do TCC, o resumo - síntese dos pontos relevantes do texto, em lingaugem clara, concisa, direta, com o máximo de 500 palavras." (França, 1996).
Sumário
É onde aparecem as divisões do trabalho, os capítulos e seções com a indicação das páginas onde se iniciam cada uma delas. Não se deve confundir com índice, para designar esta parte. Havendo mais de um volume, deve-se incluir um sumário completo do trabalho em cada volume.
Listas
Rol de elementos ilustrativos ou explicativos. Podem ser incluídas as seguintes listas:
Listas de ilustrações: relação de tabelas, gráficos, fórmulas, lâminas, figuras (desenhos, gravuras, mapas, fotografias), na mesma ordem em que são citadas no TCC, com indicação da página onde estão localizadas.
Listas de abreviaturas e siglas: relação alfabéticas das abreviaturas e siglas utilizadas na publicação, seguidas das palavras a que correspondem escritas por extenso.
Listas de notações: relação de sinais convencionados, utilizados no texto, seguidos dos respectivos significados.
Texto
Como todos os trabalhos científicos, a organização do texto do TCC deve obedecer a seqüência: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, dividindo-se os capítulos conforme a natureza do assunto.
Referências bibliográficas
É a listagem, em ordem alfabética, numerada seqüencialmente, das publicações utilizadas para elaboração do trabalho, podendo esta ser numerada ou não. Caso deseje indicar uma bibliografia para aprofundamento do assunto, a mesma deverá aparecer em lista separada sob o título: Bibliografia Recomendada.
Anexos ou Apêndices
Documentos complementares e/ou comprobatórios do texto, com informações esclarecedoras, tabelas ou dados colocados à parte, para não quebrar a seqüência lógica da exposição. Quando há mais de um, cada anexo contém ao alto da página a indicação ANEXO, em letras maiúsculas, seguida do número correspondente em algarismo arábico, devem ser citados no texto entre parênteses.

MEDIDAS DE FORMATAÇÃO DO TCC
As medidas padrões para a formatação de cada lauda do TCC são:
  • Margem superior: 2,5 cm
  • Margem inferior: 2,5 cm
  • Margem direita: 2,5 cm
  • Margem esquerda: 3,0 cm
  • Citações: 1 cm (justificando à direita em itálico com Fonte 10)
  • Entre linhas (espaço): 2,0 cm
  • Fonte: 12
  • Tipo: Times New Roman (Fonte serifada)
  • Formato de papel: A4
Fonte: www.bibli.fae.unicamp.br/tcc.html
Síndrome de Burnout e a Enfermagem

CIDCLEIDE CARVALHO RIBEIRO

JULIANA APARECIDA BARBOSA

MARGARETH DE SOUZA OLIVEIRA

SÍNDROME DE BURNOUT E A ENFERMAGEM: REVISÃO DA LITERATURA

UNIVERSIDADE PAULISTA

Santos (SP), 2008

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Paulista – Santos , como requisito para obtenção do grau de Enfermeiro.

Orientador (a): Professora Mestre

Simone de Freitas Duarte Oliveira

UNIVERSIDADE PAULISTA

Santos (SP), 2008

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar a minha família que tanto me incentivou nos momentos mais difíceis, as minhas colegas Juliana e Margareth pelo companheirismo e dedicação, e em especial a Professora Lourdes e Simone pelo carinho e compreensão ao longo do estágio e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

Cidcleide

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso ao meu pai Iorides e minha mãe Zilcir por tudo, pelas broncas, pelos castigos, mas principalmente pela dedicação, por me fazerem crescer e me tornar uma mulher de valor.” Você diz que seus pais não te entendem, mais você não entende seus pais, você culpa seus pais por tudo , isso é absurdo, são crianças como você ; o que você vai ser quando você crescer”? Dedico ao meu filho Arthur e meu noivo Willian por me darem forças quando muitas vezes à vontade de desistir bateu em minha porta. “Aquele que segue o caminho sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe”. A enfermeira Lourdes pela dedicação e desempenho em campo de estágio, por acreditar em mim, pelas dicas ensinamentos e bom exemplo. As minhas amigas Cidcleide e Margareth por não desistirem de mim neste trabalho. “Verdadeiras amigas não se separam apenas seguem caminhos diferentes”. Aos meus irmãos, Edmilson, Marisa, Sérgio e Jaqueline por fazerem toda diferença em minha vida.

Este sonho se concretizou, mas sem todos vocês seria ainda apenas um sonho. Obrigada por fazerem minha estrela brilhar. Uma vez Jesus falou: eu não disse que seria fácil, eu só disse que valeria a pena e valeu!!

Juliana

DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso em primeiro lugar ao meu Pai Celestial por ser à base das minhas conquistas; à minha família e a meus lideres por acreditarem e terem interesse em minhas escolhas, apoiando-me e esforçando-se junto a mim, para que eu suprisse todas elas; a meus filhos (as), e netas (os) que eles possam reconhecer que na vida sempre a tempo de se fazer boas escolhas; a minhas amigas do TCC Cidcleide e Juliana por me ensinarem tanto; a meus professores, pela dedicação prestada em suas aulas, colaborando assim em meu aperfeiçoamento profissional.

“Qualquer princípio de inteligência que alcançarmos nesta vida, surgirá conosco na ressurreição.” Doutrina e Convênios 130: 18

Margareth

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, por termos conseguido realizar nossos objetivos, a nossa orientadora Simone, que tanto nos ajudou a não desistir, a nossos professores que durante esses anos tanto nos ensinaram.

E em especial as autoridades deste país que nos ajudaram financeiramente para que pudéssemos concluir está faculdade; sem eles jamais teríamos realizado esse sonho, muito obrigada.


Resumo

Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao estresse ocupacional. O presente estudo teve como objetivo identificar a partir de levantamento bibliográfico, os fatores desencadeantes, e os principais sintomas da Síndrome de Burnout, para informar os profissionais da enfermagem sobre sua existência, e assim esclarecer alguns aspectos que às vezes são confundidos com o estresse. Trata-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de dados presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, no período de 2001 a 2008. Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008. Foram selecionados 15 artigos, dentre os quais os sintomas mais freqüentes referem-se à fadiga, dores de cabeça, insônia dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constante, que são citados em três artigos, seguidos de oscilações de humor, alergias e ansiedade e depressão abordada em dois artigos. Dentre os fatores desencadeantes os mais freqüentes foram o plantão noturno constante, a jornada dupla da mulher como mãe e profissional, situações criticas e de emergência, trabalho prolongado, conflitos entre equipe, falta de funcionários, e diminuição do convívio familiar que foram referidos em cinco artigos.

Palavras- chave – burnout, enfermagem, estresse

Abstract

All the beings live situations of stress and the desencadeantes factors can appear in any stage of the life. The work with the illness and the suffering frequently is cause of stress physicist and psychological taking the professional to it stress it occupational. The present study it had as objective to identify from bibliographical survey, the desencadeantes factors, and the main symptoms of the Burnout Syndrome , to inform the professionals of the nursing on its existence, and thus to clarify some aspects that to the times are confused with it stress. A bibliographical research is about articles indexed in the databases, present one in the sites: www.bireme.br, www.usp.br. In the period of 2001 the 2008. It was used terminology in health consulted in the Describers in Science of the Health (DeCS/Bireme), that it identified the describers: burnout syndrome, professional exhaustion, professional hard work, stress occupational and stress professional, emotional and physical exhaustion. The search occurred in the month of September of 2008. 15 articles had been selected, amongst which the symptoms most frequent mention the fatigue to it, migraines, intestines, nauseas, tremors, cold extremities and cooled sleeplessness pains in the body, palpitations, alterations constant, that are cited in three articles, followed of oscillations of mood, allergies and anxiety and boarded depression in two articles. Amongst most frequent the desencadeantes factors they had been the constant nocturnal plantão, the double day of the woman as mother and professional, situations you criticize and of emergency, drawn out work, conflicts between team, lack of employees, and reduction of the familiar conviviality that had been related in five articles.

Key words – burnout, nursing, stress

LISTA DE ABREVIATURAS

Classificação Internacional das Doenças = C I D

Organização Mundial da Saúde= O M S

Síndrome de Burnout = S B

1 – INTRODUÇÃO

1.1 – Síndrome de Burnout e a Enfermagem

O tema escolhido para ser desenvolvido para esta pesquisa bibliográfica de revisão da literatura foi Síndrome de Burnout (S B) e a Enfermagem. Lauter define a S B como um estresse crônico experimentado pelo indivíduo em seu contexto de trabalho, principalmente no âmbito das profissões cuja característica essencial é o contato direto com pessoas, como por exemplo, professores, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, dentre outros. Ressalta ainda que a S B seja como uma deficiência, um falhar, um ficar exaurido através da demanda excessiva de energia, força ou recursos. (1)

A S B foi reconhecida como risco ocupacional para profissões que envolvem cuidados com saúde, educação e serviços humanos. No Brasil, o Decreto N 3.048 de 6 de maio de 1999 aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes Patológicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças- CID-10) cita a “Sensação de Estar Acabado” (Síndrome de Burnout, Síndrome do Esgotamento Profissional) como sinônimo do Burnout que, na CID-10, recebe o código Z 73.0.

1.2 – Justificativa

A escolha desse tema foi importante, considerando que essa síndrome é um fenômeno pouco conhecido em nossa realidade. Essa pesquisa serviu para elucidar e esclarecer algumas dúvidas a respeito dessa síndrome e será de benefício para os profissionais da enfermagem, tendo em vista que a mesma acomete muitos profissionais da área. Burnout pode ser considerado um grande problema no mundo profissional da atualidade. (2)

1.3 – Problemas / Hipótese

A ocorrência de estresse profissional tem sido observada em todas as partes do mundo como um importante fator causal de morbimortalidade e, de quebra, entre saúde mental e o bem estar do trabalhador. (3)

Sabendo-se que Burnout não é um problema do indivíduo, mas do ambiente social no qual o indivíduo trabalha, será que o estresse profissional pode conduzir o profissional da enfermagem a desenvolver a S B?

A hipótese é que existe relação entre os sintomas apresentados pela equipe de enfermagem com a S B.

1.4 – REVISÃO DA LITERATURA:

1.4.1- ESTRESSE:

A preocupação com o estresse é mundial, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS), a considerá-la uma epidemia global com diversos fatores agravantes ou atenuantes a situação. Hans Selye, (4) define: ”Estresse é uma alteração fisiológica que se processa no organismo quando este se encontra em uma situação que requeira dele uma reação mais forte que aquela que corresponde a sua atividade orgânica normal”.

Algumas pessoas parecem ter uma tendência crônica para se estressarem e esta se constitui em um quadro que inclui distorções cognitivas isto é, um modo inadequado de pensar e avaliar os eventos da vida, expectativas ilógicas e exageradas, vulnerabilidades pessoais e comportamentos observáveis aliciadores de estresse. Inclui também uma hiper-reatividade fisiológica perante as demandas psicossociais, a qual pode ser gerada por uma hipersensibilidade do sistema límbico, conduzindo a produção excessiva de catecolaminas, testosterona e cortisol. (5)

Todos os seres vivem situações de estresse e os fatores desencadeantes podem aparecer em qualquer etapa da vida. O trabalho com a doença e o sofrimento freqüentemente são causa de estresse físico e psicológico levando o profissional ao estresse ocupacional. O trabalho é uma atividade que ocupa grande parcela do tempo de cada indivíduo e do seu convívio em sociedade.

Dejour (6), afirmava que o trabalho nem sempre possibilita realização profissional. Pode, ao contrario, causar problemas desde insatisfação até a exaustão.

Estudos mostram que o desequilíbrio na saúde do profissional pode levá-lo ao absenteísmo, gerando licenças por auxílio-doença, reposição de funcionários, transferências, contratações, novos treinamentos e outras despesas. A qualidade dos serviços prestados e o nível da produção fatalmente são afetados, assim como a lucratividade. (7)

Nem sempre o estresse é prejudicial, no entanto o estresse prolongado é uma das causas do esgotamento, que pode levar ao Burnout. (7) Ou seja, o estresse pode ou não levar a um desgaste geral do organismo dependendo da sua intensidade, duração, vulnerabilidade do indivíduo e habilidade em administrá-lo. (8) Para Codo, Sampaio e Hitomi, saúde e doença não são fenômenos isolados que possam ser definidos em si mesmos, mas estão vinculados ao contexto socio-econômico-cultural. (9)

Neste sentido Silva e Marchi (10) afirmam que o estresse é um estado intermediário entre saúde e doença, um estado durante o qual o corpo luta contra o agente causador da doença; quando se confronta com um agressor (estressor) o corpo reage. Essa reação tem três estágios: alarme, resistência e exaustão.

A fase de alarme consiste em uma fase muito rápida de orientação e identificação do período, preparando o corpo para a reação propriamente dita, ou seja, a fase de resistência. Lipp (8) acrescenta que às vezes as sensações não se identificam como estresse, é por isso que muitos não se dão conta de que estão neste estado.

A fase de resistência é uma fase que pode durar anos. É a maneira pela qual o corpo se adapta a nova situação. É parte do estresse total do individuo e se processa de dois modos: sintóxico (tolerância e aceitação) e catotóxico (contra, não aceitação). Para Lipp (8), isto ocorre quando a pessoa tenta se adaptar a nova situação, restabelecendo o equilíbrio interno.

A fase de exaustão consiste em uma extinção da resistência, seja pelo desaparecimento do estressor o agressor seja pelo cansaço dos mecanismos de resistência. Então é nesse caso que o resultado será o da doença ou mesmo um colapso.

Esse estresse crônico e permanente leva o trabalhador a S B. A sensação de estar acabado, ou síndrome profissional, é um tipo de resposta prolongada a estressores emocionais e interpessoais crônicos do trabalho. Segundo Maslach e Jackson (apud Codó, 1999), na S B, o trabalhador se envolve afetivamente com seus clientes, se desgasta e num extremo, desiste, não agüenta mais, entra em Burnout. (11)

1.4.2 – BURNOUT:

Burnout quer dizer queimar-se até a cinza, essa síndrome afeta profissionais que lidam com o público e sua estatística é de duas mulheres para cada homem. A literatura aponta que as mulheres podem ser mais vulneráveis ao estresse que os homens por vivenciarem conflitos entre papéis: ser trabalhadora de uma instituição além de ser mãe, dona de casa e esposa. (12)

O conceito burnout surgiu nos Estados Unidos nos meados da década de 1970 para dar explicação ao processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos trabalhadores. O termo Burnout quer dizer burn = queima e out = exterior. Ao longo dos anos essa síndrome de queimar-se, tem se estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico integrado, por atitudes e sentimentos negativos.

Segundo Pereira (13) essa síndrome tem como principais características: desgaste emocional, a despersonalização e a reduzida satisfação pessoal ou sentimento de incompetência do trabalhador.

Delvaux, citado por França e Rodrigues (12), caracteriza o Burnout emocionalmente da seguinte forma:

- Exaustão emocional - ocorre quando a pessoa percebe nela mesmo a impressão de que não dispõe de recursos suficientes para dar aos outros, Surgem sintomas de cansaço, irritabilidade, propensão a acidentes, sinais de depressão, sinais de ansiedade, uso abusivo de álcool, cigarros ou outras drogas, surgimento de doenças.

- Despersonalização - corresponde ao desenvolvimento por parte do profissional de atitudes negativas e insensíveis em relação às pessoas com as quais trabalha tratando-as como objetos.

- Diminuição da realização e produtividade profissional – geralmente conduz a uma avaliação negativa e baixa de si mesmo.

- Depressão – sensação de ausência de prazer de viver, de tristeza que afeta os pensamentos, sentimentos e o comportamento social. Estas podem ser breves, moderadas, ou até graves.

Maslach e Jackson (11) resumem a SB em três características: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal.

1.4.3 - ENFERMAGEM:

No campo da saúde, em especial o da enfermagem foi se distanciando de sua função essencial,porque o numero de pacientes que necessita de tratamento especializado vem aumentando, exigindo assim assistência mais especializada.

A enfermagem desde o seu surgimento ate os dias atuais, tem buscado uma auto-definição, tentando construir sua identidade profissional e obter reconhecimento, tem enfrentado dificuldades que comprometem o desempenho do seu trabalho. Além disso, a situação política na qual estamos imersos, com os salários baixos, estreitamento do mercado de trabalho e o desemprego, são fatores agravantes aos profissionais que são obrigados a atuar em mais de um local de trabalho, exercendo uma carga horária mensal extremamente longa em ambientes potencialmente geradores de conflitos, predispondo estes profissionais da saúde ao estresse. São profissionais que se encontram em risco constante de experimentar a S B.

A equipe de enfermagem rotineiramente é exposta a carga física e mental durante seu trabalho, situações de emergência impõem tarefas que sobrecarregam o individuo, a jornada de trabalho freqüentemente é extensa, duplicada e acompanhada de plantões.

A enfermagem segundo a Health Education Authorith foi classificada como a quarta profissão mais estressante.

1.4.4 – SINTOMAS DE BURNOUT:

Pereira (13) define os sintomas em:

SINTOMAS FISICOS:

• Fadiga constante progressiva: a sensação de falta de energia e vazio interno é o sintoma mais referido pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout. Muitas vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam cansadas e sem animo para nada;

• Dores musculares ou osteomusculares: as mais freqüentes são dores na nuca e ombros. As dores na coluna cervical e lombar também possuem alta incidência;

• Distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não consegue conciliar o sono, ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e permanecendo desperta do cansaço. Sono agitado e pesadelos;

• Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há relatos desde o latejar das temporas até dores persistentes e intensas em que a pessoa não suporta nem um mínimo de som;

• Perturbações gastrintestinais: podem ter intensidades que vai desde uma “queimação” estomacal, gastrites, podendo evoluir até para uma úlcera. Náuseas, diarréias e vômitos são referidos. Em algumas pessoas, observa-se a perda do apetite, levando a um emagrecimento significativo, enquanto em outras há um aumento no consumo de alimentos, com conseqüência opostas;

• Imunodeficiência: diminuição da resistência física, acarretando resfriados ou gripes constantes, afecções na pele como prurido, alergias, herpes, queda de cabelo, aparecimento ou aumento de cabelos brancos;

• Transtornos cardiovasculares: neste item há relatos desde hipertensão arterial, palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias;

• Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos, bronquite, asma;

• Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia (no caso das mulheres), ejaculação precoce ou impotência (nos homens);

• Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da menstruação.

SINTOMAS PSÍQUICOS:

• Falta de atenção, concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que esta fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é, mostra-se distraída, sem interesse.

• Alterações da memória: tanto evocativa como de fixação. Apresenta lapsos de memória; muitas vezes para de realizar uma atividade que estava fazendo por não saber mais por que a realizava, precisando retornar ao local ou momento anterior para tentar recordar-se;

• Lentidão do pensamento: os processos mentais tornam-se mais lentos, assim como o tempo de resposta do organismo;

• Sentimento de alienação: a pessoa sente-se distante do ambiente e das pessoas que a rodeiam, como se nada tivesse a ver com ela, como se as coisas fossem irreais;

• Sentimento de solidão: muitas vezes decorrente do traço anterior, a pessoa sente-se só, não compreendida pelos demais;

• Impaciência: há uma constante pressão no que se refere ao tempo, sentindo que este é sempre menor do que gostaria. Torna-se intransigente com atrasos, esperar passa a ser insuportável;

• Sentimento de impotência: há sensação de que nada podem fazer para alterar a atual situação, sentindo-se vítima de uma conjuntura superior as suas capacidades;

• Labilidade emocional: presença de mudanças bruscas do humor. Em um momento pode estar bem, rindo, passando a um estado de tristeza ou agressividade em poucos minutos, por vezes sem um motivo manifesto ou diante de um acontecimento aparentemente insignificante;

• Dificuldade de auto-aceitação, baixa auto-estima: a imagem idealizada e a observada de si mesmo encontram-se distantes. Sente que a percepção de si e seus ideais estão longe do que vem apresentando, trazendo uma insuficiência, de fracasso, levando a uma deterioração de sua auto-imagem:

• Astenia, desânimo, disforia, depressão: realizar uma atividade, mesmo que de pouca importância, é sempre custosa. Suas reações tardam mais que o habitual. Há um decréscimo do estado de animo, perda do entusiasmo, levando a disforia que, sem a devida intervenção, pode evoluir para uma depressão:

• Desconfiança, paranóia: sentimento de não poder contar com os demais, que as pessoas se aproveitam de si e de seu trabalho, recebendo muito pouco ou nada em troca. Por vezes, a desconfiança se acentua levando a paranóia, crendo que os demais armam situações premeditadas apenas para prejudicá-lo intencionalmente.

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS:

• Negligencia ou escrúpulo excessivo: como reflete dificuldade de atenção, pode vir a descuidar-se em suas atividades ocupacionais, podendo causar ou ser vitima de acidentes. Outros, por sentirem esta dificuldade, passam a ter uma atuação mais detalhista, justamente para não incorrer em equívocos, acarretando lentidão nas atividades. Pode haver também a tendência a voltar a rever várias vezes o que já foi realizado;

• Condutas aditivas e evitativas: probabilidade do aumento de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e amigos;

• Irritabilidade: revela pouca tolerância para com os demais, perdendo muito rapidamente a paciência. Tal atitude é até natural, considerando que esta conduta tende a aumentar em pessoas que dormem mal:

• Incremento da agressividade: denota dificuldade em se conter, passando facilmente a comportamentos hostis, destrutivos, mesmo que o acontecimento desencadeante não seja de grande importância;

• Incapacidade para relaxar: apresenta constante tônus muscular, rigidez. Inclusive em situações prazerosas, esta sempre em alerta, como se a qualquer momento algo pudesse acontecer. Não consegue desfrutar de momentos de lazer, de férias. Mesmo que se proponha a descansar, sente como se não pudesse parar o curso do pensamento, como se seu cérebro estivesse em constante atividade;

• Dificuldade na aceitação de mudanças: denota dificuldade em aceitar e se adaptar a novas situações, pois isto demandaria um investimento de energia de que não mais dispõe. O comportamento desta forma torna-se mais rígido, estereotipado;

• Perda de iniciativa: também decorrente do citado acima, a pessoa dá preferência às situações rotineiras, conhecidas, evitando tornar iniciativa que lhe exigiriam o dispêndio de doses extras de energia, seja esta mental ou física;

• Aumento do consumo de substâncias: há uma tendência ao incremento no consumo de bebidas alcoólicas ou mesmo “cafezinho”, por vezes fumo, tranqüilizantes, substâncias lícitas ou até mesmo ilícitas. A farmacodependencia não deve ser desprezada em casos de estresse e Burnout;

• Comportamento de alto risco: pode vir a buscar atividades de alto risco, procurando sobressair-se ou demonstrar coragem, como forma de minimizar o sentimento de insuficiência. Pode tratar-se de manifestação inconsciente no intuito de dar fim a vida; que vem sendo sentida como tão adversa;

• Suicídio: existe maior incidência de casos de suicídios entre profissionais da área da saúde do que na população em geral.

SINTOMAS DEFENSIVOS:

• Tendência ao isolamento: um tanto pela sensação de fracasso, pela não aceitação da situação como esta vem se apresentando e, por outro lado, sentimento de que os outros (clientes, colegas) é que são os responsáveis pela atual circunstancia, a pessoa tende a distanciar-se dos demais, como forma de minimizar a influencia destes e a percepção de insuficiências;

• Sentimento de onipotência: ainda para tentar compensar a sensação de frustração e incapacidade, alguns reagem passando a imagem de auto-suficiência. Pode ser também uma reação ao sentimento de paranóia:

• Perda do interesse pelo trabalho (e até pelo lazer): toda a demanda de energia passa a ser custosa, principalmente quando se atribui a esta a dificuldade que vem sentindo, quando se imputa a determinado contexto (trabalho) a manifestação da sintomatologia apresentada;

• Absenteísmo: as faltas, justificadas ou não, passam a ser uma trégua, uma possibilidade de alivio na tentativa de minimização dos transtornos sentidos;

• Ímpetos de abandonar o trabalho: a intenção de abandonar o trabalho ou mudar de atividade passa a ser uma alternativa cada vez mais cogitada, o que vem a se concretizar em alguns casos;

• Ironia, cinismo: é freqüente o aparecimento de atitudes de ironia e cinismo tanto para com os colegas como em relação ás pessoas a que o profissional presta serviços. Funciona como uma “válvula de escape” de seus sentimentos de insatisfação e hostilidade para com os demais, na medida em que atribui aos outros a sensação de mal estar que vem experimentando em seu trabalho.

1.4.5 – PREVENÇÃO DE BURNOUT:

Em se tratando de formas de prevenção de burnout, França e Rodrigues (7) acrescentam:

a) aumentar a variedade de rotinas, para evitar a monotonia;

b) prevenir o excesso de horas extras;

c) dar melhor suporte social as pessoas;

d) melhorar as condições sociais e físicas de trabalho;

e) investir no aperfeiçoamento profissional e pessoal dos trabalhadores.

Já Philips diz que a primeira medida para evitar a S B é conhecer suas manifestações. Torna-se essencial a conciliações das atividades profissionais com o lazer, precisam não fazer de suas vidas um campo de batalha, não permitindo que o estresse tome conta, procurando não se desgastar emocionalmente, afim de não entrarem em burnout. (14)

2 – OBJETIVO

Esse trabalho tem como finalidade identificar a partir de levantamento bibliográfico, os fatores desencadeantes, e os principais sintomas da S B.

.

3 - MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Tipos de estudo

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica de artigos indexados nas bases de dados, presente nos sites: www.bireme.br, www.usp.br, do período de 2001 a 2008.

Utilizou-se a terminologia em saúde consultada nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS/Bireme), que identificou os descritores: burnout síndrome, esgotamento profissional, estafa profissional, estresse ocupacional e estresse profissional, exaustão emocional e física. A busca ocorreu no mês de setembro de 2008, sendo critério para inclusão: sujeitos do estudo a equipe de enfermagem e artigos sobre a síndrome com seus fatores desencadeantes, sinais e sintomas. Foram excluídos artigos que relacionassem burnout a outras profissões.

Relacionamos os uni termos Burnout, enfermagem com os outros citados e selecionando-se artigos publicados na língua portuguesa.

3.2 – Procedimentos

Realizamos uma busca nas bases de dados e o resultado encontrado foi:

BASES DE DADOS www.bireme.br

DESCRITOR Encontrados Válidos

Burnout 337 2

Esgotamento profissional 3681 1

Estafa profissional 5058 1

Estresse ocupacional 8202 2

Estresse profissional 8211 1

Exaustão emocional e física 5057 1

BASES DE DADOS www.usp.br

DESCRITOR Encontrados Válidos

Burnout 130 3

Esgotamento profissional 180 0

Estafa profissional 42 0

Estresse ocupacional 613 2

Estresse profissional 1000 2

Exaustão emocional e física 175 0

Após o levantamento da literatura, da bibliografia disponível, o passo seguinte foi organizar o material por meio de fichamento que se constituiu numa primeira aproximação do assunto. Na seqüência, os artigos obtidos foram submetidos a releituras, com a finalidade de realizar uma análise interpretativa direcionada pelos objetivos estabelecidos previamente e, assim, os conteúdos encontrados foram agrupados em seus aspectos referentes aos fatores desencadeantes e os sintomas da síndrome.

4 – ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:

A diferença entre estresse e Burnout foi identificada no estudo realizado por Santini (15), onde aponta que estresse tem efeitos positivos e negativos para a vida enquanto Burnout é sempre negativo. O estresse pode desaparecer após um período adequado de descanso e repouso enquanto Burnout não regride com férias e nem com outras formas de descanso.

Quanto aos setores mais estressantes para a equipe de enfermagem trabalhar, Avellar et al. (16) Campos (17), indicaram a oncologia como a mais estressante. Devido ao fator emocional e por tratar-se de uma unidade onde a morte sempre está presente, e o sofrimento é causa de estresse constante na enfermagem.

Batista et al..(18), identificou o setor de emergência como sendo o maior problema para a equipe de enfermagem. O pesquisador comparou o setor público e privado, e identificou que os fatores que tornam a unidade de emergência um setor estressante são: o número reduzido de funcionários, falta de respaldo institucional e profissional, carga horária de trabalho, realização de tarefas em tempo reduzido, falta de experiência por parte dos supervisores, ambiente físico da unidade, assistência ao paciente e falta de tempo para relacionamento com familiares.

Em estudo interessante, que analisou artigos sobre estresse no trabalho da enfermagem, Stacciarini et al. (19), observaram que os estudos ainda não responderam se há uma função ocupacional mais estressante do que outra. Existe um entendimento de que as fontes de estresse são apenas diferentes de acordo com a função e ou setor de trabalho.

Observamos que alguns artigos apontam como setores mais estressantes a oncologia, a UTI, e o pronto socorro, deixando a entender que os outros setores são menos estressantes. Em contra partida outros estudos observaram que não existe função ou setor mais estressante e sim, que as fontes de estresse são diferentes.

Quanto aos sintomas físicos Murofuse et al. (20), apontaram como os mais comuns: fadiga, dores de cabeça,insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes. Identificou ainda que o exercício da profissão de enfermagem requer boa saúde física e mental.

Costa et al. (21), mostraram que Burnout se caracteriza por um conjunto de sinais e sintomas de exaustão física, psíquica e emocional, em conseqüência da má adaptação do sujeito a um trabalho prolongado e estressante.

Já Cavalheiro et al. (22), descreveram como sintomas : oscilações de humor, alergias , dores de cabeça, e ansiedade. Os autores mencionaram que tais fatores podem causar condições de trabalho inadequadas para a atividade de enfermagem. Explicam que esses sintomas estão relacionados com um ambiente de trabalho limitado, iluminação artificial, ar condicionado, arquitetura de local de trabalho, constante exigência de superiores, falta de recursos humanos, ruídos e a possibilidade de morte e dor.

Identificamos nos artigos que a SB pode apresentar sintomas psíquicos: alteração da memória falta de atenção e concentração, lentidão de pensamento etc.; sintomas comportamentais: irritabilidade, incremento de agressividade e incapacidade de relaxar; sintomas defensivos: tendência ao isolamento, absenteísmo e ímpetos de abandonar o trabalho.

Por outra parte, Fernandes et al. (23), pesquisaram a associação do estresse e o trabalho. Os resultados apontaram que os profissionais de enfermagem vivenciam um cenário de instabilidade e insegurança e tem ainda de conviver com ausência de horas adequadas de repouso e simultaneamente com a falta de tempo para realização de outras atividades heterogênicas do cotidiano, acabando por desenvolver o estresse ocupacional.

Caldereno et al. (24), identificaram os fatores de estresse na equipe de enfermagem e os destacaram em três categorias: A)funcionamento organizacional que se refere ao caráter hierárquico e burocrático das organizações de saúde. B) relacionamento interpessoal seja entre colegas de mesmo nível hierárquico, superiores e subordinados, seja entre empregados e clientes resultando em conflitos. C) sobrecarga de trabalho, afetando negativamente, a percepção do auxiliar de enfermagem acerca do seu contexto de trabalho e associando-se principalmente ao déficit de pessoal. Sendo importante causador de sofrimento psíquico e estresse ocupacional.

Entre os achados do estudo de Campos (17), sobre os vários fatores ou características pessoais e laboratoriais que podem ser classificados como desencadeantes ou inibidores do Burnout, os autores apontam os seguintes: exposição contínua e repetitiva à doença, agonia e à morte de pacientes; à sobrecarga de trabalho; à percepção de fracasso pessoal e senso de inutilidade por não conseguirem erradicar a doença; à desilusão do sistema de saúde: falta de tratamento adequado: falta de um líder no grupo multidisciplinar; e à alta competitividade. As mulheres são mais propensas, especialmente as mais jovens; o trabalho noturno constante, a troca de turnos; à falta de funcionários; conflitos entre a equipe, diminuição do convívio familiar.

Borges (25) e Borges et al. (26) , identificaram a incidência do Burnout e os valores organizacionais, valores atribuídos as organizações pelos empregados em um nível real e ideal e os dividiu em : a) organização : burocracia, falta de autonomia, comunicação ineficiente, impossibilidade de ascender na carreira; b) indivíduo:tipo de personalidade, controle interno e externo, auto estima, autoconfiança, super envolvimento, pessimismo, perfeccionismo, gênero mulher, nível educacional, estado civil; c) trabalho: sobrecarga sentimentos de injustiça e de iniqüidade nas relações laborais, trabalho noturno e turnos, tipo de ocupação, conflitos de papel, ambigüidade de papel, relação muito próxima e intensa do trabalhador com as pessoas a que deve atender, falta de suporte social e familiar.

Por outro lado, Trigo et al. (27), realizaram um estudo com o objetivo de identificar e avaliar os efeitos do trabalho prolongado da enfermagem com pacientes vítimas de trauma e abusos sexuais. Os resultados mostraram que essa combinação pode levar o profissional a ter conseqüências psicológicas, causando sintomas como: episódios dissociativos, ansiedade, depressão, pensamentos intrusos, paranóia, hipervigilância, e relações pessoais interrompidas.

Segundo Avellar et al. (16) o exercício profissional no âmbito hospitalar é marcado por múltiplas exigências: lidar com dor, sofrimento, morte e perdas a que se somam as condições desfavoráveis de trabalho e a baixa renumeração, fatores que, em conjunto propiciam a emergência de estresse e Burnout.

A dor, o sofrimento, o sentimento de perda aparecem constantemente como fatores desencadeantes para a SB, observamos que alguns autores relacionam esses fatores as unidades onde esses profissionais atuam como, por exemplo, unidades oncologias, emergências e cuidados intensivos.

Já o estudo de Trigo et al. (27), apontou a interligação de Burnout e os transtornos psiquiátricos, De acordo com o estudo, a tensão, estresse e ansiedade tão comum ao redor dos profissionais tornam aqueles mais suscetíveis a transtornos mentais. Segundo a OMS, “A saúde mental tem um impacto opressivo em nossas habilidades para funcionar e participar na sociedade. Temos de começar a colocar mais de nossos recursos a favor da saúde mental”.

Manetti (28) e Trigo et al. (27), identificaram a depressão como sintoma associado ao Burnout, sendo um problema que pode acarretar em absenteísmo.A saúde mental desse profissional pode ser influenciada por fatores internos e externos ao trabalho, desencadeando o Burnout.

Vários autores citaram a depressão e a ansiedade como fatores desencadeantes, e apontaram que Burnout tem uma ligação com os transtornos psiquiátricos, e que é preciso estabelecer recursos em favor da saúde mental.

Millan (29) identificou em sua pesquisa que a SB não acomete com tanta incidência aqueles que possuem um hobby, que realizam atividades físicas, que tem mais idade, e que seguem uma religião. Os que são casados, com pouco tempo de férias, sem hobby, sem atividades físicas correm maior risco de desenvolver a síndrome.

Acreditamos que seja necessário divulgar os fatores inibidores do Burnout, que os autores descrevem que são: possuir um hobby, atividades físicas, possuir uma crença, férias, dentre outros e informar esses fatores a equipe de enfermagem através de treinamentos para diminuir a incidência do Burnout.

Quanto à síndrome, Santini (15) em seus estudos de revisão identificou que Burnout é sem dúvida uma patologia grave, quer pelo sofrimento que causa a quem dela padece, pela diminuição acentuada do rendimento no trabalho, quer pela perturbação que causa no relacionamento interpessoal, pelo absenteísmo e perturbação que provoca nas instituições. Quanto à prevenção identificou não existir nenhuma estratégia simples capaz de prevenir ou tratar a síndrome. Utilizam-se modelos complementares que tratam o indivíduo, o grupo social e a administração. Programas de intervenção em três pontos estratégicos: a) individual: centralizadas na aquisição e melhoria de estilos de enfrentamentos ao estresse; b) interpessoal: potencializando a formação de habilidades sociais e as estratégias relacionadas com o apoio social no trabalho, fortalecerem os vínculos sociais entre os trabalhadores; c) organizacional: deve-se estimular o suporte real ao profissional afetado, constituindo grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária.

Observamos que poucos artigos fizeram referencia a prevenção de Burnout, por se tratar de uma patologia que acomete muitos profissionais, seria de suma importância mais estudos que relacionassem sua prevenção.

5- CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Neste estudo, verificamos que, embora existam trabalhos referentes ao tema, a população escolhida não está delimitada especificamente, ou seja, os estudos existentes não são com a equipe de enfermagem, o que dificultou a busca dos artigos. Desta forma, acreditamos na importância de estudos com populações da enfermagem, pois esta população apresenta características próprias.

Verificou-se também que os sintomas e sinais que são apresentados pelos profissionais da enfermagem estão relacionados com os sinais, sintomas e fatores desencadeantes do Burnout.

Desenvolver estudos futuros voltados para a enfermagem poderia significar uma contribuição na melhoria das condições de trabalho e diminuição do sofrimento dos trabalhadores.

O fato de carência de estudos sobre o tema pode ser atribuído a falta de conhecimento da síndrome. Portanto cabe a nós enfermeiros, estarmos atentos às mudanças de comportamento dos profissionais da enfermagem, a fim de diagnosticar e planificar os cuidados a serem tomados.

O interesse por burnout aumentou e parece coincidir com a preocupação com a Qualidade de Vida. Estaria também relacionado, com o aumento da demanda e exigências da população em relação aos serviços de maneira geral e, em especial, da saúde.

É importante considerar nesta revisão de literatura, que os estudos abordaram como fatores desencadeantes para o Burnout na enfermagem: a falta de proteção adequada, as condições inadequadas de trabalho, as atividades em setores estafantes, o trabalho prolongado, a organização, os superiores, o ambiente físico, dentre muitos outros. E esclareceu que não existe uma função ocupacional mais estressante, e sim fontes, de estresse maior ou menor.

Durante os estudos observamos nos artigos que os sintomas mais freqüentes identificados foram: fadiga, dores de cabeça, insônia, dores no corpo, palpitações, alterações intestinais, náuseas, tremores, extremidades frias e resfriados constantes. Foram citados também oscilações de humor, ansiedade e depressão. Dentre os fatores desencadeantes foram citados o número reduzido de funcionários, carga horária, realização de tarefas em tempo reduzido nas unidades de emergência, falta de experiência por parte dos superiores, ambiente físico, e a exigência constante de lidar com a dor, sofrimento, morte e perdas.

Quanto à prevenção podemos identificar que os profissionais precisam mudar sua rotina e agir de forma diferente frente ao trabalho praticar distrações extras laborais, exercícios físicos, esportes, relaxamento, tendo um hobby particular, fazendo pequenos momentos de descanso (pausas) durante o trabalho e como último recurso para não abandonar a profissão, mudar de posto. E no setor da organização constituir grupos de especialistas capazes de oferecer a ajuda necessária aos profissionais.

Precisamos de novos pesquisadores e de um maior aprofundamento sobre o tema. Acreditamos que, à medida que se entender melhor como a síndrome se inicia e como evolui com o passar do tempo, sua reação no organismo e suas conseqüências, e mecanismos que permitam melhorar o seu diagnóstico precocemente ter-se-a maiores condições para interferir em ações de prevenção.

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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(29) Millan LR. A Síndrome de Burnout: realidade ou ficção? Rev. Assoc Med Bra v 53 n1 São Paulo jan-fev 2007.


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