Reconhecer o efeito de sentido decorrente da
escolha de uma determinada palavra ou expressão. (9º ano)
“CHATEAR” E “ENCHER”
Um amigo meu me ensina a
diferença entre “chatear” e “encher”. Chatear é assim: você telefona para um
escritório qualquer da cidade.
— Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
— O Valdemar, por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar. Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar chegou?
— Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca
trabalhou aqui?
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
— Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado? O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
— Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim.
— Alô! Quer me chamar por favor o Valdemar?
— Aqui não tem nenhum Valdemar.
Daí a alguns minutos você liga de novo:
— O Valdemar, por obséquio.
— Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar.
— Mas não é do número tal?
— É, mas aqui nunca teve nenhum Valdemar. Mais cinco minutos, você liga o mesmo número:
— Por favor, o Valdemar chegou?
— Vê se te manca, palhaço. Já não lhe disse que o diabo desse Valdemar nunca
trabalhou aqui?
— Mas ele mesmo me disse que trabalhava aí.
— Não chateia.
Daí a dez minutos, liga de novo.
— Escute uma coisa! O Valdemar não deixou pelo menos um recado? O outro desta vez esquece a presença da datilógrafa e diz coisas impublicáveis.
Até aqui é chatear. Para encher, espere passar mais dez minutos, faça nova ligação:
— Alô! Quem fala? Quem fala aqui é o Valdemar. Alguém telefonou para mim.
CAMPOS, Paulo Mendes. Para gostar
de ler. São Paulo: Ática, v.2, p. 35.
No
trecho “Cavalheiro, aqui não trabalha nenhum Valdemar” (l. 7), o emprego
do termo sublinhado sugere que o personagem, no contexto:
(A) era gentil. (B) era curioso. (C) desconhecia a outra pessoa. (D) revelava impaciência.
(A) era gentil. (B) era curioso. (C) desconhecia a outra pessoa. (D) revelava impaciência.
A CHUVA
A chuva
derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes.
A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu
as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva
esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva
enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A
chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os
guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva
caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o
pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a
sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de
pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva
sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os
livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu
ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva
multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A
chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A
chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A
chuva secou ao sol.
ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.
Todas as frases do texto começam com "a
chuva". Esse recurso é utilizado para:
(A)
provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B)
provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
Reconhecer diferentes formas de tratar uma
informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das
condições em que eles foram produzidos e daquelas em que serão recebidos. (9º
ano)
Texto I: Cinquenta camundongos, alguns dos
quais clones de clones, derrubaram os obstáculos técnicos à clonagem. Eles
foram produzidos por dois cientistas da Universidade do Havaí num estudo
considerado revolucionário pela revista britânica “Nature”, uma das mais
importantes do mundo. (...) A notícia de que cientistas da Universidade do
Havaí desenvolveram uma técnica eficiente de clonagem fez muitos pesquisadores
temerem o uso do método para clonar seres humanos.
O Globo. Caderno Ciências e Vida. 23 jul. 1998, p. 36.
Texto II: Cientistas dos EUA anunciaram a clonagem de 50 ratos a partir de células de animais adultos, inclusive de alguns já clonados. Seriam os primeiros clones de clones, segundo estudos publicados na edição de hoje da revista “Nature”. A técnica empregada na pesquisa teria um aproveitamento de embriões — da fertilização ao nascimento — três vezes maior que a técnica utilizada por pesquisadores britânicos para gerar a ovelha Dolly.
Folha de S.Paulo. 1º caderno – Mundo. 03 jul. 1998, p. 16.
Os dois textos tratam de clonagem. Qual aspecto
dessa questão é tratado apenas no texto I?
(A) A
divulgação da clonagem de 50 ratos.
(B) A
referência à eficácia da nova técnica de clonagem.
(C) O
temor de que seres humanos sejam clonados.
(D) A
informação acerca dos pesquisadores envolvidos no experimento.
Reconhecer posições distintas entre duas ou mais
opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema. (9º ano)
QUANDO A SEPARAÇÃO
NÃO É UM TRAUMA
A
Socióloga Constance Ahrons, de Wisconsin, acompanhou por 20 anos um grupo de
173 filhos de divorciados. Ao atingir a idade adulta, o índice de problemas
emocionais nesse grupo era equivalente ao dos filhos de pais casados. Mas
Ahrons observou que eles "emergiam mais fortes e mais amadurecidos que a
média, apesar ou talvez por causa dos divórcios e recasamentos de seus
pais". (...) Outros trabalhos apontaram para conclusões semelhantes. Dave
Riley, professor da universidade de Madison, dividiu os grupos de divorciados
em dois: os que se tratavam civilizadamente e os que viviam em conflito. Os
filhos dos primeiros iam bem na escola e eram tão saudáveis emocionalmente
quanto os filhos de casais "estáveis". (...) Uma família unida é o
ideal para uma criança, mas é possível apontar pontos positivos para os filhos
de separados. "Eles amadurecem mais cedo, o que de certa forma é bom, num
mundo que nos empurra para uma eterna dependência.”
REVISTA ÉPOCA, 24/1/2005, p. 61-62. Fragmento.
No texto, três pessoas posicionam-se em
relação aos efeitos da separação dos pais sobre os filhos: uma socióloga, um
professor e o próprio autor. Entende-se a partir do texto que:
(A) a
opinião da socióloga é discordante das outras duas.
(B) a opinião do professor é
discordante das outras duas.
(C) as três opiniões são concordantes entre si.
(D) o autor discorda apenas da opinião da socióloga.
(C) as três opiniões são concordantes entre si.
(D) o autor discorda apenas da opinião da socióloga.
D21 – Reconhecer posições distintas entre duas ou
mais opiniões relativas ao mesmo fato ou ao mesmo tema. (9º ano)
Texto I: MAPA DA DEVASTAÇÃO
A organização não-governamental SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais terminaram mais uma etapa do mapeamento da Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br). O estudo iniciado em 1990 usa imagens de satélite para apontar o que restou da floresta que já ocupou 1,3 milhão de km2, ou 15% do território brasileiro. O atlas mostra que o Rio de Janeiro continua o campeão da motosserra. Nos últimos 15 anos, sua média anual de desmatamento mais do que dobrou.
A organização não-governamental SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais terminaram mais uma etapa do mapeamento da Mata Atlântica (www.sosmataatlantica.org.br). O estudo iniciado em 1990 usa imagens de satélite para apontar o que restou da floresta que já ocupou 1,3 milhão de km2, ou 15% do território brasileiro. O atlas mostra que o Rio de Janeiro continua o campeão da motosserra. Nos últimos 15 anos, sua média anual de desmatamento mais do que dobrou.
Revista
Isto É – nº 1648 – 02-05-2001 São Paulo – Ed. Três.
Texto II: HÁ QUALQUER COISA NO RIO, ALÉM DAS
FAVELAS
Nem só as favelas brotam nos morros cariocas. As encostas cada vez mais povoadas no Rio de Janeiro disfarçam o avanço do reflorestamento na crista das serras, que espalha cerca de 2 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica em espaço equivalente a 1.800 gramados do Maracanã. O replantio começou há 13 anos, para conter vertentes ameaçadas de desmoronamento. Fez mais do que isso. Mudou a paisagem. Vista do alto, ângulo que não faz parte do cotidiano de seus habitantes, a cidade aninha-se agora em colinas coroadas por labirintos verdes, formando desenhos em curva de nível, como cafezais.
Nem só as favelas brotam nos morros cariocas. As encostas cada vez mais povoadas no Rio de Janeiro disfarçam o avanço do reflorestamento na crista das serras, que espalha cerca de 2 milhões de mudas nativas da Mata Atlântica em espaço equivalente a 1.800 gramados do Maracanã. O replantio começou há 13 anos, para conter vertentes ameaçadas de desmoronamento. Fez mais do que isso. Mudou a paisagem. Vista do alto, ângulo que não faz parte do cotidiano de seus habitantes, a cidade aninha-se agora em colinas coroadas por labirintos verdes, formando desenhos em curva de nível, como cafezais.
Revista
Época – nº 83. 20-12-1999. Rio de Janeiro – Ed. Globo. p. 9.
Uma
declaração do segundo texto que CONTRADIZ o primeiro é:
(A) a mata atlântica está sendo recuperada no Rio de Janeiro.
(B) as encostas cariocas estão cada vez mais povoadas.
(C) as favelas continuam surgindo nos morros cariocas.
(D) o replantio segura encostas ameaçadas de desabamento.
(A) a mata atlântica está sendo recuperada no Rio de Janeiro.
(B) as encostas cariocas estão cada vez mais povoadas.
(C) as favelas continuam surgindo nos morros cariocas.
(D) o replantio segura encostas ameaçadas de desabamento.
D7
– Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa.
O RATO DO MATO E O RATO DA CIDADE
Um
ratinho da cidade foi uma vez convidado para ir à casa de um rato do campo.
Vendo que seu companheiro vivia pobremente de raízes e ervas, o rato da cidade
convidou-o a ir morar com ele:
—Tenho
muita pena da pobreza em que você vive — disse.
— Venha
morar comigo na cidade e você verá como lá a vida é mais fácil.
Lá se
foram os dois para a cidade, onde se acomodaram numa casa rica e bonita. Foram
logo à despensa e estavam muito bem, se empanturrando de comidas fartas e
gostosas, quando entrou uma pessoa com dois gatos, que pareceram enormes ao
ratinho do campo.
Os dois
ratos correram espavoridos para se esconder.
— Eu vou
para o meu campo — disse o rato do campo quando o perigo passou.
— Prefiro
minhas raízes e ervas na calma, às suas comidas gostosas com todo esse susto.
Mais vale
magro no mato que gordo na boca do gato.
Alfabetização:
livro do aluno 2ª ed. rev. e atual. / Ana Rosa Abreu... [et al.] Brasília: FUNDESCOLA/SEF - MEC, 2001. 4v. :
p. 60 v. 3
O
problema do rato do mato terminou quando ele:
(A)
descobriu a despensa da casa.
(B) se
empanturrou de comida.
(C) se
escondeu dos ratos.
(D) decidiu voltar para o mato.
A CHUVA
A chuva
derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes.
A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu
as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva
esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva
enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A
chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os
guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva
caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o
pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a
sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos
pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem
pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A
chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de
vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando
insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a
luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o
gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao
sol.
ANTUNES, Arnaldo. As coisas. São Paulo: Iluminuras, 1996.
Todas as frases do texto começam com "a
chuva". Esse recurso é utilizado para:
(A)
provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B)
provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.
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