Narração
Quando o texto está centrado no fato,
no acontecimento, diz-se que se trata de uma narração. Palavra derivada do
verbo narrar, narração é o ato de contar alguma coisa. Novelas, romances,
contos são textos basicamente narrativos. São os seguintes os elementos de uma
narração:
1) Narrador
É aquele que narra, conta o que se passa supostamente aos seus olhos.
Quando participa da história, é chamado de narrador personagem. Então a
narrativa fica, normalmente, em 1ª pessoa.
2) Personagens
São os elementos, usualmente pessoas, que participam da história. Mas os
personagens podem ser coisas ou animais, como no romance O Trigo e o Joio, de
Fernando Namora, em que o personagem principal, isto é, protagonista, é uma
burra.
3) Enredo
É a história propriamente dita, a trama desenvolvida em torno dos
personagens.
4) Tempo
O momento em que a história se passa. Pode ser presente, passado ou
futuro.
5) Ambiente
O lugar em que a trama se desenvolve. Pode, naturalmente, variar muito,
no desenrolar da narrativa. Eis, a seguir, um bom exemplo de texto narrativo,
em que todos os elementos se fazem presentes.
“Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua
casa para pensar no passado. E no seu pensamento como que ouvia o vento de
outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se
de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para o velho Maneco:
Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para o Rio Pardo, onde
se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com uma pequena venda.”
(Érico Veríssimo, O Tempo e o Vento)
O trecho do grande romance de Érico Veríssimo está situado no
tempo (81), faz menção a lugares onde a trama se desenvolve e apresenta
personagens, como Ana Terra e Seu Maneco. E, é claro, alguém está contando: é o
narrador da história.
Veja mais um exemplo de narração, agora com o narrador personagem.
“Hoje estive na loja de Seu Chamun, uma tristeza. Poeira e cisco por
toda parte, qualquer dia vira monturo. Os dois empregados do meu tempo foram
embora, não sei se dispensados, e o dono não tem disposição para limpar.” (José
J. Veiga, Sombras de Reis Barbudos)
Discurso
Os personagens que participam da história evidentemente falam. É o que
se conhece como discurso, que pode ser:
1) Direto - O narrador apresenta
a fala do personagem, integral, palavra por palavra. Geralmente se usam dois
pontos e travessão.
Ex.: O funcionário disse ao patrão:
- Espero voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo:
- Posso chegar mais tarde?
- Espero voltar no final do expediente.
Rui perguntou ao amigo:
- Posso chegar mais tarde?
2) Indireto - O narrador incorpora
à sua fala a fala do personagem. O sentido é o mesmo do discurso direto, porém
é utilizada uma conjunção integrante (que ou se) para fazer a ligação.
Ex.: O funcionário disse ao patrão que esperava voltar no final do
expediente. Rui perguntou ao amigo se poderia chegar mais tarde.
Obs.: O conhecimento desse assunto é muito importante para as questões
que envolvem as paráfrases. Cuidado, pois, com o sentido. Procure ver se está
sendo respeitada a correlação entre os tempos verbais e entre determinados
pronomes. Abaixo, outro exemplo, bem elucidativo.
Minha colega me afirmou:
- Estarei aqui, se você precisar de mim.
- Estarei aqui, se você precisar de mim.
Minha colega me afirmou que estaria lá se eu precisasse dela.
O sentido é, rigorosamente, o mesmo. Foi necessário fazer inúmeras
adaptações.
3) Indireto livre
É praticamente uma fusão dos dois anteriores. Percebe-se a fala do
personagem, porém sem os recursos do discurso direto (dois pontos e travessão)
nem do discurso indireto (conjunções que ou se).
Ex.: Ele caminhava preocupado pela avenida deserta. Será que vai chover,
logo hoje, com todos esses compromissos!?
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