O planejamento Escolar
O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão
das atividades em termos de organização e coordenação em face dos objetivos
propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino.
O planejamento é um meio para programar as ações docentes, mas é também um
momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação. Há três
modalidades de planejamento, articulados entre si o plano da escola, o plano de
ensino e o plano de aulas.
A importância do planejamento escolar: o planejamento é um processo de
racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a
atividade escolar e a problemática do contexto social. A escola, os professores
e alunos são integrantes da dinâmica das relações sociais; tudo o que acontece
no meio escolar está atravessado por influências econômicas, políticas e
culturais que caracterizam a sociedade de classe. Isso significa que os
elementos do planejamento escolar - objetivos-conteúdos-métodos – estão
recheados de implicações sociais, têm um significado genuinamente político. Por
essa razão o planejamento, é uma atividade de reflexão a cerca das nossas
opções e ações; se não pensarmos didaticamente sobre o rumo que devemos dar ao
nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses
dominantes da sociedade.
O planejamento tem assim as seguintes funções:
a) Explicar os princípios, diretrizes e procedimentos do trabalho
docente que as segurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências
do contexto social e do processo de participação democrática.
b) Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico,
político-pedagógico e profissional e as ações efetivas que o professor irá
realizar na sala de aula, através de objetivos, conteúdos, métodos e formas
organizativas de ensino.
c) Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho
docente, de modo que a previsão das ações docentes possibilite ao professor a
realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina.
d) Prever objetivos, conteúdos e métodos a partir de consideração das
exigências postas pela realidade social, do nível de preparo e das condições
socioculturais e individuais dos alunos.
e) Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma vez que
torna possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo
de ensino: os objetivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os
alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como
ensinar) e avaliação que intimamente relacionada aos demais.
f) Atualizar os conteúdos do plano sempre que for preciso,
aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo dos conhecimentos,
adequando-os às condições de aprendizagens dos alunos, aos métodos, técnicas e
recursos de ensino que vão sendo incorporados nas experiências do cotidiano.
g) Facilitar a preparação das aulas: selecionar o material didático
em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar. Replanejar
o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas. Para
que os planos sejam efetivamente instrumentos para a ação, devem ser como guia
de orientação e devem apresentar ordem sequencial, objetividade, coerência,
flexibilidade.
O plano é um guia para orientar o professor em suas ações educativas
O plano é um guia de orientação, pois nele são estabelecidas as
diretrizes e os meios de realização do trabalho docente. Sua função é orientar
a prática partindo da exigência da própria prática. O plano deve ter uma ordem
sequencial, progressiva. Para alcançar os objetivos, são necessários vários
passos, de modo que a ação docente obedeça a uma sequência lógica. Por
objetividade entendemos a correspondência do plano com a realidade que se vai
aplicar. Não adianta fazer previsões fora das possibilidades humanas e
materiais da escola, fora das possibilidades dos alunos. Deve haver coerência
entre os objetivos gerais, objetivos específicos, os conteúdos, métodos e
avaliação. Coerência é relação que deve existir entre as ideias e a prática. O
plano deve ter flexibilidade no decorrer do ano letivo, o professor está sempre
organizando e reorganizando o seu trabalho. Como já dissemos o plano é um guia
e não uma decisão inflexível.
Existem pelo menos
três níveis de planos: o plano da escola, o plano de ensino, o plano de aula.
O plano da escola é um documento mais global; expressa orientações
gerais que sintetizam, de um lado, as ligações da escola com o sistema escolar
mais amplo e, de outro, as ligações do projeto pedagógico da escola com os
planos de ensino propriamente ditos. O plano de ensino (ou plano de unidade) é
a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para o ano ou semestre;
é um documento mais elaborado, dividido por unidades sequenciais, no qual
aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológicos. O
plano de aula é a previsão do desenvolvimento do conteúdo para uma aula ou
conjunto de aulas e tem um caráter específico.
O plano de aula é um detalhamento do plano de ensino. As unidades e
subunidades (tópicos) que foram previstas em linhas gerais são agora
especificadas e sistematizadas para uma situação didática real. A preparação de
aulas é uma tarefa indispensável e, assim como o plano de ensino, deve resultar
em um documento escrito que servirá não só para orientar ações do professor
como também para possibilitar constantes revisões e aprimoramentos de ano para
ano. Em todas as profissões o aprimoramento profissional depende da acumulação
de experiências conjugando a prática e reflexão criteriosa sobre ela, tendo em
vista uma prática constantemente transformada para melhor.
Na elaboração de um plano de aula, deve-se levar em consideração, em
primeiro lugar, que a aula é um período de tempo variável. Dificilmente
completamos em uma só aula o desenvolvimento de uma unidade ou tópico de
unidade, pois o processo de ensino e aprendizagem se compõe de uma sequência
articulada de fases: preparação e apresentação de objetivos, conteúdos e
tarefas; desenvolvimento da mataria nova; consolidação (fixação, exercícios,
recapitulação, sistematização); aplicação, avaliação. Isso significa que
devemos planejar não uma aula, mas um conjunto de aulas. Na preparação de
aulas, o professor deve reler os objetivos gerais da matéria e a sequência de
conteúdos do plano de ensino. Não pode esquecer que cada tópico novo é uma
continuidade do anterior; é necessário assim, considerar o nível de preparação
inicial dos alunos para a matéria nova.
Deve, também, tomar o tópico da unidade a ser desenvolvido e desdobrá-lo
numa sequência lógica, na forma de conceitos, problemas, ideias. Trata-se de
organizar um conjunto de noções básicas em torno de uma ideia central, formando
um todo significativo que possibilite ao aluno percepção clara e coordenada do
assunto em questão. Ao mesmo tempo em que são listadas as noções, conceitos,
ideias e problemas, é feita a previsão do tempo necessário. A previsão do
tempo, nesta fase, ainda não é definitiva, pois poderá ser alterada no momento
de detalhar o desenvolvimento metodológico da aula.
Em relação a cada tópico, o professor redigirá um ou mais objetivos
específicos, tendo em conta os resultados esperados na assimilação de
conhecimentos e habilidades (fatos, conceitos, ideias, relações, métodos e
técnicas de estudo, princípios e atitudes etc.) estabelecer os objetivos é uma
tarefa tão importante que deles vão depender os métodos e procedimentos de
transmissão e assimilação dos conteúdos e as várias formas de avaliação
(parciais e finais).O desenvolvimento metodológico será desdobrado nos
seguintes itens, para cada assunto novo: preparação e introdução do assunto;
desenvolvimento e estudo ativo do assunto; sistematização e aplicação; tarefas
de casa. Em cada um desses itens são indicados os métodos, procedimentos e
materiais didáticos, isto é, o que o professor e alunos farão para alcançar os
objetivos. Em cada um dos itens mencionados, o professor deve prever formas de
verificação do rendimento dos alunos. Precisa lembrar que a avaliação é feita
no início (o que o aluno sabe antes do desenvolvimento da matéria nova),
durante e no final de uma unidade didática. A avaliação deve conjugar várias
formas de verificação, podendo ser informal, para fins de diagnóstico e
acompanhamento do progresso dos alunos, formal para fins de atribuição de notas
ou conceitos.
Os momentos didáticos do desenvolvimento metodológico não são rígidos.
Cada momento terá duração de tempo de acordo com o conteúdo, com o nível de
assimilação dos alunos. Às vezes ocupar-se-á mais tempo com a exposição oral da
matéria, em outras, com o estudo da matéria. Outras vezes, ainda, tempo maior
pode ser dedicado a exercício de fixação e consolidação. Por exemplo, pode
acontecer que os alunos dominem perfeitamente os conhecimentos e habilidades
necessárias para enfrentar a matéria nova; nesse caso, a preparação e
introdução do tema pode ser mais breve. Entretanto, se os alunos não dispõem de
pré-requisitos bem consolidados, a decisão do professor deve ser outra,
gastando-se mais tempo para garantir uma base inicial de preparo através da
recapitulação, pré-testes de sondagem e exercícios. O desenvolvimento
metodológico pode se destacar aulas com finalidades específicas: aula de
exposição oral da matéria, aula de discussão ou trabalho em grupo, aula de
estudo dirigido individual, aula de demonstração prática ou estudo do meio,
aula de exercícios, aula de recapitulação, aula de verificação para avaliação.
O professor consciencioso deverá fazer uma avaliação da própria aula.
Sabemos que o êxito dos alunos não depende unicamente do professor e do seu
método de trabalho, pois a situação docente envolve muitos fatores de natureza
social, psicológica, o clima geral da dinâmica da escola etc.Entretanto, o
trabalho docente tem um peso significativo ao proporcionar condições efetivas
para o êxito escolar dos alunos. Ao fazer a avaliação das aulas, convém ainda
levantar questões como estas: Os objetivos e conteúdos foram adequados à turma?
O tempo de duração da aula foi adequado? Os métodos e técnicas de ensino foram
variados e oportunos em suscitar a atividade mental e prática dos alunos? Foram
feitas verificações de aprendizagem no decorrer das aulas (informais e
formais)? O relacionamento professor-aluno foi satisfatório? Houve uma
organização segura das atividades, de modo ter garantido um clima de trabalho
favorável? Os alunos realmente consolidaram a aprendizagem da matéria, num grau
suficiente para introduzir matéria nova? Foram propiciadas tarefas de estudo
ativo e independente dos alunos?
Bibliografia:
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São
Paulo: Cortez, 1994 (Coleção magistério 2° grau. Série formação do professor).
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