Sua escola
já tem um projeto político-pedagógico?
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Toda escola deve ter definida, para si mesma e para sua comunidade
escolar, uma identidade e um conjunto orientador de princípios e de normas
que iluminem a ação pedagógica cotidiana. Para a concretização dessa tarefa,
diretores, orientadores, professores e mantenedores devem contar com a ajuda
de um Projeto Político-pedagógico (PPP).
Ele se inicia como um ideal e caminha, passo a passo, até
transformar-se em realidade. É diferente de planejamento pedagógico. É um
conjunto de diretrizes que norteiam a elaboração e a execução dos
planejamentos. Por isso, envolve princípios que são mais permanentes. Eles
mostram e definem a identidade da escola.
Quem determina as linhas mestras do PPP são os mantenedores; ao total,
ele possui três grandes pilares:
1. Fundamentos ético-políticos (valores).
2. Fundamentos epistemológicos (conhecimento). 3. Fundamentos didático-pedagógicos (relações).
O projeto político-pedagógico reveste-se da maior importância porque
permitirá aos pais a escolha da escola com base em seus princípios, sua
identidade e em outras características. Veja como estruturar o seu:
1. APRESENTAÇÃO
– Relate como o projeto nasceu. Conte um pouco
desse trabalho: o tempo transcorrido entre o ideal e o começo de sua
elaboração, quem participou da efetivação, as dificuldades encontradas e os
resultados alcançados. Relate também os objetivos do plano político
pedagógico. Ressalte que esse projeto deve ser a fonte inspiradora de todos
aqueles que constroem a história educacional da escola.
2. HISTÓRICO –
Conte um pouco da história da instituição. Relate o ideal de seus
fundadores e, resumidamente, o caminho que a entidade seguiu, desde o início
até os dias atuais. Coloque a identificação: designação, mantenedores,
endereço, atos jurídicos de legalização dos cursos, enfim, aqueles dados que
a identificam.
3. DA VISÃO AOS OBJETIVOS –
Apresente uma síntese sobre a visão adotada nos seguintes tópicos
(lembre-se de que, aqui, você ainda não entrou em sala de aula):
A) Visão de mundo. O mundo se
transforma constantemente, e o homem é sujeito da própria educação. Dessa
forma, através da reflexão sobre o ambiente, ele contribuirá para as mudanças
e melhorias. No mundo tecnológico, não perderá de vista a qualidade de vida.
B) Visão de sociedade. A
participação do homem como sujeito da sociedade implica uma postura crítica.
A cultura constitui a aquisição sistemática da expressão humana. Por isso,
uma escola deve descrever sua visão de cultura.
C) Visão de conhecimento. O
conhecimento é a informação elaborada. A educação deve permitir que o homem
seja sujeito do seu desenvolvimento e participe da transformação da
sociedade. O objetivo da educação é dar condições para que o educando
desenvolva suas capacidades como ser pensante.
D) Visão de escola. Cabe à
escola, como instituição cultural, transmitir a seus alunos o conhecimento
acumulado pela humanidade. Os conteúdos devem ser apenas um meio para levar o
aluno a desenvolver habilidades que, harmonicamente conduzidas, —
tornar-se-ão competências necessárias para uma vida de qualidade com
cidadania.
E) Missão. A primeira missão de uma
instituição educacional é formar as crianças para o amor ao conhecimento. A
escola tem por obrigação fazer com que os seus alunos sejam felizes. Para
isso, é necessário que o conhecimento seja transmitido de uma forma
prazerosa. Exemplo de missão: “Oferecer ensino de excelência à comunidade e
propiciar condições para uma aprendizagem significativa, atualizada e eficaz,
que prepare alunos competentes, éticos e com argumentação sólida”.
F) Objetivos. Nesse espaço, entram os
objetivos gerais do mantenedor. Ninguém está pensando em sala de aula, muito
menos em conteúdo. Está apenas sonhando com a escola ideal. Exemplo:
“Propiciar a formação de cidadãos autônomos e críticos, cuja característica
seja a capacidade de argumentação sólida”. Devem ser colocados alguns
objetivos gerais, não de conteúdos, e sim de ideais.
Até esta fase, tudo foi elaborado pelo mantenedor. O professor e a
comunidade ainda não entraram no projeto. Agora, vamos abordar os
fundamentos.
4. FUNDAMENTOS ÉTICO-PEDAGÓGICOS –
Neste momento, entra em cena o Regimento Escolar. O regimento é um
documento anexo e dá sustentação jurídica ao projeto político-pedagógico.
Aqui, a entidade vai trabalhar os valores éticos, políticos, religiosos, com
o objetivo de formar um cidadão com uma “identidade”, isto é, com a marca da
escola onde estuda. Nesse item, a escola deve explicitar o tipo de cidadão
que deseja formar e para qual sociedade. Deve descrever quais os valores que
serão enfatizados e vivenciados prioritariamente durante o processo
educativo.
Também é preciso escolher entre três e cinco valores que a escola
deverá trabalhar. Exemplos: verdade, justiça, amizade, respeito,
solidariedade, competência, integridade, entre outros. Não existe
“ecletismo”. Defina sua linha pedagógica com argumentos sólidos.
Por parte da escola, como deverão ser desenvolvidos o valor e o
respeito? Exemplo: a escola respeita a individualidade de seus alunos. Por
parte do professor, como será desenvolvido o respeito? O professor exerce o
papel de educador de seus alunos. Por parte do aluno, como será desenvolvido
o respeito? O aluno cuida dos bens de uso comum; exige de seus professores,
de forma respeitosa, um ensino correspondente às suas aspirações.Assim deve
ser feito com cada valor escolhido pela escola, desenvolvendo alguns
objetivos para a escola, para o professor e para o aluno.
5. FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS –
Trata-se da construção do conhecimento. Nesse item, a escola deve
definir como tratará o conhecimento, o que pensa ser o conhecimento e como
ele é adquirido. Aqui ela vai definir a sua linha pedagógica e desenvolverá a
sua argumentação. Exemplos: construtivista, montessoriana, positivista,
interacionista, tradicionalista, etc. Os autores teóricos devem ser buscados
na literatura. O que é o conhecimento, como ele se produz, como as pessoas se
apropriam dele? A humanidade já respondeu a essas questões. Veja em que autor
teórico a escola vai se apoiar, pois não existe prática na escola que não
esteja apoiada em uma corrente teórica. Explique como o sujeito se apropria
do objeto do conhecimento.Quando a escola escolhe os teóricos, ela está
definindo a didática da sala de aula. Se, por exemplo, o autor teórico for da
linha tradicional, a aula terá o professor como centro; o aluno e o
conhecimento estarão num patamar mais baixo. O aluno será mero reprodutor de
verdades (dogmas). Se a escola escolher um teórico construtivista
sociointeracionista, o professor será simplesmente o mediador entre o aluno e
o conhecimento. Resultado final:
* Escola tradicional = Aluno ator.
* Escola construtivista = Aluno
autor.
As epistemologias, isto é, as teorias do conhecimento mais em voga
são:
* Empirismo/Positivismo, cujo enfoque é o conhecimento visto como
descrição da realidade.
*Construtivismo Sociointeracionista, cujo foco é o conhecimento visto como representação da realidade.
Ecletismo não existe. Portanto, a escola deve se posicionar quanto à
linha de ação. Em geral, as escolas estão em fase de transição da linha
tradicionalista para a linha progressista. Isso porque os professores foram
formados na linha tradicional, com o conteúdo estanque. Agora, a lei
educacional vigente pede interdisciplinaridade e contextualização. Exemplo:
se a escola for de cunho religioso, naturalmente terá muito do carisma do seu
fundador.
Quando a escola escolher seus autores teóricos, deve citar um pouco da
sua teoria e argumentar por que os escolheu. Por exemplo: Paulo Freire prega,
antes de tudo, o gosto de viver, a construção e a realização do homem, mesmo
na adversidade. Há também Pedro Demo, Vygotsky, Howard Gardner, Jean Piaget e
outros autores. Para cada um que a escola escolher, deve mencionar um pouco
de sua teoria. E a escolha deve primar pela coerência.
6. FUNDAMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
– Aqui, as “Diretrizes para uma Pedagogia de
Qualidade” apontam para três focos: identidade, diversidade e autonomia. A
interdisciplinaridade e a contextualização devem ser a nova marca para a
educação brasileira. Nesse item, será descrito qual é o papel do
conhecimento, do aluno e do professor, bem como os demais segmentos que
compõem a comunidade escolar. As relações entre professor e aluno na escola
são orientadas pela pedagogia, que tem como foco de trabalho a educação. É
hora de explicitar a sua contextualização de conhecimento. Os pressupostos
citados anteriormente identificarão a instituição. Aqui ela vai esclarecer o
que oferecerá em termos de:
·
Conteúdos - Currículo – Metodologia- Avaliação
·
Professor- Aluno-
Disciplina-Administração
·
Biblioteca- Laboratórios-
Equipe Pedagógica- Orientação Vocacional
·
Orientação Religiosa – Relação
com a comunidade
Observação: esse item já pode ser elaborado junto com os professores,
pois, daqui adiante, serão eles os autores do PPP, sob a liderança da direção
e da coordenação. Em alguns assuntos, pode e deve haver a participação da
comunidade.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS –
Os fundamentos estabelecidos nesse documento serão os indicadores do
rumo para a intervenção pedagógica praticada no estabelecimento escolar. Com
eles, busca-se responder às exigências da sociedade, que se caracteriza pelo
dinamismo de suas transformações em todos os níveis: o social, o político, o
tecnológico e o ético. Criar as melhores condições para ajudar na
transformação de um cidadão consciente, crítico e feliz é a grande tarefa
educativa que perseguimos. Os princípios estão postos. A ação educativa
espera o engajamento de todos que fazem parte do ambiente educacional.
8. PROJETOS SETORIAIS – Os
projetos específicos, também denominados de projetos setoriais , são
os projetos de cada setor da escola: Educação Infantil, Ensino Fundamental,
Ensino Médio, Informática, Educação Física. Nesses projetos, devem constar os
seguintes itens:
1. Identificação do setor.
2. Introdução: caracterizar o setor quanto às crianças que ali estão, quanto ao seu objetivo. 3. Diagnóstico: como estão a realidade do setor, as dificuldades, os problemas específicos. 4. Objetivos: com base no diagnóstico concluído, o que se pode fazer para melhorar o setor. 5. Metodologia: como vai se trabalhar naquele setor. 6. Conteúdos: que atitudes, conteúdos e procedimentos serão desenvolvidos naquele setor — conteúdos formativos, cidadania, disciplina. Lembre: ainda não entramos em sala de aula, estamos preparando a escola. 7. Avaliação do setor (como será feita a avaliação). Exemplo: nesse setor, avaliaremos os alunos que melhoraram seu rendimento ou que não alcançaram os objetivos propostos. Em que o setor melhorou em comparação com os outros anos?
8.1 Projeto de disciplina –
Refere-se a cada uma das disciplinas curriculares. Se os temas transversais
forem trabalhados por projetos, deve-se dizer como serão trabalhados, quais
as disciplinas que trabalharão interdisciplinarmente, quais serão os temas
que o colégio trabalhará no ano. Esse item compõe-se das seguintes questões:
Diagnóstico: como está o ensino desta disciplina? Será necessário
repensá-lo?
Objetivo: o que se pretende atingir com o ensino desta disciplina? Metodologia: como será ministrada? Conteúdo: qual será o enfoque dado? A que competências dá suporte? Atenção: não se devem relacionar aqui os conteúdos curriculares. Especificidades: por exemplo, será permitido o uso de máquina de calcular no ensino de matemática? A partir de que série? Como a escola vai trabalhar com jornais? Avaliação: como ela será feita na disciplina em foco? O que se pretende cobrar dos alunos?
8.2 Miniprojeto
Identificação: os passeios que a escola faz.
Objetivos: o que se quer desenvolver com essas saídas. Responsabilidade: quem vai ser o responsável? Material de suporte: relacionar os materiais que serão necessários para sua realização. Execução: fazer a descrição de como deverá acontecer. Avaliação: verificar a extensão do miniprojeto.
9. ANEXO - Plano curricular – O plano
curricular será anexo do projeto político-pedagógico e será feito como sempre
foi. Agora, sim, se está entrando em sala de aula. Cada professor deverá
fazer uma lista de conteúdos que vai trabalhar em sala. Sempre dará ênfase ao
que vai ser trabalhado. Como será trabalhado ficará para o planejamento. É
aconselhável que isso seja feito só depois que o professor conhecer seus
alunos. “O planejamento é que deve adaptar-se aos alunos, e não os alunos ao
planejamento.”
Nessa fase, já contamos com a orientação dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs) e dos Referenciais de Educação Infantil (RECNEI). Os PCNs e
os Parâmetros Curriculares Nacionais Transversais (PCNs) não são
obrigatórios.
Servem apenas para ajudar o professor a preparar seu conteúdo. A
novidade no Plano Curricular é que não se pode ferir a Lei Educacional,
portanto, os professores terão de elaborar os temas transversais em conjunto.
A lei vigente pede interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos
trabalhados desde o primeiro ciclo.
A Estética da Sensibilidade, a Política da Igualdade e a Ética da
Identidade devem ser trabalhadas desde a Educação Infantil.
Quando se trata de Ensino Médio, o plano curricular deve ser feito por
blocos. Planejar em conjunto será necessário. Deve-se explicar também como
será feito o sistema de avaliação. A avaliação deve ser contínua, e a
qualidade deve prevalecer sobre a quantidade, sem esquecer que a recuperação
é paralela ao período letivo.
Conselho de classe e exame final também devem ser explicados. Atenção:
o ano letivo será de, no mínimo, 200 dias letivos e 800 horas. O exame final
não estará dentro dos 200 dias. Se a escola adotar o exame final, deve
aplicá-lo após os 200 dias. O plano curricular deve ser feito como sempre
foi: anexar a grade curricular, o calendário escolar, etc. Enfim, tudo como
de costume.
Observação :
tudo o que for trabalhado na escola durante o ano letivo deverá estar
no Regimento. Por exemplo, se a escola adotar a progressão parcial, deverá
constar no Regimento. Se a escola adotar classificação e reclassificação,
terá de constar no Regimento. Nada que não esteja previsto no Regimento
poderá acontecer.
Para finalizar, antes de fazer sua Proposta Político-pedagógica e seu
Plano Curricular, consulte a Lei nº 93.94/96 e as normatizações do Conselho
Estadual de Educação de seu Estado.
Referências
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sábado, 26 de janeiro de 2013
Sua escola já tem um projeto político-pedagógico?
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