Exercícios com
descritores
D10 - Identificar o conflito gerador do enredo e os
elementos que constroem a narrativa.
Questão 1
O que dizem
as camisetas
(Fragmento)
Apareceram
tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não
tem nada escrito.
– Que é que
ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que fazpropaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
– O cidadão
é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo
de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência
política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é
secreto.
– É secreto,
mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não
assume a sua responsabilidade cívica,
se esconde feito avestruz e...
– Ah, pelo
que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta
limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(...).
DRUMMOND,
Carlos. Moça deitada na grama.
Rio de
Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.
O conflito
em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de:
(A) alguém
aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição.
(B) muitas
pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.
(C) um
senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade.
(D) alguém
comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.
D11 -
Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.
Questão 2
A função da
arte
Diego não
conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar,
estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o
menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar,
o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto
fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando
finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
– Me ajuda a
olhar!
GALEANO,
Eduardo. O livro dos abraços. Trad. Eric Nepomuceno
5ª ed. Porto Alegre: Editora L
& PM, 1997.
O menino
ficou tremendo, gaguejando porque
(A) a viagem
foi longa. (B) as dunas eram muito altas.
(C) o mar era
imenso e belo. (D) o pai não o ajudou a ver o mar.
D15 –
Estabelecer relações lógico-discursívos presentes no texto marcado por
conjuntos, advérbios, etc.
Questão 3
Acho
uma boa idéia abrir
as escolas no fim de semana, mas os
alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer
opção de lazer que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e
participar de atividades interessantes. Poderiam ser feitas gincanas, festas e
até churrascos dentro da escola.
(Juliana
Araújo e Souza)
(Correio
Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.)
Em “A comunidade
poderia interagir e participar de atividades interessantes.” (ℓ. 5-6), a
palavra destacada indica:
(A)
alternância. (B) oposição. (C) adição. ( D) explicação.
D7
- Identificar a tese de um texto.
Questão 4
O mercúrio
onipresente (Fragmento)
Os venenos
ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto tudo o que
é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da
gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos
são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol freático. Mas ao
menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico,
desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas quais o nível de
contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...].
Mas o
mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma série de estudos
recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é
mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita.
Jeffrey
Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115.
A tese
defendida no texto está expressa no trecho:
(A) as
substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático.
(B) o chumbo
da gasolina ressurge com a ação do tempo.
(C) o
mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza.
(D) o total
controle dos venenos ambientais é impossível.
D8
- Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para
sustentá-la.
Questão 5
Os filhos
podem dormir com os pais?
(Fragmento)
Maria Tereza
– Se é eventual, tudo bem.
Quando é
sistemático, prejudica a intimidade do casal. De qualquer forma, é importante
perceber as motivações subjacentes ao pedido e descobrir outras maneiras
aceitáveis de atendê-las. Por vezes, a criança está com medo, insegura, ou
sente que tem poucas oportunidades de contato com os pais. Podem ser criados
recurso próprio para lidar com seus medos e inseguranças, fazendo ela se sentir
mais competente. Posternak – Este hábito é bem freqüente.
Tem a ver
com comodismo – é mais rápido atender ao pedido dos filhos que agüentar birra
no meio da madrugada; e com culpa – “coitadinho, eu saio quando ainda dorme e
volto quando já está dormindo”. O que falta são limites claros e concretos. A
criança que “sacaneia” os pais para dormir também o faz para comer, escolher
roupa ou aceitar as saídas familiares.
ISTOÉ,
setembro de 2003 -1772.
O argumento
usado para mostrar que os pais agem por comodismo encontra-se na alternativa:
(A) a birra na
madrugada é pior. (B) a criança tem motivações subjacentes.
(C) o fato é
muitas vezes eventual. (D) os limites estão claros.
D9
Questão 6
Necessidade
de alegria
O ator que
fazia o papel de Cristo no espetáculo de Nova Jerusalém ficou tão compenetrado
da magnitude da tarefa que, de ano para ano, mais exigia de si mesmo, tanto na
representação como na vida rotineira.
Não que
pretendesse copiar o modelo divino, mas sentia necessidade de aperfeiçoasse
moralmente, jamais se permitindo a prática de ações menos nobres. E exagerou em
contenção e silêncio.
Sua vida
tornou-se complicada, pois os amigos de bar o estranhavam, os colegas de
trabalho no escritório da Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo) passaram a
olhá-lo com espanto, e em casa a mulher reclamava do seu alheamento.
No sexto ano
de encenação do drama sacro, estava irreconhecível. Emagrecera, tinha expressão
sombria no olhar, e repetia maquinalmente às palavras tradicionais. Seu
desempenho deixou a desejar.
Foi
advertido pela Empetur e pela crítica: devia ser durante o ano um homem alegre,
descontraído, para tornar-se perfeito intérprete da Paixão na hora certa. Além
do mais, até a chegada a Jerusalém, Jesus era jovial e costumava ir a festas.
Ele não
atendeu às ponderações, acabou destituído do papel, abandonou a família, e
dizem que se alimenta de gafanhotos no agreste.
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Histórias para o
Rei.2ª ed.
Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 56.
Qual é a
informação principal no texto “Necessidade de alegria”?
(A) A arte
de representar exige compenetração. (B) O ator pode exagerar em contenção e
silêncio.
(C) O ator
precisa ser alegre. (D) É
necessário aperfeiçoar-se.
D16
Questão 7
O cabo e o
soldado
Um cabo e um
soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam que a multidão fechada
em círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do que se tratava.
Não
conseguindo ver nada, disse, pedindo passagem:
— Eu sou
irmão da vítima.
Todos
olharam e logo o deixaram passar.
Quando
chegou ao centro da multidão, notou que ali estava um burro que tinha acabado
de ser atropelado e, sem graça, gaguejou dizendo ao soldado:
— Ora essa,
o parente é seu.
Revista
Seleções. Rir é o melhor remédio. 12/98, p.91.
No texto, o
traço de humor está no fato de:
(A) o cabo e
um soldado terem dobrado a esquina. (B)
o cabo ter ido verificar do que se tratava.
(C) todos
terem olhado para o cabo. (D) ter sido um burro a vítima do atropelamento.
D17 -
Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações.
Questão 8
Eu sou Clara
Sabe, toda a
vez que me olho no espelho, ultimamente, vejo o quanto eu mudei por fora.
Tudo
cresceu: minha altura, meus cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu corpo tomou
novas formas: cintura, coxas, bumbum. Meus olhos(grandes e pretos) estão com um
ar mais ousado.
Um brilho
diferente. Eu gosto dos meus olhos.
São bonitos.
Também gosto dos meus dentes, da minha franja... Meu grande problema são as
orelhas. Acho orelha uma coisa horrorosa, não sei por que (nunca vi ninguém com
uma orelha bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo cobre orelha!
Chego à
conclusão de que tenho mais coisas que gosto do que desgosto em mim. Isso é
bom, muito bom. Se a gente não gostar da gente, quem é que vai gostar? (Ouvi
isso em algum lugar...) Pra eu me gostar assim, tenho que me esforçar um monte.
Tomo o maior
cuidado com a pele por causa das malditas espinhas (babo quando vejo um
chocolate!). Não como gordura (é claro que maionese não falta no meu sanduíche
com batata frita, mas tudo light...) nem tomo muito refri (celulite!!!).
Procuro manter a forma. Às vezes sinto vontade de fazer tudo ao contrário:
comer, comer, comer... Sair da aula de ginástica, suando, e tomar três garrafas
de refrigerante geladinho.
Pedir cheese
bacon com um mundo de maionese.
Engraçado
isso. As pessoas exigem que a gente faça um tipo e o pior é que a gente acaba
fazendo. Que droga! Será que o mundo feminino inteiro tem que ser igual?
Parecer com a Luíza
Brunet ou
com a Bruna Lombardi ou sei lá com quem? Será que tem que ser assim mesmo?
Por que um
monte de garotas que eu conheço vivem cheias de complexos? Umas porque são mais
gordinhas. Outras porque os cabelos são crespos ou porque são um pouquinho
narigudas.
Eu não sei
como me sentiria se fosse gorda, ou magricela, ou nariguda, ou dentuça, ou tudo
junto. Talvez sofresse, odiasse comprar roupas, não fosse a festas... Não
mesmo! Bobagem! Minha mãe sempre diz que beleza é “um conceito muito relativo”.
O que pode ser bonito pra uns, pode não ser pra outros. Ela também fala sempre
que existem coisas muito mais importantes que tornam uma mulher atraente:
inteligência e charme, por exemplo. Acho que minha mãe está coberta de razão!Pois
bem, eu sou Clara. Com um pouco de tudo e muito de nada.
RODRIGUES,
Juciara. Difícil decisão. São Paulo: Atual, 1996.
No trecho
“...nem tomo muito refri (celulite!!!).”
(ℓ.25), a
repetição do “ponto de exclamação” sugere que a personagem tem
(A)
incerteza quanto às causas da celulite. (B) medo da
ação do refrigerante.
(C) horror ao
aparecimento da celulite. (D) preconceito contra os efeitos da celulite.
D18
- Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de
uma determinada palavra ou expressão.
Questão 9
A beleza
total
A beleza de
Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante
de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as
visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes.
Era
impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto,
partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não
podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes,
por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro,
que durou umasemana, embora
Gertrudes houvesse voltado logo para casa.O Senado aprovou lei de emergência,
proibindo
Gertrudes de
chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe,
pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.Gertrudes
não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema
beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem
condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do
corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi
recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão
fechado a sete chaves.
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
Em que
oração, adaptada do texto, o verbo personificou um objeto?
(A) O
espelho partiu-se em mil estilhaços.
(B) Os
veículos paravam contra a vontade dos condutores.
(C) O Senado
aprovou uma lei em regime de urgência.
(D) Os
espelhos pasmavam diante do rosto de Gertrudes.
D19
- Reconhecer o efeito decorrente da exploração de recursos
ortográficos e/ou morfossintáticos.
Questão 10
A chuva
A chuva
derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes.
A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu
as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva
esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva
enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A
chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os
guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva
caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o
pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua
crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas.
A chuva de
pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva
sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os
livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu
ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva
multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A
chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A
chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A
chuva secou ao sol.
ANTUNES,
Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.
Todas as
frases do texto começam com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para:
(A) provocar
a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar
uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C)
reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a
intensidade e a continuidade da chuva.
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