segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

PROJETO: LENDAS

PROJETO: LENDAS
Disciplina: Língua Portuguesa/Literatura
Ciclo: Ensino Fundamental - 5ª a 8ª
Assunto: Leitura
Tipo: Texto
Onde encontrar: Língua Portuguesa
TEMA: Folclore Regional
MÉTODO: Ler a História e produzir HQ; teatro de sombras; recontar lendas.
MATERIAL:
·   Papel sulfite;
·   Lápis de cor ou giz de cera;
·   Lendas;
·   Lápis, régua e borracha;
·    
JUSTIFICATIVA:
Alguns alunos pouco conhecem do folclore regional. Através da leitura de livros da biblioteca da Escola que contenham essas histórias, primeiramente povoar a imaginação infantil com seus personagens e depois fazer com que cada aluno crie o seu gibi, baseado em uma das Lendas lidas.
OBJETIVOS:
 Deseja-se que o aluno:
1-     leia diferentes Lendas para observar os elementos que as estruturam o foco narrativo e o ponto de vista do autor;
2-      escolha uma das Lendas de seu agrado e reescreva-a do ponto de vista de um dos personagens, narrando-a em primeira pessoa. Poderá acrescentar fatos, informações, dando asas a sua imaginação.
3- ilustre-a a gosto.
PÚBLICO-ALVO - alunos de quinta a oitava séries.
DURAÇÃO - de seis a dez aulas, dependendo do desenvolvimento da classe.
MATERIAL UTILIZADO
Lendas;
   Retroprojetor;
Papel almaço;
Lápis e caneta;
Papel sulfite;
Lápis de cor;
Régua;
Borracha.
Computador e internet para pesquisa.
ESTRATÉGIAS:
1- O professor fará uma breve explicação sobre o que é uma Lenda e citará as mais conhecidas.
2- Dividirá a classe em duplas e distribuirá um livro de Lendas, se possível diferente, para cada uma e se não for possível, os levará para sala de informática para pesquisar.
3- As duplas farão um rodízio de livros, para que todas leiam o maior número possível de Lendas.
4- Cada dupla escolherá a Lenda com o qual quer trabalhar colocando o personagem principal para contar a história e dirá para a classe. Por exemplo: O Curupira irá contar a história em primeira pessoa.
5- Os dois componentes da dupla elaborarão juntos os textos, que serão escritos numa folha de papel almaço. Poderão ser acrescentados fatos, personagens, de acordo com o gosto e a criatividade dos alunos. O narrador-personagem poderá intervir na história.
6- O professor corrigirá o texto, que deverá ser passado em folhas de papel sulfite em formato de gibi. As ilustrações serão feitas de acordo com a vontade da dupla.
A moça lua
            Naquele tempo não existiam estrelas ou lua. E a noite era tão escura que todos se encolhiam dentro de casa com medo dela. Na tribo, só uma índia não tinha medo. Ela era uma índia clara e muito bonita, mas era diferente das outras. E por ser diferente, nenhum índio queria namorar com ela, e as índias não conversavam com ela. Sentindo-se só, começou a andar pelas noites. Todos ficavam surpresos com aquilo, e quando ela voltava, dizia a todos que não havia perigo. Mas havia outra índia, feia e escura, que ficou com inveja da índia clara. E por isso, tentou sair uma noite também. Mas não conseguiu enxergar na escuridão e tropeçou nas pedras, cortou os pés nos gravetos e se assustou com os morcegos. Cheia de raiva, foi conversar com a cascavel:
 - Cascavel, quero que morda o calcanhar da índia branca para que ela fique escura, feia e velha, e que ninguém mais goste dela.
Na mesma hora, a cascavel se pôs a esperar a índia clara. Quando ela passou, deu o bote. Mas a índia tinha os pés calçados com duas conchas e os dentes da cobra se quebraram. A cobra começou a amaldiçoá-la e a índia perguntou por que ia fazer aquilo com ela. A cascavel respondeu:
- Porque a índia escura mandou. Ela não gosta de você e quer que você fique escura, feia e velha.
 A índia branca ficou muito triste com tudo aquilo. Não poderia viver com pessoas que não gostassem dela. E não agüentava mais ser diferente dos outros índios, tão branca e sem medo do escuro. Então, fez uma linda escada de cipós e pediu para que sua amiga coruja a amarrasse no céu. Subiu tanto, que ao chegar ao céu estava exausta. Então dormiu numa nuvem e se transformou num belíssimo astro redondo e iluminado. Era a lua. A índia escura olhou para ela e ficou cega. Foi se esconder com a cascavel em um buraco. E os índios adoraram a lua, que iluminava suas noites, e sonharam em construir outra escada para poder ir ao céu encontrar a bela índia.
AÇAI
            Há muito tempo atrás, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma tribo indígena muito numerosa. Como os alimentos eram escassos, tornava-se muito difícil conseguir comida para todos os índios da tribo. Então o cacique Itaki tomou uma decisão muito cruel. Resolveu que a partir daquele dia todas as crianças que nascessem seriam sacrificadas para evitar o aumento populacional de sua tribo. Até que um dia a filha do cacique, chamada Iaça, deu à luz uma bonita menina, que também teve de ser sacrificada.
            Iaça ficou desesperada, chorava todas as noites de saudades de sua filhinha. Ficou vários dias enclausurada em sua tenda e pediu à Tupã que mostrasse ao seu pai outra maneira de ajudar seu povo, sem o sacrifício das crianças.
            Certa noite de lua Iaça ouviu um choro de criança. Aproximou-se da porta de sua oca e viu sua linda filhinha sorridente, ao pé de uma esbelta palmeira. Inicialmente ficou estática, mas logo depois, lançou-se em direção à filha, abraçando - a. Porém misteriosamente sua filha desapareceu.
         Iaça, inconsolável, chorou muito até desfalecer. No dia seguinte seu corpo foi encontrado abraçado ao tronco da palmeira, porém no rosto trazia ainda um sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira, que estava carregada de frutinhos escuros.
            Itaki então mandou que apanhassem os frutos em alguidar de madeira, obtendo um vinho avermelhado que batizou de açaí, em homenagem a sua filha (Iaça invertido). Alimentou seu povo e, a partir deste dia, suspendeu sua ordem de sacrificar as crianças.
A rede de dormir
            Há muito tempo atrás, os homens dormiam no chão em cima de folhas ou de paus. Mas o índio Tamaquaré não queria dormir no chão com medo de que os animais o machucassem. Então, teve uma grande idéia e foi pedir ajuda para seu amigo tucano.
Os dois amarraram cipó, fazendo um lindo trançado, e construindo assim uma rede. O pajé Tamaquaré pôde então dormir pendurado, protegido dos animais.
E ele pediu para o tucano não contar aquele segredo para ninguém:
- Esse segredo é meu! Eu tive a idéia e não quero que os outros índios saibam e fiquem falando que eu tenho medo dos bichos!
Mas o tucano, que naquele tempo tinha o bico curto e podia falar, acabou contando o segredo para todos os índios da tribo. O pajé, zangado com a traição, puxou o bico do tucano. Este ficou muito comprido, e o tucano não conseguiu mais falar.
Corpo seco
            Homem que passou pela vida semeando malefícios e que sevidiou a própria mãe. Ao morrer, nem Deus nem o Diabo o quiseram, e a própria terra o repeliu enojada de sua carne, e um dia, mirrado, defecado, com a pele engelhada sobre os ossos, da tumba se levantou em obediência ao seu fado, vagando e assombrando os viventes na calada da noite.
            Conta-se no sertão que pobre mulher, certa vez, amadora dos bons guisados de urupês (orelha de pau), vagava pela mata para colher os apetecidos quando deparou com um pau-piúca caído, onde abrolhavam os saborosos parasitas. Colhia-as quando, no desvendar a parte extrema do madeiro, se tomou de pavor e muito susto ante dois olhos escarninhos que a fitavam, e disparou a correr desorientada sob o riso cachinado do Corpo Seco a chancear da peça que pregou.
A LENDA DA BESTA FERA
          É a mais temível de todas as criaturas. Seria um ser fantástico metade homem metade cavalo.
Corre pelas ruas de lugares remotos em noites sem lua. Sua presença é pavorosa. Ninguém jamais se atreve a abrir as portas quando ele passa em desembalada carreira dando uivos e gritos horripilantes. O barulho dos seus cascos no chão costuma deixar o mais valente dos homens de cabelo em pé. Por onde ele passa, no seu encalço seguem dezenas de cachorros fazendo um barulho infernal. O animal que se atreve a chegar mais perto é açoitado sem piedade.
É um mito muito popular no Nordeste.
Nota: Mito muito comum em todo Brasil principalmente no meio rural.
É muito popular principalmente no Nordeste do País.
Lenda da Cestaria
            Há muitos e muitos anos, na profundeza do Rio Paru de Leste, afluente do Amazonas, e mais precisamente na divisa com o rio Axiki, vivia a serpente Tuluperê, conhecida popularmente como a cobra-grande.
Ela tinha um comprimento fora do comum. A pele, desde a cabeça até o final do corpo, apresentava as cores vermelha e preta. E reunia características da sucuriju e da jibóia. Tuluperê virava embarcações que navegavam nas águas dessa divisa e, quando conseguia pegar uma pessoa, apertava-a até matar e dela se alimentava. Um dia, os índios da nação Wayana, da família lingüística Karib, com a ajuda do Xamã, líder religioso, conseguiram matar Tuluperê, depois que a atingiram com muitas flechas.
 Nessa ocasião, viram os desenhos da pele da cobra-grande, memorizando-os. A partir daí, passaram a reproduzi-los em todas as suas peças de cestaria.
Lenda da Lua
            Outra lenda indígena conta sobre a origem da lua. Manduka namorava sua irmã. Todas as noites ia deitar com ela, mas não mostrava o rosto e nem falava, para não ser identificado. A irmã, tentando descobrir quem era, passou tinta de jenipapo no rosto de Manduka.
            Manduka lavou o rosto porém a marca da tinta não saiu. Então ela descobriu quem era. Ficou com vergonha, muito brava e chorou muito. Manduka também ficou com vergonha pois todos passaram a saber o que ele havia feito.
            Então Manduka subiu numa árvore que ia até o céu. Depois desceu e foi dizer aos Jurunas que ia voltar pra árvore e não desceria nunca mais. Levou uma cotia pra não se sentir muito só. Aí virou lua. E é por isso que a lua tem manchas escuras, por causa do jenipapo que a irmã passou em Manduka. No meio da lua costuma aparecer uma cotia comendo coco. É a outra mancha que a lua tem.
Macunaíma
            Nas terras de Roraima havia uma montanha muito alta onde um lago cristalino era expectador do triste amor entre o Sol e a Lua. Por motivos óbvios, nunca os dois apaixonados conseguiam se encontrar para vivenciar aquele amor. Quando o Sol subia no horizonte, a lua já descia para se pôr. E vice-versa. Por milhões e milhões de anos foi assim. Até que um dia, a natureza preparou um eclipse para que os dois se encontrassem finalmente.
            O plano deu certo. A Lua e o Sol se cruzaram no céu. As franjas de luz do sol ao redor da lua se espelharam nas águas do lago cristalino da montanha e fecundou suas águas fazendo nascer Macunaíma, o alegre curumim do Monte Roraima. Com o passar do tempo, Macunaíma cresceu e se transformou num guerreiro entre os índios Macuxi. Bem próximo do Monte Roraima havia uma árvore chamada de "Árvore de Todos os Frutos" porque dela brotavam ao mesmo tempo bananas, abacaxis, tucumãs, açaís e todas as outras deliciosas frutas que existem. Apenas Macunaíma tinha autoridade para colher as frutas e dividi-las entre os seus de forma igualitária.
            Mas nem tudo poderia ser tão perfeito. Passadas algumas luas, a ambição e a inveja tomariam conta de alguns corações na tribo. Alguns índios mais afoitos subiram na árvore, derrubaram-lhe todos os frutos e quebraram vários galhos para plantar e fazer nascer mais árvores iguais àquela. A grande "Árvore de Todos os Frutos" morreu e Macunaíma teve de castigar os culpados. O herói lançou fogo sobre toda a floresta e fez com que as árvores virassem pedras. A tribo entrou em caos e seus habitantes tiveram que fugir. Conta-se que, até hoje, o espírito de Macunaíma vive no Monte Roraima a chorar pela morte da "Árvore de todos os frutos".
As causas das secas do Ceará
            Há muito tempo, os cearenses resolveram que iriam expulsar Bom Jesus, não se sabe qual o motivo. Depois de muita conversa, foi decidido que ele seria mandado embora por mar. Para isso, construíram uma jangada, e nela colocaram o santo com tudo que achavam necessário para a longa viagem. Então, a jangada foi para o mar. Porém, o santo sentiu sede, e os cearenses esqueceram de levar para a jangada as garrafas de água fresca.
            Por causa desse infeliz esquecimento, o santo passou uma terrível sede.
A tal ponto que, apesar de sua infinita bondade, chegou a dizer essas palavras amargas:
 - Ô, ingratos filhos do Ceará, chegará o dia em que também vocês não terão água para beber quando sentiram sede! E assim, até hoje, o Ceará passa por constantes e terríveis secas.
Lenda da Mandioca
            Conta-se que há muitos anos, numa tribo de índios denominada Manau, chefiada pelo tuxaua Ambori, severo guerreiro da palavra, a filha de Ambori, de nome Itaci, veio a engravidar causando-lhe grande mágoa.
            O que mais intrigava os índios da tribo era o fato da moça não ter marido, não sair da aldeia e nem ter pretendentes.
            Foi tão grande o escândalo que o tuxaua pressionou a filha, na tentativa de saber quem a engravidara. Mesmo tendo apanhado bastante, a moça insistia em dizer que não sabia explicar o porquê de estar grávida.
            Envergonhado com o fato, o tuxaua Ambori tomou a decisão de matar a própria filha. À noite, em sonho, apareceu-lhe um Caruana (gênio benfazejo e serviçal que os indígenas crêem habitar o fundo dos rios e igarapés) que lhe afirmava ser a moça inocente, ameaçando-o com um castigo terrível se viesse a sacrificar sua filha porque ela havia engravidado.
Impressionado com o sonho, o tuxaua perdoara a filha e esclareceu aos índios tudo que estava acontecendo.
            Decorridos nove meses, a moça veio dar à luz uma linda menina, muito branca e cujos traços eram bem diferentes aos da sua raça. A criança recebeu o nome de Mani.
Índios de várias tribos foram ver Mani, que, com pouco menos de um ano, andava e falava com muito desembaraço.
            Mani passou a ensinar aos índios o plantio dos primeiros alimentos de uso doméstico destinados à subsistência da tribo.
            Ao completar um ano de vida, misteriosamente, sem qualquer sinal de doença, Mani faleceu. Uma cova foi cavada no terreiro da maloca e seu corpo colocado numa igaçaba (pote de barro de boca larga) e naquela cova foi sepultada.
            Diariamente os índios regavam a sepultura, onde a mãe de Mani derramava suas lágrimas. Tempos depois, sobre a sepultura de Mani brotou uma planta desconhecida. Quando a planta deu flores e frutos, os pássaros que vinham comê-la ficavam embriagados.
Lembrando do sonho que tivera, o tuxaua recomendava respeito à planta.
            Certo dia, os índios notaram que a terra estava fendida ao pé da planta, aparecendo algumas raízes. Essas raízes foram arrancadas e partidas, revelando-se tão brancas como o Corpo de Mani.
Acreditando ser milagre de Tupã, os índios comeram algumas raízes e outras foram amassadas, delas extraindo um líquido delicioso que passou a ser usado nas reuniões festivas da aldeia.
Daí por diante, os índios passaram a se dedicar ao cultivo da planta descoberta e deram-lhe o nome de manioca ou mandioca, que na lenda quer dizer Corpo de Mani.
            O que Tupã mandara o Caruana dizer ao pai da índia, concretiza-se. Graças ao cultivo da mandioca os índios passaram a conhecer grande variedade de alimentos preparados das raízes da planta.
Com o passar do tempo, a civilização toma conta da terra, e o homem do campo passando a cultivar a mandioca.
Monte Roraima
            Segundo os geógrafos, o Monte Roraima é uma formação da era pré-cambriana. Ele tem 2.875 metros de altitude. Mas segundo o folclore, o monte Roraima é muito mais do que isso.
Os índios Macuxi contam que antigamente, no local onde hoje existe o Monte Roraima, existiam apenas terras baixas e alagadiças, cheias de igapó. As tribos que viviam naquela área não precisavam disputar comida, pois a caça e a pesca eram fartas.
            Uma vez, nasceu um belo pé de bananeira. E a árvore era algo inédito na região. A estranha planta cresceu muito rápido e deu belíssimos e apetitosos frutos.
            Os pajés então avisaram que aquele vegetal era na verdade um ser sagrado e que como tal seus frutos eram proibidos para qualquer pessoa da tribo. Os pajés avisaram ainda que caso alguém desobedecesse a regra e tentasse comer uma fruta daquelas, desgraças terríveis aconteceriam: a caça se tornaria rara, as frutas secariam e até a terra iria tomar um formato diferente. Era permitido comer de tudo, menos os frutos da bananeira sagrada.
            Todos passaram a temer e a respeitar as ordens dos pajés. Mas houve um dia em que, ao amanhecer, todos correram para ver com espanto a primeira desgraça de muitas que ainda estavam por vir: um cacho da bananeira havia sido decepado. Todos se perguntavam, mas ninguém sabia dizer quem poderia ter feito aquilo. Antes que tivessem tempo para descobrir o culpado, a previsão dos mais velhos começou a acontecer. A terra começou a se mover e os céus tremiam em trovões. Todos os animais, da terra ou do céu, bateram em retirada. Um dilúvio começou a despencar e um enorme monte começou a brotar rasgando aquelas alagadas terras. E foi assim que nasceu o Monte Roraima. É por tudo isso que, até os dias de hoje, acredita-se que o monte Roraima chora quando de suas pedras caem pequenas gotas de água cristalina.
 A Lenda das Cataratas do Iguaçu
             Os índios caingangues, que habitavam as margens do Rio Iguaçu, acreditavam que o mundo era governado por Mboi - um deus com forma de serpente e filho de Tupã.
Igobi, o cacique da tribo, tinha um afilha, Naipi, tão bonita que as águas dos rios paravam quando a jovem índia nele se mirava. Devido a sua beleza, Naipi seria consagrada ao deus Mboi, passando a viver somente para seu culto. Havia, porém, entre os caingangues, um jovem guerreiro chamado Tarobá, que se apaixonou ao ver Naipi.
            No dia da festa de consagração da jovem índia, enquanto o pajé e os caciques bebiam cauim (bebida feita de milho fermentado) e os guerreiros dançavam, Tarobá fugiu com a linda Naipi numa canoa que segui rio abaixo, arrastada pela correnteza.
            Ao saber da fuga de Naipi e Tarobá, Mboi ficou furioso. Penetrou nas entranhas da terra, retorcendo o seu corpo e produzindo uma enorme fenda que formou a catarata gigantesca. Envolvidos pelas águas dessa imensa cachoeira, a piroga e os fugitivos caíram de uma grande altura desaparecendo para sempre.
            Naipi foi transformada em uma das rochas centrais das cataratas, perpetuamente fustigada pelas águas revoltas. Tarobá foi convertido em uma palmeira situada à beira de um abismo, inclinada sobre a garganta do rio. Debaixo dessa palmeira acha-se a entrada de uma gruta onde o monstro vingativo vigia eternamente as duas vítimas.
Lenda da Pedra Pintada
            Como um passe de mágica, tudo aconteceu e, como num conto de fadas, foi se tornando realidade... Em um gigantesco Vale Verde, orlado de lindas montanhas, lagos, igarapés, há um imenso e tranqüilo rio, o Parimé. Nas suas proximidades encontra-se uma enorme pedra, cheia de mistérios e muita paz, a Pedra Pintada.
            Há muitos e muitos anos, ali viviam os índios Paravianas. Eles eram muito altos, fortes e guerreiros. Como toda tribo tem suas autoridades maiores, eles também tinham as suas: o Tuxaua e o Pajé. Como entidade espiritual, o Pajé pressentiu que alguma “coisa”, uma grande catástrofe iria acontecer a todos os índios. Reuniu a tribo e comunicou que havia sonhado com homens altos, com olhos azuis e cabelos de ouro que viviam para guerrear. Todos ficaram preocupados, pois havia uma “Seiva Sagrada” e ninguém poderia pegá-la. Somente o Pajé podia tocar a seiva que era para curar todos os males. O Tuxaua resolveu escondê-la entro da gruta em cima do Dólmen, onde também era guardado o tesouro da tribo.
            Como no sonho do Pajé, os homens brancos apareceram, invadiram a gruta e pegaram a “Seiva Sagrada”. Uma grande batalha aconteceu. A “Seiva Sagrada” explodiu uma grande fumaça em forma de cogumelo apareceu, matando todos os brancos e quase todos os índios.
O Pajé, que havia sido salvo por seus poderes mágicos, pegou o tesouro e guardou-o no fundo do imenso lago, e ainda com seus poderes, transformou dois índios em dois tigres e ordenou que ficassem como guardiões do tesouro. Com muita tristeza o Pajé deixou gravado na grande pedra a história de sua gente. Até hoje, encontra-se na Pedra Pintada, inscrições desse povo. O Pajé deixou uma maldição:“Quem entrar no grande lago, verá chover, e essa água caída do céu, trará a maldição da doença”.
                                                              MAPINGUARI
            Uma das características mais marcantes do Mapinguari é o odor insuportável que ele exala na mata. Os caboclos o descrevem como um bicho semelhante a um homem com o corpo coberto de pêlos, como um grande macaco, e com apenas um olho bem no meio da testa. Dizem também que a boca do Mapinguari é algo descomunal; tão grande que não termina no queixo, como a dos homens, mas na barriga. A pele dessa figura mitológica é descrita como parecida ao couro dos jacarés e ele tem nas costas uma espécie de armadura que se parece com um casco de tartaruga.
            Ao contrário das outras visagens, o Mapinguari ataca mais durante o dia do que à noite. E há também os que dizem que o Mapinguari só aparece em dias santos.
Dentro da mata, é fácil perceber o rastro de um Mapinguari: os arbustos ficam quebrados e o mato todo esmagado.
            Ao correr no meio da mata o Mapinguari solta gritos, da mesma forma como os caçadores fazem para se comunicarem uns com os outros. Ele faz isso para atrair a atenção dos caçadores e poder devorá-los com sua boca imensa. E dizem que começa pela cabeça da vítima!
A lenda do açúcar e da cachaça
            Jesus Cristo passava por uma estrada e, debaixo de sol forte, morria de fome e de sede. De repente, avistou um canavial. Então, sentou-se numa sombra entre as folhas, refrescou-se do calor, descansou, chupou uns gomos e matou a fome. Ao sair, abençoou as canas, prometendo que delas o homem havia de tirar um alimento bom e doce.
            No outro dia, na mesma hora, o diabo saiu do fogo do inferno, com os chifres e o rabo queimados. Galopando pela estrada, foi dar no mesmo canavial. Mas, desta vez, as canas soltaram pelos e o caldo estava azedo, e queimou-lhe a garganta. O diabo, furioso, prometeu que da cana o homem tiraria uma bebida tão ardente como as caldeiras do inferno. É por isso que da cana se tira o açúcar, bênção de Nosso Senhor, e a cachaça, maldição do diabo.
Lenda do Guaraná
            Um Curumim (criança) da Tribo dos Maué que estava em guerra foi morta pelo espírito mal o Jurupaí que ao se disfarçar de Cobra Cascavel picou o menino e o matou.
            Toda a tribo entristeceu muito e pediram a Tupã (o Deus Supremo) que ressuscitasse o menino. Então Tupã determinou que os olhos do menino fossem retirados e plantados como se fossem sementes de uma planta, pois ali ele disse que nasceria uma bela planta que chamou-a de Planta da Vida que traria mais força para os jovens e mais disposição as idosos. Os Pajés da Tribo fizeram o que foi mandado, durante quatro luas(quatro meses) os índios guardavam o local e choravam sobre ele. Até que um dia brotou uma planta que como um menino começou a subir em tudo que estava pela sua frente, subia em árvores e ia se espalhando, até frutificar, frutos negros envoltos numa polpa branca embutida em duas cápsulas vermelhas assemelhando-se muito a um olho humano.
 Lenda do Sol
            Para os índios o sol era gente e se chamava KUANDÚ. Kuandú tinha três filhos: um é o sol que aparece na seca; o outro, mais novo, sai na chuva e o filho do meio ajuda os outros dois quando estão cansados. Há muito tempo um índio Juruna teria comido o pai de KUANDÚ.Por isso este queria se vingar. Uma vez Kuandú estava bravo e foi para o mato pegar coco. Lá encontrou Juruna em uma palmeira inajá. Kuandú disse que ele ia morrer, mas Juruna foi mais rápido acertando Kuandú com um cacho na cabeça. Aí tudo escureceu. As crianças começaram a morrer de fome porque Juruna não podia trabalhar na roça e nem pescar. Estava tudo escuro. A mulher de Kuandú mandou o filho sair de casa e ficou claro de novo. Mas só um pouco porque era muito quente para ele. O filho não aguentou e voltou para casa. Escureceu de novo. E assim ficaram os 3 filhos de Kuandú. Entrando e saindo de casa. Portanto, quando é seca e sol forte é o filho mais velho que está fora de casa. Quando é sol mais fraco é o filho mais novo. O filho do meio só aparece quando os irmãos ficam cansados.
A Cabra Cabriola
            A Cabra Cabriola, era uma espécie de Cabra, meio bicho, meio monstro. Sua lenda em Pernambuco, é do fim do século XIX e início do seculo XX. Era uma Bicho que deixava qualquer menino arrepiado só de ouvir falar. Soltava fogo e fumaça pelos olhos, nariz e boca. Atacava quem andasse pelas ruas desertas às sextas a noite. Mas, o pior era que a Cabriola entrava nas casas, pelo telhado ou porta, à procura de meninos malcriados e travessos, e cantava mais ou menos assim, quando ia chegando:
-Eu sou a Cabra Cabriola
Que como meninos aos pares
Também comerei a vós
Uns carochinhos de nada...
            As crianças não podiam sair de perto das mães, ao escutarem qualquer ruído estranho perto da casa. Podia ser qualquer outro bicho, ou então a Cabriola, assim era bom não arriscar. Astuta como uma Raposa e fétida como um bode, assim era ela. Em casa de menino obediente, bom para a mãe, que não mijasse na cama e não fosse traquino, a Cabra Cabriola, não passava nem perto.
            Quando no silêncio da noite, alguma criança chorava, diziam que a Cabriola estava devorando algum malcriado. O melhor nessa hora, era rezar o Padre Nosso e fazer o Sinal da Cruz.
Lenda do Pirarucu
            O pirarucu é um peixe da Amazônia, cujo comprimento pode chegar até 2 metros. Suas escamas são grandes e rígidas o suficiente para serem usadas como lixas de unha, ou como artesanato ou simplesmente vendidas como souvenirs. A carne do Pirarucu é suave e usada em pratos típicos da nossa região. Pode também ser preparada de outras maneiras, frequentemente salgada e exposta ao sol para secar. Se fresca ou seca, a carne do pirarucu é sempre uma delícia em qualquer receita.           
            Pirarucu era um índio que pertencia a tribo dos Uaiás que habitava as planícies de Lábrea no sudoeste da Amazonia. Ele era um bravo guerreiro mas tinha um coração perverso, mesmo sendo filho de Pindarô, um homem de bom coração e também chefe da tribo. Pirarucu era cheio de vaidades, egoísmo e excessivamente orgulhoso de seu poder. Um dia, enquanto seu pai fazia uma visita amigável a tribos vizinhas, Pirarucu se aproveitou da ocasião para tomar como refém índios da aldeia e executá-los sem nenhuma motivo. Pirarucu também adorava criticar os deuses. Tupã, o deus dos deuses, observou Pirarucu por um longo tempo, até que cansado daquele comportamento, decidiu punir Pirarucu. Tupã chamou Polo e ordenou que ele espalhase seu mais poderoso relâmpago na área inteira. Ele também chamou Iururaruaçú, a deusa das torrentes, e ordenou que ela provocasse as mais fortes torrentes de chuva sobre Pirarucú, que estava pescando com outros índios as margens do rio Tocantins, não muito longe da aldeia. O fogo de Tupã foi visto por toda a floresta. Quando Pirarucu percebeu as ondas furiosas do rio e ouviu a voz enraivecida de Tupã, ele somente as ignorou com uma risada e palavras de desprezo. Então Tupã enviou Xandoré, o demônio que odeia os homens, para atirar relâmpagos e trovões sobre Pirarucu, enchendo o ar de luz. Pirarucu tentou escapar, mas enquanto ele corria por entre os galhos das árvores, um relâmpago fulminante enviado por Xandoré acertou o coracão do guerreiro que mesmo assim ainda se recusou a pedir perdão. Todos aqueles que se encontravam com Pirarucu correram para a selva terrivelmente assustados, enquanto o corpo de Pirarucu, ainda vivo, foi levado para as profundezas do rio Tocantins e transformado em um gigante e escuro peixe. Pirarucu desapareceu nas águas e nunca mais retornou, mas por um longo tempo foi o terror da região.
O bode preto
            No sertão existe um inseto que habita o subsolo, e fura o terreno para abrigar-se. A terra extraída do lugar em que escava, lembra a forma do fundo de uma garrafa. Diz o caipira ser a pegada do duende. O povo acredita que entes andam nas sextas-feiras santas em encruzilhadas onde os caminhos se bifurcam, à meia-noite, com o gênio do mal, metamorfoseando-se em um grande Bode Preto, conquistando a felicidade em troca da alma e selando com algumas gotas de sangue contratos macabros minutados pelo próprio demônio.Para isso, porém, é preciso que o aspirante à felicidade seja dotado de grande fortaleza d'alma para que o Sujo não lhe pregue alguma peça, como sucedeu a um que combinara firmar contrato com o Espírito das Trevas e lhe entregava a alma com a condição deste de fazê-lo invencível no jogo do facão. Combinaram que o Diabo o ensinaria e o familiarizaria com todos os truques do jogo. O aspirante, por maior que fosse o aperto, não poderia chamar pelo nome de santo algum. Em meio da lição, porém, tal foi a conjuntura, ameaçado pelos coriscos do Diabo, que olvidando a combinação, a um bote que lhe deu o macabro professor, num salto à retaguarda, irrefletidamente, exclamou: -São Bento!!! -Serás molambento, urrou o Diabo, sovertendo-se pelo chão a dentro. Desde então o triste viveu andrajoso: não havia roupa que o agüentasse, por mais forte e bem tecido que fosse o pano e, apoupado, viria a arrastar seus molambos com a alma entregue ao Diabo, sem a compensação que ambicionava.
Visita ao mosteiro
Conta uma lenda medieval que, com os Menino Jesus nos braços, Nossa Senhora resolveu descer à Terra e visitar um mosteiro. Orgulhosos, todos os padres fizeram uma grande fila, e cada um postava-se diante da Virgem, procurando homenagear a mãe e o filho. Um declamou belos poemas, outro mostrou suas iluminuras para a bíblia, um terceiro disse o nome de todos os santos. E assim por diante, monge após monge mostrou seu talento e sua dedicação aos dois.
            No último lugar da fila havia um padre, o mais humilde do convento, que nunca havia aprendido os sábios textos da época. Seus pais eram pessoas simples, que trabalhavam num velho circo das redondezas, e tudo que lhe haviam ensinado era atirar bolas para cima e fazer alguns malabarismos.
Quando chegou sua vez, os outros padres quiseram encerrar as homenagens, porque o antigo malabarista não tinha nada de importante para dizer, e podia desmoralizar a imagem do convento. Entretanto, no fundo do seu coação, também ele sentia uma imensa necessidade de dar alguma coisa de si para Jesus e a Virgem. Envergonhado, sentindo o olhar reprovador dos seus irmãos ele tirou algumas laranjas do bolso e começou a jogá-las para cima, fazendo malabarismos - que era a única coisa que sabia fazer.
            Foi neste instante em que o Menino Jesus sorriu, e começou a bater palmas no colo da Nossa Senhora. E foi para ele que a Virgem estendeu os braços deixando que segurasse um pouco a criança.
O PEIXE GRANDE
            Um pescador estava jogando a sua rede no mar, quando ele sentiu que havia capturado algo grande. Ele ficou muito feliz, pois um peixe grande significava mais dinheiro. E era um peixe enorme, todo dourado. Bramindo seu arpão em direção ao peixe ele ia pensando por quanto poderia negociá-lo ao chegar na praia. Porém o peixe gritou que era o rei dos peixes e que lhe daria o que quisesse se sua vida fosse poupada. O pescador não acreditou e disse que lhe desse um barco cheio de ouro. O peixe fez aparecer o barco que estava no fundo do mar. O pescador soltou o peixe, maravilhado.
            O peixe grande então lhe disse: "Dou-lhe mais dois barcos cheios de ouro, se você me der a primeira coisa viva que você encontrar quando chegar hoje à praia.". O pescador concordou  e apareceram mais dois barcos cheios de ouro, os quais foram levados à praia imediatamente pelo pescador.
            Quando ele chegou à praia, ansioso por encontrar seu fiel cachorro (que seria o ser que ele daria ao peixe grande), ele encontrou seu filho pequeno, que vinha correndo ao seu encontro. Sua respiração parou, correu por seu corpo a sensação de um vazio gelado. O menino perguntava o que eram os barcos, mas ele não conseguia ouvir nada do que ele dizia. Apenas abraçava-o, sentindo um medo irracional crescendo dentro de si. Pediu que seu filho voltasse correndo para casa e não se preocupasse que ele estaria em casa dentro em pouco. E gritou pelo peixe, gritou tanto que ele veio ao seu encontro. E o peixe perguntou: "Então, quando você irá entregar a sua parte?" O pescador respondeu: "Leve seu ouro que ele não serve para mim." O peixe disse: "O ouro não é meu, é seu; lembre-se de sua promessa e entregue o que me deve."
            O pescador voltou para casa e chamou sua esposa e explicou tudo o que tinha acontecido. Decidiram então ficar com os barcos de ouro dados pelo Peixe Grande e proibir o filho de chegar perto do mar. O pescador, agora rico, cercou sua casa e disse ao filho que o mar não era mais de onde eles tirariam o sustento, mas trabalhariam a mãe terra que era mais dadivosa e piedosa para com os seus filhos.
            O menino cresceu e tornou-se um rapaz forte e sadio, orgulho de seus pais, já que era extremamente leal e obediente, nunca havia chegado perto do mar e trabalhava a terra que retribuía em dadivosas colheitas. Certo dia, estava ele descansando, quando ouviu um som misterioso, era um som lindo que vinha de além das propriedades de seu pai. E este som entrava pelo seu corpo e apesar de agradável aos ouvidos, lhe dava a sensação de estar carregando um peso enorme. Não havia ninguém por perto, alguém a quem pudesse pedir socorro, mesmo gritar seria inútil. E seguiu o chamado com um passo indeciso, enquanto o terror tomava conta dos seus sentidos. Finalmente ele chegou até a praia e viu o brilho e o esplendor do oceano de que ele pouco recordava. Todo o medo cessou e ele passou a correr de encontro ao mar calmo que o pedia, que implorava a sua presença. Ao chegar perto do mar ele avistou o Peixe Grande que esperava por ele e que lhe perguntou: - Estás preparado?
            O rapaz apenas balançou afirmativamente sua cabeça. O Peixe Grande então virou-se e disse: "Tú agora és meu sucessor, toma teu reino e o governe segundo tua vontade, o tempo será o teu professor. E saiu para morrer no ponto mais fundo do mar.
O Barba Ruiva
            Eis uma lenda sobre a Lagoa de Paranaguá no Piauí. Dizem que ela era pequena, quase uma fonte, e cresceu por encanto. Foi assim:
            Vivia uma viúva com tês filhas. Um dia, a mais moça das filhas dela adoeceu, ficando triste e pensativa. Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter tempo de casar com ela. Com vergonha, descansou a moça nos matos e, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da pequna fonte de água. O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d'agua, que com raiva, Amaldiçoou a moça que chorava na beira.
            As águas foram subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando tudo, cumprindo uma ordem misteriosa. Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira porque, a noite inteira, subia do fundo dágua um choro de criança. O choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço, muito claro, com barbas ruivas ao meio dia e com a barba branca ao anoitecer.
            Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa, desaparecendo. Nenhuma mulher bate roupa ou toma banho sozinha, com medo do barba ruiva. Se um Homem o encontra, fica desorientado. Mas o Barba Ruiva não ofende ninguém.
            Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um rosário sacramentado, ele será desencantado. Barba Ruiva é pagão, e deixa de ser encantado sendo cristão. Como ainda não nasceu essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva, ele cumpre sua sina nas águas da lagoa.
A  MULHER  DA  MEIA  NOITE
            A Mulher da meia noite, também Dama de vermelhoDama de branco, é um mito universal. Ocorre nas Américas e em toda Europa.            É uma aparição na forma de uma bela mulher, normalmente vestida de vermelho, mas pode ser também de branco. Alguns dizem, que é uma alma penada que não sabe que já morreu, outros afirmam que é o fantasma de uma jovem assassinada que desde então vaga sem rumo. Na verdade ela não aparece à meia-noite, e sim, desaparece nessa hora. Linda como é, parece uma jovem normal. Gosta de se aproximar de homens solitários nas mesas de bar. Senta com ele, e logo o convida para que a leve para casa. Encantado com tamanha beleza, todos topam na hora. Eles caminham, e conversando logo chegam ao destino. Parando ao lado de um muro alto, ela então diz ao acompanhante: "É aqui que eu moro...". É nesse momento que a pessoa se dá conta que está ao lado de um cemitério, e antes que possa dizer alguma coisa, ela desaparece, e nessa hora, o sino da igreja anuncia que é meia noite.
Outras vezes, ela surge nas estradas desertas, pedindo carona. Então pede ao motorista que a acompanhe até sua casa. E, mais uma vez a pessoa só percebe que está diante do cemitério, quando ela com sua voz suave e encantadora diz: "É aqui que eu moro, não quer entrar comigo...?".
            Gelado da cabeça aos pés, a única coisa que a pessoa vê, é que ela acabou de sumir diante dos seus olhos, à meia-noite em ponto.
Gente que vira Bicho
            Até mesmo nas periferias de algumas capitais da Amazônia, não é difícil ouvir histórias de gente que vira bicho. Imaginem no interior! Tem gente que vira cavalo, porco, cobra, cachorro e assim vai. São pessoas que em noite de luar bonito se isolam da sociedade para cumprir seu destino solitário.Cumprido o fado, o bicho volta a ser gente, veste suas roupas que ficaram escondidas em algum local ermo e volta para casa, como se nada tivesse acontecido, mas com apenas uma certeza no coração: na próxima noite de lua, o destino lhe baterá à porta novamente, até o final da vida. A constante nessas histórias é o fato de que, o bicho-gente quando atingido de forma fatal, novamente se transforma em humano. Por isso, dizem que a única cura para o triste sofrimento de quem vira bicho é a morte.
            À boca pequena, as pessoas que viram bicho em geral são descritas como muito pálidas, "amarelonas" no linguajar popular. Também são muito caladas, talvez por temerem a revelação do fatídico segredo. Há quem diga ter presenciado a transformação. Para ver uma cena dessas, dizem os caboclos, tem que ter muita coragem ou ser muito curioso, pois não é nada bonito de se ver. O ser, ainda em estado humano, retorce o corpo caído ao algum local escondido, amargando o cruel sofrimento que está por vir. A transformação pode ocorrer nas areias de alguma praia, no mato ralo à beira de alguma estrada ou em clareiras dentro de mata fechada, as chamadas capoeiras.
                Depois de muito se bater no chão, a transformação começa a acontecer e o bicho se levanta. Corre 7 encruzilhadas a judiar de todos por onde passa. Por isso mesmo, ganha inimizades a cada lua. Até que a Comunidade se revolta contra o estranho animal e se combina para lhe abater. É o final de uma vida de sofrimentos e angústias.
A  LENDA  DO  PAPA  FIGO
             O Papa figo, é considerado uma verdadeira aberração da natureza sendo muito temido pelo interior do país e nos lugares mais afastados.
Se parece com um mendigo. Sujo, maltrapilho e com um saco às costas, costuma atrair crianças solitárias nas saídas das escolas, parques, e na rua, para depois lhes comer o fígado.
Possui grande orelhas sempre escondidas, que dizem ser uma doença que só pode ser curada quando ele come o fígado de uma criança.
Dizem ainda que apesar da aparência decadente, o Papa Figo é na verdade, sempre, uma figura respeitada e muito rica que sofre de uma terrível maldição.
             De acordo com a tradição, após comer o fígado da criança, eles costumam deixar dentro da barriga da vítima, uma grande quantia em dinheiro para a família e para o enterro.
              
Quem era esse papa-figo tão falado? Aonde vivia? Em que se ocupava? Na cidade, toda gente ficava encolhida de receios quando se falava no nome do enfermo que só comia fígado de menino. Toda gente? Sim: os homens e mulheres não escondiam preocupações de resguardar os filhos pequenos da possibilidade de alguma tragédia sempre em ponto de ocorrer. Então, os meninos, estes habitavam o reino do eterno medo, subjugados todos eles pela idéia do monstro desnaturado que não lhes respeitava a integridade física. Vez por outra circulava a notícia apressada de que desaparecera aquela criança da rua da Medalha ou a outra da rua da Tesoura, da estrada do Carro ou da rua da Viração, da rua da Gameleira ou do Jaguaribe — e era de notar o espanto geral que a novidade despertava entre a gurizada atenta na marcha desses acontecimentos tão desagradáveis.
                Sabia-se que o papa-figo residia em lugar não identificado. Porém se desconfiava com justas razões de que essa moradia ficava para as bandas da Matança. Lá para os lados de Joca da Boa Sentença. O bruxo montava guarda a todos os enterros, fixava bem as sepulturas das crianças, a fim de que, nas horas silenciosas, entrasse com o jogo velho: abria o caixão e dele retirava o cadáver, levando-o para a sua macabra oficina de operações. Depois de extrair o fígado, largava o morto, isto é, voltava com ele ao ombro e deixava-o novamente na catacumba. Mostrava cuidados em não revelar o menor sinal de sua passagem de insaciável comedor de fígado humano. Tinha-se conhecimento disso e daí as famílias entrarem em conversas com Germino Barreto, que era o administrador do cemitério, pessoa digna e em quem se podia confiar.
                O papa-figo sofria de mal incurável. Falava-se que era chagado pelo corpo todo. Não tinha mais pele. E as dores que experimentava eram cruciantes, diminuindo apenas quando o enfermo comia fígado — e fígado de menino. Porque dos outros, pertencentes aos homens, não tinham mais vitalidade, fígado que perdera a força e, portanto, se fazia imprescindível continuar na trilha que tanto perturbava a existência das crianças. E o papa-figo adotava a sua política; para não ser injusto, apenas restringia a caça aos meninos mal-comportados, aqueles que eram desobedientes, teimosos e chorões. Os gordos mereciam maior cobiça. Enfim, no frigir dos ovos, o que viesse na rede servia, era sempre peixe.
E a realidade é que no mundo impossível das crianças paraibanas havia disciplina e ordem desde que fosse invocado o poder extraordinário do fantasma tão odiento quanto malsinado.
A CIDADE ENCANTADA DE JERICACOARA
                Alguns habitantes da cidade de Jericoacoara, no Ceará, afirmam que, debaixo do morro do farol local, existe uma cidade encantada, onde mora uma linda princesa.
                Perto da praia, quando a maré está baixa, há uma furna onde só se pode entrar agachado. Esta furna de fato existe. Só se pode entrar pela boca da caverna, mas não se pode percorrê-la, porque, está bloqueada por um enorme portão de ferro.
                A cidade encantada e a princesa estariam além daquele portão. A encantadora princesa está transformada, por magia, numa serpente de escamas de ouro, só tendo a cabeça e os pés de mulher.
                De acordo com a lenda, ela só pode ser desencantada com sangue humano. Assim, no dia em que alguém for sacrificado junto do portão, abrir-se-á a entrada para um reino maravilhoso. Com sangue será feita uma cruz no dorso da serpente, e então surgirá a princesa com toda sua beleza, cercada de tesouros inimagináveis, e a cidade com suas torres douradas, finalmente poderá ser vista. Então, o felizardo responsável pelo desencantamento, poderá casar com a princesa cuja beleza é sem igual nesse mundo.
                Mas, como até hoje não apareceu ninguém disposto a quebrar esse encanto, a princesa, metade mulher, metade serpente, com seus tesouros e sua cidade encantada, continuam na gruta a espera desse heroí.
 Mãe-de-ouro
Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.
Pisadeira
É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio

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