Biografia
Luiz Gonzaga nasceu numa fazendinha no sopé da
Serra de Araripe, na zona rural do sertão de Pernambuco. O lugar seria revivido anos mais tarde em "Pé de Serra", uma
de suas primeiras composições. Sua mãe chamava-se Ana Batista de Jesus (ou
simplesmente Santana). Seu pai, Januário José dos Santos, trabalhava na roça,
num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão (também consertava o
instrumento). Foi com ele que Luiz Gonzaga aprendeu a tocá-lo. Não era nem
adolescente ainda, quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de
início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina,
manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa
Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos Luiz teve sua primeira
paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel
Raimundo Deolindo, que não o queria para genro e ameaçou-o de morte. Mesmo
assim Luiz e Nazarena namoraram algum tempo escondidos e planejavam ser felizes
juntos. Januário e Santana lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se
envolveu com a moça. Revoltado por não poder casar-se com a moça, e por não
querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga fugiu de casa e ingressou no
exército em Crato (Ceará). A partir dali, durante nove anos ele ficou sem dar notícias à família
e viajou por vários estados brasileiros, como soldado. Não teve mais nenhuma
namorada, passando a ter algumas amantes ao longo da vida.
Em Juiz de Fora, Minas Gerais (MG), conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela
sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Em 1939, deu baixa do Exército na Cidade do Rio de Janeiro: Estava
decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar
nas áreas de prostituição da cidade. No início da carreira, apenas solava
acordeão (instrumentista), tendo choros, sambas, foxtrotes e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de
músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros.
Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata.
Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, ele foi aplaudido executando Vira e Mexe , um tema de sabor
regional, de sua autoria.[2] O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual
lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira
música que gravou em disco.
Veio depois a sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Foi lá que tomou contato com o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que
usava os trajes típicos da sua região. Foi do contato com este artista que
surgiu a ideia de Luiz Gonzaga apresentar-se vestido de vaqueiro - figurino que
o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: A mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira
Oliveira.
Também em 1945, uma cantora de coro chamada Odaléia
Guedes dos Santos deu à luz um menino, no Rio. Luiz Gonzaga mantinha um caso há
meses com a moça - iniciado quando ela já estava grávida - Luiz, sabendo que
sua amante ia ser mãe solteira, assumiu a paternidade da criança, adotando-o e
dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.
Odaléia, que além de cantora de coro era sambista,
foi expulsa de casa por ter engravidado do namorado, que não assumiu a criança.
Ela foi parar nas ruas, sofrendo muito, até que foi ajudada e descobriu-se seu
talento para cantar e dançar, e ela passou a se apresentar em casas de samba no
Rio, quando conheceu Luiz. A relação de Odaléia, conhecida por Léia, e Luiz,
era bastate agitada, cheia de brigas e discussões, e ao mesmo tempo muita
atração física e paixão. Após o nascimento do menino, as brigas pioraram, já
que havia muitos ciúmes entre os dois. Eles resolveram se separar com menos de
2 anos de convivência. Léia ficou criando o filho, e Luiz,às vezes, ia
visitá-los .
Em 1946 voltou pela primeira vez a Exu (Pernambuco), e teve um emocionante
reencontros com seus pais, Januário e Santana, que há anos não sabiam nada
sobre o filho e sofreram muito esse tempo todo. O reencontro com seu pai é
narrado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira.
Em 1948, casou-se com sua noiva, a pernambucana Helena Cavalcanti, professora
que tinha se tornado sua secretária particular, por quem Luiz se apaixonou. O
casal viveu junto até o fim da vida de Luiz. Eles não tiveram filhos
biológicos, por Helena não poder engravidar, mas adotaram uma menina, a quem
batizaram de Rosa.[3]
Nesse mesmo ano Léia morreu de tuberculose, para desespero de Luiz. O filho deles, apelidado de Gonzaguinha, ficou
órfão com 2 anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e
Helena, e pediu para a mulher criá-lo como se fosse dela, mas Helena não
aceitou, juntamente com sua mãe, Marieta, que achava aquilo um absurdo, já que
nem filho verdadeiro de Luiz era. Luiz não viu saída: Entregou o filho para os
padrinhhos da criança, Leopoldina e Henrique Xavier Pinheiro, criá-lo, no Morro
do São Carlos. Luiz sempre visitava a criança e o menino era sustentado com a
assistência financeira do artista. Luizinho foi criado como muito amor. Xavier
o considerava filho de verdade, e lhe ensinava viola, e o menino teve em Dina
um amor verdadeiro de mãe. [3]
Luiz não se dava bem com o filho, apelidado de Gonzaguinha. Ele passou a não ver mais o filho na infância do menino e sempre que o
via brigava com ele, apesar de amá-lo, achava que ele não teria um bom futuro,
imaginando que ele se tornaria um malandro ao crescer, já que o menino era
envolvido com amizades ruins no morro, além de viver com malandros tocando
viola pelos becos da favela. Dina tentava unir pai e filho, mas Helena não
gostava da proximidade deles, e passou a espalhar para todos que Luiz era
estéril e não era o pai de Luizinho, mas Luiz sempre desmentia, já que ele não
queria que ninguém soubesse que o menino era seu filho somente no civil. Ele
amava o menino de fato, independente de ser filho de sangue
ou não.[3]
Na adolescência, o jovem se tornou rebelde, não
aceitava ir morar com o pai, já que amava os padrinhos e odiava ser órfão de
mãe, e dizia sempre que Luiz não era seu pai biológico, o que entristecia-o.
Helena detestava o menino e viva implicando com ele, e humilhando-o e por isso
Gonzaguinha também não gostava da madrasta Helena, o que afastou e causou mais
brigas entre pai e filho, já que Luiz dava razão à esposa. Não vendo medidas,
internou o jovem em um colégio interno para desepsero de Dina e Xavier.
Gonzaguinha contraiu tuberculose aos 14 anos e quase morreu. Aos 16, Luiz
pegou-o para criar e o levou a força para a Ilha do Governador, onde
morava, mas por ser muito autoritário e a esposa destratar o garoto, o que
gerava brigas entre Luiz e Helena, Gonzaga mandou o filho Gonzaguinha de volta
ao internato.
Ao crescer, a relação ficou mais tumultuada, pois o
filho se tornou um malandro, tornando-se viciado em bebidas alcoólicas. Ao
passar o tempo, tudo foi melhorando quando Gonzaguinha resolveu se tratar e
concluiu a universidade, e se tornou músico como o pai. Pai e filho ficaram
mais unidos quando em 1980 viajaram o Brasil juntos, quando o filho compôs
algumas músicas para o pai. Eles se tornaram muito amigos, e conseguiram em fim
viver em paz.
Luiz Gonzaga sofria de osteoporose há alguns anos. Morreu vítima de parada cardiorrespiratória no Hospital
Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado em Juazeiro do Norte (a contragosto de Gonzaguinha, que pediu que o corpo fosse levado o
mais rápido possível para Exu, irritando várias pessoas que iriam ao velório e
tornando Gonzaguinha "persona non grata" em Juazeiro do Norte) e
posteriormente sepultado em seu município natal.[3]
Luiz Gonzaga era Maçon e é o compositor, juntamente com Orlando Silveira, da música
"Acácia Amarela". Luiz Gonzaga foi iniciado na Loja Paranapuan, Ilha do Governador, em
03/04/1971.[4]
Em 2012, Luiz Gonzaga foi tema do carnaval da GRES Unidos da Tijuca, com o enredo "O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida
para coroar o Rei Luiz do Sertão", fazendo com que a escola ganhasse o
carnaval deste respectivo ano.
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