quarta-feira, 20 de julho de 2011

Textos bíblicos

                                                  A Esposa de Jó



A Bíblia nos descreve Jó como sendo o homem mais rico do Oriente (Jó 1.3). Isto é muito forte. Podemos imaginar a sua esposa sendo uma fina dama rodeada de conforto. Sua casa deveria ser um “palacete”. Os móveis e os adornos eram de alto estilo, talvez todos importados e comprados com muito bom gosto.
Os empregados vestiam-se com trajes especiais e havia entre eles muito respeito pelos patrões. A comida fina e requintada era posta na grande mesa na sala do banquete, onde sempre havia convidados, e a família se reunia para conversar e se alegrar.
Os dez filhos do casal eram amigos e se visitavam com freqüência. Formavam uma família próspera e muito feliz. Isto até mesmo despertava a inveja nos corações de alguns, que talvez não lhes conhecessem a simplicidade interior. Pois, apesar de toda essa riqueza e luxo, Jó e sua família tinham um coração simples e modesto, reconhecendo a bondade de Deus em todas as coisas que vieram a possuir.
Num dia fatídico, entretanto, a tragédia veio bater à porta daquela família feliz. No mesmo dia, chegaram, seguidamente, as notícias para o casal: todo o gado tinha sido levado pelos ladrões (os sabeus) e os empregados de Jó estavam mortos (1.14-15). Enquanto esta notícia era dada, outro servo chegou dizendo que havia caído fogo do céu e queimado todas as suas ovelhas e os seus pastores, no campo (v.16). Outro servo falou que os camelos tinham sido levados pelos caldeus e os servos foram todos mortos ao fio da espada (v. 17). E, finalmente a notícia mais doída para o coração do casal: seus filhos estavam mortos sob os escombros da casa que desabara sobre eles, provocada por um vendaval do deserto (v. 18-19).
Com toda a dor das perdas, Jó continuou confiando em Deus e adorando-o. Sua esposa assistia a tudo isto e sentia-se esmagada pela dor. Geralmente as mulheres são mais sensíveis do que os homens e, na verdade, ela estava sofrendo demais.
Sabemos que as provações não moldam o caráter, mas apenas o revelam... O caráter íntegro e confiante de Jó permaneceu inalterado. Ele reconheceu que tanto receber o bem (as bênçãos) quanto sofrer o mal, ou seja, as experiências negativas, isto fazia parte da vivência humana, e que Deus estava no controle de todas as coisas. Entretanto, para sua esposa as coisas eram diferentes. Ela não conseguia enxergar de maneira clara o que estava acontecendo, e desesperou-se.
Com as perdas dos empregados, do gado, dos camelos e, principalmente dos filhos, o luxo da casa começou a perder o brilho. A falta da presença dos dez filhos trouxe à esposa de Jó uma sensação de vazio e de grande tristeza. Ela procurava manter a calma, mas seu coração amargurado estava cheio de revolta contra Deus. Como ela poderia aceitar tantas perdas? Como poderia se sentir a mesma sem os bens que sempre tivera? Como poderia viver num padrão de vida mais baixo, sob os olhares de compaixão das amigas e o olhar satisfeito dos invejosos?A provação vem para todos e, parece que a esposa de Jó não estava preparada para o sofrimento. O seu coração ia se enchendo de sentimentos negativos de auto-comiseração e revolta. E as coisas pioraram ainda mais.
A última prova alcançou o corpo de Jó. Uma enfermidade repugnante tornava sua companhia indesejável. Jó ficou cheio de tumores malignos do alto da cabeça à planta dos pés, sua pele estava cheia de feridas e seu hálito era insuportável (19.17). Era uma situação terrível para sua esposa. Ela não podia mais contemplar o sofrimento do esposo. Ele apresentava insônia, inapetência, magreza e incômodo por coceiras em todo o corpo. A pressão externa das circunstâncias era sobremodo grande para ela.
Enquanto Jó mantinha a sua integridade e sua fé, ela não estava agüentando mais, e, literalmente “chutou o balde”. Reagiu, então, com um ataque à fé de seu esposo, dizendo-lhe: “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre”. Era o seu limite. Ela apenas enxugara externamente as lágrimas no sepultamento dos filhos, mas seu coração continuava chorando. Olhava para a casa sem os empregados de outrora e suspirava, sentindo o coração apertado e cheio de pena de si mesma...
É certo que nas provações da vida, não podemos olhar para nós mesmos, mas precisamos olhar para Deus. Se cairmos nessa tentação de olhar para o nosso estado na provação, então o inimigo terá alcançado êxito e nos fará desistir de Deus, da fé e da vitória. A fé nos faz ver o invisível, crer no incrível e sonhar com o milagre impossível aos olhos materiais...
Jó ficou muito bravo com a esposa, quando ela lhe falou para desistir de lutar, de viver, de sonhar. Ele a chamou de “doida”. Realmente é loucura desistir de lutar, de viver, de sonhar... A chama que aquece o nosso coração é a fé. É a certeza das coisas que se esperam. É a prova das coisas que não se vêem. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Sem fé é impossível viver feliz e ter esperança... Na escuridão das provas é preciso olhar para Deus, para o alto, e confiar, e descansar, e esperar somente nele, pois dele vem a nossa salvação.
É bem possível que a esposa de Jó tenha atentado para a exortação de seu marido. É bem possível que ela tenha parado um pouco e refletido na insensatez de suas palavras dirigidas ao seu amado esposo... É bem possível que ela tivesse se arrependido do que falara e tenha se recolhido à meditação e reflexão sobre os acontecimentos, aguardando o desfecho...
Quando não se tem nada a fazer, devemos ficar quietos e esperar no Senhor. Confiar totalmente em sua bondade e na misericórdia de seu coração paternal. Devemos guardar a “porta dos nossos lábios” para não falarmos tolices, das quais venhamos a nos envergonhar mais tarde. Ao contrário, devemos liberar palavras de fé, de esperança, de confiança e de descanso em Deus.
No final da provação de Jó, vemos a restauração de seus bens, de sua saúde, de sua família. Deus lhe deu outros filhos, e a alegria de antes voltou. Agora, nesta nova fase, o amor do casal tornou-se mais maduro. As experiências vividas fortaleceram a fé da família. A humildade de seus corações diante de Deus aumentou, e a perseverança veio a se tornar amiga da esposa de Jó...

                       A mulher que tocou Jesus


       “Então a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido, temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.” (Mc 5.33).
Na fértil região da Galiléia, onde se aglomeravam multidões de gentios da cultura greco-romana, estava inserida a cidade de Cafarnaum, que Jesus escolhera como base para o seu ministério terreno. Pescadores e agricultores formavam a grande maioria dos moradores do lugar. A paisagem era muito bela e convidativa à reflexão, com suas montanhas ao redor do Mar da Galiléia.
Nesta região morava certa mulher, cujo nome não nos é mencionado nas Escrituras. Seria ela uma pessoa comum do povo, como tantas outras. Deveria ter sua casa, seus afazeres domésticos diários, sua rotina de vida semelhante à das outras vizinhas e amigas. Entretanto, esta mulher tinha uma grande dificuldade na vida: ela era enferma. Fora acometida por uma hemorragia que não cessava há doze anos.
Esse tipo de enfermidade não apenas ia tirando, pouco a pouco, o seu vigor, o ânimo de viver, como também a mantinha segregada pelas leis rituais da nação. Enquanto durasse a hemorragia ela seria considerada “impura”, de acordo com Levíticos 15.25-33. Ela não podia tocar em ninguém e também não poderia ser tocada. O lugar onde se assentasse seria considerado imundo. E ela estava assim, “imunda”, há doze anos...
Podemos imaginar o seu sofrimento nesses longos anos. Ela não poderia abraçar as amigas, as crianças, os parentes... Não poderia tomar nos braços os pequeninos. Deveria evitar que outros a tocassem e se resguardaria das reuniões, permanecendo em casa.
Não sabemos se ela era casada, solteira ou viúva, se tinha filhos ou não. Apenas sabemos que ela sofria dessa enfermidade que a discriminava e a mantinha em solidão. A Bíblia nos informa que ela já gastara o seu dinheiro com os médicos da época e não havia encontrado a cura. Somente lhe restava afundar-se na depressão, sentindo-se abandonada por Deus e sem esperança. Há tantas pessoas assim no mundo de hoje! Quem sabe você é uma delas? Quem sabe você conhece alguém que também não tem esperança? Alguém que a medicina já taxou como “incurável”? Alguém que não pode ter a vida “normal” e se encontra limitada e solitária?
Entretanto, essa mulher ouvira falar de Jesus. Ela escutara, atenta, os relatos das curas que o doce Rabi da Galiléia estava realizando por todas as vilas e aldeias de Israel. Ela o procuraria diligentemente. Ele era a sua última e única esperança...
Marcos relata o seguinte sobre ela: “Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste. Porque dizia: 'Se tão somente tocar nas suas vestes, sararei'. E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal.” (Mc 5.27-29).
Para achegar-se a Jesus, aquela mulher teve de enfrentar a barreira da multidão que se avolumava ao redor do Mestre. Podemos imaginá-la, buscando brechas entre as pessoas, pedindo “licença” e se esgueirando, quase na altura das cinturas das pessoas, para ver Jesus. Ela queria tocá-lo. Ela pensava e chegou a dizer para si mesma: “Se eu puder tocá-lo, ficarei curada.”
Esta era a sua fé. Esta era a sua esperança. Aquela era a sua oportunidade, talvez a única. Todo esforço que fizesse valia a pena. E, assim, ela tocou Jesus e sentiu a cura imediata. Que alegria! Você já recebeu uma resposta de Deus imediata? Não é motivo de grande alegria? E a vida dela iria voltando ao normal, quando Jesus, logo em seguida, parou sua marcha e perguntou: “Quem me tocou?”
Os discípulos acharam aquela pergunta de Jesus sem sentido, pois todos estavam tocando no Senhor. Todos se acotovelavam para vê-lo e para ficar perto dele. Mas Jesus sentiu que dele saíra virtude. Jesus queria saber quem fora curado ao tocá-lo.Vendo que não poderia ocultar-se, aquela nobre mulher se prostrou diante de Jesus e lhe confessou a sua cura, o milagre que recebera. E ouviu do Mestre: “A tua fé te salvou.” Jesus não tinha apenas cura física para ela, mas também a espiritual, aleluia!
Quem sabe você tem procurado Jesus apenas para lhe dar cura física ou a solução para um grande problema financeiro ou de relacionamento conjugal, mas Ele tem muito mais para lhe dar. Ele tem a salvação com o perdão dos pecados. Ele tem toda a suficiência para sanar nossa dor e trazer esperança para os nossos dias.A vida daquela mulher se desenrolava sem sentido e se esgotava a cada dia. Depois do seu encontro com o Mestre, ela passou a ver a beleza de cada momento e, agora, poderia andar de cabeça erguida. Ela não era mais imunda, agora era pura, sem o peso da enfermidade ou da culpa. A vida voltara a lhe sorrir, havia um novo brilho no seu rosto, havia alegria em seu olhar...

Por Pastora Ângela V. Cintra.

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