REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
A chamada Revolução
Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, eclodiu em
6 de março de 1817
na então Província de Pernambuco, no Brasil.Dentre as suas causas destacam-se a crise
econômica regional, o absolutismo
monárquico português e a influência das idéias Iluministas, propagadas pelas sociedades maçônicas.
Antecedentes
No começo do século XIX,
Olinda e Recife, as duas maiores cidades pernambucanas, tinham juntas cerca de
40 000 habitantes (comparados com 60 000 habitantes do Rio de Janeiro, capital
da colônia). O porto do Recife escoava a produção de açúcar, das centenas de engenhos da Zona da Mata, e de algodão. Além de sua importância econômica
e política, os pernambucanos tinham participado de diversas lutas libertárias.
A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição
Pernambucana, em 1645. Depois, na Guerra dos Mascates,
foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de Olinda .As idéias liberais que entravam no Brasil junto com
os viajantes estrangeiros e por meio de livros e de outras publicações,
incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que
participava ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como
as lojas maçônicas. Em Pernambuco as principais
foram a Areópago de Itambé, a Patriotismo, a Restauração,
a Pernambuco do Oriente e a Pernambuco do Ocidente, que serviam
como locais de discussão e difusão das "infames idéias francesas".
Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para
elaborar planos para a revolução.
Causas imediatas
- Presença maciça de portugueses na liderança do governo e na
administração pública;
- Criação de novos impostos por Dom João VI provocando a insatisfação
da população pernambucana. Segundo escritor inglês então residente no
Recife, era grande a insatisfação local ante a obrigatoriedade de se pagar
impostos para a manutenção da iluminação pública do Rio de Janeiro,
enquanto no Recife era praticamente inexistente a dita iluminação;
- Grande seca que havia atingido a região em 1816 acentuando a fome e a miséria,
como consequência, houve uma queda na produção do açúcar e do algodão, que
sustentavam a economia de Pernambuco, esses produtos começaram a sofrer
concorrência do algodão nos Estados
Unidos e do açúcar na Jamaica;
- Influências externas com a divulgação das ideias liberais e iluministas, que estimularam as
camadas populares de Pernambuco na organização do movimento de 1817;
- A crescente pressão dos abolicionistas na Europa vinha criando restrições
gradativas ao tráfico de
escravos, que se tornavam mão-de-obra cada vez mais cara, já
que a escravidão era o motor de toda a economia agrária pernambucana;[1]
- O movimento queria a independência
do Brasil e a proclamação da república.
O
decorrer da revolução
A bandeira da Revolução Pernambucana de 1817, cujas estrelas
representam Paraíba, Ceará e Pernambuco, inspirou a atual bandeira
pernambucana.O movimento iniciou com ocupação do Recife, em 6 de março de 1817. No regimento de
artilharia, o capitão José
de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado, reagiu à voz de prisão
e matou a golpes de espada o comandante Barbosa
de Castro. Depois, na companhia de outros militares rebelados, tomou
o quartel e ergueu trincheiras nas ruas vizinhas para impedir o avanço das tropas
monarquistas. O governador Caetano
Pinto de Miranda Montenegro refugiou-se no Forte do Brum, mas, cercado, acabou se
rendendoO movimento foi liderado por Domingos José
Martins, com o apoio de Antônio
Carlos de Andrada e Silva e de Frei Caneca. Tendo conseguido dominar o
Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo
provisório e proclamaram a República.Em 29 de março foi convocada uma assembléia
constituinte, com representantes eleitos em todas as comarcas, foi
estabelecida a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário;
o catolicismo foi mantido como religião
oficial, porém havia liberdade de culto
( o livre exercício de todas as religiões ); foi proclamada a liberdade de
imprensa (uma grande novidade no Brasil); abolidos alguns impostos; a escravidão entretanto foi
mantida.
À medida que o calor das discussões e da revolta contra a opressão
portuguesa aumentava, crescia, também, o sentimento de patriotismo dos pernambucanos, ao ponto de
passarem a usar nas missas a aguardente (em lugar do vinho)
e a hóstia feita de mandioca (em lugar do trigo),
como forma de marcar a sua identidade.
Expansão e queda
As tentativas de obter apoio das províncias vizinhas fracassaram. Na
Bahia, o emissário da revolução, José
Inácio Ribeiro de Abreu e Lima, o Padre Roma, foi preso ao
desembarcar e imediatamente fuzilado por ordem do governador, o conde dos Arcos. No Rio Grande do Norte, o
movimento conseguiu a adesão do proprietário de um grande engenho de açúcar, André de
Albuquerque Maranhão, que depois de prender o governador, José Inácio Borges,
ocupou Natal e formou uma junta governativa, porém
não despertou o interesse da população e foi tirado do poder em poucos dias. O
jornalista Hipólito José da
Costa foi convidado para o cargo de ministro plenipotenciário da
nova república em Londres, mas recusou.
Tropas enviadas da Bahia avançaram pelo sertão pernambucano, enquanto
uma força naval, despachada do Rio de Janeiro, bloqueou o porto do Recife. Em
poucos dias 8000 homens cercavam a província. No interior, a batalha decisiva
foi travada na localidade de Ipojuca. Derrotados, os
revolucionários tiveram de recuar em direção ao Recife. Em 19 de maio as tropas portuguesas entraram
no Recife e encontraram a cidade abandonada e sem defesa. O governo provisório,
isolado, se rendeu no dia seguinte.No Ceará, Bárbara de Alencar e seu filho
Tristão Ararípe aderiram ao movimento, mas foram detidos por José Pereira
Filgueiras que também participou da luta pela independência do Brasil no
Maranhão e recebeu o título de capitão-mor do Crato. Tristão e Filgueiras se
uniram contra o governo imperial na Confederação do Equador.Apesar de sentenças
severas, um ano depois todos os revoltosos foram anistiados, e apenas quatro
haviam sido executados.
Auxílio externo
Em maio de 1817, Antônio
Gonçalves Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia com 800 mil dólares (atualizado
ao cambio 2007 aproximadamente 12 milhões de dólares )na bagagem com três
missões
1. Comprar armas para combater as
tropas de D. João VI
2. Convencer o governo americano
a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste brasileiro.
3. Recrutar alguns antigos
revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda
deles, libertar Napoleão Bonaparte,
exilado na Ilha de Santa
Helena, que seria transportado ao Recife, onde comandaria a
revolução pernambucana. Depois retornando a Paris para reassumir o trono de
imperador da França.
Porém na data de chegada do
emissário aos Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já estavam
sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando
chegaram ao Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados (conde
Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong e soldado Roulet),
muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.Em
relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o
secretário de Estado, Richard Rush,
mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os
Estados Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas
americanas e que também aceitariam dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados,
em caso de fracasso do movimento
Consequências
Debelada a revolução, foi
desmembrada de Pernambuco a comarca de Rio Grande (atual Rio Grande do Norte),
tornando-se província autônoma. Essa havia sido anexada ao território
pernambucano ainda na segunda metade do século XVIII, juntamente a Ceará e Paraíba, que também se tornaram autônomas
ainda no período colonial, em 1799.Também a comarca de Alagoas, cujos proprietários rurais haviam
se mantido fiéis à Coroa, como recompensa, puderam formar uma província
independenteApesar dos revolucionários terem ficado no poder menos de três
meses, conseguiram abalar a confiança na construção do império americano
sonhado por D. João VI, a coroa nunca mais estaria segura de que seus súditos
eram imunes à contaminação das idéias responsáveis pela subversão da antiga
ordem na Europa.
Data Magna
Em 2007, o dia 6 de março foi declarado a Data Magna de
Pernambuco, por conta da Revolução Pernambucana
Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou nova lei, alterando a Data
Magna do Estado para o primeiro domingo de março.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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