Descritores
Descritor 1 – Localizar informações explícitas em um texto: Exemplo
de item:
O disfarce dos bichos
Você já tentou pegar um
galhinho seco e ele virou bicho, abriu asas e voou? Se isso aconteceu é porque
o graveto era um inseto conhecido como “bicho-pau”. Ele é tão parecido com o
galhinho, que pode ser confundido com o graveto. Existem lagartas que se
parecem com raminhos de plantas. E há grilos que imitam folhas. Muitos animais
ficam com a cor e a forma dos lugares em que estão. Eles fazem isso para se
defender dos inimigos ou capturar outros bichos que servem de alimento. Esses
truques são chamados de mimetismo, isto é, imitação. O cientista inglês Henry
Walter Bates foi quem descobriu o mimetismo. Ele passou11 anos na selva
amazônica estudando os animais. MAVIAEL
MONTEIRO, José. Bichos que usam disfarces para defesa. FOLHINHA, 6 NOV. 1993.
O bicho-pau se parece com:
(A) florzinha seca. (B) folhinha verde. (C) galhinho seco. (D) raminho de planta.
Descritor
4 – Inferir uma informação implícita no texto : Exemplo de item:
Talita
Talita
tinha a mania de dar nomes de gente aos objetos da casa, e tinham de ser nomes
que rimassem. Assim, por exemplo, a mesa, para Talita, era Dona Teresa, a
poltrona era Vó Gordona, o armário era o Doutor Mário. A escada era Dona Ada, a
escrivaninha era Tia Sinhazinha, a lavadora era Prima Dora, e assim por diante.
Os pais de Talita achavam graça e topavam a brincadeira. Então, podiam-se ouvir
conversas tipo como esta:
—
Filhinha, quer trazer o jornal que está em cima da Tia Sinhazinha!
—
É pra já, papai. Espere sentado na Vó Gordona, que eu vou num pé e volto noutro.Ou
então:
—
Que amolação, Prima Dora está entupida, não lava nada! Precisa chamar o mecânico.
—
Ainda bem que tem roupa limpa dentro do Doutor Mário, né mamãe? E todos riam.
BELINKY,
Tatiana. A operação do Tio Onofre: uma história policial. São Paulo: Ática,
1985.
A
mania de Talita de dar nome de gente aos objetos da casa demonstra que
ela é
(A) curiosa. (B) exagerada. (C) estudiosa (D) criativa.
Descritor 6 – Identificar o tema de um texto
A
Boneca Guilhermina
Esta é a minha
boneca, a Guilhermina. Ela é uma boneca muito bonita, que faz xixi e cocô. Ela
é muito boazinha também. Faz tudo o que eu mando. Na hora de dormir, reclama um
pouco. Mas depois que pega no sono, dorme a noite inteira! Às vezes ela acorda
no meio da noite e diz que está com sede. Daí eu dou água para ela. Daí ela faz
xixi e eu troco a fralda dela. Então eu ponho a Guilhermina dentro do armário,
de castigo. Mas quando ela chora, eu não agüento. Eu vou até lá e pego a minha
boneca no colo. A Guilhermina é a boneca mais bonita da rua.
MUILAERT, A. A boneca Guilhermina. In: __ As reportagens
de Penélope. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 1997. p. 17. Coleção Castelo
Rá-Tim-Bum – vol. 8.
O texto trata, PRINCIPALMENTE :
(A) das aventuras de uma menina.
(B) das brincadeiras de uma boneca.
(C) de uma boneca muito
especial.
(D) do dia-a-dia de uma menina.
Descritor 09 – Identificar a finalidade
de textos de diferentes gêneros
EVA FURNARI
EVA FURNARI - Uma das principais figuras da literatura
para crianças. Eva Furnari nasceu em Roma (Itália) em 1948 e chegou ao Brasil
em 1950, radicando-se em São Paulo. Desde muito jovem, sua atração eram os
livros de estampas e não causa estranhamento algum imaginá-Ia envolvida com
cores, lápis e pincéis, desenhando
mundos e personagens para habitá-Ios... Suas habilidades
criativas encaminharam-na, primeiramente, ao universo das Artes Plásticas
expondo, em 1971, desenhos e pinturas na Associação dos Amigos do Museu de Arte
Moderna, em uma mostra individual.
Paralelamente, cursou a Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP, formando-se no ano de 1976. No entanto, erguer prédios
tornou-se pouco atraente quando encontrou a experiência das narrativas visuais.
Iniciou sua carreira como autora e ilustradora, publicando histórias sem texto
verbal, isto é, contadas apenas por imagens. Seu primeiro livro foi lançado
pela Ática, em 1980, Cabra-cega, inaugurando a coleção Peixe Vivo, premiada
pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -FNLlJ. Ao longo de sua
carreira, Eva Furnari recebeu muitos prêmios, entre eles contam o Jabuti de
“Melhor Ilustração” - Trucks (Ática, 1991), A bruxa Zelda e os 80 docinhos
(1986) e Anjinho (1998) - setes láureas concedidas pela FNLlJ e o Prêmio APCA
pelo conjunto de sua obra.
http://caracal. imaginaria. cam/autog rafas/evafurnari/index.
HTML
A finalidade do texto é:
(A) apresentar dados sobre vendas
de livros. (B) divulgar os livros de uma
autora.
(C) informar sobre a vida de uma
autora. (D) instruir sobre o
manuseio de livros
A habilidade que pode ser avaliada com itens relativos a
este descritor diz respeito ao reconhecimento, por parte do aluno, do gênero ao
qual se refere o texto- base, identificando, dessa forma, qual o objetivo do
texto: informar, convencer, advertir, instruir, explicar, comentar, divertir,
solicitar, recomendar etc.
Tópico III – Relação entre textos
Descritor 15 – Reconhecer diferentes formas
de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em
função das condições em que ele foi produzido
Convite 1
Convite 2
Ao compararmos os dois convites notamos que são
diferentes porque
A) os dois pertencem ao mundo real.
(B) os dois pertencem ao mundo
imaginário.
(C) apenas o primeiro convite
pertence ao mundo real.
(D) os dois têm as mesmas informações para os
convidados.
Tópico IV – Coerência e coesão no
processamento do texto
Descritor 2 –
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou
substituições que contribuem para a continuidade de um texto
A
Costureira das Fadas
(Fragmento)
Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da
melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos
lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma
inventava as modas.
– Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para
esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em
sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte. Disse e retirou-se.
Dona Aranha tomou da fita métrica e, ajudada por seis
aranhinhas muito espertas, principiou a tomar as medidas. Depois teceu
depressa,depressa, uma fazenda cor-de-rosa com estrelinhas douradas, a coisa
mais linda que se possa imaginar. Teceu também peças de fita e peças de renda e
de entremeio —até carretéis de linha de seda fabricou.
MONTEIRO LOBATO, José Bento. Reinações de Narizinho. São
Paulo: Brasiliense, 1973.
“— Dona Aranha — disse o príncipe —
quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar
uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte.”
A expressão vê-la (ℓ. 5) se refere
à
(A) Fada. (B)
Cinderela. (C) Dona
Aranha. (D) Narizinho
Descritor 7 – Identificar o conflito gerador do enredo e
os elementos que constroem a narrativa
A Raposa e o
Cancão
Passara a manhã chovendo, e o Cancão todo molhado, sem
poder voar, estava tristemente pousado à beira de uma estrada. Veio a raposa e
levou-o na boca para os filhinhos. Mas o caminho era longo e o sol ardente.
Mestre Cancão enxugou e começou a cuidar do meio de escapar à raposa. Passam
perto de um povoado. Uns meninos que brincavam começam a dirigir desaforos à
astuciosa caçadora. Vai o Cancão e fala:
— Comadre raposa, isto é um desaforo! Eu se fosse você
não agüentava! Passava
uma descompostura!...A raposa abre a boca num impropério
terrível contra a criançada. O Cancão voa, pousa triunfantemente num galho e
ajuda a vaiá-la...
CASCUDO, Luís Câmara. Contos tradicionais do Brasil. 16ª
ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
No final da história, a raposa
foi :
(
A ) corajosa. ( B ) cuidadosa. (
C ) esperta. ( D )
ingênua.
Identificar
o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa
Toda narrativa obedece
a um esquema de constituição, de organização, que, salvo algumas alterações,
compreende as seguintes partes:
I) Introdução ou Apresentação – corresponde ao momento inicial da
narrativa,marcado por um estado de equilíbrio, em que tudo parece
conformar-se à normalidade. Do ponto de vista da construção da narrativa, nesta
parte, são indicadas as circunstâncias da história, ou seja, o local e o tempo em que decorrerá a ação e apresentadas as
personagens principais (os protagonistas); tal apresentação se dá por meio de elementos descritivos (físicos, psicológicos, morais, e outros).
Cria - se, assim, um cenário e um tempo para os personagens iniciarem suas
ações; já se pode antecipar alguma direção para o enredo da narrativa. É,
portanto, o segmento da ordem existente.
II) O segundo momento – Desenvolvimento e Complicação – corresponde ao bloco em que se sucedem os acontecimentos, numa
determinada ordem e com a intervenção do(s) protagonistas. Corresponde, ainda,
ao bloco em que se instala o conflito, a complicação ou a quebra daquele equilíbrio inicial, com a
intervenção opositora do(s) antagonista(s) – (personagem (ns) que, de alguma forma, tenta(m) impedir o
protagonista de realizar seus projetos, normalmente positivos). É, portanto, o
segmento da ordem perturbada.
III) O terceiro momento – Clímax – corresponde ao bloco
em que a narrativa chega
ao momento crítico, ou seja, ao momento em que se viabiliza o
desfecho da narrativa.
IV) O quarto e último momento – Desfecho ou desenlace – corresponde ao segmento
em que se dá a resolução do conflito. Dentro dos padrões convencionais, em
geral, a narrativa acaba com um desfecho favorável. Daí o tradicional “final feliz”.
Descritor 8 – Estabelecer a relação causa/conseqüência
entre partes e elementos do texto
A Costureira das Fadas
Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da
melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos
lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma
inventava as modas.
– Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para
esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em
sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte. Disse e retirou-se. Dona Aranha
tomou da fita métrica e, ajudada por seis aranhinhas muito espertas, principiou
a tomar as medidas. Depois teceu depressa, depressa, uma fazenda cor-de-rosa
com estrelinhas douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar. Teceu
também peças de fita e peças de renda e de entremeio — até carretéis de linha
de seda fabricou.
MONTEIRO LOBATO, José Bento. Reinações de Narizinho. São
Paulo: Brasiliense, 1973
O príncipe quer dar um vestido para Narizinho porque:
(A) ela deseja ter um vestido de
baile. (B) o príncipe vai se casar com
Narizinho.
(C) ela deseja um vestido
cor-de-rosa. (D) o príncipe fará uma
festa para Narizinho.
Descritor 12 – Estabelecer relações lógico-discursivas
presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc
Poluição do solo
É na camada mais externa da superfície terrestre,
chamada solo, que se desenvolvem
os vegetais. Quando o solo é contaminado, tanto os
cursos subterrâneos de água como as plantas podem ser envenenadas. Os
principais poluentes do solo são os produtos químicos usados na agricultura.
Eles servem para destruir pragas e ervas daninhas, mas também causam sérios
estragos ambientais. O lixo produzido pelas fábricas e residências também pode
poluir o solo. Baterias e pilhas jogadas no lixo, por exemplo, liberam líquidos
tóxicos e corrosivos. Nos aterros, onde o lixo das cidades é despejado, a
decomposição da matéria orgânica gera um líquido escuro e de mau cheiro chamado
chorume, que penetra no solo e contamina mesmo os cursos de água que passam bem
abaixo da superfície. Almanaque
Recreio. São Paulo: Abril. Almanaques CDD_056-9. 2003.
No trecho “É na camada mais externa
da superfície terrestre” (ℓ.1), a expressão sublinhada indica :
(A) causa.
(B) finalidade.
(C) lugar. >
(D) tempo.
Tópico V – Relações
entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido
Descritor 13 –
Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados
Exemplo de item:
Continho
Era uma vez um menino triste, magro
e barrigudinho. Na soalheira danada de
meio-dia, ele estava sentado na
poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo.
— Você, aí, menino, para onde vai
essa estrada?
— Ela não vai não: nós é que vamos
nela.
— Engraçadinho duma figa! Como você
se chama?
— Eu não me chamo, não, os outros é
que me chamam de Zé.
MENDES CAMPOS, Paulo, Para gostar
de ler - Crônicas. São Paulo: Ática, 1996, v. 1 p. 76.
Há traço de humor no trecho
(A) “Era uma vez um menino triste,
magro”. (ℓ. 1)
(B) “ele estava sentado na poeira
do caminho”. (ℓ. 1-2)
(C) “quando passou um vigário”. (ℓ.
2)
(D) “Ela não vai não: nós é que
vamos nela”. (ℓ. 4) >
Descritor 14 –
Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação
e de outras notações :
O que disse o passarinho
Um passarinho me contou
que o elefante brigou com a formiga só porque enquanto
dançavam (segundo ele) ela pisou no pé dele!Um passarinho me contou que o
jacaré se engasgou e teve de cuspi-lo inteirinho
quando tentou engolir, imaginem só,
um porco-espinho!Um passarinho me contou
que o namoro do tatu e a tartaruga
deu num casamento de fazer dó: cada qual ficou morando em sua casca em vez de
morar numa casca só. Um passarinho me contou
que a ostra é muito fechada, que a
cobra é muito enrolada que a arara é uma cabeça oca, e que o leão-marinho e a foca... Xô
xô, passarinho, chega de fofoca!
PAES, José Paulo. O que disse o passarinho. In: ____.Um
passarinho me contou. São Paulo: Editora Ática,
1996.
A pontuação usada no final do verso
“e que o leão-marinho e a foca...” (ℓ. 20) sugere que o passarinho
(A) está cansado.
(B) está confuso.
(C) não tem mais fofocas para
contar.
(D) ainda tem fofocas para
contar >
Descritor 10 –
Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de
um texto
Carta
Lorelai: Era
tão bom quando eu morava lá na roça. A casa tinha um quintal com milhões de
coisas, tinha até um galinheiro. Eu conversava com tudo quanto era galinha,
cachorro, gato, lagartixa, eu conversava com tanta gente que você nem
imagina,Lorelai. Tinha árvore para subir, rio passando no fundo, tinha cada
esconderijo tão bom que a gente podia ficar escondida a vida toda que ninguém
achava. Meu pai e minha mãe viviam rindo, andavam de mão dada, era uma coisa
muito legal da gente ver. Agora, tá tudo diferente: eles vivem de cara fechada,
brigam à toa,discutem por qualquer coisa. E depois, toca todo mundo a ficar emburrando.
Outro dia eu perguntei: o que é que tá acontecendo que toda hora tem briga?
Sabe o que é que eles falaram? Que não era assunto para criança. E o pior é que
esse negócio de emburramento em casa me dá uma aflição danada. Eu queria tanto
achar um jeito de não dar mais bola pra briga e pra cara amarrada. Será que
você não acha um jeito pra mim? Um beijo da Raquel.
NUNES, Lygia Bojunga. A Bolsa
Amarela – 31ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.
Em “Agora tá tudo diferente:” (ℓ.
7), a palavra destacada é um exemplo de linguagem
(A) ensinada na escola.
(B) estudada nas gramáticas.
(C) encontrada nos livros técnicos.
(D) empregada com colegas. >
Tópico I –
Procedimentos de leitura
Descritor 1 –
Localizar informações explícitas em um texto
Como opera a máfia que transformou o
Brasil num dos campeões da fraude de medicamentos
É um dos
piores crimes que se podem cometer. As vítimas são homens, mulheres e crianças doentes — presas fáceis,
capturadas na esperança de recuperar a
saúde perdida. A máfia dos
medicamentos falsos é mais cruel do que as quadrilhas de narcotraficantes. Quando alguém
decide cheirar cocaína, tem absoluta consciência
do que coloca no corpo adentro. Às
vítimas dos que falsificam remédios não é dada oportunidade de escolha. Para o
doente, o remédio é compulsório. Ou ele toma o que o médico lhe receitou ou
passará a correr risco de piorar ou até morrer. Nunca como hoje os brasileiros
entraram numa farmácia com tanta reserva.
PASTORE, Karina. O Paraíso dos Remédios Falsificados.
Veja, nº 27. São Paulo: Abril, 8 jul. 1998, p. 40-41.
Segundo a autora, “um dos piores
crimes que se podem cometer” é
(A) a venda de narcóticos.
(B) a falsificação dos remédios.
(C) a receita de remédios
falsos. >
(D) a venda abusiva de remédios.
Descritor 3 – Inferir o sentido de uma
palavra ou expressão
Realidade
com muita fantasia
Nascido em
1937, o gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escritor,igualmente
atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda
um biógrafo de mão cheia e colaborador assíduo de
diversos jornais brasileiros. Seus livros para jovens e adultos são sucesso de
público e de crítica e alguns já foram publicados no exterior. Muito atento às
situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar combina em seus textos
indícios de uma realidade bastante concreta com cenas absolutamente
fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela
nascem os desfechos surpreendentes das histórias. Em sua
obra, são freqüentes questões de identidade judaica, do cotidiano da medicina e
do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em que matamos
James Cagney”.
Para Gostar de Ler, volume 27. Histórias sobre Ética. Ática,
1999.
A expressão sublinhada em “é ainda um biógrafo de mão
cheia” (ℓ. 2) e (ℓ. 3) significa
que
Scliar é
(A) crítico e detalhista.
(B) criativo e inconseqüente.
(C) habilidoso e talentoso. >
(D) inteligente e ultrapassado
Descritor 4 – Inferir uma informação
implícita no texto
O
texto conta a história de um homem que “entrou pelo cano”.
O Homem que
entrou pelo cano .Abriu a torneira e entrou pelo
cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do
tubo. Depois se acostumou. E, com a
água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e
ali ouvia barulhos familiares. Vez
ou outra um desvio, era uma seção que terminava
em torneira.
Vários dias
foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era
interessante. No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança
brincava. Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua
volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia
redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem
dentro da pia”. Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou,
abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São
Paulo: Global, 1988, p. 89.
O conto cria uma expectativa no leitor pela situação
incomum criada pelo enredo. O
resultado não foi o esperado porque
(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.
(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.
(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.
(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo
fato. >
Descritor 6 –
Identificar o tema de um texto
O Homem de Meia-Idade (Lenda chinesa)
Havia outrora um homem de meia-idade que
tinha duas esposas. Um dia, indo
visitar a mais jovem, esta lhe disse:
— Eu sou moça e você é velho; não gosto de
morar com você. Vá habitar com sua
esposa mais velha.
Para poder
ficar, o homem arrancou da cabeça os cabelos brancos. Mas, quando
foi visitar a esposa mais velha, esta lhe disse, por sua
vez:
— Eu sou velha e tenho a cabeça branca; arranque, pois,
os cabelos pretos que
tem. Então o homem arrancou os cabelos pretos para ficar
de cabeça branca. Como
repetisse sem tréguas tal procedimento, a cabeça tornou-se-lhe
inteiramente calva.
A essa altura, ambas as esposas acharam-no horrível e
ambas o abandonaram.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, RÓNAI, Paulo,
(orgs.) Mar de histórias. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1978. v. 1, p. 119
A idéia central do texto é
(A) o problema da calvície
masculina.
(B) a impossibilidade de agradar a
todos. >
(C) a vaidade dos homens.
(D) a insegurança na meia-idade
Descritor 14 – Distinguir um fato da
opinião relativa a esse fato
As enchentes de minha infância
Sim,
nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda,mas eu
invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o
rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos
Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até
onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da
cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo
porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a
família defronte teve medo. Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para
nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade
improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam
muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio
atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos,
torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de
manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio
baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes
chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava
águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez
crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.
BRAGA, Rubem. Ai de ti,
Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p. 157.
A expressão que revela
uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa
casa” (ℓ. 10), é
(A) “Às vezes chegava alguém
a cavalo...”
(B) “E às vezes o rio
atravessava a rua...”
(C) “e se tomava café
tarde da noite!”
(D) “Isso para nós era
uma festa...”
O que o resultado do
item indica?
Descritor 12 -
Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros
A antiga Roma
ressurge em cada detalhe
Dos 20.000
habitantes de Pompéia, só dois escaparam da fulminante erupção do vulcão
Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Varrida do mapa em horas, a cidade só foi
encontrada em 1748, debaixo de 6 metros de cinzas. Por ironia, a catástrofe
salvou Pompéia dos conquistadores e preservou-a para o futuro, como uma jóia
arqueológica.
Para quem já esteve lá, a visita é inesquecível. A
profusão de dados sobre a cidade permitiu ao Laboratório de Realidade Virtual
Avançada da Universidade Carnegie
Mellon, nos Estados Unidos, criar imagens minuciosas, com apoio do instituto
Americano de Arqueologia. Milhares de detalhes arquitetônicos tornaram-se
visíveis. As imagens mostram até que nas casas dos ricos se comia pão branco,
de farinha de trigo, enquanto na dos pobres comia-se pão preto, de centeio.
Outro mega
projeto, para ser concluído em 2020, da Universidade da Califórnia, trata da
restauração virtual da história de Roma, desde os primeiros habitantes, no
século XV a.C., até a decadência, no século V. Guias turísticos virtuais
conduzirão o visitante por paisagens animadas por figurantes. Edifícios,
monumentos, ruas, aquedutos, termas e sepulturas desfilarão, interativamente.
Será possível percorrer vinte séculos da história num dia. E ver com os
próprios olhos tudo aquilo que a literatura esforçou-se para contar com
palavras. (Revista Superinteressante, dezembro de 1998, p. 63. )
A finalidade principal do texto é
(A) convencer. (B)
relatar. (C) descrever. (D) informar. >
D21 – Reconhecer
posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao
mesmo tema
Texto I
Telenovelas
empobrecem o país
Parece que não há vida inteligente na telenovela
brasileira. O que se assiste todos os dias às 6, 7 ou 8 horas da noite é algo
muito pior do que os mais baratos filmes “B” americanos. Os diálogos são
péssimos. As atuações, sofríveis. Três minutos em frente a qualquer novela são
capazes de me deixar absolutamente entediado
– nada pode ser mais previsível. (Antunes Filho. Veja, 11/mar/96.)
Texto II
Novela é cultura
Veja – Novela de televisão aliena? Maria Aparecida –
Claro que não. Considerar a telenovela um produto cultural alienante é um
tremendo preconceito da universidade. Quem acha que novela aliena está na
verdade chamando o povo de débil mental. Bobagem imaginar que alguém é induzido
a pensar que a vida é um mar de rosas só por causa de um enredo açucarado. A
telenovela brasileira é um produto cultural de alta qualidade técnica, e
algumas delas são verdadeira obras de arte.
Veja, 24/jan/96.
Com relação ao tema “telenovela”
(A) nos textos I e II, encontra-se a mesma
opinião sobre a telenovela.
(B) no texto I, compara-se a
qualidade das novelas aos melhores filmes americanos.
(C) no texto II, algumas
telenovelas brasileiras são consideradas obras de arte. >
(D) no texto II, a telenovela é considerada uma bobagem.
Tópico IV – Coerência e coesão no
processamento do texto
Descritor 2 –
Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou
substituições que contribuem para a continuidade de um texto
A floresta
do contrário
Todas as florestas existem antes dos homens. Elas estão
lá e então o homem chega, vai destruindo, derruba as árvores, começa a
construir prédios, casas, tudo com muito tijolo e concreto. E poluição também.
Mas nesta floresta aconteceu o contrário. O que havia antes era uma cidade dos
homens, dessas bem poluídas, feia, suja, meio neurótica. Então as árvores foram
chegando, ocupando novamente o espaço, conseguiram expulsar toda aquela sujeira
e se instalaram no lugar.
É o que se
poderia chamar de vingança da natureza – foi assim que terminou seu relato o
amigo beija-flor. Por isso ele estava tão feliz, beijocando todas as flores –
aliás, um colibri bem assanhado, passava flor por ali, ele já sapecava um
beijão. Agora o Nan havia entendido por que uma ou outra árvore tinha parede
por dentro, e ele achou bem melhor assim. Algumas árvores chegaram a engolir
casas inteiras. Era um lugar muito bonito, gostoso de se ficar. Só que o Nan
não podia, precisava partir sem demora.
Foi se despedir do colibri, mas ele já estava namorando apertado a uma outra
florzinha, era melhor não atrapalhar.
LIMA, Ricardo da Cunha. Em busca do
tesouro de Magritte. São Paulo: FTD, 1988.
No trecho “Elas estão lá e então o
homem chega,...” (ℓ. 2), a palavra destacada refere-
se –a :
(A) flores. (B) casas. (C) florestas. > (D) árvores.
Descritor 10 –
Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de
Redação. São Paulo: Moderna, 2003.
O fato que gerou a história narrada
na tira é
(A) a indiferença de Helga. (B) a preguiça de Hagar. -----------------
(C) a preocupação de Helga. (D) o desinteresse de Hagar
Descritor 11 –
Estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos
do texto
A função da arte
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago
Kovadloff, levou-o para que descobrisse
o mar. Viajaram para o Sul.Ele, o mar,
estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram
aquelas alturas de areia, depois
de muito caminhar, o mar estava na frente de
seus olhos. E foi tanta a imensidão do
mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo
de beleza.E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao
pai:– Me ajuda a olhar!
ROXO, Maria do Rosário e Vitória Wilson.
Entre textos. V. 4, Editora Moderna.
O menino ficou
tremendo, gaguejando porque
(A) a viagem foi longa.
(B) as dunas eram muito
altas.
(C) o mar era imenso e
belo. ------------------
(D) o pai não o ajudou
a ver o mar.
Descritor 15 –
Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto,marcadas por
conjunções, advérbios, etc
Acho uma boa idéia abrir as escolas
no fim de semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém
responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer que se ofereça no dia. A
comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.
Poderiam ser feitas gincanas,
festas e até churrascos dentro da escola.
(Juliana Araújo e Souza) (Correio
Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.)
Em “A comunidade poderia interagir
e participar de atividades interessantes.” (ℓ. 3,4), a palavra destacada
indica :
(A) alternância. (B) oposição (C) adição x (D) explicação
Descritor 7 –
Identificar a tese de um texto
O
mercúrio onipresente (Fragmento)
Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o
mundo pensa ter descoberto tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam
a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos
envelhecidos. Quando toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários,
contaminam o lençol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o
mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas
espécies de peixes nas quais o nível de contaminação é particularmente elevado,
estaríamos bem. [...]. Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de passar
despercebido. Uma série de estudos recentes sugere que o metal potencialmente
mortífero está em toda parte — e é mais perigoso do que a maioria das pessoas
acredita. Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº
1927, 27/06/2006, p.114-115.
A tese defendida no texto está expressa no
trecho :
(A) as substâncias tóxicas, em aterros,
contaminam o lençol freático.
(B) o chumbo da gasolina ressurge
com a ação do tempo.
(C) o mercúrio apresenta alto teor
de periculosidade para a natureza.
(D) o total controle dos venenos ambientais é
impossível x
Descritor 8 – Estabelecer a relação entre a
tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la
Os filhos podem dormir com os pais? (Fragmento)
Maria Tereza
– Se é eventual, tudo bem. Quando é sistemático, prejudica a intimidade do
casal. De qualquer forma, é importante perceber as motivações subjacentes ao
pedido e descobrir outras maneiras aceitáveis de atendê-las. Por vezes, a
criança está com medo, insegura, ou sente que tem poucas oportunidades de
contato com os pais. Podem ser criados recursos próprios para lidar com seus
medos e inseguranças, fazendo ela se sentir mais competente.
Posternak –
Este hábito é bem freqüente. Tem a ver com comodismo – é mais rápido atender ao
pedido dos filhos que agüentar birra no meio da madrugada; e com culpa –
“coitadinho, eu saio quando ainda dorme e volto quando já está dormindo”.O que
falta são limites claros e concretos. A criança que “sacaneia” os pais para
dormir também o faz para comer, escolher roupa ou aceitar as saídas familiares.
ISTOÉ, setembro de 2003 -1772.
O argumento usado para mostrar que os pais agem por
comodismo encontra-se na alternativa
(A) a birra na madrugada é pior. x
(B) a criança tem motivações subjacentes.
(C) o fato é muitas vezes eventual.
(D) os limites estão claros.
Descritor 9 – Diferenciar as partes
principais das secundárias em um texto
Necessidade de alegria
O ator que fazia o papel de Cristo no espetáculo de Nova Jerusalém ficou
tão compenetrado da magnitude da tarefa que, de ano para ano, mais exigia de si
mesmo,
tanto na representação como na vida
rotineira.Não que pretendesse copiar o modelo divino, mas sentia necessidade de
aperfeiçoar-se moralmente, jamais se permitindo a prática de ações menos
nobres. E exagerou em contenção e silêncio. Sua vida tornou-se complicada, pois
os amigos de bar o estranhavam, os colegas de trabalho no escritório da Empetur
(Empresa Pernambucana de Turismo) passaram a olhá-lo com espanto, e em casa a
mulher reclamava do seu alheamento.
No
sexto ano de encenação do drama sacro, estava irreconhecível. Emagrecera,tinha
expressão sombria no olhar, e repetia maquinalmente as palavras tradicionais.Seu desempenho
deixou a desejar.Foi advertido pela Empetur e pela crítica: devia ser durante o
ano um homem alegre, descontraído, para tornar-se perfeito intérprete da Paixão
na hora certa. Além do mais, até a chegada a Jerusalém, Jesus era jovial e
costumava ir a festas. Ele não atendeu às ponderações, acabou destituído do
papel, abandonou a família, e dizem que
se alimenta de gafanhotos no agreste.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei.2ª ed. Rio de
Janeiro: Record, 1998. p. 56.)
Qual é a informação
principal no texto “Necessidade de alegria”?
(A) A arte de
representar exige compenetração.
(B) O ator pode
exagerar em contenção e silêncio.
(C) O ator precisa ser
alegre. x
(D) É necessário aperfeiçoar-se.
Tópico V – Relações entre recursos
expressivos e efeitos de sentido
Descritor 16 – Identificar efeitos de
ironia ou humor em textos variados
O
cabo e o soldado
Um cabo e um soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam
que a multidão fechada em círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do
que se tratava.
Não conseguindo ver nada, disse,
pedindo passagem:
— Eu sou irmão da vítima.Todos
olharam e logo o deixaram passar.Quando chegou ao centro da multidão, notou que
ali estava um burro que tinha acabado de ser atropelado e, sem graça, gaguejou
dizendo ao soldado: — Ora essa, o parente é seu.
( Revista Seleções. Rir é o melhor remédio.
12/98, p.91.)
No texto, o traço de humor está no
fato de
(A) o cabo e um soldado terem
dobrado a esquina.
(B) o cabo ter ido verificar do que
se tratava.
(C) todos terem olhado para o cabo.
(D) ter sido um burro a vítima do atropelamento.
Tópico V – Relações entre recursos expressivos e efeitos de
sentido
Descritor 17 –
Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações
Eu sou Clara
Sabe, toda a
vez que me olho no espelho, ultimamente, vejo o quanto eu mudei por fora. Tudo
cresceu: minha altura, meus cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu corpo tomou
novas formas: cintura, coxas, bumbum. Meus olhos (grandes e pretos)estão com um
ar mais ousado. Um brilho diferente. Eu gosto dos meus olhos. São bonitos.
Também gosto dos meus dentes, da minha franja... Meu grande problema são as
orelhas. Acho orelha uma coisa horrorosa, não sei por que (nunca vi ninguém com
uma orelha bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo cobre orelha! Chego à
conclusão de que tenho mais coisas que gosto do que desgosto em mim. Isso é
bom, muito bom. Se a gente não gostar da gente, quem é que vai gostar? (Ouvi
isso em algum lugar...) Pra eu me gostar assim, tenho que me esforçar um monte.
Tomo o maior
cuidado com a pele por causa das malditas espinhas (babo quando vejo um
chocolate!). Não como gordura (é claro que maionese não falta no meu sanduíche
com batata frita, mas tudo light...) nem tomo muito refri (celulite!!!).Procuro
manter a forma. Às vezes sinto vontade de fazer tudo ao contrário: comer,comer,
comer... Sair da aula de ginástica, suando, e tomar três garrafas de
refrigerante geladinho. Pedir cheese bacon com um mundo de maionese.
Engraçado isso.
As pessoas exigem que a gente faça um tipo e o pior é que a gente acaba
fazendo. Que droga! Será que o mundo feminino inteiro tem que ser igual?
Parecer com a Luíza Brunet ou com a Bruna Lombardi ou sei lá com quem? Será que
tem que ser assim mesmo?Por que um monte de garotas que eu conheço vivem cheias
de complexos?Umas porque são mais gordinhas. Outras porque os cabelos são
crespos ou porque são um pouquinho narigudas. Eu não sei como me sentiria se
fosse gorda, ou magricela, ou nariguda, ou dentuça, ou tudo junto.
Talvez
sofresse, odiasse comprar roupas, não fosse a festas...Não mesmo! Bobagem!
Minha mãe sempre diz que beleza é “um conceito muito relativo”.O que pode ser
bonito pra uns, pode não ser pra outros. Ela também fala sempre que existem
coisas muito mais importantes que tornam uma mulher atraente: inteligência e
charme, por exemplo. Acho que minha mãe está coberta de razão! Pois bem, eu sou
Clara. Com um pouco de tudo e muito de nada.
(RODRIGUES, Juciara. Difícil
decisão. São Paulo: Atual, 1996.)
No trecho “...nem tomo muito refri (celulite!!!).”
(ℓ.14), a repetição do “ponto de exclamação” sugere que a personagem tem
(A) incerteza quanto às causas da celulite.
(B) medo da ação do refrigerante.
(C) horror ao aparecimento da celulite. xxxxxxxxxx
(D) preconceito contra os efeitos da celulite.
Descritor 18 –
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra
ou expressão
A
beleza total
A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e
a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a
refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o
corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do
banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.A moça já não
podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes,
por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro,
que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O
Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela.
A moça vivia confinada num salão em que só
penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre
o peito.Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino
fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar
puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua
beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de
Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando
no salão fechado a sete chaves.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos
plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985)
Em que oração, adaptada do texto, o
verbo personificou um objeto?
(A) O espelho partiu-se em mil
estilhaços.
(B) Os veículos paravam contra a
vontade dos condutores.
(C) O Senado aprovou uma lei em
regime de urgência.
(D) Os espelhos pasmavam diante do rosto de Gertrudes.
Xxxxxxxxxxx
Descritor 19 –
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos
A
chuva
A chuva derrubou as pontes. A chuva
transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as
praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e
seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A
chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva
anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas
sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos
dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva
murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis.
A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua
crina. A chuva encheu a piscina. A chuva
com
as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A
chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os
móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu
baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva
pingou pelo teto.A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A
chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A
chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A
chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.
(ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.)
Todas as frases do texto começam
com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para
(A) provocar a percepção do ritmo e
da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de
relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons
repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a
continuidade da chuva. xxxxxxxxxx
Tópico VI
– Variação Lingüística
Avalia a habilidade do aluno de perceber as marcas lingüísticas
identificadoras do locutor e do interlocutor, assim como situações de
interlocução do texto e as possíveis variações da fala.
Descritor 13 –
Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de
um texto
O homem que
entrou pelo cano
Abriu a torneira e entrou pelo
cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo.Depois se acostumou. E, com
a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares.
Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.Vários dias foi
rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era
interessante.
No primeiro desvio, entrou. Vozes
de mulher. Uma criança brincava.
Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era
um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande,
a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. Não
obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele
desceu pelo esgoto.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola.
Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.
Na frase “Mamãe, tem um homem
dentro da pia.” (ℓ. 9), o verbo empregado representa,
no contexto, uma marca de
(A) registro oral formal.
(B) registro oral informal.
(C) falar regional.
(D) falar caipira.
quais sao as repostas e como chegaremos nelas
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