Educar é Semear

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quarta-feira, 22 de março de 2017

Desmotivação nas escolas de EJA



1- APRESENTAÇÃO:

Esta análise reflexiva foi elaborada a partir da observação realizada em um colégio na cidade de Porto Alegre/RS.

2- ANÁLISE REFLEXIVA
Desmotivação, uma das causas de evasão na EJA.
A EJA foi implementada para que jovens e adultos tenham a oportunidade de iniciar ou continuar seus estudos, uma vez que não freqüentaram a escola em idade apropriada. Durante o início do ano letivo, conforme declaração dos alunos de uma escola de Porto Alegre, as salas de aula estão cheias, mas com o passar do tempo, segundo constatado na visita realizada à escola, o número de alunos reduz-se a menos da metade. Uma das causas desta evasão está na proposta pedagógica desqualificada e desmotivadora, utilizada pelo professor ao ministrar os conteúdos propostos.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, a Educação de Jovens e Adultos representa uma promessa de efetivar um caminho de desenvolvimento de todas as pessoas, de todas as idades. Nela, adolescentes, jovens, adultos e idosos poderão atualizar conhecimentos, mostrar habilidades, trocar experiências e ter acesso a novas regiões do trabalho e da cultura. Para que isso aconteça, é necessário que haja a possibilidade do diálogo em sala de aula, oportunizando a troca de saberes entre professor e alunos.
Partir dos saberes, conhecimentos, interrogações e significados que aprenderam em suas trajetórias de vida será um ponto de partida para uma pedagogia que se paute pelo diálogo entre os saberes escolares e sociais. Este diálogo exigirá um trato sistemático desses saberes e significados, alargando-os e propiciando o acesso aos saberes, conhecimentos, significados e a cultura acumulados pela sociedade. (ARROYO, 2005, p. 35)

Trabalhar em cima dos conhecimentos prévios do aluno é uma das propostas do método Paulo Freire. Partindo dessa forma de ensino, o professor dará ao aluno condições de estabelecer relações daquilo que está aprendendo com as situações que vivencia no seu cotidiano.
Infelizmente, considerando a observação realizada, não é desta forma que os professores da EJA vêm trabalhando em sala de aula. Os conteúdos são disponibilizados no quadro de forma descontextualizada, apenas para serem copiados a resolvidos. O educador tem o conhecimento e o aluno deve apenas escutar e concordar com o que está sendo dito, sem ter a oportunidade de expor seus pensamentos e conhecimentos trazidos de fora da escola. Desta forma, não há a interação que possibilita a construção do conhecimento, uma vez que os conteúdos são despejados aos educandos da mesma forma para todos, sem considerar o que cada um tem a dizer sobre aquele assunto.
Outro dos fatores que desmotivam o aluno a continuar estudando são as constantes ausências de professores nos períodos de aula. As faltas são freqüentes, conforme o observado, configurando o desinteresse da escola diante de seus educandos.
Penso que muitos dos alunos da EJA desistem de continuar no curso, pois são influenciados pelo descaso, tanto pela falta de compromisso dos professores quanto pela metodologia utilizada que não contribui em nada para a aquisição de conhecimento e formação de cidadãos, como propõe a EJA. Para que a evasão seja amenizada, é necessário que os professores reflitam de forma crítica sobre o trabalho que vêm desenvolvendo, conscientizando-se de seu papel diante do futuro de seus alunos. Trabalhar de uma forma significativa e interessante é possível, basta o professor considerar e valorizar seus educandos.

3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROYO, Miguel Gonzalez. Educação de Jovens-Adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. Belo Horizonte, Autêntica, 2005.
SOARES, Leôncio. Educação de jovens e adultos, Rio de Janeiro: DP&A, 2002

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