sábado, 4 de abril de 2015

A Boneca Guilhermina

                                                 Descritores

Descritor 1 – Localizar informações explícitas em um texto: Exemplo de item:

                                         O disfarce dos bichos

Você já tentou pegar um galhinho seco e ele virou bicho, abriu asas e voou? Se isso aconteceu é porque o graveto era um inseto conhecido como “bicho-pau”. Ele é tão parecido com o galhinho, que pode ser confundido com o graveto. Existem lagartas que se parecem com raminhos de plantas. E há grilos que imitam folhas. Muitos animais ficam com a cor e a forma dos lugares em que estão. Eles fazem isso para se defender dos inimigos ou capturar outros bichos que servem de alimento. Esses truques são chamados de mimetismo, isto é, imitação. O cientista inglês Henry Walter Bates foi quem descobriu o mimetismo. Ele passou11 anos na selva amazônica estudando os animais.  MAVIAEL MONTEIRO, José. Bichos que usam disfarces para defesa. FOLHINHA, 6 NOV. 1993.
O bicho-pau se parece com:

(A)     florzinha seca.  (B) folhinha verde.  (C) galhinho seco.  (D) raminho de planta.



Descritor 4 – Inferir uma informação implícita no texto  : Exemplo de item:
                                                       
                                                         Talita

Talita tinha a mania de dar nomes de gente aos objetos da casa, e tinham de ser nomes que rimassem. Assim, por exemplo, a mesa, para Talita, era Dona Teresa, a poltrona era Vó Gordona, o armário era o Doutor Mário. A escada era Dona Ada, a escrivaninha era Tia Sinhazinha, a lavadora era Prima Dora, e assim por diante. Os pais de Talita achavam graça e topavam a brincadeira. Então, podiam-se ouvir conversas tipo como esta:
— Filhinha, quer trazer o jornal que está em cima da Tia Sinhazinha!
— É pra já, papai. Espere sentado na Vó Gordona, que eu vou num pé e volto noutro.Ou então:
— Que amolação, Prima Dora está entupida, não lava nada! Precisa chamar o mecânico.
— Ainda bem que tem roupa limpa dentro do Doutor Mário, né mamãe? E todos riam.
BELINKY, Tatiana. A operação do Tio Onofre: uma história policial. São Paulo: Ática, 1985.

A   mania de Talita de dar nome de gente aos objetos da casa demonstra que ela é

(A) curiosa.              (B) exagerada.       (C) estudiosa       (D) criativa.

 Descritor 6 – Identificar o tema de um texto
                                                   
                                              A Boneca Guilhermina

    Esta é a minha boneca, a Guilhermina. Ela é uma boneca muito bonita, que faz xixi e cocô. Ela é muito boazinha também. Faz tudo o que eu mando. Na hora de dormir, reclama um pouco. Mas depois que pega no sono, dorme a noite inteira! Às vezes ela acorda no meio da noite e diz que está com sede. Daí eu dou água para ela. Daí ela faz xixi e eu troco a fralda dela. Então eu ponho a Guilhermina dentro do armário, de castigo. Mas quando ela chora, eu não agüento. Eu vou até lá e pego a minha boneca no colo. A Guilhermina é a boneca mais bonita da rua.

MUILAERT, A. A boneca Guilhermina. In: __ As reportagens de Penélope. São Paulo: Companhia das  Letrinhas, 1997. p. 17. Coleção Castelo
Rá-Tim-Bum – vol. 8.

O texto trata, PRINCIPALMENTE :
 (A) das aventuras de uma menina.               
(B) das brincadeiras de uma boneca.
(C) de uma boneca muito especial.              
(D) do dia-a-dia de uma menina.

Descritor 09 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros
                                                       EVA FURNARI

EVA FURNARI - Uma das principais figuras da literatura para crianças. Eva Furnari nasceu em Roma (Itália) em 1948 e chegou ao Brasil em 1950, radicando-se em São Paulo. Desde muito jovem, sua atração eram os livros de estampas e não causa estranhamento algum imaginá-Ia envolvida com cores, lápis e pincéis, desenhando
mundos e personagens para habitá-Ios... Suas habilidades criativas encaminharam-na, primeiramente, ao universo das Artes Plásticas expondo, em 1971, desenhos e pinturas na Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna, em uma mostra individual.

Paralelamente, cursou a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, formando-se no ano de 1976. No entanto, erguer prédios tornou-se pouco atraente quando encontrou a experiência das narrativas visuais. Iniciou sua carreira como autora e ilustradora, publicando histórias sem texto verbal, isto é, contadas apenas por imagens. Seu primeiro livro foi lançado pela Ática, em 1980, Cabra-cega, inaugurando a coleção Peixe Vivo, premiada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -FNLlJ. Ao longo de sua carreira, Eva Furnari recebeu muitos prêmios, entre eles contam o Jabuti de “Melhor Ilustração” - Trucks (Ática, 1991), A bruxa Zelda e os 80 docinhos (1986) e Anjinho (1998) - setes láureas concedidas pela FNLlJ e o Prêmio APCA pelo conjunto de sua obra.                                                

http://caracal. imaginaria. cam/autog rafas/evafurnari/index. HTML

 A finalidade do texto é:

(A) apresentar dados sobre vendas de livros.  (B) divulgar os livros de uma autora.
(C) informar sobre a vida de uma autora.         (D) instruir sobre o manuseio de livros

A habilidade que pode ser avaliada com itens relativos a este descritor diz respeito ao reconhecimento, por parte do aluno, do gênero ao qual se refere o texto- base, identificando, dessa forma, qual o objetivo do texto: informar, convencer, advertir, instruir, explicar, comentar, divertir, solicitar, recomendar etc.


                                              Tópico III – Relação entre textos

Descritor 15 – Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido
                     Convite  1                                                     Convite  2

                       
      
 Ao compararmos os dois convites notamos que são diferentes porque

 A) os dois pertencem ao mundo real.  
(B) os dois pertencem ao mundo imaginário.
(C) apenas o primeiro convite pertence ao mundo real.
(D) os dois têm as mesmas informações para os convidados.

 Tópico IV – Coerência e coesão no processamento do texto

Descritor 2 – Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto

                                          A Costureira das Fadas
(Fragmento)
Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma inventava as modas.
– Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte. Disse e retirou-se.

Dona Aranha tomou da fita métrica e, ajudada por seis aranhinhas muito espertas, principiou a tomar as medidas. Depois teceu depressa,depressa, uma fazenda cor-de-rosa com estrelinhas douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar. Teceu também peças de fita e peças de renda e de entremeio —até carretéis de linha de seda fabricou.
MONTEIRO LOBATO, José Bento. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1973.

“— Dona Aranha — disse o príncipe — quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte.”

A expressão vê-la (ℓ. 5) se refere à

   (A) Fada.           (B) Cinderela.                (C) Dona Aranha.             (D) Narizinho


Descritor 7 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa

                                                      A Raposa  e o Cancão

Passara a manhã chovendo, e o Cancão todo molhado, sem poder voar, estava tristemente pousado à beira de uma estrada. Veio a raposa e levou-o na boca para os filhinhos. Mas o caminho era longo e o sol ardente. Mestre Cancão enxugou e começou a cuidar do meio de escapar à raposa. Passam perto de um povoado. Uns meninos que brincavam começam a dirigir desaforos à astuciosa caçadora. Vai o Cancão e fala:
— Comadre raposa, isto é um desaforo! Eu se fosse você não agüentava! Passava
uma descompostura!...A raposa abre a boca num impropério terrível contra a criançada. O Cancão voa, pousa triunfantemente num galho e ajuda a vaiá-la...
CASCUDO, Luís Câmara. Contos tradicionais do Brasil. 16ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

No final da história, a raposa foi  :

(  A   ) corajosa.     (  B  ) cuidadosa.          (  C  ) esperta.                (  D  ) ingênua.

         Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa

Toda narrativa obedece a um esquema de constituição, de organização, que, salvo algumas alterações, compreende as seguintes partes:

I) Introdução ou Apresentação – corresponde ao momento inicial da narrativa,marcado por um estado de equilíbrio, em que tudo parece conformar-se à normalidade. Do ponto de vista da construção da narrativa, nesta parte, são indicadas as circunstâncias da história, ou seja, o local e o tempo em que decorrerá a ação e apresentadas as personagens principais (os protagonistas); tal apresentação se dá por meio de elementos descritivos (físicos, psicológicos, morais, e outros). Cria - se, assim, um cenário e um tempo para os personagens iniciarem suas ações; já se pode antecipar alguma direção para o enredo da narrativa. É, portanto, o segmento  da ordem existente.

II) O segundo momento – Desenvolvimento e Complicação – corresponde ao bloco em que se sucedem os acontecimentos, numa determinada ordem e com a intervenção do(s) protagonistas. Corresponde, ainda, ao bloco em que se instala o conflito, a complicação ou a quebra daquele equilíbrio inicial, com a intervenção opositora do(s) antagonista(s) – (personagem (ns) que, de alguma forma, tenta(m) impedir o protagonista de realizar seus projetos, normalmente positivos). É, portanto, o segmento da ordem perturbada.

III) O terceiro momento – Clímax – corresponde ao bloco em que a narrativa chega
ao momento crítico, ou seja, ao momento em que se viabiliza o desfecho da narrativa.

IV) O quarto e último momento – Desfecho ou desenlace – corresponde ao segmento
em que se dá a resolução do conflito. Dentro dos padrões convencionais, em geral, a narrativa acaba com um desfecho favorável. Daí o tradicional “final feliz”.

Descritor 8 – Estabelecer a relação causa/conseqüência entre partes e elementos do texto

A Costureira das Fadas

Depois do jantar, o príncipe levou Narizinho à casa da melhor costureira do reino. Era uma aranha de Paris, que sabia fazer vestidos lindos, lindos até não poder mais! Ela mesma tecia a fazenda, ela mesma inventava as modas.
– Dona Aranha – disse o príncipe – quero que faça para esta ilustre dama o vestido mais bonito do mundo. Vou dar uma grande festa em sua honra e quero vê-la deslumbrar a corte. Disse e retirou-se. Dona Aranha tomou da fita métrica e, ajudada por seis aranhinhas muito espertas, principiou a tomar as medidas. Depois teceu depressa, depressa, uma fazenda cor-de-rosa com estrelinhas douradas, a coisa mais linda que se possa imaginar. Teceu também peças de fita e peças de renda e de entremeio — até carretéis de linha de seda fabricou.
MONTEIRO LOBATO, José Bento. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1973


O príncipe quer dar um vestido para Narizinho porque:

(A) ela deseja ter um vestido de baile.   (B) o príncipe vai se casar com Narizinho.
(C) ela deseja um vestido cor-de-rosa.   (D) o príncipe fará uma festa para Narizinho. 

Descritor 12 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc

                                                Poluição do solo

É na camada mais externa da superfície terrestre, chamada solo, que se desenvolvem
os vegetais. Quando o solo é contaminado, tanto os cursos subterrâneos de água como as plantas podem ser envenenadas. Os principais poluentes do solo são os produtos químicos usados na agricultura. Eles servem para destruir pragas e ervas daninhas, mas também causam sérios estragos ambientais. O lixo produzido pelas fábricas e residências também pode poluir o solo. Baterias e pilhas jogadas no lixo, por exemplo, liberam líquidos tóxicos e corrosivos. Nos aterros, onde o lixo das cidades é despejado, a decomposição da matéria orgânica gera um líquido escuro e de mau cheiro chamado chorume, que penetra no solo e contamina mesmo os cursos de água que passam bem abaixo da superfície.   Almanaque Recreio. São Paulo: Abril. Almanaques CDD_056-9. 2003.

No trecho “É na camada mais externa da superfície terrestre” (ℓ.1), a expressão sublinhada indica :

(A) causa.
(B) finalidade.
(C) lugar.    >
(D) tempo.

Tópico V – Relações entre Recursos Expressivos e Efeitos de Sentido 
Descritor 13 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados

Exemplo de item:
                                                        Continho
Era uma vez um menino triste, magro e barrigudinho. Na soalheira danada de
meio-dia, ele estava sentado na poeira do caminho, imaginando bobagem, quando passou um vigário a cavalo.
— Você, aí, menino, para onde vai essa estrada?
— Ela não vai não: nós é que vamos nela.
— Engraçadinho duma figa! Como você se chama?
— Eu não me chamo, não, os outros é que me chamam de Zé.
MENDES CAMPOS, Paulo, Para gostar de ler - Crônicas. São Paulo: Ática, 1996, v. 1 p. 76.

Há traço de humor no trecho
(A) “Era uma vez um menino triste, magro”. (ℓ. 1)
(B) “ele estava sentado na poeira do caminho”. (ℓ. 1-2)
(C) “quando passou um vigário”. (ℓ. 2)
(D) “Ela não vai não: nós é que vamos nela”. (ℓ. 4)  >

Descritor 14 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação
e de outras notações :
                             O que disse o passarinho

Um passarinho me contou que o elefante brigou com a formiga só porque enquanto dançavam (segundo ele) ela pisou no pé dele!Um passarinho me contou que o jacaré se engasgou e teve de cuspi-lo inteirinho quando tentou engolir, imaginem só, um porco-espinho!Um passarinho me contou que o namoro do tatu e a tartaruga deu num casamento de fazer dó: cada qual ficou morando em sua casca em vez de morar numa casca só. Um passarinho me contou que a ostra é muito fechada, que a cobra é muito enrolada que a arara é uma cabeça oca, e que o leão-marinho e a foca... Xô xô, passarinho, chega de fofoca!

PAES, José Paulo. O que disse o passarinho. In: ____.Um passarinho me contou. São Paulo: Editora    Ática, 1996.

A pontuação usada no final do verso “e que o leão-marinho e a foca...” (ℓ. 20) sugere   que o passarinho
(A) está cansado.
(B) está confuso.
(C) não tem mais fofocas para contar.
(D) ainda tem fofocas para contar     >
Descritor 10 – Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto

                                                                Carta
     Lorelai: Era tão bom quando eu morava lá na roça. A casa tinha um quintal com milhões de coisas, tinha até um galinheiro. Eu conversava com tudo quanto era galinha, cachorro, gato, lagartixa, eu conversava com tanta gente que você nem imagina,Lorelai. Tinha árvore para subir, rio passando no fundo, tinha cada esconderijo tão bom que a gente podia ficar escondida a vida toda que ninguém achava. Meu pai e minha mãe viviam rindo, andavam de mão dada, era uma coisa muito legal da gente ver. Agora, tá tudo diferente: eles vivem de cara fechada, brigam à toa,discutem por qualquer coisa. E depois, toca todo mundo a ficar emburrando. Outro dia eu perguntei: o que é que tá acontecendo que toda hora tem briga? Sabe o que é que eles falaram? Que não era assunto para criança. E o pior é que esse negócio de emburramento em casa me dá uma aflição danada. Eu queria tanto achar um jeito de não dar mais bola pra briga e pra cara amarrada. Será que você não acha um jeito pra mim? Um beijo da Raquel.

NUNES, Lygia Bojunga. A Bolsa Amarela – 31ª ed. Rio de Janeiro: Agir, 1998.

Em “Agora tá tudo diferente:” (ℓ. 7), a palavra destacada é um exemplo de linguagem

(A) ensinada na escola.
(B) estudada nas gramáticas.
(C) encontrada nos livros técnicos.
(D) empregada com colegas.  >

Tópico I – Procedimentos de leitura
Descritor 1 – Localizar informações explícitas em um texto

           Como opera a máfia que transformou o Brasil num dos campeões da fraude de medicamentos
        É um dos piores crimes que se podem cometer. As vítimas são homens, mulheres e crianças doentes — presas fáceis, capturadas na esperança de recuperar a saúde perdida. A máfia dos medicamentos falsos é mais cruel do que as quadrilhas de narcotraficantes. Quando alguém decide cheirar cocaína, tem absoluta consciência do que coloca no corpo adentro. Às vítimas dos que falsificam remédios não é dada oportunidade de escolha. Para o doente, o remédio é compulsório. Ou ele toma o que o médico lhe receitou ou passará a correr risco de piorar ou até morrer. Nunca como hoje os brasileiros entraram numa farmácia com tanta reserva.
PASTORE, Karina. O Paraíso dos Remédios Falsificados. Veja, nº 27. São Paulo: Abril, 8 jul. 1998, p. 40-41.





Segundo a autora, “um dos piores crimes que se podem cometer” é

(A) a venda de narcóticos.
(B) a falsificação dos remédios.
(C) a receita de remédios falsos.  >
(D) a venda abusiva de remédios.


    Descritor 3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão

                                    Realidade com muita fantasia

   Nascido em 1937, o gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escritor,igualmente atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda
um biógrafo de mão cheia e colaborador assíduo de diversos jornais brasileiros. Seus livros para jovens e adultos são sucesso de público e de crítica e alguns já foram publicados no exterior. Muito atento às situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar combina em seus textos indícios de uma realidade bastante concreta com cenas absolutamente fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela
nascem os desfechos surpreendentes das histórias. Em sua obra, são freqüentes questões de identidade judaica, do cotidiano da medicina e do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em que matamos James Cagney”.
Para Gostar de Ler, volume 27. Histórias sobre Ética. Ática, 1999.

A expressão sublinhada em “é ainda um biógrafo de mão cheia” (ℓ. 2) e (ℓ. 3) significa
que  Scliar é

(A) crítico e detalhista.
(B) criativo e inconseqüente.
(C) habilidoso e talentoso.   >
(D) inteligente e ultrapassado

Descritor 4 – Inferir uma informação implícita no texto

            O texto conta a história de um homem que “entrou pelo cano”.

      O Homem que entrou pelo cano .Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.
    Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante. No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.

O conto cria uma expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O
resultado não foi o esperado porque

(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.
(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.
(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.
(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.  >





                            Descritor 6 – Identificar o tema de um texto

                                           O Homem de Meia-Idade  (Lenda chinesa)

Havia outrora um homem de meia-idade que tinha duas esposas. Um dia, indo
visitar a mais jovem, esta lhe disse:
— Eu sou moça e você é velho; não gosto de morar com você. Vá habitar com sua
esposa mais velha.
      Para poder ficar, o homem arrancou da cabeça os cabelos brancos. Mas, quando
foi visitar a esposa mais velha, esta lhe disse, por sua vez:
— Eu sou velha e tenho a cabeça branca; arranque, pois, os cabelos pretos que
tem. Então o homem arrancou os cabelos pretos para ficar de cabeça branca. Como
repetisse sem tréguas tal procedimento, a cabeça  tornou-se-lhe  inteiramente calva.
A essa altura, ambas as esposas acharam-no horrível e ambas o abandonaram.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, RÓNAI, Paulo, (orgs.) Mar de histórias. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1978. v. 1, p. 119

 A idéia central do texto é
(A) o problema da calvície masculina.
(B) a impossibilidade de agradar a todos.  >
(C) a vaidade dos homens.
(D) a insegurança na meia-idade

Descritor 14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato

                                              As enchentes de minha infância
  Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda,mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio. Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo. Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a  favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do  Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p. 157.
A expressão que revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa
casa” (ℓ. 10), é
(A) “Às vezes chegava alguém a cavalo...”
(B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”
(C) “e se tomava café tarde da noite!”
(D) “Isso para nós era uma festa...”
O que o resultado do item indica?

Descritor 12 - Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros

                             A antiga Roma ressurge em cada detalhe

 Dos 20.000 habitantes de Pompéia, só dois escaparam da fulminante erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Varrida do mapa em horas, a cidade só foi encontrada em 1748, debaixo de 6 metros de cinzas. Por ironia, a catástrofe salvou Pompéia dos conquistadores e preservou-a para o futuro, como uma jóia arqueológica.
Para quem já esteve lá, a visita é inesquecível. A profusão de dados sobre a cidade permitiu ao Laboratório de Realidade Virtual Avançada da Universidade  Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, criar imagens minuciosas, com apoio do instituto Americano de Arqueologia. Milhares de detalhes arquitetônicos tornaram-se visíveis. As imagens mostram até que nas casas dos ricos se comia pão branco, de farinha de trigo, enquanto na dos pobres comia-se pão preto, de centeio.
    Outro mega projeto, para ser concluído em 2020, da Universidade da Califórnia, trata da restauração virtual da história de Roma, desde os primeiros habitantes, no século XV a.C., até a decadência, no século V. Guias turísticos virtuais conduzirão o visitante por paisagens animadas por figurantes. Edifícios, monumentos, ruas, aquedutos, termas e sepulturas desfilarão, interativamente. Será possível percorrer vinte séculos da história num dia. E ver com os próprios olhos tudo aquilo que a literatura esforçou-se para contar com palavras.                    (Revista Superinteressante, dezembro de 1998, p. 63. )


   A finalidade principal do texto é

  (A) convencer.        (B) relatar.       (C) descrever.     (D) informar. >


D21 – Reconhecer posições distintas entre duas ou mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema

                                                            Texto I
                                    Telenovelas empobrecem o país
Parece que não há vida inteligente na telenovela brasileira. O que se assiste todos os dias às 6, 7 ou 8 horas da noite é algo muito pior do que os mais baratos filmes “B” americanos. Os diálogos são péssimos. As atuações, sofríveis. Três minutos em frente a qualquer novela são capazes de me deixar absolutamente entediado
– nada pode ser mais previsível.                  (Antunes Filho. Veja, 11/mar/96.)

                                                        Texto II
                                              Novela é cultura

Veja – Novela de televisão aliena? Maria Aparecida – Claro que não. Considerar a telenovela um produto cultural alienante é um tremendo preconceito da universidade. Quem acha que novela aliena está na verdade chamando o povo de débil mental. Bobagem imaginar que alguém é induzido a pensar que a vida é um mar de rosas só por causa de um enredo açucarado. A telenovela brasileira é um produto cultural de alta qualidade técnica, e algumas delas são verdadeira obras de arte.
Veja, 24/jan/96.
Com relação ao tema “telenovela”

 (A) nos textos I e II, encontra-se a mesma opinião sobre a telenovela.
(B) no texto I, compara-se a qualidade das novelas aos melhores filmes americanos.
(C) no texto II, algumas telenovelas brasileiras são consideradas obras de arte. >
(D) no texto II, a telenovela é considerada uma bobagem.

Tópico IV – Coerência e coesão no processamento do texto

Descritor 2 – Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto

                                   A floresta do contrário

Todas as florestas existem antes dos homens. Elas estão lá e então o homem chega, vai destruindo, derruba as árvores, começa a construir prédios, casas, tudo com muito tijolo e concreto. E poluição também. Mas nesta floresta aconteceu o contrário. O que havia antes era uma cidade dos homens, dessas bem poluídas, feia, suja, meio neurótica. Então as árvores foram chegando, ocupando novamente o espaço, conseguiram expulsar toda aquela sujeira e se instalaram no lugar.
   É o que se poderia chamar de vingança da natureza – foi assim que terminou seu relato o amigo beija-flor. Por isso ele estava tão feliz, beijocando todas as flores – aliás, um colibri bem assanhado, passava flor por ali, ele já sapecava um beijão. Agora o Nan havia entendido por que uma ou outra árvore tinha parede por dentro, e ele achou bem melhor assim. Algumas árvores chegaram a engolir casas inteiras. Era um lugar muito bonito, gostoso de se ficar. Só que o Nan não podia, precisava  partir sem demora. Foi se despedir do colibri, mas ele já estava namorando apertado a uma outra florzinha, era melhor não atrapalhar.
LIMA, Ricardo da Cunha. Em busca do tesouro de Magritte. São Paulo: FTD, 1988.
No trecho “Elas estão lá e então o homem chega,...” (ℓ. 2), a palavra destacada refere-
se –a  :
     (A) flores.     (B) casas.     (C) florestas.    >               (D) árvores.
Descritor 10 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa

           SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de Redação. São Paulo: Moderna, 2003.

O fato que gerou a história narrada na tira é

(A) a indiferença de Helga.                 (B) a preguiça de Hagar.                         -----------------
(C) a preocupação de Helga.             (D) o desinteresse de Hagar

Descritor 11 – Estabelecer relação causa/conseqüência entre partes e elementos
do texto

                                                A função da arte
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse
o mar. Viajaram para o Sul.Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois
de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do
mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:– Me ajuda a olhar!
  ROXO, Maria do Rosário e Vitória Wilson. Entre textos. V. 4, Editora Moderna.

O menino ficou tremendo, gaguejando porque
(A) a viagem foi longa.
(B) as dunas eram muito altas.
(C) o mar era imenso e belo.       ------------------
(D) o pai não o ajudou a ver o mar.

Descritor 15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto,marcadas por conjunções, advérbios, etc
Acho uma boa idéia abrir as escolas no fim de semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.
Poderiam ser feitas gincanas, festas e até churrascos dentro da escola.
(Juliana Araújo e Souza)    (Correio Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.)

Em “A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.” (ℓ. 3,4), a palavra destacada indica  :

(A) alternância.        (B) oposição            (C) adição  x                         (D) explicação



                          Descritor 7 – Identificar a tese de um texto

                                       O mercúrio onipresente (Fragmento)

Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...]. Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma série de estudos recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita.    Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115.

 A tese defendida no texto está expressa no trecho :

(A) as substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático.
(B) o chumbo da gasolina ressurge com a ação do tempo.
(C) o mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza.
(D) o total controle dos venenos ambientais é impossível                x



 Descritor 8 – Estabelecer a relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la
                      
                            Os filhos podem dormir com os pais?  (Fragmento)

     Maria Tereza – Se é eventual, tudo bem. Quando é sistemático, prejudica a intimidade do casal. De qualquer forma, é importante perceber as motivações subjacentes ao pedido e descobrir outras maneiras aceitáveis de atendê-las. Por vezes, a criança está com medo, insegura, ou sente que tem poucas oportunidades de contato com os pais. Podem ser criados recursos próprios para lidar com seus medos e inseguranças, fazendo ela se sentir mais competente.
   Posternak – Este hábito é bem freqüente. Tem a ver com comodismo – é mais rápido atender ao pedido dos filhos que agüentar birra no meio da madrugada; e com culpa – “coitadinho, eu saio quando ainda dorme e volto quando já está dormindo”.O que falta são limites claros e concretos. A criança que “sacaneia” os pais para dormir também o faz para comer, escolher roupa ou aceitar as saídas familiares. ISTOÉ, setembro de 2003 -1772.

O argumento usado para mostrar que os pais agem por comodismo encontra-se na alternativa

(A) a birra na madrugada é pior.                                                     x
(B) a criança tem motivações subjacentes.
(C) o fato é muitas vezes eventual.
(D) os limites estão claros.





Descritor 9 – Diferenciar as partes principais das secundárias em um texto

                                        Necessidade de alegria

        O ator que fazia o papel de Cristo no espetáculo de Nova Jerusalém ficou tão compenetrado da magnitude da tarefa que, de ano para ano, mais exigia de si mesmo,
tanto na representação como na vida rotineira.Não que pretendesse copiar o modelo divino, mas sentia necessidade de aperfeiçoar-se moralmente, jamais se permitindo a prática de ações menos nobres. E exagerou em contenção e silêncio. Sua vida tornou-se complicada, pois os amigos de bar o estranhavam, os colegas de trabalho no escritório da Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo) passaram a olhá-lo com espanto, e em casa a mulher reclamava do seu alheamento.
    No sexto ano de encenação do drama sacro, estava irreconhecível. Emagrecera,tinha expressão sombria no olhar, e repetia maquinalmente  as palavras tradicionais.Seu desempenho deixou a desejar.Foi advertido pela Empetur e pela crítica: devia ser durante o ano um homem alegre, descontraído, para tornar-se perfeito intérprete da Paixão na hora certa. Além do mais, até a chegada a Jerusalém, Jesus era jovial e costumava ir a festas. Ele não atendeu às ponderações, acabou destituído do papel, abandonou a  família, e dizem que se alimenta de gafanhotos no agreste.
              (ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei.2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 56.)

Qual é a informação principal no texto “Necessidade de alegria”?

(A) A arte de representar exige compenetração.
(B) O ator pode exagerar em contenção e silêncio.
(C) O ator precisa ser alegre.  x
(D) É necessário aperfeiçoar-se.

Tópico V – Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido
Descritor 16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados

                                          O cabo e o soldado

    Um cabo e um soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam que a multidão fechada em círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do que se tratava.
Não conseguindo ver nada, disse, pedindo passagem:
— Eu sou irmão da vítima.Todos olharam e logo o deixaram passar.Quando chegou ao centro da multidão, notou que ali estava um burro que tinha acabado de ser atropelado e, sem graça, gaguejou dizendo ao soldado: — Ora essa, o parente é seu.
                            (  Revista Seleções. Rir é o melhor remédio. 12/98, p.91.)

No texto, o traço de humor está no fato de
(A) o cabo e um soldado terem dobrado a esquina.
(B) o cabo ter ido verificar do que se tratava.
(C) todos terem olhado para o cabo.
(D) ter sido um burro a vítima do atropelamento.


          Tópico V – Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido


Descritor 17 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações

                                                           Eu sou Clara
   
      Sabe, toda a vez que me olho no espelho, ultimamente, vejo o quanto eu mudei por fora. Tudo cresceu: minha altura, meus cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu corpo tomou novas formas: cintura, coxas, bumbum. Meus olhos (grandes e pretos)estão com um ar mais ousado. Um brilho diferente. Eu gosto dos meus olhos. São bonitos. Também gosto dos meus dentes, da minha franja... Meu grande problema são as orelhas. Acho orelha uma coisa horrorosa, não sei por que (nunca vi ninguém com uma orelha bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo cobre orelha! Chego à conclusão de que tenho mais coisas que gosto do que desgosto em mim. Isso é bom, muito bom. Se a gente não gostar da gente, quem é que vai gostar? (Ouvi isso em algum lugar...) Pra eu me gostar assim, tenho que me esforçar um monte.
   Tomo o maior cuidado com a pele por causa das malditas espinhas (babo quando vejo um chocolate!). Não como gordura (é claro que maionese não falta no meu sanduíche com batata frita, mas tudo light...) nem tomo muito refri (celulite!!!).Procuro manter a forma. Às vezes sinto vontade de fazer tudo ao contrário: comer,comer, comer... Sair da aula de ginástica, suando, e tomar três garrafas de refrigerante geladinho. Pedir cheese bacon com um mundo de maionese.
    Engraçado isso. As pessoas exigem que a gente faça um tipo e o pior é que a gente acaba fazendo. Que droga! Será que o mundo feminino inteiro tem que ser igual? Parecer com a Luíza Brunet ou com a Bruna Lombardi ou sei lá com quem? Será que tem que ser assim mesmo?Por que um monte de garotas que eu conheço vivem cheias de complexos?Umas porque são mais gordinhas. Outras porque os cabelos são crespos ou porque são um pouquinho narigudas. Eu não sei como me sentiria se fosse gorda, ou magricela, ou nariguda, ou dentuça, ou tudo junto.
       Talvez sofresse, odiasse comprar roupas, não fosse a festas...Não mesmo! Bobagem! Minha mãe sempre diz que beleza é “um conceito muito relativo”.O que pode ser bonito pra uns, pode não ser pra outros. Ela também fala sempre que existem coisas muito mais importantes que tornam uma mulher atraente: inteligência e charme, por exemplo. Acho que minha mãe está coberta de razão! Pois bem, eu sou Clara. Com um pouco de tudo e muito de nada.    (RODRIGUES, Juciara. Difícil decisão. São Paulo: Atual, 1996.)


No trecho “...nem tomo muito refri (celulite!!!).” (ℓ.14), a repetição do “ponto de exclamação” sugere que a personagem tem


(A) incerteza quanto às causas da celulite.
(B) medo da ação do refrigerante.
(C) horror ao aparecimento da celulite.  xxxxxxxxxx
(D) preconceito contra os efeitos da celulite.





Descritor 18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão

                                           A beleza total

   A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela.
     A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.
     (ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985)

Em que oração, adaptada do texto, o verbo personificou um objeto?

(A) O espelho partiu-se em mil estilhaços.
(B) Os veículos paravam contra a vontade dos condutores.
(C) O Senado aprovou uma lei em regime de urgência.
(D) Os espelhos pasmavam diante do rosto de Gertrudes. Xxxxxxxxxxx

Descritor 19 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração de  recursos ortográficos e/ou morfossintáticos

                                             A chuva

  A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis.
   A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva
com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto.A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.   (ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.)

Todas as frases do texto começam com “a chuva”. Esse recurso é utilizado para

(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva. xxxxxxxxxx
                                      Tópico VI – Variação Lingüística

  Avalia a habilidade do aluno de perceber as marcas lingüísticas identificadoras do locutor e do interlocutor, assim como situações de interlocução do texto e as possíveis variações da fala.
Descritor 13 – Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto
                                   O homem que entrou pelo cano

Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo.Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante.
No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava.
    Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.
BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.

Na frase “Mamãe, tem um homem dentro da pia.” (ℓ. 9), o verbo empregado representa,
no contexto, uma marca de

(A) registro oral formal.
(B) registro oral informal.
(C) falar regional.

(D) falar caipira.

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