Ler e Escrever: Um Compromisso de Todos
"... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam,há uma criança que pensa".
(Emília Ferreiro)
I - JUSTIFICATIVA:
Sabe-se que um dos principais problemas na Educação no momento atual, é a dificuldade que os educandos têm de ler e produzir textos. Compreender a aquisição do conhecimento sem o domínio da leitura é uma tarefa praticamente impossível, tendo em vista que por meio dessa atividade o aluno tem acesso a todas as áreas do conhecimento, interagindo com variadas fontes de informações.
Superar essa dificuldade tem sido o desafio dos educadores, gestores e técnicos da Escola Municipal Pedra do Reino que desejam formar leitores críticos e reflexivos para a escola e para a vida. O resultado do IDEB ainda nos preocupa, levando-nos a questionar nossas práticas e a rever nosso papel social na escola. A unanimidade dos colegas em relação a isso nos deu fôlego e impulso para elaborar este projeto. Neste contexto, esta escola com base em dados que mostram as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática como críticas no processo educativo, e constatando que a leitura é um caminho para reverter esse quadro, busca-se através deste projeto interdisciplinar, propiciar atividades mais dinâmicas, oferecendo obras e temas variados, de fácil compreensão, que possam envolver aspectos do conhecimento curricular de forma lúdica e criativa favorecendo o interesse e a formação do hábito de ler, e assim melhorar o nível de qualidade da aprendizagem dos alunos.
As situações que favorecem a aprendizagem da leitura resumem-se na compreensão da linguagem escrita através do uso, da experiência em situações específicas, em contextos reais de aprendizagem e utilização simultâneas, lendo e escrevendo textos coerentes, significativos e interessantes, em verdadeira linguagem interdisciplinar e contextualizada, como textos de jornais e revistas; contos de fadas; histórias do mundo; lendas, parlendas, trava-linguas e cordeis enfim todo o imaginário infantil. Quando essa aprendizagem acontece, o aluno é capaz de produzir e criar novas idéias alicerçadas na fala e na escrita, que lhe são peculiares. A leitura significativa, feita de maneira interdisciplinar, favorece a memória; o conhecimento sobre a própria leitura do mundo; o conhecimento a respeito de como se escreve; a experiência das emoções. O aluno, através do trabalho interdisciplinar, vivencia experiências para a vida pela interação da linguagem falada e escrita, que não pode ficar restrita apenas a alfabetização, pois é necessário conhecer aspectos distintos existentes entre diferentes linguagens, sem o qual não se dá o efetivo exercício da cidadania.
II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:
É evidente que não se aprende a ler, nem dominar estratégias de leitura, de uma hora para outra. Daí o porquê de a escola primar por esse aprendizado ao longo do currículo pelo qual o aluno deva passar. E mais, atividades dessa natureza não devem ocorrer de forma individualizada, mas devem ser incorporadas por todos os professores para que surtam resultados positivos, visto que nenhuma disciplina prescinde desse saber. O aluno que sabe ler tem chances enormes de transitar por qualquer área do conhecimento sem maiores dificuldades: será capaz de interpretar problemas matemáticos; criar, a partir do que ler, seus próprios conceitos, produzir textos com mais facilidade, posto que será capaz de organizar de forma lógica o que aprende. Tornando-se um bom leitor, o aluno terá acesso às informações, podendo exercer de fato sua cidadania.
Sendo assim alguns nomes de educadores que se preocuparam com o desenvolvimento da aprendizagem da criança se destacaram. Dentre eles podemos citar:
Freire (1981) diz que lemos primeiro o mundo, depois a palavra e que a leitura da palavra implica a continuidade da leitura do mundo. Defende que ler não é, simplesmente, decodificar a palavra ou a linguagem escrita e aponta para um conceito mais abrangente: a leitura do mundo.
Se ler implica ler o mundo, mesmo antes e até depois de se ter acesso ao código escrito, pressupõe-se que toda a experiência de vida do leitor esteja envolvida.
Kleiman (1995) salienta que, quanto maior o conhecimento textual do leitor, quanto mais ele for exposto a diferentes estruturas textuais, mais fácil será sua compreensão. A autora lembra da importância de o leitor saber reconhecer a estrutura do texto, pois esta oferece indicadores essenciais que permitem antecipar a informação que contém e facilita a interpretação.
Ferreiro (1987) mostrou numa abordagem na questão da leitura e da escrita, uma maneira de ver o pensamento infantil, descobriu como a criança reconstrói o aprender para ler e escrever aprendendo o valor da escrita, na psicogenética de Piaget e na psicolingüística contemporânea.
Segundo Vygotisky (1998), quando o aluno percebe que textos estão ligados a assuntos do seu cotidiano, seu interesse é estimulado, pois se entende que a língua escrita tem significado na sua realidade imediata. Independente do método adotado, o professor deve cuidar para oferecer um ambiente propício aos interesses e necessidades do aluno para que ocorra a aprendizagem. Este autor ainda ressalta que os atos de brincar, dramatizar, simbolizar são valiosos para o desenvolvimento da alfabetização e devem ser desenvolvidos desde o ensino infantil. A criança que tem liberdade para brincar, dramatizar, se expressar, com certeza terá um desenvolvimento mais saudável.
Vygotsky (1987, p.149), quando a criança mostra o desenho como uma representação da escrita em primeiro estágio os rabiscos e os primeiros desenhos das crianças são entendidos como gestos ou tentativas de simbolizar a linguagem falada. Os desenhos podem ser interpretados como um estágio preliminar da linguagem escrita.
Silva (1987, p.42) destaca que ler é participar mais crítica e ativamente da comunicação humana e explicita algumas funções da leitura: leitura é uma atividade essencial a qualquer área do conhecimento e mais essencial ainda a própria vida do ser humano; leitura está intimamente ligada com o sucesso acadêmico do ser que aprende; leitura é um dos principais instrumentos que permite ao ser humano situar-se com os outros, de discussão e de crítica para se poder chegar à práxis; a facilitação da aprendizagem eficiente da leitura é um dos principais recursos de que o professor dispõe para combater a massificação galopante, executada principalmente pela televisão; a leitura possibilita a aquisição de diferentes pontos de vista e alargamento de experiências, parece ser o único meio de desenvolver a originalidade e autenticidade dos seres que aprendem.
O Referencial Curricular Nacional Infantil destaca que para aprender a ler e a escrever a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual: precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem.
III - OBJETIVOS:
Gerais:
· Desenvolver habilidades de leitura e produção de textos.
· Desenvolver a competência leitora nos alunos, a fim de favorecer o aprendizado e diminuir a reprovação.
· Realizar atividades de incentivo a leitura.
Específicos:
· Utilizar nas aulas diversas estratégias de leituras e com os mais variados gêneros textuais;
· Desenvolver atividades para as quais a leitura seja o meio principal;
· Montar oficinas para os professores sobre como utilizar as estratégias de leitura em favor da construção do conhecimento;
· Expressar de diferentes formas, os conhecimentos construídos com as práticas de leituras;
· Formar contadores de histórias.
IV - METODOLOGIA:
Para a realização deste projeto, várias ações devem ser desenvolvidas, tais como:
1ª Etapa:
Será reservado na sala de aula um espaço lúdico na intenção de despertar o gosto pela leitura. Os próprios educandos escolherão a história a ser lida pelo educador Posteriormente, será feita uma discussão da história através de conversa informal entre o contador e os ouvintes, e, conseqüentemente, se fará um resumo do que internalizou. Há cada mês haverá a renovação do acervo das obras literárias de acordo com os conteúdos abordados na sala de aula.
2ª Etapa:
Cada educador precisará ser dinâmico e criativo e possibilitar o contato dos alunos com todos os tipos de gêneros textuais que irão facilitar a construção do conhecimento (charges,imagens,rótulos, histórias,gráficos,painéis,álbum seriado, vídeos,blogs, mapas,filmes,músicas, desenhos, etc...). O uso desses recursos deve estar pautado nas estratégias de leitura, que serão diferentes, dependendo do tipo de texto a ser utilizado e da metodologia a ser aplicada.
3ª Etapa:
Será realizado acompanhamento dos educandos com dificuldade na leitura e escrita de forma compartilhada e individual.
4ª Etapa:
As turmas serão atendidas através de um cronograma de atividades para que se possa atender satisfatoriamente a todos.Vale lembrar que, cada professor, deve ter em mente que o foco não é o conteúdo da aula, mas a leitura desseconteúdo, ou seja, facilitar, auxiliar o aluno à leitura desses conteúdos, fazendo inferências, questionamentos, discutindo opiniões, indicando pistas lingüísticos, etc. Tudo para fazer o aluno construir o conhecimento a partir do que ler, tornado-o mais independente levando-o a desenvolver a leitura e escrita com fluência.
V – META:
Ao final do Ano Letivo espera-se que as crianças da Escola Municipal de Ensino Fundamental pedra do Reino tenham superado as dificuldades da escrita/ leitura sendo motivadas a ler espontaneamente.
VI - CRONOGRAMA:
Atividades
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Março
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Abril
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Maio
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Junho
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Julho
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Agosto
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Setembro
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Outubro
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Novembro
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Dezembro
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Roda de conversa.
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Produção textual(através de gravuras, rótulos, etc.)
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Leitura individual.
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Leitura compartilhada de textos diversos.
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Empréstimo de livros.
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Cantinho da Leitura na sala de aula
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Apresentação das histórias lidas através de fantoches.
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Resumo e ficha técnica do livro lido.
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Utilização de TV, cd, internet e DVD. (Apartir da necessidade do professor).
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VII – AVALIAÇÃO:
Será feita através da análise dos trabalhos produzidos, de atitudes de socialização, da participação, de apresentações orais e escritas, dramatizações, confecções de jograis, cartazes, murais, histórias em quadrinhos, etc.
REFERÊNCIAS:
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez, 1982.
GUEDES, Paulo Coimbra, SOUZA, Jane Mari de NEVES, Iara C., SCHÄFFER, Neiva O., KLÜSENER, Renita (org.). Ler e Escrever: compromisso de todas as áreas. Porto Alegre: UFRGS, 1998.
KLEIMAN, Angela B, MORAES, Silvia E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos projetos da escola. Campinas, SP: Mercado das Letras, 1999.
BAMBERG, Richard. Como Incentivar o Hábito da Leitura. São Paulo: Ática,1987.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O Ato de Ler. 4 ed. São Paulo:Cortez, 1987.
ZILBERMAN, Regina. Leitura em Crise na Escola: As alternativas do Professor. 7 ed. Porto Alegre.
FERREIRO, Emilia; PALACIO, Margarida Gomes. Os processos de leitura e escrita: nova perspectiva. Traduzido por: Luiza Maria Silveira. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.
VYIGOTSKI, L. S. Interação entre o aprendizado e desenvolvimento
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