segunda-feira, 12 de março de 2012

Fantasmas chateados


Fantasmas chateados


            Ela entrou. Subiu as escadas, curiosa para saber de onde vinha aquele gemido. Camila ficou gelada quando ouviu “UUUUUUU”, que saia do velho quarto. Olhando lá dentro, não acreditou: dois fantasmas conversavam, queixando-se assim: “UUUUUU”.
            Eles não viram Camila e, muito tristes, contavam caso:
            - Que solidão!. Como é chato ser fantasma. Ninguém liga mais, ninguém toma susto ...
            - É mesmo! Fantasma é coisa de antigamente. Que falta de respeito!
            Camila, sem fôlego, ouvia aquele papo fantasmagórico:
            - O terror virou moda. O pessoal adora filmes de espanto!
            - Pois é! Usam esses penteados punks, pinturas na cara, roupas dark e ouvem rock---horror! Até novela de vampiro já fizeram! Assim não temos mais chance!
            - Ontem fui assombrar a vizinha e levei a maior bronca: “Luizinho, não suje o lençol!”
            - Pô meu, e eu, lá no escuro do cinema, querendo pregar susto. Pensaram que eu fosse anuncio de filme de ficção!
            - UUUUUUUUU!! Que humilhação! Vamos para o cemitério curtir as mágoas numa cova funda.
            Camila desceu a escada. Foi para casa de cabelo em pé. Não conseguiu dormir. Que medão! Mas também que pena! Até assombração merecia ser feliz. De repente teve uma idéia. O parque de diversões ficava tão perto do casarão ... e então ...
            Na outra noite, Camila voltou e gritou bem alto:
            - Seu fantasma bobão! Cara de melão! Não me pega não!
            Lá de cima veio um “UUUUUUU” muito ofendido. A menininha correu em direção ao parque. Atrás dela vinham os fantasmas.
            - Para menina atrevida! Vou lhe dar um sermão sobrenatural! Um pito paranormal!
            Camila entrou voando no parque e os fantasmas vieram atrás. Ela saiu pela frente, mas eles não. Foi por ali mesmo que quiseram ficar. A menina havia levado seus “amigos solitários” para a Casa do Terror do parquinho. Num lugar cheio de pessoas que se divertiam com sustos, podiam esbanjar seus dons fantasmagóricos. As pessoas riam com os sustos de brincadeira e Camila pensava:
            - Se eles soubessem que aqui tem fantasmas de verdade ....

Rogério Borges.

          Interpretação – Fantasmas  chateados

1. Na sua opinião, por que Camila não conseguia acreditar que havia fantasmas no quarto?

2. Por que razão os fantasmas estavam tão tristes?

3. Para eles, o que indicava que as pessoas já não tinham mais medo de fantasmas?

4. Qual a solução encontrada por eles para curtir a tristeza?

5. De que maneira Camila voltou para casa?

6. Qual a solução encontrada por ela para acabar com a tristeza dos “amigos”?

7. Ao dizer para Camila que ia lhe fazer um sermão “sobrenatural” o fantasma quis dizer que o sermão seria:
(     muito violento       (    ) de outro mundo         (    ) muito amigável

8. A atitude de Camila ao ajudar o fantasma foi de:
(     solidariedade                (    ) medo                               (    ) irritação

9. Procure no texto os adjetivos dos substantivos abaixo:
  Quarto ............         papo ..................        cova ......................
  Penteados ......           roupas ...............         parque de ...........
  Amigos ............        Casa do ............            fantasmas de .........

10. Reescreva o primeiro parágrafo do texto como se você fosse Camila, narrando tudo na 1ª pessoa:

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