Democracia na gestão da escola
Saiba como os Conselhos Escolares funcionam e porque você deve aderir ao da sua escola
O Conselho Escolar cria uma
relação entre a instituição e os pais, o que estimula a participação dos
mesmos na vida escolar dos filhos
A
participação das famílias na educação formal dos estudantes pode ir
muito além do acompanhamento de boletins e de conversas com professores.
O envolvimento direto dos pais no dia a dia da escola, acompanhando
questões ligadas à administração e ao ensino, pode ser vital para a
melhoria da educação - e os conselhos escolares são ótimas formas de
fazer isso acontecer.
“Por meio
do conselho é possível envolver a comunidade e estimulá-la a acompanhar
os estudos dos seus filhos e o que está acontecendo na escola,” conta
Maria Luiza Martins Aléssio, diretora de Fortalecimento Institucional e
Gestão Educacional do Ministério da Educação.
Um exemplo bem sucedido é o da
escola de educação infantil Sarah Victalino Gueiros, no município de
Vila Velha (ES). Com o estímulo da secretaria de Educação do município,
os professores do colégio tomaram a iniciativa, convocaram a comunidade e
criaram um Conselho Escolar no colégio. Mais de 200 pais participaram
das primeiras votações. Agora, os integrantes do conselho deliberam
juntos sobre questões que vão do plano pedagógico à merenda servida no
colégio. “Sem um conselho, é impossível ter uma escola pública de
qualidade”, diz a diretora da escola, Lidia de Vargas Araujo. “Não sei
como eu conseguiria trabalhar sem o conselho lado a lado comigo”.
O
Conselho é formado por representantes de todos os grupos envolvidos com
a educação: funcionários e professores da escola, pais e outros membros
da comunidade. Ao trazer todos os interessados para discussão e tirar
as decisões da mão de poucos, ele transforma a escola em um ambiente
mais democrático e transparente.
A
seguir, entenda como os Conselhos Escolares funcionam, porque eles são
essenciais para uma boa gestão escolar e porque você deve aderir.
1. Quais as funções do Conselho
Escolar? O Conselho monitora dirigentes escolares, assegurando a
qualidade do ensino. Pode estabelecer metas, planos educacionais, o
calendário escolar e aprovar o projeto pedagógico da escola. Também
cuida da situação financeira da escola, definindo planos de aplicação de
recursos e normas para a prestação de contas.
Apesar
de possuírem essas linhas gerais, suas funções variam: os Estados são
os responsáveis por estabelecer as atribuições gerais dos Conselhos. Mas
nem todas as unidades da federação têm legislação sobre o assunto.
2. Quem pode participar dos
Conselhos Escolares? Pais, representantes de alunos, professores,
funcionários, membros da comunidade e diretores da escola.
3. Quantos são e como os membros
são eleitos? A forma de escolha e o número de membros variam de escola
para escola. Como são autônomas, as instituições devem estabelecer suas
próprias regras de eleição e o tamanho dos mandatos, dentro do previsto
na legislação estadual.
Na maioria dos Estados com
regras, os mandatos são fixados entre um e dois anos. Os representantes
são eleitos por suas próprias categorias e o diretor é um membro nato do
Conselho.
4. De quanto em quanto tempo o
Conselho deve se reunir? O MEC sugere reuniões mensais dos Conselhos.
Além dessas reuniões, também são importantes as assembléias-gerais, que
contam com a participação de todos da comunidade escolar e não somente
dos membros eleitos.
5. Os Conselhos Escolares são
obrigatórios? Não há a obrigatoriedade da existência deles em nível
nacional e estadual. Em alguns municípios, porém, eles são obrigatórios.
Normalmente, as eleições dos diretores nessas cidades só podem ser
feitas pelo Conselho - como o MEC sugere em seus materiais. Apesar de a
eleição do diretor pelo Conselho ser uma prática comum, há exceções,
pois os municípios e as escolas são autônomos.
6. Por que os Conselhos são
necessários? As escolas são autônomas na gestão dos seus recursos e na
elaboração dos seus projetos pedagógicos. Para estimular essa autonomia,
cada vez mais o Governo Federal repassa recursos e materiais
diretamente para as escolas. Assim, elas podem resolver problemas
específicos de cada comunidade. E a melhor maneira de saber o que a
comunidade precisa é trazê-la para a gestão administrativa e pedagógica
da escola por meio dos Conselhos.
A prática ainda é pouco comum no
país. O Brasil tem um regime democrático desde o fim da ditadura
militar em 1985, mas a gestão das escolas públicas mudou de forma lenta
desde então. As congregações formadas exclusivamente por professores
continuam a gerir a maioria das escolas. Muitas vezes, sem ouvir a
comunidade ao seu redor. Com a formação do Conselho, o cidadão vira um
sujeito participante no destino de sua Educação e da sua sociedade.
7. Desde quando a formação dos
Conselhos é estimulada? A gestão democrática do ensino público e a
autonomia pedagógica e administrativa das unidades escolares estão
previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996.
Uma das metas do Plano Nacional
de Educação, aprovado em 2000, é "promover a participação da comunidade
na gestão das escolas, universalizando, em dois anos, a instituição de
Conselhos escolares ou órgãos equivalentes". Nove anos depois, os
Conselhos ainda não foram implantados em larga escala no país.
Desde 2004, o MEC tenta
estimular a criação e o aperfeiçoamento deles por meio do Programa
Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares.
8. Como posso implantar um
Conselho na minha escola? A atitude de formar um Conselho pode partir
dos educadores, dos alunos ou da comunidade ligada à escola. Pode haver
legislação municipal ou estadual que estabelece regras para a criação
dos Conselhos. Por isso, é importante procurar a orientação da
Secretaria de Educação da sua cidade ou Estado.
O MEC ajuda diretamente as
escolas por meio do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
Escolares da Secretaria de Educação Básica. No site oficial do programa,
há 13 cadernos há materiais disponíveis para download. Voltados para
diversos aspectos da formação dos Conselhos, eles explicam as diferentes
possibilidades para o funcionamento e as diversas áreas de atuação
deles.
Pais com vontade de participar
do Conselho devem procurar a direção da escola para se informar sobre as
regras e o período para a eleição dos seus membros. Os Conselhos também
costumam fazer reuniões abertas para aqueles que desejam se envolver
sem participar das eleições.
9. O que é essencial para o funcionamento do Conselho Escolar?
Como
cada escola tem suas particularidades, o primeiro passo para o
funcionamento do Conselho é a elaboração de um regimento interno e de um
regimento escolar que atenda as necessidades da comunidade e dos
educadores locais.
O regimento
interno tratará da organização do Conselho. Ele determina a forma como
são eleitos os membros, as suas atribuições e a regularidade das
reuniões. No regimento escolar, estão as normas que regem a escola como
um todo. Eles podem ser redigidos na assembléia-geral, onde todos os
membros da comunidade podem ser ouvidos e votar.
http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/democracia-gestao-escolar-490189.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário