Educar é Semear

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quarta-feira, 28 de março de 2018

HABILIDADE 1/ DESCRITOR 1

HABILIDADE 1/ DESCRITOR 1

• LOCALIZAR INFORMAÇÕES EXPLÍCITAS EM UM TEXTO 

Que habilidade pretendemos avaliar?

A habilidade prevista nesse descritor concerne à capacidade do aluno para localizar, no percurso do texto, uma informação que, explicitamente, consta na sua superfície. Como se vê, corresponde a uma habilidade bastante elementar. Assim, espera-se que o item relativo a esse descritor solicite do aluno identificação de uma determinada informação, entre várias outras expressas no texto.

Pré-requisito: 

O aluno deverá ter o domínio da leitura, sendo capaz de realizá-la fluentemente. Faz-se também necessário que aluno identifique as várias informações contidas em um texto.

Proposta metodológica: 

O professor poderá trabalhar com pequenas narrativas, notícias, textos didáticos, buscando desenvolver nos alunos a habilidade de encontrar informações explícitas. Para isso, é importante orientá-los a capturar qual elemento textual (personagem, tempo, espaço, fato que compõem o enredo) se relaciona à informação requisitada, de modo que o aluno consiga resgatá-lo por meio de uma leitura descendente, que não exige do aluno uma releitura atenta de todo o texto.
É importante que o professor apresente ao aluno a estrutura básica de um texto (introdução/conflito gerador, desenvolvimento e conclusão/desfecho) e que ele consiga reconhecê-las no texto em questão.

Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?

Os professores podem ajudar os alunos, por exemplo, levando para a sala de aula textos de diferentes gêneros e de temáticas variadas para que as atividades de leitura sejam diversificadas. Dessa forma, podem estimular o aluno a articular o sentido literal do que lê com outros fatores de significação.
Isso o levará a desenvolver a habilidade de localizar informações e, ao mesmo tempo compreender que aquilo que consta em um texto adquire vários sentidos dependendo das circunstâncias de sua produção.

Sugestões de atividades: 

- Leitura de uma notícia ou de um texto didático e posterior reconhecimento da presença ou ausência de fatos, apresentados pelo professor em uma lista, no texto lido.
- Produção de pequenas histórias reais, vividas pelos próprios alunos, e posterior localização de informações explícitas relacionadas aos elementos da narrativa, como tempo, espaço e personagens principais.
- Leitura de um livro e posterior realização de um quiz, em que os próprios alunos devem indagar seus colegas sobre informações explícitas no texto.

Textos e questões:

Seja criativo: Fuja das desculpas manjadas

Entrevista com teens, pais e psicólogos mostram que os adolescentes dizem sempre a mesma coisa quando voltam tarde de uma festa.
Conheça seis desculpas entre as mais usadas. Uma sugestão: evite-as. Os pais não acreditam.
- Nós tivemos que ajudar uma senhora que estava passando muito mal. Até o socorro chegar... A gente não podia deixar a pobre velhinha sozinha, não é?
- O pai do amigo que ia me trazer bateu o carro. Mas não se preocupem, ninguém se machucou!
- Cheguei um minuto depois do ônibus ter partido. Aí tive de ficar horas esperando uma carona...
- Você acredita que o meu relógio parou e eu nem percebi?
- Mas vocês disseram que hoje eu podia chegar tarde, não se lembram?
- Eu tentei avisar que ia me atrasar, mas o telefone daqui só dava ocupado!

De acordo com o texto, os pais não acreditam em
(A) adolescentes.
(B) psicólogos.
(C) pesquisas.
(D) desculpas.

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Minha Sombra
De manhã a minha sombra com meu papagaio e o meu macaco começam a me arremedar.
E quando eu saio a minha sombra vai comigo fazendo o que eu faço seguindo os meus passos. Depois é meio-dia. E a minha sombra fica do tamaninho de quando eu era menino. Depois é tardinha. E a minha sombra tão comprida brinca de pernas de pau. Minha sombra, eu só queria ter o humor que você tem, ter a sua meninice, ser igualzinho a você. E de noite quando escrevo, fazer como você faz, como eu fazia em criança: Minha sombra, você põe a sua mão por baixo da minha mão, vai cobrindo o rascunho dos meus poemas sem saber ler e escrever.
LIMA, Jorge de. Minha Sombra In: Obra Completa. 19. ed. Rio de Janeiro: José Aguillar Ltda., 1958.

De acordo com o texto, a sombra imita o menino
(A) de manhã. 
(B) ao meio-dia.
(C) à tardinha.
(D) à noite.

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Prezado Senhor,

Somos alunos do Colégio Tomé de Souza e temos interesse em assuntos relacionados a aspectos históricos de nosso país, principalmente os relacionados ao cotidiano de nossa História, como era o dia-a-dia das pessoas, como eram as escolas, a relação entre pais e filhos etc. Vínhamos acompanhando regularmente os suplementos publicados por esse importante jornal. Mas agora não encontramos mais os artigos tão interessantes. Por isso, resolvemos escrever-lhe e solicitar mais matérias a respeito.

O tema de interesse dos alunos é
(A) cotidiano.
(B) escola.
(C) História do Brasil. 
(D) relação entre pais e filhos

Análise das questões acima

As três questões solicitam a habilidade de localizar informações explícitas em um texto. Itens desse tipo oferecem diferentes graus de complexidade, pois os dados solicitados podem vir expressos literalmente no texto ou na forma de paráfrase. Para responder corretamente, é preciso ter a habilidade de seguir as pistas fornecidas. No caso da pergunta relacionada ao texto Seja Criativo: Fuja das Desculpas Manjadas, o caminho para chegar à resposta é ficar atento ao que aparece no primeiro parágrafo. É necessário retomar o texto e localizar a informação que completa a frase "Os pais não acreditam em... desculpas." Para responder ao item ligado ao poema Minha Sombra, o caminho é localizar a passagem que apresenta uma ideia semelhante à imitação, já que esse termo não aparece no texto. O verso "fazendo o que eu faço" representa um jeito de dizer que se imita. A ideia aparece, portanto, na primeira estrofe, que mostra como é o comportamento da sombra pela manhã. Já a questão relativa ao texto Prezado Senhor apresenta uma complexidade maior do que as anteriores. Para não se confundir com as alternativas propostas, o aluno tem de entender que o interesse dos alunos do Colégio Tomé de Souza não é o cotidiano, mas o cotidiano de nossa história. Ou seja, o texto especifica muitos interesses, mas que ficam subordinados a um que é geral: História do Brasil.

Orientações

Para trabalhar a habilidade relacionada a esse descritor, ler junto com os estudantes textos de diferentes gêneros e conversar muito sobre os sentidos deles é uma boa estratégia. Vale lembrar que compreensão e interpretação não são atividades que se realizam após a leitura, mas durante ela. Em seguida, o ideal é recuperar com a turma as ideias principais e mostrar como elas formam blocos significativos no texto.

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Por que milho não vira pipoca?

Não importa a maneira de fazer pipoca. Sempre que se chega ao final do saquinho, lá estão os duros e ruidosos grãos de milho que não estouraram.
Essas bolinhas irritantes, que já deixaram muitos dentistas ocupados, estão com os dias contados. Cientistas norte-americanos dizem que agora sabem por que alguns grãos de milho de pipoca resistem ao estouro. Há algum tempo já se sabe que o milho de pipoca precisa de umidade no seu núcleo de amido, cerca de 15%, para explodir. Mas pesquisadores da Universidade Purdue descobriram que a chave para um bem-sucedido estouro do milho está na casca. “Se muita umidade escapar, o milho perde a habilidade de estourar e apenas fica ali”- Bruce Hamaker, professor de química alimentar.
É indispensável uma excelente estrutura de casca para que o milho vire pipoca. “Se muita umidade escapar, o milho perde a habilidade de estourar e apenas fica ali”, explica Bruce Hamaker, um professor de química alimentar da Purdue.
Estado de Minas. 25 de abril de 2005.

Para o milho estourar e virar pipoca é preciso que:
(A) a casca seja mais úmida que o núcleo.
(B) a casca evite perda de umidade do núcleo.
(C) o núcleo de amido estoure bem devagar.
(D) o núcleo seja mais transparente que a casca.
(E) a casca seja mais amarela que o núcleo.

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Como opera a máfia que transformou o Brasil num dos campeões da fraude de medicamentos

É um dos piores crimes que se podem cometer. As vítimas são homens, mulheres e crianças doentes — presas fáceis, capturadas na esperança de recuperar a saúde perdida. A máfia dos medicamentos falsos é mais cruel do que as quadrilhas de narcotraficantes. Quando alguém decide cheirar cocaína, tem absoluta consciência do que coloca no corpo adentro. Às vítimas dos que falsificam remédios não é dada oportunidade de escolha. Para o doente, o remédio é compulsório. Ou ele toma o que o médico lhe receitou ou passará a correr risco de piorar ou até morrer. Nunca como hoje os brasileiros entraram numa farmácia com tanta reserva.

PASTORE, Karina. O Paraíso dos Remédios Falsifcados. Veja, nº 27. São Paulo: Abril, 8 jul,1998, p. 40-41.

Segundo a autora, “um dos piores crimes que se podem cometer” é
(A) a venda de narcóticos.
(B) a falsifcação dos remédios.
(C) a receita de remédios falsos.
(D) a venda abusiva de remédios.

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A assembleia dos ratos

Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos miados pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
— Acho - disse um deles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:
— Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo.
Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Dizer é fácil - fazer é que são elas!
Monteiro Lobato

Na assembleia dos ratos, o projeto para atar um guizo ao pescoço do gato foi
(A) aprovado com um voto contrário. 
(B) aprovado pela metade dos participantes.
(C) negado por toda a assembleia.
(D) negado pela maioria dos presentes.

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Namoro

O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:
— Desliga você.
— Não, desliga você.
— Você.
— Você.
— Então vamos desligar juntos.
— Tá. Conta até três.
— Um... dois... dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron. Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha. (Gongonha!) Mamosa. Purupupuca...
Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo:
— As dondozeira ama os dondozeiro?
— Ama.
— Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que as dondozeira ama os dondozeiro.
— Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que etc.
E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de língua, beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.
Depois do ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abano amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra?
Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
Luís Fernando Veríssimo
No texto, considera-se que o melhor do namoro é o ridículo associado
(A) às brigas por amor.
(B) às mentiras inocentes.
(C) às reconciliações felizes. 
(D) aos apelidos carinhosos.
(E) aos telefonemas intermináveis.

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HABILIDADE 2 / DESCRITOR 3 
  • INFERIR O SENTIDO DE UMA PALAVRA OU EXPRESSÃO
Que habilidade pretendemos avaliar?

As palavras são providas de sentido e, na maioria das vezes, são polissêmicas; ou seja, podem assumir, em contextos diferentes, significados também diferentes. Assim, para a compreensão de um texto, é fundamental que se identifique, entre os vários sentidos possíveis de uma determinada palavra, aquele que foi particularmente utilizado no texto.
O aluno precisa decidir, então, entre várias opções, aquela que apresenta o sentido com que a palavra foi usada no texto. Ou seja, o que sobressai aqui não é apenas que o aluno conheça o vocabulário dicionarizado, pois todas as alternativas trazem significados que podem ser atribuídos à palavra analisada. O que se pretende é que, com base no contexto, o aluno seja capaz de reconhecer o sentido com que a palavra está sendo usada no texto em apreço.

Pré-requisitos: 

É necessário que o aluno possua conhecimentos acerca de conotação e denotação, textualidade e coerência, classes gramaticais, especialmente a relação núcleo-determinante.

Proposta metodológica: 

O professor deverá realizar atividades que explorem os diferentes sentidos de palavras ou expressões em variados gêneros textuais (tiras, notícias de jornal, artigos científicos, verbetes etc). É importante explorar o sentido global do texto para se chegar ao sentido da palavra naquele contexto.
O professor deve sempre resgatar o conhecimento de mundo dos alunos, analisando o significado inerente ao radical ou aos afixos da palavra que os alunos já conheçam e destacando a relação entre essa palavra e os outros elementos textuais. O trabalho com alguns gêneros ricos em informações imagéticas, como tirinha, também permite que a inferência de sentido possa ser percebida através da leitura da linguagem não verbal.

Sugestões de atividades:

Leitura e análise de diferentes gêneros textuais com o intuito de identificar palavras diferentes do seu vocabulário e posterior produção de um verbete para cada expressão. Substituição de palavras selecionadas no texto por outras de sentido correspondente, utilizando dicionários. Análise de um texto em que algumas palavras foram inventadas, para que o aluno, através do processo de inferência – com base em seu conhecimento de mundo –, consiga substituí-las por expressões da língua sem que a coerência do texto seja prejudicada.

Textos e questões
O Sapo

Era uma vez um lindo príncipe por quem todas as moças se apaixonavam. Por ele também se apaixonou a bruxa horrenda que o pediu em casamento. O príncipe nem ligou e a bruxa ficou muito brava. "Se não vai casar comigo não vai se casar com ninguém mais!" Olhou fundo nos olhos dele e disse: "Você vai virar um sapo!" Ao ouvir esta palavra o príncipe sentiu estremeção. Teve medo. Acreditou. E ele virou aquilo que a palavra feitiço tinha dito. Sapo. Virou um sapo.
Rubem Alves

No trecho "O príncipe NEM LIGOU e a bruxa ficou muito brava", a expressão destacada significa que
(A) não deu atenção ao pedido de casamento. 
(B) não entendeu o pedido de casamento.
(C) não respondeu à bruxa.
(D) não acreditou na bruxa.
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Duas Almas

Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada, entra, e sob este teto encontrarás carinho: eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, vives sozinha sempre, e nunca foste amada...
A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. Entra, ao menos até que as curvas do caminho se banhem no esplendor nascente da alvorada.
E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, podes partir de novo, ó nômade formosa!
Já não serei tão só, nem irás tão sozinha. Há de ficar comigo uma saudade tua...Hás de levar contigo uma saudade minha...
Alceu Wamosy

No verso "e a minha alcova tem a tepidez de um ninho", a expressão sublinhada dá sentido de um lugar
(A) aconchegante. 
(B) belo.
(C) brando.
(D) elegante.

Análise dos dois textos

Ambas as questões testam a competência de inferir o sentido de uma palavra ou expressão. Aqui lida-se com diferentes níveis de significação dos termos e é preciso relacionar informações, observando o sentido denotativo e conotativo deles. Na primeira questão, ligada ao texto O Sapo, tem-se de acionar o repertório linguístico para inferir o significado no texto de "nem ligou". Essa é uma expressão que os falantes de língua portuguesa usam cotidianamente. No caso, ela indica que o príncipe não deu atenção ao pedido de casamento e deve ser entendida no sentido figurado. Já a palavra "tepidez", relacionada ao texto Duas Almas, é um pouco mais difícil por não ser comum no repertório da garotada do 9º ano. No sentido literal, ela significa mornidão. Acertar a resposta requer um raciocínio com base nas informações sugeridas pelas palavras conhecidas. "Ninho", no sentido conotativo, pode significar proteção e aconchego. Esse poderia ser um caminho para relacionar "tepidez" a aconchegante.

Orientações

Proponha atividades de leitura em que se possa inferir os sentidos de palavras e expressões com base no contexto para trabalhar essa competência em sala. Outra sugestão é propor exercícios em que se deve explicar denotativamente expressões que aparecem no sentido conotativo, como "ter minhoca na cabeça" e "conversa mole para boi dormir".

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O Pavão

E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d´água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. Rio de Janeiro: Record, 1996, p. 120

No 2º parágrafo do texto, a expressão ATINGIR O MÁXIMO DE MATIZES significa o artista
(A) fazer refletir, nas penas do pavão, as cores do arco-íris.
(B) conseguir o maior número de tonalidades.
(C) fazer com que o pavão ostente suas cores.
(D) fragmentar a luz nas bolhas d’água.

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Realidade com muita fantasia

Nascido em 1937, o gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escritor, igualmente atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda um biógrafo de mão cheia e colaborador assíduo de diversos jornais brasileiros. Seus livros para jovens e adultos são sucesso de público e de crítica e alguns já foram publicados no exterior.
Muito atento às situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar combina em seus textos indícios de uma realidade bastante concreta com cenas absolutamente fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela nascem os desfechos surpreendentes das histórias.
Em sua obra, são frequentes questões de identidade judaica, do cotidiano da medicina e do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em que matamos James Gagney”.

Para Gostar de Ler, volume 27. Histórias sobre Ética. Ática, 1999.

A expressão sublinhada em “é ainda um biógrafo de mão cheia” significa que Scliar é

(A) crítico e detalhista.
(B) criativo e inconsequente.
(C) habilidoso e talentoso. 
(D) inteligente e ultrapassado.

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Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

BOFF, Leonardo. A águia e a galinha. 4ª ed. RJ: Sextante, 1999


A expressão “com os olhos que tem” no texto, tem o sentido de

(A) enfatizar a leitura.
(B) incentivar a leitura.
(C) individualizar a leitura. 
(D) priorizar a leitura.
(E) valorizar a leitura.

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HABILIDADE 3/ DESCRITOR 4

  • INFERIR UMA INFORMAÇÃO IMPLÍCITA EM UM TEXTO

Que habilidade pretendemos avaliar?

Numa perspectiva discursivo-interacionista, assumimos que a compreensão de um texto se dá não apenas pelo processamento de informações explícitas, mas, também, por meio de informações implícitas. Ou seja, a compreensão se dá pela mobilização de um modelo cognitivo, que integra as informações expressas com os conhecimentos prévios do leitor ou com elementos pressupostos no texto.
Para que tal integração ocorra, é fundamental que as proposições explícitas sejam articuladas entre si e com o conhecimento de mundo do leitor, o que exige uma identificação dos sentidos que estão nas entrelinhas do texto (sentidos não explicitados pelo autor). Tais articulações só são possíveis, no entanto, a partir da identificação de pressupostos ou de processos inferenciais, ou seja, de processos de busca dos “vazios do texto”, isto é, do que não está “dado” explicitamente no texto.
Os itens relativos a esse descritor devem envolver elementos que não constam na superfície do texto, mas que podem ser reconhecidos por meio da identificação e dados pressupostos ou de processos inferenciais.

Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?

Atividades com textos sobre temas atuais, com espaço para as várias possibilidades de leitura possíveis, permitem desenvolver a interpretação tanto por meio do explícito como do implícito. Trabalhar com textos que contrariam a lógica formal para que o aluno perceba que, de fatos banais, podem ser criadas situações irreais, fantásticas, mas que são verossímeis no contexto.

Textos e questões:
O Drama das Paixões Platônicas na Adolescência

Bruno foi aprovado por três dos sentidos de Camila: visão, olfato e audição. Por isso, ela precisa conquistá-lo de qualquer maneira. Matriculada na 8ª série, a garota está determinada a ganhar o gato do 3º ano do Ensino Médio e, para isso, conta com os conselhos de Tati, uma especialista na arte da azaração. A tarefa não é simples, pois o moço só tem olhos para Lúcia - justo a maior "crânio" da escola. E agora, o que fazer? Camila entra em dieta espartana e segue as leis da conquista elaboradas pela amiga.

Revista Escola, março 2004, p. 63
Pode-se deduzir do texto que Bruno
(A) chama a atenção das meninas. 
(B) é mestre na arte de conquistar.
(C) pode ser conquistado facilmente.
(D) tem muitos dotes intelectuais.

Análise 
A habilidade requerida nesta questão é inferir uma informação implícita em um texto - aquela que não está presente claramente, mas pode ser concluída. Aqui, aparecem duas pistas para deduzir algo sobre Bruno: a determinação de Camila em conquistá-lo e a palavra "gato", que no sentido figurado significa rapaz muito atraente. Considerando essas pistas, é fácil imaginar que Bruno chama a atenção das meninas.

Orientações 
É fundamental ensinar a criar hipóteses interpretativas com base nas pistas apresentadas para reconhecer ideias implícitas num texto. Além disso, deve-se criar sentidos de acordo com as caracterizações de personagens, repetições de palavras, uso de figuras de linguagem etc.

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O fim de sapos, rãs e pererecas

“Para muita gente, sapos, rãs e pererecas podem lá não ter graça. Mas os anfíbios são essenciais à vida de florestas, restingas e lagoas, só para citar alguns ambientes. E o problema é que estão desaparecendo sem que cientistas saibam explicar o porquê. O fenômeno é conhecido há anos, mas tem-se agravado muito. Sobram explicações ... vírus, redução de habitat e mudanças climáticas, por exemplo... mas ainda não há resposta para o mistério, cuja consequência é o aumento do desequilíbrio ambiental. Para tentar encontrar uma solução, cientistas começaram a se reunir no Rio.”
O Globo. Rio de Janeiro, 23/06/2003.

Ao se referir ao desaparecimento de sapos, rãs e pererecas, o texto alerta para

(A) o perigo de alguns ambientes ameaçados.
(B) a falta de explicação dos cientistas.
(C) as explicações do mistério da natureza.
(D) o perigo do desequilíbrio do meio ambiente. 

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O império da vaidade

Você sabe por que a televisão, a publicidade, o cinema e os jornais defendem os músculos torneados, as vitaminas milagrosas, as modelos longilíneas e as academias de ginástica? Porque tudo isso dá dinheiro. Sabe por que ninguém fala do afeto e do respeito entre duas pessoas comuns, mesmo meio gordas, um pouco feias, que fazem piquenique na praia? Porque isso não dá dinheiro para os negociantes, mas dá prazer para os participantes.
O prazer é físico, independentemente do físico que se tenha: namorar, tomar milk-shake, sentir o sol na pele, carregar o filho no colo, andar descalço, ficar em casa sem fazer nada. Os melhores prazeres são de graça - a conversa com o amigo, o cheiro do jasmim, a rua vazia de madrugada - , e a humanidade sempre gostou de conviver com eles. Comer uma feijoada com 10 os amigos, tomar uma caipirinha no sábado também é uma grande pedida. Ter um momento de prazer é compensar muitos momentos de desprazer. Relaxar, descansar, despreocupar-se, desligar-se da competição, da áspera luta pela vida - isso é prazer.
Mas vivemos num mundo onde relaxar e desligar-se se tornou um problema. O prazer gratuito, espontâneo, está cada vez mais difícil. O que importa, o que vale, é o prazer que se compra e se exibe, o que não deixa de ser um aspecto da competição. Estamos submetidos a uma cultura atroz, que quer fazer-nos infelizes, ansiosos, neuróticos. As filhas precisam ser Xuxas, as namoradas precisam ser modelos que desfilam em Paris, os homens não podem assumir sua idade.
Não vivemos a ditadura do corpo, mas seu contrário: um massacre da indústria e do comércio. Querem que sintamos culpa quando nossa silhueta fica um pouco mais gorda, não porque querem que sejamos mais saudáveis - mas porque, se não ficarmos angustiados, não faremos mais regimes, não compraremos mais produtos dietéticos, nem produtos de beleza, nem roupas e mais roupas. Precisam da nossa impotência, da nossa insegurança, da nossa angústia. O único valor coerente que essa cultura apresenta é o narcisismo.

LEITE, Paulo Moreira. O império da vaidade. Veja, 23 ago. 1995. p. 79.

O autor pretende influenciar os leitores para que eles

(A) evitem todos os prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
(B) excluam de sua vida todas as atividades incentivadas pela mídia.
(C) fiquem mais em casa e voltem a fazer os programas de antigamente.
(D) sejam mais críticos em relação ao incentivo do consumo pela mídia. 

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Canguru

Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua nativa australiana e quer dizer “Eu Não Sei”. Segundo a lenda, o Capitão Cook, explorador da Austrália, ao ver aquele estranho animal dando saltos de mais de dois metros de altura, perguntou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu guugu yimidhirr, em língua local, Gan-guruu, “Eu não sei”. Desconfiado que sou dessas divertidas origens, pesquisei em alguns dicionários etimológicos. Em nenhum dicionário se fala nisso. Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão. Definição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge: Kangarroo; wallaby.
As palavras kanga e walla, significando saltar e pular, são acompanhadas pelos sufixos rôo e by, dois sons aborígines da Austrália, significando quadrúpedes. Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes saltadores.
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável linguista e grande amigo de Aurélio Buarque de Holanda, Paulo gostou de saber da origem “real” do nome canguru. Mas acrescentou: “Que pena. A outra versão é muito mais bonitinha”. Também acho.

Millôr Fernandes, 26/02/1999, In http://www.gravata.com/millor.

Pode-se inferir do texto que

(A) as descobertas científicas têm de ser comunicadas aos linguistas.
(B) os dicionários etimológicos guardam a origem das palavras. 
(C) os cangurus são quadrúpedes de dois tipos: puladores e saltadores.
(D) o dicionário Aurélio apresenta tendência religiosa.
(E) os nativos desconheciam o significado de canguru.

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O Homem que entrou pelo cano

Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acostumou.E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.
Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante. No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então percebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”.
Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto.

BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p.89.

O conto cria uma expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O resultado não foi o esperado porque

(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.
(B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.
(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.
(D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.

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HABILIDADE 4/ DESCRITOR 6
  • IDENTIFICAR O TEMA DE UM TEXTO
Que habilidade pretendemos avaliar?

Um texto é tematicamente orientado; quer dizer, desenvolve-se a partir de um determinado tema, o que lhe dá unidade e coerência.
A identificação desse tema é fundamental, pois só assim é possível apreender o sentido global do texto, discernir entre suas partes principais e outras secundárias, parafraseá-lo, dar-lhe um título coerente ou resumi-lo. Em um texto dissertativo, as ideias principais, sem dúvida, são aquelas que mais diretamente convergem para o tema central do texto.
Um item vinculado a esse descritor deve centrar-se na dimensão global do texto, no núcleo temático que lhe confere unidade semântica.
Por meio desse descritor, pode-se avaliar a habilidade do aluno em identificar do que trata o texto, com base na compreensão do seu sentido global, estabelecido pelas múltiplas relações entre as partes que o compõem. Isso é feito ao relacionarem-se diferentes informações para construir o sentido completo do texto.

Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?

O professor deve trabalhar em um nível de atividade que ultrapasse a superfície do texto, conduzindo o aluno a estabelecer relações entre as informações explícitas e implícitas, a fim de que ele faça inferências textuais e elabore uma síntese do texto. Ou seja, o aluno deve considerar o texto como um todo, mas prender-se ao eixo no qual o texto é estruturado. Os textos informativos são excelentes para se desenvolver dessa habilidade.

Textos e questões
Vínculos, as equações da matemática da vida

Quando você forma um vínculo com alguém, forma uma aliança. Não é à toa que o uso de alianças é um dos símbolos mais antigos e universais do casamento. O círculo dá a noção de ligação, de fluxo, de continuidade. Quando se forma um vínculo, a energia flui. E o vínculo só se mantém vivo se essa energia continuar fluindo. Essa é a ideia de mutualidade, de troca.
Nessa caminhada da vida, ora andamos de mãos dadas, em sintonia, deixando a energia fluir, ora nos distanciamos. Desvios sempre existem. Podemos nos perder em um deles e nos reencontrar logo adiante. A busca é permanente. O que não se pode é ficar constantemente fora de sintonia.
Antigamente, dizia-se que as pessoas procuravam se completar através do outro, buscando sua metade no mundo. A equação era: 1/2 + 1/2 = 1.
"Para eu ser feliz para sempre na vida, tenho que ser a metade do outro.” Naquela loteria do casamento, tirar a sorte grande era achar a sua cara-metade.
Com o passar do tempo, as pessoas foram desenvolvendo um sentido de individualização maior e a equação mudou. Ficou: 1 + 1= 1.
"Eu tenho que ser eu, uma pessoa inteira, com todas as minhas qualidades, meus defeitos, minhas limitações. Vou formar uma unidade com meu companheiro, que também é um ser inteiro." Mas depois que esses dois seres inteiros se encontravam, era comum fundirem-se, ficarem grudados num casamento fechado, tradicional. Anulavam-se mutuamente.
Com a revolução sexual e os movimentos de libertação feminina, o processo de individuação que vinha acontecendo se radicalizou. E a equação mudou de novo: 1 + 1= 1 + 1.
Era o "cada um na sua". "Eu tenho que resolver os meus problemas, cuidar da minha própria vida. Você deve fazer o mesmo. Na minha independência total e autossuficiência absoluta, caso com você, que também é assim." Em nome dessa independência, no entanto, faltou sintonia, cumplicidade e compromisso afetivo. É a segunda crise do casamento que acompanhamos nas décadas de 70 e 80.
Atualmente, após todas essas experiências, eu sinto as pessoas procurando outro tipo de equação: 1 + 1 = 3.
Para a aritmética ela pode não ter lógica, mas faz sentido do ponto de vista emocional e existencial. Existem você, eu e a nossa relação. O vínculo entre nós é algo diferente de uma simples somatória de nós dois. Nessa proposta de casamento, o que é meu é meu, o que é seu é seu e o que é nosso é nosso. Talvez aí esteja a grande mágica que hoje buscamos, a de preservar a individualidade sem destruir o vínculo afetivo. Tenho que preservar o meu eu, meu processo de descoberta, realização e crescimento, sem destruir a relação. Por outro lado, tenho que preservar o vínculo sem destruir a individualidade, sem me anular.
Acho que assim talvez possamos chegar ao ano 2000 um pouco menos divididos entre a sede de expressão individual e a fome de amor e de partilhar a vida. Um pouco mais inteiros e felizes.
Para isso, temos que compartilhar com nossos companheiros de uma verdadeira intimidade. Ser íntimo é ser próximo, é estar estreitamente ligado por laços de afeição e confiança.

(MATARAZZO, Maria Helena. Amar é preciso. 22. ed. São Paulo: Editora Gente, 1992. p. 19-21)

O texto trata PRINCIPALMENTE

(A) da exatidão da matemática da vida.
(B) dos movimentos de libertação feminina.
(C) da loteria do sucesso no casamento.
(D) do casamento no passado e no presente

Análise 

Os textos são construídos basicamente de duas formas. Alguns (geralmente, os não ficcionais) expõem explicitamente do que falarão, explicando isso por meio de conceitos. Os literários, sobretudo aqueles em prosa - como conto, fábula e romance -, apresentam o tema por trás do que acontece com os personagens. Vínculos, as Equações da Matemática da Vida trata do casamento no passado e no presente. Chega-se à resposta observando algumas características. É um texto não ficcional e logo no primeiro parágrafo dele há palavras-chave: aliança e casamento. A partir do terceiro, surgem marcas temporais: antigamente, com o passar do tempo e atualmente.

Orientação 

Uma forma de desenvolver essa habilidade é ensinar a distinguir tema e figura. Em uma fábula, por exemplo, o tema está escondido por trás das ações das personagens (figuras).


As Amazônias

Esse tapete de florestas com rios azuis que os astronautas viram é a Amazônia. Ela cobre mais da metade do território brasileiro. Quem viaja pela região, não cansa de admirar as belezas da maior floresta tropical do mundo. No início era assim: água e céu.
É mata que não tem mais fim. Mata contínua, com árvores muito altas, cortada pelo Amazonas, o maior rio do planeta. São mais de mil rios desaguando no Amazonas. É água que não acaba mais.

SALDANHA, P. As Amazônias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

O texto trata

(A) da importância econômica do rio Amazonas.
(B) das características da região Amazônica. 
(C) de um roteiro turístico da região do Amazonas.
(D) do levantamento da vegetação amazônica.

Análise 

Neste item, que também avalia a capacidade de identificar o tema de um texto é preciso considerar que As Amazônias é predominantemente descritivo: muitos rios, belezas da floresta, matas sem fim, árvores altas, água em grande quantidade. Associar essas palavras citadas é o caminho para concluir que o assunto abordado são as características da região amazônica.

Orientações

Proponha atividades em que a turma tenha de perceber se o autor apresenta explicitamente o tema de um texto ou se o esconde, deixando-o por trás de fatos concretos e apresentando-o por meio do que acontece com pessoas, animais etc.

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Pare de fumar

O hábito de fumar pode ser considerado uma toxicomania? Se definirmos a toximania como “uma tendência irresistível de consumir uma substância tóxica”, o fumante inveterado deve ser classificado como um toxicômano.
Foram os espanhóis, no século XVI, que introduziram o tabaco na Europa, a princípio consumido por soldados e marinheiros, que mascavam a erva e fumavam em cachimbo. No início do século XX, o hábito de fumar difundiu-se por todos os países, em todos os níveis sociais, tornando-se autêntica toxicomania, apesar das advertências dos males que seu uso poderia provocar. É uma droga que mata.
A diferença entre as toxicomanias clássicas (cocaína, heroína, morfina, maconha, anfetaminas, álcool) está no fato de que o tabaco não modifica a personalidade do usuário e, embora possa produzir efeitos estimulantes ou relaxantes, jamais afeta o equilíbrio mental. O uso continuado causa efeitos orgânicos irreversíveis, que são letais, e o índice de mortalidade é proporcional ao número de cigarros consumidos, sobretudo na faixa etária entre os 45 e 50 anos de idade.
A sociedade tem pago um tributo elevadíssimo pelo hábito de fumar: mortes prematuras, doenças crônicas incapacitantes, diminuição de rendimento no trabalho.

Nelson Senise, JB, 8/9/92, 1º CADERNO, P. 11

O texto tem como tema

(A) as doenças crônicas.
(B) as vantagens do fumo.
(C) o fumo como toxicomania. 
(D) a história do fumo.
E) as toxicomanias clássicas.

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A paranoia do corpo

Em geral, a melhor maneira de resolver a insatisfação com o físico é cuidar da parte emocional.

Letícia de Castro:

Não é fácil parecer com Katie Holmes, a musa do seriado preferido dos teens, Dawson's Creek ou com os galãs musculosos do seriado Malhação. Mas os jovens bem que tentam. Nunca se cuidou tanto do corpo nessa faixa etária como hoje. A Runner, uma grande rede de academias de ginástica, com 23 000 alunos espalhados em nove unidades na cidade de São Paulo, viu o público adolescente crescer mais que o adulto nos últimos cinco anos. “Acho que a academia é para os jovens de hoje o que foi a discoteca para a geração dos anos 70”, acredita José Otávio Marfará, sócio de outra academia paulistana, a Reebok Sports Club. "É o lugar de confraternização, de diversão."
É saudável preocupar-se com o físico. Na adolescência, no entanto, essa preocupação costuma ser excessiva. É a chamada paranóia do corpo. Alguns exemplos. Nunca houve uma oferta tão grande de produtos de beleza destinados a adolescentes. Hoje em dia é possível resolver a maior parte dos problemas de estrias, celulite e espinhas com a ajuda da ciência. Por isso, a tentação de exagerar nos medicamentos é grande. "A garota tem a mania de recorrer aos remédios que os amigos estão usando, e muitas vezes eles não são indicados para seu tipo de pele”, diz a dermatologista Iara Yoshinaga, de São Paulo, que atende adolescentes em seu consultório. São cada vez mais frequentes os casos de meninas que procuram um cirurgião plástico em busca da solução de problemas que poderiam ser resolvidos facilmente com ginástica, cremes ou mesmo com o crescimento normal. Nunca houve também tantos casos de anorexia e bulimia. "Há dez anos essas doenças eram consideradas raríssimas. Hoje constituem quase um caso de saúde pública”, avalia o psiquiatra Táki Cordás, da Universidade de São Paulo.
 É claro que existem variedades de calvície, obesidade ou doenças de pele que realmente precisam de tratamento continuado. Na maioria das vezes, no entanto, a paranoia do corpo é apenas isso: paranoia. Para curá-la, a melhor maneira é tratar da mente. Nesse processo, a autoestima é fundamental. “É preciso fazer uma análise objetiva e descobrir seus pontos fortes. Todo mundo tem uma parte do corpo que acha mais bonita”, sugere a psicóloga paulista Ceres Alves de Araújo, especialista em crescimento. Um dia, o teen acorda e percebe que aqueles problemas físicos que pareciam insolúveis desapareceram como num passe de mágica. Em geral, não foi o corpo que mudou. Foi a cabeça. Quando começa a se aceitar e resolve as questões emocionais básicas, o adolescente dá o primeiro passo para se tornar um adulto.

CASTRO, Letícia de. Veja Jovens. Setembro/2001 p. 56.


A ideia central do texto é

(A) a preocupação do jovem com o físico. 
(B) as doenças raras que atacam os jovens.
(C) os diversos produtos de beleza para jovens.
(D) o uso exagerado de remédios pelos jovens.

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Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil: 
— Em que espelho ficou perdida 
a minha face?
Cecília Meireles: poesia, por Darcy Damasceno. Rio de Janeiro: Agir, 1974. p. 19-20.

O tema do texto é

(A) a consciência súbita sobre o envelhecimento.
(B) a decepção por encontrar-se já fragilizada.
(C) a falta de alternativa face ao envelhecimento.
(D) a recordação de uma época de juventude.
(E) a revolta diante do espelho.

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O ouro da biotecnologia

Até os bebês sabem que o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica – ou o que restou dela – são invejadas no mundo todo por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm mais riqueza de fauna e fora do que se costuma pensar. A quantidade de água doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente citada nas escolas, nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista (“Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional à desatenção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas. Estamos entrando numa era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a exploração comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve de ser uma enorme fonte “potencial” de alimentos, cosméticos, remédios e outros subprodutos: ela o será de fato – e de forma sustentável. Outro exemplo: os créditos de carbono, que terão de ser comprados do Brasil por países que poluem mais do que podem, poderão significar forte entrada de divisas.
Com sua pesquisa científica carente, idefinição quanto à legislação e dificuldades nas questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram registrados por estrangeiros - que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem original daqui, caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele. Além disso, a biopirataria segue crescente. Até mesmo os índios deixam que plantas e animais sejam levados ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão vendidos a peso de ouro. Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no chão.

Uma frase que resume a ideia principal do texto é:

(A) A Amazônia deixará de ser fonte potencial de alimentos.
(B) O Brasil não transforma riqueza natural em financeira.
(C) Os Índios deixam animais e plantas serem levados.
(D) Os estrangeiros registraram diversos produtos.

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HABILIDADE 5/ DESCRITOR 14

  • DISTINGUIR UM FATO DE OPINIÃO RELATIVA A ESSE FATO
Que habilidade pretendemos avaliar?

É comum, sobretudo em textos dissertativos que, a respeito de determinados fatos, algumas opiniões sejam emitidas. Ser capaz de localizar a referência aos fatos, distinguindo-a das opiniões relacionadas a eles, representa uma condição de leitura eficaz. Um item que avalie essa habilidade deve apoiar-se em um material que contenha um fato e uma opinião sobre ele, a fim de poder estimar a capacidade do aluno para fazer tal distinção.
É importante que ele tenha uma visão global do texto e do que está sendo solicitado no enunciado do item.

Que sugestões podem ser dadas para melhor desenvolver essa habilidade?

Sugerimos que o professor, para trabalhar a habilidade do aluno em estabelecer a diferença entre fato e opinião sobre o fato, recorra a gêneros textuais variados, especialmente os que apresentam estrutura narrativa, tais como contos (fragmentos) e crônicas. Os textos argumentativos também se prestam para trabalhar essa habilidade. Entretanto, torna-se necessário trabalhar nos textos as situações criadas por instrumentos gramaticais, como as expressões adverbiais e as denotativas em relações de mera referencialidade textual ou de influência externa de intromissão do locutor/produtor/narrador.

Pré-requisitos:

O aluno deve identificar, dentro de um contexto, a classe dos verbos, dos adjetivos e advérbios; os tipos textuais; e o discurso relatado.

Proposta metodológica:

O professor deve desenvolver atividades de análise e produção textual, empregando verbos de opinião e de ação, adjetivos objetivos e subjetivos e expressões adverbiais de afirmação, dúvida, intensidade, negação e modalidade. Além desses elementos, é importante também abordar os tipos de discurso relatado – direto, indireto e indireto livre – e a forma como são dispostos no gênero resenha. Assim, o aluno poderá observar as diferenças entre fato e opinião relativa ao fato. É importante ressaltar que o desenvolvimento da habilidade de distinguir fato de opinião referente ao fato requer que consideremos todos esses elementos como partes de um todo – o texto – e que, por isso, devem ser contemplados em conjunto, não separadamente. É necessário atentar para a função comunicativa dessas marcas linguísticas, numa perspectiva semântico-discursiva.
Por meio dos gêneros fichamento, resumo e resenha, o professor pode explorar essa habilidade ao trabalhar com os alunos o reconhecimento e utilização das marcas modais nos verbos, dos modalizadores discursivos e dos verbos de opinião.

Sugestões de atividades

Dramatização de uma cena de um filme, na qual o narrador (aluno) a introduz através de uma breve resenha descritiva produzida por ele mesmo e a finaliza com uma crítica.
Realização, em grupo, de entrevistas, a partir das quais a turma reunirá diferentes opiniões sobre um mesmo tema (um evento na escola, na comunidade do entorno ou na cidade) para que os alunos possam distinguir fato de opinião em diferentes contextos.
Comparação da sinopse de um conto, um filme ou uma peça com uma resenha ou texto crítico sobre a obra, a fim de que o aluno identifique as marcas de opinião presentes na resenha ou texto crítico, que podem ser expostas em um mural. 

Textos e questões:

As Amazônias
Esse tapete de florestas com rios azuis que os astronautas viram é a Amazônia. Ela cobre mais da metade do território brasileiro. Quem viaja pela região, não cansa de admirar as belezas da maior floresta tropical do mundo. No início era assim: água e céu.
É mata que não tem mais fim. Mata contínua, com árvores muito altas, cortada pelo Amazonas, o maior rio do planeta. São mais de mil rios desaguando no Amazonas. É água que não acaba mais.

SALDANHA, P. As Amazônias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.

A frase que contém uma opinião é 

(A) "cobre mais da metade do território brasileiro"
(B) "não cansa de admirar as belezas da maior floresta"
(C) "...maior floresta tropical do mundo"
(D) "Mata contínua [...] cortada pelo Amazonas" 

Análise 

O leitor deve ser capaz de perceber num texto um fato da opinião relativa a ele. O primeiro pode ser comprovado por qualquer um mediante dados. A opinião é pessoal e subjetiva. O que conta aqui é perceber que uma ideia subjetiva do autor aparece na frase "não cansa de admirar as belezas...".

Orientações 

A leitura de textos jornalísticos é uma atividade excelente para trabalhar a habilidade. Explique que muitos veículos afirmam buscar a objetividade, a imparcialidade e a neutralidade na transmissão das notícias, o que é impossível porque a linguagem é carregada de pontos de vista e crenças de quem produz o texto. Peça que a turma rastreie nas reportagens informações que podem ser consideradas exatas e outras pessoais.

“Deitada na calçada, Dona Belarmina, 71 anos, parece até serena, quase adormecida embaixo do cobertor quadriculado, a cabeça apoiada em pedaços dobrados de papelão, que lhe servem também de colchão. Ainda é cedo, oito da noite, e o movimento de carros e pessoas é intenso. Ninguém presta atenção.

“Já perdi tudo, até a vergonha”, diz a voz quase inaudível. Perdeu a família, que lhe virou as costas quando se tornou um peso difícil de se sustentar. Perdeu as condições de trabalhar “Eu era uma mulher trabalhadeira.” Perdeu o interesse pela vida. Não sabe quem é o Presidente da República, nem o Governador, nem o Prefeito. “E eles sabem que eu existo? Ninguém sabe nem que eu estou viva!”

Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 4 jun. 2000. p.4.

Em qual das citações abaixo está expressa uma opinião do jornalista, autor do texto?

(A) “Dona Belarmina, 71 anos,...”
(B) “Ainda é cedo, oito da noite,...”
(C) ...parece até serena, quase adormecida...”
(D) “a cabeça apoiada em pedaços de papelão,...”
(E) “...o movimento de carros e pessoas é intenso.”

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No mundo dos sinais
Sob o sol de fogo, os mandacarus se erguem, cheios de espinhos. Mulungus e aroeiras expõem seus galhos queimados e retorcidos, sem folhas, sem flores, sem frutos. Sinais de seca brava, terrível!
Clareia o dia. O boiadeiro toca o berrante, chamando os companheiros e o gado. Toque de saída. Toque de estrada. Lá vão eles, deixando no estradão as marcas de sua passagem. TV Cultura, Jornal do telecurso.

A opinião do autor em relação ao fato comentado está em

(A) “os mandacarus se erguem”
(B) “aroeiras expõem seus galhos”
(C) “Sinais de seca brava, terrível!!”
(D) “Toque de saída. Toque de entrada”.

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Senhora
(fragmento)

Aurélia passava agora as noites solitárias. Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar da conversa o tema desagradável.
Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor ideias singulares, talvez inspiradas pela posição especial em que se achara ao fazer-se moça.
Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e pois toda a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento de conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus e redentor.
Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação que entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem fazer um esforço para reter a ventura que foge.
Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o caos do mundo moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir nesses limbos.

ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __. Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8.


O narrador revela uma opinião no trecho

(A) “Aurélia passava agora as noites solitárias.”
(B) “...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”
(C) “...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...”
(D) “...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...”
(E) “Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...”

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As enchentes de minha infância

Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.
Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p.157.

A expressão que revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa casa”, é

(A) “Às vezes chegava alguém a cavalo...”
(B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”
(C) “e se tomava café tarde da noite!”
(D) “Isso para nós era uma festa...”

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