AVALIAÇÃO:
Um novo Olhar
[...]E quando eu tiro
dez é sempre a mesma palhaçada Manhê! Tirei um dez na prova Me dei bem tirei um
cem e eu quero ver quem me reprova .Decorei toda lição Não errei nenhuma
questão ,Não aprendi nada de bom,Mas tirei dez (boa filhão!)[...]
(Gabriel o
Pensador,1995)
A
avaliação é tema de grandes debates e discussões devido à dificuldade de
estabelecer parâmetros mínimos sobre como avaliar de forma eficaz. Avaliar é,
sem dúvida, um dos aspectos mais problemáticos da prática pedagógica. Apesar de
ser a avaliação uma prática social ampla, pela própria capacidade que o ser
humano tem de observar, refletir e julgar, na escola sua dimensão não tem sido
bem aplicada, pois comumente é empregada como atribuição de notas, apontando a
aprovação ou reprovação do estudante. A avaliação escolar pode ser Somativa ou
formativa. A Somativa é considerada uma avaliação final e pontuada, que propõe
fazer um balanço somatório tendo uma função de classificação. Já na avaliação
formativa, tem a finalidade de proporcionar informações acerca do
desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem.
O
professor acompanha o estudante metodicamente ao longo do processo educativo,
medindo, em determinados períodos, o que o aluno já aprendeu e fornecendo um
“feedback” em que o próprio aluno analise situações, reconheça e corrija seus
eventuais erros nas tarefas.Segundo Luckesi (2002), a avaliação com função
classificatória não auxilia o avanço e o crescimento do aluno e do professor,
pois se constitui como um instrumento estático e frenador de todo o processo
educativo. A avaliação com função formativa, ao contrário da classificatória,
constitui-se em momentos de diálogos com intervenções pedagógicas adequadas que
se proponha promover o aprendizado.
É
preciso acordar para o fato de que a concepção que norteia a avaliação não pode
ser instrumento de exclusão e classificação, respaldada em conceitos que no
cotidiano escolar se tornam preconceitos.
É
importante refletir que a avaliação não é um fim em si mesmo, mas um
processo:[...] é difícil encontrar funcionalidade em uma avaliação baseada
apenas no julgamento “objetivo” terminal do trabalho realizado por cada aluno.
Pelo contrário, como formador de pesquisadores, novatos, o professor deve
considerar-se co-responsável pelos resultados que estes obtiverem. (CARVALHO;
GIL-PÉREZ, 1998, p.58).
Nota-se
que alguns professores utilizam a avaliação de uma forma equivocada. Estes
apresentam sua “sentença final” de acordo com o desempenho do aluno em provas e
testes, valorizando somente o produto final e desconsiderando todo o percurso
do aluno no decorrer do ano letivo. Não necessariamente se um aluno obtém notas
baixas em provas, isso significa que ele não aprendeu o conteúdo, pois muitos
fatores podem estar envolvidos no momento da execução da prova, tais como: a
tensão, o medo de errar, ou até mesmo o instrumento de avaliação pode estar mal
formulado.
O
ato de avaliar não pode ser entendido como um momento final do processo em que
se verifica o que o aluno aprendeu, mas em criar condições de aprendizagem que
permitam a ele, qualquer que seja seu nível, evoluir na sua autonomia e
principalmente na construção do seu conhecimento. O professor não deve se
posicionar frente aos alunos, e sim ao lado deles; sua reflexão não pode ser
sobre quem merece ou não uma avaliação positiva, mas de como colaborar para que
cada estudante avance e alcance os resultados almejados.
Luckesi (2002, p.20) diz que "para o sistema de ensino só importa os resultados gerais: as notas, os quadros gerais de notas, as curvas estatísticas.”
Luckesi (2002, p.20) diz que "para o sistema de ensino só importa os resultados gerais: as notas, os quadros gerais de notas, as curvas estatísticas.”
Dessa
forma, muitos professores na maioria dos casos com salas de aulas lotadas, para
satisfazer as exigências do sistema de ensino, utilizam os procedimentos de
avaliação Somativa. Muitos são os professores que até tentam modificar seus
métodos avaliativos.
Porém,
muitos fatores contribuem para que isto não venha a ocorrer, tais como: descaso
das políticas educacionais, falta de condições básicas de trabalho e número
inadequado de alunos em sala de aula. Mudar, muitas vezes, é um processo
difícil, já que esses métodos avaliativos tradicionais se encontram
profundamente arraigados em nosso sistema de ensino.
No
entanto, cabe aos professores acreditarem, apesar das diversas limitações, que
é possível realizar no cotidiano escolar uma avaliação da aprendizagem
processual e com qualidade. A avaliação deve ser um meio para que o professor
perceba cotidianamente e gradativamente as transformações ocorridas no aluno,
pois nem o aluno nem o professor são sujeitos prontos e acabados, mas em
permanente formação, interagindo, transformando e sendo transformado pelo meio
social.
Nesse
sentido, a formação continuada se constitui como um instrumento imprescindível
para a transformação da prática pedagógica, uma vez que, ao refletir sobre a
ação, poderá ocorrer uma melhor abordagem para a melhoria do ensino.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO, Ana Maria; GIL-PÉREZ, Daniel. Saber avaliar. In: ______. Formação de Professores de Ciências: tendências e inovações. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1998. p. 55-60.
LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 4. ed. São Paulo : Cortez, 2002..
GABRIEL PENSADOR. Estudo errado. Disponível em: . Acesso em: 4 mar. 2012.
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