quarta-feira, 4 de julho de 2012

África de Todos Nós


África de Todos Nós


Á ÁFRICA NÃO É UM PAÍS E SIM UM CONTINENTE

Os diversos povos que habitavam o continente africano, muito antes da colonização feita pelos europeus, eram bambambãsem várias áreas: eles dominavam técnicas de agricultura, mineração, ourivesaria e metalurgia; usavam sistemas matemáticos elaboradíssimos para não bagunçar a contabilidade do comércio de mercadorias; e tinham conhecimentos de astronomia e de medicina que serviram de base para a ciência moderna. A biblioteca de Tumbuctu, em Mali, reunia mais de 20 mil livros, que ainda hoje deixariam encabulados muitos pesquisadores de beca que se dedicam aos estudos da cultura negra.
Infelizmente, a imagem que se tem da África e de seus descendentes não é relacionada com produção intelectual nem com tecnologia. Ela descamba para moleques famintos e famílias miseráveis, povos doentes e em guerra ou paisagens de safáris e mulheres de cangas coloridas. "Essas idéias distorcidas desqualificam a cultura negra e acentuam o preconceito, do qual 45% de nossa população é vítima", afirma Glória Moura, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB).

NEGROS SÃO PARTE DA NOSSA IDENTIDADE

O pouco caso com a cultura africana se reflete na sala de aula. O segundo maior continente do planeta aparece em livros didáticos somente quando o tema é escravidão, deixando capenga a noção de diversidade de nosso povo e minimizando a importância dos afro-descendentes. Por isso, em 2003, entrou em vigor a Lei no 10.639, que tenta corrigir essa dívida, incluindo o ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas. "Uma norma não muda a realidade de imediato, mas pode ser um impulso para introduzir em sala de aula um conteúdo rico em conhecimento e em valores", diz Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, membro do Conselho Nacional da Educação e redatora do parecer que acrescentou o tema à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A cultura africana oferece elementos relacionados a todas as áreas do conhecimento. Para Iolanda de Oliveira, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, se a escola não inclui esses conteúdos no planejamento, cada professor pode colocar um pouco de África em seu plano de ensino: "Não podemos esperar mais para virar essa página na nossa história", enfatiza. Antes de saber como usar elementos da cultura africana em cada disciplina, vamos analisar alguns aspectos da história do continente e os motivos que levaram essas culturas a serem excluídas da sala de aula.
O ensino de História sempre privilegiou as civilizações que viveram em torno do Mar Mediterrâneo. O Egito estava entre elas, mas raramente é relacionado à África, tanto que, junto com outros países do norte do continente, pertence à chamada África Branca, termo que despreza os povos negros que ali viveram antes das invasões dos persas, gregos e romanos.
A pequisadora Cileine de Lourenço, professora da Bryant University, de Rhoad Island, nos Estados Unidos, atribui ao pensamento dos colonizadores boa parte da origem do preconceito: "Eles precisavam justificar o tráfico das pessoas e a escravidão nas colônias e para isso 'animalizaram' os negros". Ela conta que, no século 16, alguns zoológicos europeus exibiam negros e indígenas em jaulas, colocando na mesma baia indivíduos de grupos inimigos, para que brigassem diante do público. Além disso, a Igreja na época considerava civilizado somente quem era cristão.
Uma das balelas sobre a escravidão é a idéia de que o processo teria sido fácil pela condição de escravos em que muitos africanos viviam em seus reinos. Essa é uma invenção que não passa de bode expiatório: a servidão lá acontecia após conquistas internas ou por dívidas — como em outras civilizações. Mas as pessoas não eram afastadas de sua terra ou da família nem perdiam a identidade. Muitas vezes os escravos passavam a fazer parte da família do senhor ou retomavam a liberdade quando a obrigação era quitada com trabalho. Outra mentira é que seriam povos acomodados: os negros escravizados que para cá vieram revoltaram-se contra a chibata, não aceitavam as regras do trabalho nas plantações, fugiam e organizavam quilombos.

A EXPLORAÇÃO ATRAPALHOU O DESENVOLVIMENTO

A dominação dos negros pelos europeus se deu basicamente porque a pólvora não era conhecida por aquelas bandas — e porque os africanos recebiam bem os estrangeiros, tanto que eles nem precisavam armar tocaias: as famílias africanas costumavam ter em casa um quarto para receber os viajantes e com isso muitas vezes davam abrigo ao inimigo. Durante mais de 300 anos foram acaçambados cerca de 100 milhões de mulheres e homens jovens, retirando do continente boa parte da força de trabalho e rompendo com séculos de cultura e de civilização.
Nesta reportagem, deixamos de lado de propósito a capoeira, embalada pelo berimbau; a culinária, enriquecida com ovatapá, o caruru e outros quitutes; as influências musicais do batuque e a ginga do samba e dos instrumentos como cuícas,atabaques e agogôs. Preferimos mostrar conteúdos ligados às ciências sociais e naturais, à Matemática, à Língua Portuguesa e Estrangeira e a Artes, menos comuns em sala de aula, para você rechear a mochila de conhecimentos dos alunos sobre a África.
GEOGRAFIA
A ÁFRICA NÃO É UM PAÍS, E SIM UM CONTINENTE

Essa afirmação pode parecer absurda, mas não é. "Há uma tendência em falar da África como se todos que ali vivem tivessem os mesmos hábitos e tradições", diz Rafael Sânzio Araújo dos Anjos, coordenador do Centro de Cartografia Aplicada e Informação Geográfica da UnB. Ele sugere que o professor localize em mapas os diversos povos que vieram para o Brasil e as riquezas de cada região, principalmente as minas de ouro e diamantes, para a turma entender os motivos da exploração.
Ao falar sobre os diversos povos, é possível destacar as contribuições de cada um para a economia do Brasil Colônia. "Eles trouxeram para cá a melhor tecnologia dos trópicos", informa Rafael. Tanto que os donos das terras encomendavam aos mercadores mão-de-obra especializada para a atividade de seus domínios. Os alunos da 4ª série da Escola Estadual Luigino Burigotto, em Limeira (SP), ficaram espantados ao saber que a enxada, o arado e técnicas de irrigação vieram para o Brasil com os negros. A visita à Fazenda Ibicaba, do início do século 19, ilustrou esse capítulo da aula de Geografia, onde eles conheceram a casa-grande e a senzala construídas pelos negros escravizados.

ATUALIDADES
PROBLEMAS EXISTEM EM TODO O MUNDO

Miséria, epidemias e guerras civis existem hoje nos diversos países da África. Mas também estão presentes em outros lugares. Elaine Lavezzo, professora de Cultura Internacional da Escola Internacional de Alphaville, em Barueri, município da Grande São Paulo, trabalha um continente por ano com os alunos de 7a e 8a séries. Usando notícias de jornal e livros, ela discutiu com as turmas as guerras civis em Angola e em Ruanda, a fome e a epidemia de Aids. Os alunos do Ensino Médio trabalharam com jovens de baixa renda da comunidade de Santa Terezinha, em Carapicuíba, município vizinho. Reunidos uma vez por semana, eles pesquisaram problemas comuns do Brasil e dos povos africanos e produziram um programa de rádio, em português e em inglês, que organizações não-governamentais usam em Moçambique e em Nairóbi. Ela contou com a colaboração do professor de Inglês da escola, Bruce Kevin Mack, que falou sobre a sua infância de afro-descendente em Washington, capital dos Estados Unidos, e contou curiosidades de seus antepassados.

HISTÓRIA
A ÁFRICA JÁ EXISTIA ANTES DOS EUROPEUS

O professor do Ensino Médio Jorge Euzébio Assumpção, do Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva, em Porto Alegre, faz questão de mostrar como o continente africano era dividido em reinos antes da chegada dos europeus Livros, internet e textos produzidos pelo professor são fonte para os estudantes perceberem a estrutura social e política dos diversos povos. O reino do Congo, por exemplo, era dividido em aldeias familiares, distritos e províncias e todos os governadores eram conselheiros do rei. No império de Gana, os monarcas se reuniam todos os dias com os súditos parapapear, ouvir reclamações e tomar decisões. Essas informações são comparadas com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje.
"A tradição oral é forte nas culturas africanas, mas os povos também sabiam ler, escrever e viviam em cidades desenvolvidas", destaca Assumpção. Baseados em relatos, os alunos construíram a maquete da cidade universitária de Tumbuctu, que começou a se desenvolver a partir do ano 12.

CIÊNCIAS NATURAIS
SOMOS TODOS AFRICANOS

Há 7 milhões de anos houve a separação entre as linhagens do macaco e do que viria a ser o homem mais tarde. Os fósseis mais antigos de nossos ancestrais foram encontrados no Vale da Grande Fenda, formação que atravessa a Etiópia, o Quênia e a Tanzânia. Milhões de anos depois, o Homo erectus teria partido dessa região para povoar a Ásia e a Europa, onde se transformou em homem de Neanderthal. Os que continuaram na África evoluíram para a espécie sapiens, que mais uma vez migrou, dizimando ou substituindo os neandertais e os hominídeos asiáticos. E assim o planeta foi povoado.
Douglas Verrangia, biólogo e pesquisador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de São Carlos, ressalta a importância de o professor mencionar isso ao abordar a evolução das espécies, esclarecendo que biologicamente todos os seres humanos são parecidos e que as pequenas diferenças físicas não interferem na capacidade intelectual: "Isso vai ajudar o aluno a desmontar o falso embasamento científico que subdividiu a humanidade em raças, no século 19, idéias que perduram até hoje".
Gislaine Mara Piran, professora de Ciências e também coordenadora pedagógica da Escola Estadual Luigino Burigotto, inclui essa discussão nas aulas para as turmas de 5ª a 8ª série durante o estudo do corpo humano e da genética: "Deixo claro que alguns povos têm mais melanina na pele em conseqüência da adaptação ao ambiente em que viviam". Em história das Ciências, você pode citar as contribuições dos povos africanos para a medicina e outras áreas como mostra a linha do tempo das páginas anteriores.

MATEMÁTICA
SIMETRIA, GEOMETRIA E CÁLCULO

Na Escola Municipal Arthur de Sales, em Salvador, o projeto África na Sala de Aula é interdisciplinar e faz parte do planejamento. Ao conhecer a cultura egípcia, os alunos de 2ª série da professora Nilce Maria Dantas da Gama estudam as pirâmides e os triângulos. Olhando gravuras que retratam a construção dos monumentos, eles tentam estimar a quantidade de pessoas que trabalharam na obra e de tijolos usados.
A turma da professora Carla Ferreiro de Sena estudou simetria usando alguns símbolos egípcios: "Esse conceito será importante depois, no estudo do corpo humano". Ela mostrou as figuras e pediu que todos as interpretassem. Conhecendo os diferentes significados — como pureza espiritual (unsum), solidez e perseverança (wawa aba), precisão e habilidade (nkyimu) —, eles perceberam a importância de ler imagens. No final, a turma elegeu valores como amizade, respeito e solidariedade — mais próximos deles — e criaram símbolos simétricos para eles.
LÍNGUA ESTRANGEIRA
REGGAE E BIOGRAFIAS


Algumas escolas de comunidades quilombolas prevêem no planejamento atividades para resgatar a língua de seus ancestrais. Mas, mesmo quando o idioma a ser aprendido é o inglês ou o espanhol, é possível inserir a cultura africana e afro-descendente. Cláudia Alexandra Santos, professora de 5ª a 8ª série do Colégio Estadual Marquês de Maricá, em Salvador, leva para suas turmas letras de músicas do afro-descendente jamaicano Bob Marley e de outros cantores negros e textos em inglês sobre a vida de lideranças como os americanos Malcom X e Martin Luther King. Para Vilma Reis, coordenadora executiva do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, a introdução da cultura negra no ensino de língua estrangeira deixa o aprendizado mais próximo dos afro-descendentes.

LÍNGUA PORTUGUESA
PALAVRAS, LENDAS E HERÓIS

Para mostrar a influência dos falares africanos no Brasil, você pode usar as palavras de origem banta destacadas nesta reportagem, apenas um tiquinho em centenas já incorporadas ao nosso vocabulário. Yeda Pessoa de Castro, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia, sugere ainda que você leve para sala de aula lendas africanas e histórias que tratem de diversidade. A professora Zuleica Maria Bispo, da Escola Municipal de Educação Básica Antonio Stella Moruzzi, em São Carlos (SP), usa livros como Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado, O Pássaro-da-Chuva, de Kersti Chaplet, e o gibi Zumbi dos Palmares (produzido em 2001 pela Editora Lake é distribuído gratuitamente) para atividades de leitura e escrita. Familiares dos alunos afro-descendentes podem ser convidados para contar histórias de sua vida, informações que serão transformadas em texto.

ARTES
NA DANÇA, NAS MÁSCARAS E NOS DESENHOS

A Escola Estadual Geraldo Melo dos Santos, em Maceió, usa elementos da cultura dos povos africanos em todas as séries: a professora Moeme Maria da Silva trabalha conceitos de arte abstrata e geometrismo com as 6as; danças, mitos e adereços com as 7ªs; e máscaras com as 8ªs, relacionando essas produções às manifestações artísticas do continente europeu. Para Ana Lúcia Lopes, coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro-Brasil, em São Paulo, o desafio é não resvalar no preconceito nem cair no encantamento do exótico: "Como a cultura dos povos africanos é pouco conhecida para nós, fica fácil se deslumbrar com o diferente e esquecer de dar valor às culturas africanas em sua essência".

EDUCAÇÃO FÍSICA
VAMOS JOGAR IITOP OU MBUBE-MBUBE?

Para a disciplina que se dedica à educação do corpo, brincadeiras que privilegiam as competições em equipe. Antônio José dos Santos, também da escola Antonio Stella Moruzzi, há um ano usa o iitop, o mbube-mbube (ou o tigre e o impala) e a mamba, e jogos como o yote e a mancala. Ele inicia contando a história do jogo e os valores da cultura africana presentes em cada um
ÁFRICA
BERÇO DA HUMANIDADE E DO CONHECIMENTO
Foi na África, há milhões de anos, que apareceram nossos ancestrais e dali partiram para povoar a Europa e a Ásia. Lá também foram encontrados os primeiros centros universitários e culturais de que se tem registro (Tumbuctu, Gao e Djene). Saiba mais sobre eles nos textos abaixo e conheça os principais impérios, reinos e estados de onde vieram os negros que foram escravizados no Brasil e as tecnologias que trouxeram. Na linha do tempo, ao lado, alguns dos legados dos povos africanos para a humanidade.

Império de Gana
Entre os séculos 4 e11, era conhecido como o Império do Ouro. Seu povo dominava técnicas de mineração e usava instrumentos como a bateia, importante para o avanço do ciclo do ouro no Brasil. O clima úmido da região favorecia o desenvolvimento da agricultura e da pecuária

Império de Mali
Expandiu-se por volta do século 12. As cidades de Tumbuctu, Gao e Djene eram importantes centros universitários e culturais. O povo Dogon, que habitava a região, registrou em monumentos as luas de Júpiter, os anéis de Saturno e a estrutura espiral da Via-Láctea, observações feitas a partir do século 17, na Europa

Império de Songai
Nos séculos 14 e 15, se sobrepôs ao Império de Mali. Técnicas de plantio e de irrigação por canais foram aperfeiçoadas e vieram para o Brasil juntamente com os negros escravizados. Esses saberes favoreceram a expansão da agricultura, principalmente durante os ciclos da cultura de cana-de-açúcar e do café

Civilização Yorubá
Desenvolveu-se a partir do século 11. Os povos dominavam técnicas de olaria, tecelagem, serralheria e metalurgia do bronze, utilizando a técnica da cera perdida (molde de argila que serve de receptáculo para o metal incandescente). A capital, Oyo Benin, era dividida em quarteirões especializados (curtume, fundição etc.)

Reino do Congo
Já no final do século 16, os habitantes dessa região eram especialistas em forjar ferro e cobre para produção de ferramentas. Introduziram na nossa lavoura a enxada, uma espécie de arado e diversos tipos de machados, que serviam tanto para cortar madeira como para uso em guerras

Vale da Grande Fenda
Foi aqui que as linhagens do macaco e do homem se separaram. Há 2 milhões de anos, essa era a única área habitada por nossos ancestrais. O Homo erectus partiu para a Europa e a Ásia, mas os que continuaram nessa região se transforamaram em sapiens, que posteriormente povoaram o mundo.

Fontes: Douglas Verrangia, Jorge Euzébio Assumpção, Scientific American, edição especial no11 Etnomatemática, site Mathematicians of the African Diaspora (
www.math.buffalo.edu/mad/index.html ) e Para Entender o Negro no Brasil de Hoje, Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, Ed. Global
LINHA DO TEMPO
Cerca de 20000 a.C.
O objeto matemático mais antigo é o bastão de Ishango, osso com registros de dois sistemas de numeração. Ele foi encontrado no Congo em 1950 e é 18 mil anos mais antigo do que a matemática grega

3000 a.C.
O médico negro Imhotep é o verdadeiro pai da medicina: ele viveu 25 séculos antes de Hipócrates e já aplicava no Egito conhecimentos de fisiologia, anatomia e drogas curativas em seus pacientes

2000 a.C.
O povo haya (da região da atual Tanzânia) produzia aço a 400 graus Celsius — temperatura superior a dos fornos europeus do século 19. Uma faca datada de 900 a.C., feita no Egito, é o objeto de ferro mais antigo

1650 a.C.
O papiro de Rhind indica que os egípcios sabiam o valor da constante geométrica pi muito antes de Arquimedes (250 a.C.) e as propriedades do triângulo retângulo antes de Pitágoras (séc. 6 a.C.)

Século 12
Muros de pedra de 10 metros de altura foram erguidos na região do Zimbábue. As ruínas revelam saberes avançados também dos povos subsaarianos em construção civil

1879
O médico inglês R. W. Felkin aprendeu com os banyoro técnicas da cesariana. O procedimento já envolvia assepsia, anestesia e cauterizaçãodo corte, que era vertical

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