7 erros do professor em sala de aula
Confira como evitar atividades sem foco ou
morosas, que roubam um precioso tempo da aprendizagem
1. Utilizar o tempo de aula para corrigir provas
O problema Deixar a turma sem fazer nada ao corrigir exames ou propor que os alunos confiram as avaliações.
A solução Nesse caso, o antídoto é evitar a ação. Corrigir provas é tarefa do educador, para que ele possa aferir os pontos em que cada um precisa avançar. E o momento certo para isso é na hora-atividade.
O problema Deixar a turma sem fazer nada ao corrigir exames ou propor que os alunos confiram as avaliações.
A solução Nesse caso, o antídoto é evitar a ação. Corrigir provas é tarefa do educador, para que ele possa aferir os pontos em que cada um precisa avançar. E o momento certo para isso é na hora-atividade.
2. Exigir que todos falem
na socialização
O problema Durante um debate, pedir que todos os estudantes se manifestem, gerando desinteresse e opiniões repetitivas.
A solução O ideal é fazer perguntas como "Alguém tem opinião diferente?" e "E você? Quer acrescentar algo?". Assim, as falas não coincidem e os alunos são incentivados a ouvir e a refletir.
O problema Durante um debate, pedir que todos os estudantes se manifestem, gerando desinteresse e opiniões repetitivas.
A solução O ideal é fazer perguntas como "Alguém tem opinião diferente?" e "E você? Quer acrescentar algo?". Assim, as falas não coincidem e os alunos são incentivados a ouvir e a refletir.
3. Não desafiar alunos
adiantados
O problema Crianças que terminam suas tarefas ficam ociosas ao esperar que os demais acabem. Além de perder uma chance de aprender, atrapalham os colegas que ainda estão trabalhando.
A solução Ter uma segunda atividade relacionada ao tema da primeira para contemplar os mais rápidos.
O problema Crianças que terminam suas tarefas ficam ociosas ao esperar que os demais acabem. Além de perder uma chance de aprender, atrapalham os colegas que ainda estão trabalhando.
A solução Ter uma segunda atividade relacionada ao tema da primeira para contemplar os mais rápidos.
4. Colocar a turma para
organizar a sala
O problema A arrumação de carteiras e mesas para trabalhos em grupo e rodas de leitura acaba tomando uma parte da aula maior do que das atividades em si.
A solução Analisar se a mudança na disposição do mobiliário influi, de fato, no aprendizado. Em caso positivo, vale programar arrumações prévias à aula.
O problema A arrumação de carteiras e mesas para trabalhos em grupo e rodas de leitura acaba tomando uma parte da aula maior do que das atividades em si.
A solução Analisar se a mudança na disposição do mobiliário influi, de fato, no aprendizado. Em caso positivo, vale programar arrumações prévias à aula.
5.
Falar de atualidades e esquecer o currículo
O problema Abordar o assunto mais quente do momento por várias aulas, o que pode sacrificar o tempo dedicado ao conteúdo.
A solução Dosar o espaço das atualidades e contextualizar o tema. Em Geografia, por exemplo, pode-se falar de deslizamentos de terra relacionando-os aos tópicos de geologia.
O problema Abordar o assunto mais quente do momento por várias aulas, o que pode sacrificar o tempo dedicado ao conteúdo.
A solução Dosar o espaço das atualidades e contextualizar o tema. Em Geografia, por exemplo, pode-se falar de deslizamentos de terra relacionando-os aos tópicos de geologia.
6. Realizar atividades
manuais sem conteúdo
O problema Pedir que os alunos façam atividades como lembrancinhas para datas comemorativas sem nenhum objetivo pedagógico.
A solução Só propor atividades manuais ligadas a conteúdos curriculares - nas aulas de Artes, por exemplo, para estudar a colagem como um procedimento artístico.
O problema Pedir que os alunos façam atividades como lembrancinhas para datas comemorativas sem nenhum objetivo pedagógico.
A solução Só propor atividades manuais ligadas a conteúdos curriculares - nas aulas de Artes, por exemplo, para estudar a colagem como um procedimento artístico.
7.
Propor pesquisas genéricas
O problema Pedir trabalhos individuais sobre um tema sem nenhum tipo de subdivisão. Como resultado, surgem produções iguais e, muitas vezes, superficiais.
A solução Dividir o tema em outros menores e com indicações claras do que pesquisar. Isso proporciona investigações mais profundas e dinamiza a socialização.
O problema Pedir trabalhos individuais sobre um tema sem nenhum tipo de subdivisão. Como resultado, surgem produções iguais e, muitas vezes, superficiais.
A solução Dividir o tema em outros menores e com indicações claras do que pesquisar. Isso proporciona investigações mais profundas e dinamiza a socialização.
Resta lembrar que nem tudo o
que foge ao planejamento é perda de tempo. Questionamentos, por exemplo, são
indícios de interesse no assunto ou de que um ponto precisa ser esclarecido.
"Para esse tipo de desvio de rota, vale, sim, abrir espaço. Afinal, são
atividades reflexivas e que auxiliam na aprendizagem", afirma Cristiane
Pelissari, formadora da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
Cristiane Pelissari
BIBLIOGRAFIA
Competências e Habilidades: Da Proposta à Prática, Carlos Henrique Carrilho Cruz, 64 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 3385-8500
BIBLIOGRAFIA
Competências e Habilidades: Da Proposta à Prática, Carlos Henrique Carrilho Cruz, 64 págs., Ed. Loyola, tel. (11) 3385-8500
Sequência
Didática - 6º ano
Interpretação de
poemas
Objetivos- Compreender o papel das rimas e jogos de palavras na construção dos sentidos do poema.
- Interpretar poemas, levando em consideração os efeitos gerados pelas palavras.
Conteúdo
- Leitura de poemas.
Ano
6º ano.
Tempo estimado
4 aulas.
Material necessário
- Lápis de cor;
- Aparelho de som;
- CD "A arca de Noé", de Vinícius de Moraes (disponível em abr.io/download-musica);
- Letras das músicas "A casa", "O mosquito", "O Pato" e "As Abelhinhas" (abr.io/musicas);
- Cópia dos poemas "A Farmácia", de Pedro Bandeira (abr.io/a-farmacia), e "A Caminhada", de Sidônio Muralha (abr.io/a-caminhada)
Desenvolvimento
1ª etapa
Distribua entre os alunos as cópias dos poemas "A Farmácia" e "A caminhada". Nessa etapa, o objetivo é chamar a atenção do aluno para dois aspectos da rima: a construção do ritmo de leitura e o jogo de palavras.
Leia os dois poemas e pergunte qual dos dois permite uma leitura mais marcada e o que possibilita isso. Em seguida, peça que os alunos identifiquem, com lápis colorido, as palavras que rimam entre si. Logo após, abra uma discussão sobre o jogo de palavras de alguns versos, tais como: "Nessa mata ninguém mata" (a palavra "mata" tem o mesmo sentido nesse verso?), "com duas patas de pata" (qual a diferença entre "patas" e "pata").
Pergunte aos alunos sobre a relação do título do poema com o verso "pata acolá, pata aqui". Leve-os a perceber o jogo que o poeta faz com a palavra "patinha", que ora é o membro inferior do animal ("seguida de dez patinhas" - 2ª estrofe) e ora é o diminutivo feminino de pato ("e cada patinha tem" - 3ª estrofe).
2ª etapa
Nessa etapa, o objetivo é levar o aluno a perceber, com clareza, como a rima e os jogos de palavras contribuem para a construção do sentido com base no ritmo que impõem à música.
Distribua a cópia da letra da música "O Pato". Antes de colocá-la para tocar, pergunte quem já a conhece e permita que eles leiam a letra da música. Após a audição, divida os alunos em dois grupos para que façam uma leitura - isso vai deixar claro para eles a marcação rítmica.
Discuta o comportamento do pato e as suas consequências. Logo após, pergunte à turma: será que o ritmo do poema tem algo a ver com o pato e com o seu fim? Peça aos alunos que destaquem as rimas da primeira estrofe. Pergunte que efeito essa rima imprime na primeira estrofe (eles devem concluir que as palavras reproduzem o ritmo do andar do pato).
Em seguida, peça aos alunos que marquem, com lápis de cor, as demais rimas do poema. Coloque a música mais uma vez e peça aos alunos que percebem como Vinícius de Moraes (1913-1980) muda o tom e o ritmo da voz para indicar a sequência de erros do pato (a causa) e seu final na panela (a consequência). Eles devem concluir que as rimas construíram um ritmo que mostra o andar do pato e sua sequência de erros. Faça um registro da conclusão no quadro.
3ª etapa
Exponha no quadro a letra da música "A Casa". Explique aos alunos que a atividade consiste em desconstruir as rimas. Cante a música com os alunos, peça que eles destaquem as rimas e abra uma breve discussão sobre os sentidos possíveis do poema: é uma casa real? Seria um poema para adultos ou para crianças? Peça para eles justificarem a escolha com base nas palavras usadas pelo autor.
Após essa discussão, comece a reescrita do poema, retirando as rimas (por exemplo, substituindo "nada" por "parede": era uma casa muito engraçada - não tinha teto, não tinha parede). Feita toda a reescrita, peça que os alunos cantem novamente e pergunte-lhes qual o impacto da troca das palavras na sonoridade.
4ª etapa
Nessa fase, o objetivo é colocar o aluno em uma situação concreta de produção e de intepretação da rima. Exponha no quadro a letra da música "A Casa". Explique para os alunos que será feita, coletivamente, uma versão para a música com outro objeto, por exemplo, uma faca. Esclareça que devem manter o ritmo e as rimas da música original. Assim, caso a versão seja "A Faca", o início ficará como no exemplo abaixo:
A Faca
Era uma faca
Sempre amolada
Cortava tudo
Ficava nada
Essa atividade é um bom momento para trabalhar a consciência rítmica e a escolha lexical para a construção da rima. A questão é mostrar ao aluno que não é só rimar, mas selecionar palavras que se harmonizem em som e sentido à proposta do poema. Terminada a versão, divida a turma em duplas e peça que façam outra versão da mesma música, mas com outro objeto. Em seguida, peça para cada dupla cantar ou declamar.
Avaliação
Distribua entre os alunos os poemas "O Mosquito" e "As Abelhinhas" e peça que façam uma análise levanto em consideração os efeitos gerados pelas rimas e pela escolha das palavras. O que se espera do aluno é que :
- Relacione o ritmo imposto pelas rimas aos sentidos do poema;
- Explique - com trechos do poema - os efeitos gerados pelas rimas;
- Identifique expressões e jogo de palavras que contribuam para a construção dos sentidos do poema.
Sequência
Didática - 7º ano
Crônicas de Luís
Fernando Veríssimo
Introdução
Esta é a quinta de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o conteúdo completo.
Esta é a quinta de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o conteúdo completo.
Objetivos
Estimular o gosto pela leitura;
Desenvolver a competência leitora;
Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico;
Estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de mundo);
Revelar o diálogo entre literatura e tradição cultural;
Perceber as particularidades do gênero Crônica.
Estimular o gosto pela leitura;
Desenvolver a competência leitora;
Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico;
Estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de mundo);
Revelar o diálogo entre literatura e tradição cultural;
Perceber as particularidades do gênero Crônica.
Conteúdos
Forma literária; paráfrase, análise e interpretação;
Alienação, Personificação e Coisificação;
Ditadura Militar no Brasil.
Tempo estimado
Cinco aulas.
Ano
7º ano
Material necessário
- Livro O Nariz e Outras Crônicas. Luís Fernando Veríssimo, 112 págs, Editora Ática, Coleção Para Gostar de Ler, tel (11) 3990-1612.
- Se possível, um computador ligado à Internet.
Desenvolvimento
1ª etapa: Sondagem oral
Pergunte se os alunos já ouviram falar do cronista Luís Fernando Veríssimo. Conhecem alguma obra que ele publicou? E sobre Crônica, já ouviram falar?
A partir desta primeira sondagem, inicie sua aula, apresentando à turma o escritor, bem como o
gênero crônica. Se julgar necessário, entregue aos alunos o texto do boxe abaixo.
Forma literária; paráfrase, análise e interpretação;
Alienação, Personificação e Coisificação;
Ditadura Militar no Brasil.
Tempo estimado
Cinco aulas.
Ano
7º ano
Material necessário
- Livro O Nariz e Outras Crônicas. Luís Fernando Veríssimo, 112 págs, Editora Ática, Coleção Para Gostar de Ler, tel (11) 3990-1612.
- Se possível, um computador ligado à Internet.
Desenvolvimento
1ª etapa: Sondagem oral
Pergunte se os alunos já ouviram falar do cronista Luís Fernando Veríssimo. Conhecem alguma obra que ele publicou? E sobre Crônica, já ouviram falar?
A partir desta primeira sondagem, inicie sua aula, apresentando à turma o escritor, bem como o
gênero crônica. Se julgar necessário, entregue aos alunos o texto do boxe abaixo.
Luís Fernando Veríssimo e o gênero Crônica
Luís Fernando Veríssimo se firmou como escritor por meio da
profissão de jornalista. A partir de 1970, começou a escrever crônicas para o
jornal Folha da Manhã e logo se consagrou como escritor.
A definição do gênero Crônica até hoje é uma questão polêmica.
Segundo o autor Jorge de Sá, no livro A Crônica, a aparência de
simplicidade "decorre do fato de que a crônica surge primeiro no jornal,
herdando a sua precariedade, esse seu lado efêmero de quem nasce no começo de uma
leitura e morre antes que se acabe o dia, no instante em que o leitor
transforma as páginas em papel de embrulho, ou guarda os recortes que mais lhe
interessam no arquivo pessoal. O jornal, portanto, nasce, envelhece e morre a
cada 24 horas. Nesse contexto, a crônica também assume sua transitoriedade,
dirigindo-se inicialmente a leitores apressados, que leem nos pequenos
intervalos da luta diária, no transporte ou no raro momento de trégua que a
televisão lhes permite. Sua elaboração também se prende a essa urgência: o
cronista dispõe de pouco tempo para datilografar o seu texto, criando-o, muitas
vezes, na sala enfumaçada de uma redação. Mesmo quando trabalha no conforto e
no silêncio de sua casa, ele é premiado pela correria com que se faz um jornal,
o que acontece mesmo com suplementos semanais, sempre diagramados com certa
antecedência.
À pressa de escrever, junta-se a de viver. Os acontecimentos são
extremamente rápidos, e o cronista precisa de um ritmo ágil para poder
acompanhá-los. Por isso a sua sintaxe lembra alguma coisa desestruturada,
solta, mais próxima da conversa entre dois amigos do que propriamente do texto
escrito. Dessa forma, há uma proximidade maior entre as normas da língua
escrita e da oralidade, sem que o narrador caia no equívoco de compor frases
frouxas, sem a magicidade da elaboração, pois ele não perde de vista o fato de
que o real não é meramente copiado, mas recriado. O coloquialismo, portanto,
deixa de ser a transcriação exata de uma frase ouvida na rua, para ser a
elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor, a partir do qual a
aparência simplória ganha sua dimensão exata.
No livro "O Nariz", de Luis Fernando Veríssimo, há uma
crônica intitulada "Ela". Peça que os alunos anotem individualmente
suas ideias a respeito deste título. O que ele deve significar?
2ª etapa: leitura compartilhada do conto "Ela" e contextualização da obra: a década de 70 no Brasil
Leia com a turma o conto "Ela" e peça que os alunos comentem suas impressões gerais. Em seguida pergunte se, após a leitura, as ideias que tinham a respeito do significado do título "Ela" se mantiveram ou foram alteradas? Justifique.
Peça para a moçada elencar todas as referências a fatos históricos e os títulos de programações de televisão que aparecem na crônica. Pergunte aos estudantes se entenderam essas referências, se sabem, por exemplo, o que era o Sheik de Agadir - título de uma novela da década de 1960 - citado na crônica.
A turma certamente terá dificuldade em entender alguns fatos. Faça, então, a contextualização para a classe e apresente as questões político/históricas do Brasil na década de 1970 (saiba mais no texto abaixo). Se possível, convide o professor de História para ajudar nessa segunda etapa. Lembre-se que, conforme os alunos se aproximam do Ensino Médio, a tendência é a escola trabalhar mais com aqueles livros que o adolescente não conseguiria ler por conta própria, seja por uma linguagem mais elaborada do ponto de vista estético, seja porque o livro pertence a uma época cujas referências o estudante desconhece. Cabe ao professor fornecer o repertório e os esclarecimentos necessários para que a leitura se torne acessível ao aluno. "O Nariz", por ser uma coletânea de crônicas, não apresenta grandes desafios do ponto de vista da linguagem, mas muitas narrativas fazem referências a questões políticas e sociais do Brasil que devem ser explicadas.
2ª etapa: leitura compartilhada do conto "Ela" e contextualização da obra: a década de 70 no Brasil
Leia com a turma o conto "Ela" e peça que os alunos comentem suas impressões gerais. Em seguida pergunte se, após a leitura, as ideias que tinham a respeito do significado do título "Ela" se mantiveram ou foram alteradas? Justifique.
Peça para a moçada elencar todas as referências a fatos históricos e os títulos de programações de televisão que aparecem na crônica. Pergunte aos estudantes se entenderam essas referências, se sabem, por exemplo, o que era o Sheik de Agadir - título de uma novela da década de 1960 - citado na crônica.
A turma certamente terá dificuldade em entender alguns fatos. Faça, então, a contextualização para a classe e apresente as questões político/históricas do Brasil na década de 1970 (saiba mais no texto abaixo). Se possível, convide o professor de História para ajudar nessa segunda etapa. Lembre-se que, conforme os alunos se aproximam do Ensino Médio, a tendência é a escola trabalhar mais com aqueles livros que o adolescente não conseguiria ler por conta própria, seja por uma linguagem mais elaborada do ponto de vista estético, seja porque o livro pertence a uma época cujas referências o estudante desconhece. Cabe ao professor fornecer o repertório e os esclarecimentos necessários para que a leitura se torne acessível ao aluno. "O Nariz", por ser uma coletânea de crônicas, não apresenta grandes desafios do ponto de vista da linguagem, mas muitas narrativas fazem referências a questões políticas e sociais do Brasil que devem ser explicadas.
Década de 1970
Na década de 1970, o Brasil ainda vivia sob o peso da ditadura
militar e do Ato Institucional No 5. Não havia liberdade de imprensa e os opositores
ao regime eram perseguidos e torturados.
|
Sob interesse dos governos militares e aproveitando o milagre
econômico e a vitória da seleção brasileira em 1970, surgiam slogans e canções
ufanistas como "Brasil, ame-o ou deixe-o" e "pra frente
Brasil"
Foi também um tempo de expansão da indústria televisiva, da
publicidade e dos meios de comunicação de massa. Toda criação artística que
escapasse à censura era submetida a um forte esquema comercial. Em 1978, a
novela Dancin’ Days fazia sucesso com uma trilha sonora e figurinos baseados na
Disco Music norte americana.
3ª etapa:
análise da crônica "Ela"
Em aulas expositivas dialogadas, analise a crônica "Ela" com a turma, obedecendo aos procedimentos de análise literária organizados abaixo:
1) Paráfrase:
A paráfrase é a primeira parte da análise. Ela é um resumo do enredo, um "contar a história com as suas próprias palavras", por isso deve ser curta e objetiva, deve resumir-se apenas ao essencial.
Finalizada a leitura compartilhada, pergunte aos alunos do que fala o texto?
Em aulas expositivas dialogadas, analise a crônica "Ela" com a turma, obedecendo aos procedimentos de análise literária organizados abaixo:
1) Paráfrase:
A paráfrase é a primeira parte da análise. Ela é um resumo do enredo, um "contar a história com as suas próprias palavras", por isso deve ser curta e objetiva, deve resumir-se apenas ao essencial.
Finalizada a leitura compartilhada, pergunte aos alunos do que fala o texto?
Exemplo:
A crônica "Ela" conta a história da influência crescente
da televisão na vida de uma família brasileira, entre as décadas de 1960 e
1970.
Confirme se a sala está de posse dessa compreensão mínima. Caso
não esteja, retome a leitura compartilhada.
2) Análise:
Analisar é "desmontar" o texto, é verificar quais são as partes que o compõe e como elas se articulam. Cada obra literária tem inúmeros elementos que, articulados, a constituem. A ideia não é investigar todos - nem seria possível - mas apenas alguns. Quais? A análise deve construir argumentos que sustentem a interpretação. É ela que vai conduzir o leitor através do seu raciocínio.
Não podemos nos esquecer também que, em arte, forma é conteúdo. Por isso, é preciso ressaltar a contribuição que alguns aspectos formais possam vir a ter na economia da crônica. O que são aspectos formais? São elementos que se referem menos diretamente a o que está sendo dito e mais ao como está sendo dito. O tipo de narrador, a caracterização de algum personagem, o tempo, o espaço e o tipo de discurso são alguns dos elementos formais que podem ser fundamentais para desvendar mistérios.
Ao observar a crônica escolhida, é fácil perceber algo que, em sua forma, lhe chame a atenção. Por exemplo, o fato de a crônica "Ela" possuir inúmeras referências históricas não pode passar despercebido. Partindo do princípio que o escritor Luís Fernando Veríssimo domina plenamente a sua arte, devemos acreditar que tais referências contribuem para o sentido do texto.
Outro elemento formal que chama atenção é o fato de o pronome pessoal "ela" sugerir, desde o título, uma personificação do objeto televisor. Tal personificação, que se intensifica ao longo do texto, também é produtora de sentido.
Existem inúmeros elementos passíveis de análise em uma boa obra literária. Se tivermos um olhar atento no que se refere à forma, então já será possível traçar um caminho seguro pelo qual nossa análise pode seguir. Retomemos o tema depois.
2) Análise:
Analisar é "desmontar" o texto, é verificar quais são as partes que o compõe e como elas se articulam. Cada obra literária tem inúmeros elementos que, articulados, a constituem. A ideia não é investigar todos - nem seria possível - mas apenas alguns. Quais? A análise deve construir argumentos que sustentem a interpretação. É ela que vai conduzir o leitor através do seu raciocínio.
Não podemos nos esquecer também que, em arte, forma é conteúdo. Por isso, é preciso ressaltar a contribuição que alguns aspectos formais possam vir a ter na economia da crônica. O que são aspectos formais? São elementos que se referem menos diretamente a o que está sendo dito e mais ao como está sendo dito. O tipo de narrador, a caracterização de algum personagem, o tempo, o espaço e o tipo de discurso são alguns dos elementos formais que podem ser fundamentais para desvendar mistérios.
Ao observar a crônica escolhida, é fácil perceber algo que, em sua forma, lhe chame a atenção. Por exemplo, o fato de a crônica "Ela" possuir inúmeras referências históricas não pode passar despercebido. Partindo do princípio que o escritor Luís Fernando Veríssimo domina plenamente a sua arte, devemos acreditar que tais referências contribuem para o sentido do texto.
Outro elemento formal que chama atenção é o fato de o pronome pessoal "ela" sugerir, desde o título, uma personificação do objeto televisor. Tal personificação, que se intensifica ao longo do texto, também é produtora de sentido.
Existem inúmeros elementos passíveis de análise em uma boa obra literária. Se tivermos um olhar atento no que se refere à forma, então já será possível traçar um caminho seguro pelo qual nossa análise pode seguir. Retomemos o tema depois.
Exemplo de análise
O título da crônica "Ela", por ser um pronome pessoal,
sugere que a narrativa vai falar de uma pessoa do sexo feminino. Tal sugestão é
intensificada nas primeiras frases:
"Ainda me lembro do dia em que ela chegou
lá em casa. Tão pequenininha! Foi uma festa."
Em seguida, temos a impressão de que "Ela" é, na
verdade, um animalzinho de estimação:
"Botamos ela
num quartinho dos fundos. Nosso filho - naquele tempo só tínhamos o mais velho
- ficou maravilhado com ela. Era um custo tirá-lo da frente dela para ir
dormir."
Note que foram usadas citações de trechos da crônica. Isso não só é possível como geralmente é muito útil. Quanto mais sua análise der voz ao texto, melhor.
Então a crônica realiza uma primeira quebra de expectativa com efeito de humor: percebemos que se trata de um aparelho de TV.
Note que foram usadas citações de trechos da crônica. Isso não só é possível como geralmente é muito útil. Quanto mais sua análise der voz ao texto, melhor.
Então a crônica realiza uma primeira quebra de expectativa com efeito de humor: percebemos que se trata de um aparelho de TV.
"- Eu não ligava muito pra ela. Só pra ver
um futebol, ou política. Naquele tempo tinha política. Minha mulher também não
via muito. Um programa humorístico, de vez em quando. Noites Cariocas... Lembra
de Noites Cariocas?- Lembro. Vagamente. O senhor vai querer mais alguma
coisa."
A partir do trecho acima, a crônica de Luís Fernando Veríssimo diz
a que veio: temos a percepção de que o narrador-personagem narra sua história
em diálogo com um interlocutor que, provavelmente, é um garçom que não parece
muito disposto a escutá-lo. Temos uma referência ao golpe militar de 1964 ("Naquele tempo tinha política.")
e podemos deduzir que os acontecimentos narrados têm início antes do Golpe e o
narrador fala ao garçom ainda durante a repressão. Temos também, completando a
referência temporal, a alusão a um programa televisivo de 1961: "Noites
Cariocas".
3) Comentário:
O comentário se faz necessário no momento em que a análise solicita informações externas à obra literária para elucidar seu sentido profundo. Isso porque a Literatura, apesar de sua relativa autonomia, faz parte do tecido social em que está inserida. Como explica Antonio Candido no livroNa sala de aula: caderno de análise literária, as "circunstâncias de sua composição, o momento histórico, a vida do autor, o gênero literário, as tendências estéticas de seu tempo, etc. Só encarando-a assim teremos elementos para avaliar o significado da maneira mais completa possível (que é sempre incompleta, apesar de tudo)". Nessa crônica as referências à história do Brasil são de fundamental importância para a compreensão do leitor.
4) Continuação da análise:
O comentário se faz necessário no momento em que a análise solicita informações externas à obra literária para elucidar seu sentido profundo. Isso porque a Literatura, apesar de sua relativa autonomia, faz parte do tecido social em que está inserida. Como explica Antonio Candido no livroNa sala de aula: caderno de análise literária, as "circunstâncias de sua composição, o momento histórico, a vida do autor, o gênero literário, as tendências estéticas de seu tempo, etc. Só encarando-a assim teremos elementos para avaliar o significado da maneira mais completa possível (que é sempre incompleta, apesar de tudo)". Nessa crônica as referências à história do Brasil são de fundamental importância para a compreensão do leitor.
4) Continuação da análise:
A partir de então o narrador conta que a família comprou um
aparelho maior e o mudou para a copa, interferindo nos hábitos da família. Note
que ele jamais deixa de personificar a televisão:
"Aí ela já
estava mais crescidinha. Jantávamos com ela ligada, porque tinha um programa
que o garoto não queria perder. (...) A empregada também gostava de dar uma
espiada. José Roberto Kelly."
Aqui vale recorrer novamente ao comentário: Na entrada dos anos
60, a popularização dos desfiles de carnaval marcou o início da ascensão do
samba-enredo e o declínio da marchinha e dos blocos. José Roberto Kelly foi um
dos últimos compositores que brilharam no gênero, com Cabeleira do Zezé e
Mulata Iê-Iê-Iê., antes do Ato Institucional no 5, de 1968.
A narrativa continua contando como a televisão muda os hábitos da
casa do narrador, assim como os da família brasileira: sua mulher começa a
seguir apaixonadamente as telenovelas.
"Foi então que surgiu um personagem novo
nas nossas vidas que iria mudar tudo. Sabe quem foi?
- Quem?
- O Sheik de Agadir. Eu, se quisesse, poderia processar o Sheik de Agadir. Ele arruinou meu lar."
- Quem?
- O Sheik de Agadir. Eu, se quisesse, poderia processar o Sheik de Agadir. Ele arruinou meu lar."
Conforme o tempo passa e as novelas despertam interesse da
família, a TV avança da copa para a sala de visitas, interferindo na vida
social do casal. O narrador passa a marcar o tempo em função das telenovelas:
"- Nosso filho menor, o que nasceu depois
do Sheik de Agadir, não saía da frente dela. Foi praticamente criado por
ela."
Note que, à medida em que aumenta a influência do televisor, o
recurso à personificação o torna cada vez mais humano e imperativo, enquanto a
família, por sua vez, vai se tornando cada vez mais objetificada:
"Minha mulher sucumbiu às novelas. Não
queria mais sair de casa." "Ninguém conversava dentro de casa."
"Agora todos jantam na sala para acompanhá-la."
A situação chega ao limite com a novela Dancin´Days, de 1978,
quando a esposa muda a decoração da sala para combinar com a maquiagem de Júlia
-a atriz Sônia Braga. O narrador/personagem pede à família que escolha entre
ele e a TV, mas a família responde com um terrível silêncio. Quanto mais ele
deseja contar sua história, menos seu interlocutor deseja escutá-lo, com pressa
de fechar o bar:
"_ Está bem. Mas agora vá para casa que
precisamos fechar. Já está quase clareando o dia..."
Então a crônica entra no registro da fantasia, com o pai de
família tentando desligar a televisão como quem comete um assassinato.
"Se tocar em mim, você morre". Uma voz
feminina, mas autoritária, dura. Tremi. Ela podia estar blefando, mas podia não
estar."
Finalmente a crônica termina com a narrativa do fracasso do homem
em se livrar do terrível aparelho.
"- Muito bem. Mas preciso fechar. Vá para
casa.
- Não posso.
- Por quê?
- Ela me proibiu de voltar lá."
- Não posso.
- Por quê?
- Ela me proibiu de voltar lá."
5) Interpretação:
A interpretação corresponde à questão "do que fala o texto?". Ela é a exposição do sentido profundo da obra literária. É ele que estamos buscando desde o início. Quando analisamos, queremos saber o que está dito por meio dos silêncios, nas entrelinhas; o que se origina da relação íntima entre forma e conteúdo. Se na análise desmontamos o texto em partes, na interpretação temos de reorganizá-lo como um todo, um todo de sentido capaz de reunir forma e conteúdo. Afinal, do que fala a crônica de Luís Fernando Veríssimo?
A interpretação corresponde à questão "do que fala o texto?". Ela é a exposição do sentido profundo da obra literária. É ele que estamos buscando desde o início. Quando analisamos, queremos saber o que está dito por meio dos silêncios, nas entrelinhas; o que se origina da relação íntima entre forma e conteúdo. Se na análise desmontamos o texto em partes, na interpretação temos de reorganizá-lo como um todo, um todo de sentido capaz de reunir forma e conteúdo. Afinal, do que fala a crônica de Luís Fernando Veríssimo?
Exemplo de interpretação
"Ela" narra a influência desagregadora da televisão na
vida de uma família entre as décadas de 60 e 80. Mais que isso, as inúmeras
referências históricas presentes na crônica permitem traçar um paralelo entre a
família do narrador e a família brasileira. O humor crítico de L. F. Veríssimo
mostra como a população brasileira se aliena diante da cultura de massa
televisiva, tornando-se coisa, enquanto a televisão, personificada, torna-se
gente.
Avaliação
Peça aos alunos que busquem as referências de alienação e cultura de massas no conto "Auto-Entrevista". Pode ser um trabalho para casa.
Peça aos alunos que busquem as referências de alienação e cultura de massas no conto "Auto-Entrevista". Pode ser um trabalho para casa.
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