sexta-feira, 5 de julho de 2013

Na casa dos pronomes

Na Casa dos Pronomes



— Chega de adjetivos — gritou a menina. — Eu não sei porque
tenho grande simpatia pelos pronomes e queria visitá-los já.
— Muito fácil — respondeu o rinoceronte. — Eles moram
naquelas casinhas ali em frente. A primeira, menor, é a dos
pronomes pessoais.
E todos se dirigiam para casa dos pronomes pessoais,
enquanto Quindim ia explicando que os pronomes são palavras que também não possuem
pernas e se movimentam amarradas aos verbos.
Emília bateu na porta — toque, toque, toque. Veio abrir o pronome eu.
— Entrem, não façam cerimônia.
Narizinho fez as apresentações.
— E os seus companheiros, os outros pronomes pessoais? — perguntou Emília.
— Estão lá dentro jantando.
À mesa do refeitório achavam-se os pronomes tu, ele, ela, nós, vós, eles e elas. Esses
figurões eram servidos pelos pronomes oblíquos, que tinham o pescoço torto e lembravam
corcundinhas. Os meninos viram lá o o, o os, o a, o as, o me, o mim, o comigo, o nos, o
conosco, o te, o ti, o contigo, o vos, o convosco, o lhe, o lhes, o se, o si e o consigo.
Dezenove pronomes oblíquos.
— Que luxo de criadagem! — admirou-se Emília.
— Cada pronome tem a seu serviço, vários criadinhos oblíquos.
— E ainda há outros serviçais, os pronomes de
tratamento, lá no quintal tomando sol. São eles:
fulano, sicrano, você, Vossa Senhoria,
Vossa Excelência, Vossa Majestade
e outros.

Trecho adaptado de Monteiro Lobato. Emília no país da gramática. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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