quarta-feira, 22 de março de 2017

Viajando no mundo dos gêneros textuais

1. TEMA:

•Viajando no mundo dos gêneros textuais

 DELIMITAÇÃO DO TEMA:

•Despertando a leitura a partir dos gêneros textuais que retratam as questões conflituosas vivenciadas pelos adolescentes.



JUSTIFICATIVA
Sabemos que apesar da leitura ser tão importante quanto a escrita, ela não tem a devida importância no espaço escolar, o que acaba refletindo fora desse ambiente. A dicotomia que se criou entre essas duas atividades, e conseqüentemente a depreciação da leitura, se dá desde os primórdios, em que a escrita constitui-se como fonte de poder. Até mesmo em culturas predominantemente orais, percebe-se certa inclinação aos valores que lhe podem ser atribuída. Em nossos dias, esse quadro não sofreu grandes mudanças, pois nas escolas ainda encontramos certa resistência as atividades voltadas para a leitura. Poucos são os projetos e os investimentos destinados a esta prática, e mesmo quando há, não se dão de forma espontânea, pois são dirigidos, planejados, limitados no tempo e no espaço pelo professor; que acaba se esquecendo que o seu papel é de extrema relevância nesse processo, afinal ele não será apenas o mediador como sempre se auto-intitula, mas também o responsável em apresentar ao aluno os diversos tipos de leitura, e a depender da maneira utilizada, poderá afastar ou aproximar esse sujeito.
Para tanto, é imprescindível utilizar uma metodologia de interpretação e compreensão de textos, bem estruturada, que proporcione ao estudante aprendizagens com a prática da leitura, tornando-o um verdadeiro leitor.
Diante dessa proposta, este projeto se coloca como uma possibilidade de reflexão sobre a temática que atrai o alunado e que o mesmo seja conhecedor do assunto. Sendo assim, é imprescindível trabalhar com diversos que tematizem as questões vivenciadas pelos adolescentes. Além disso, a leitura será focalizada a partir de diversos gêneros textuais, pois a perspectiva atual de ensino de língua materna, não se cabe mais um estudo que focalize exclusivamente um tipo de texto. Vivemos num mundo letrado e visual, em que a palavra e a imagem são importantes meios de comunicação, em todos os setores da vida humana. Estamos expostos a todo tipo de texto, o tempo todo. Portanto, o conhecimento e o domínio de textos empregados em diversas situações da vida são cada vez mais necessários, principalmente para os adolescentes, que estão descobrindo o mundo e desabrochando para a vida.
Este trabalho de leitura de texto terá como objetivo despertar o prazer de ler e, com isso, favorecer um contato “amigável” com o texto, despertando a curiosidade e o gosto pela leitura, além de proporcionar ao aluno um aprendizado significativo.
Para a culminância desse trabalho, será realizado no auditório um momento cultural (Chá Literário) com apresentações teatrais.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ao pensarmos na prática de leitura como atividades de classe nos questionamos, primeiramente, sobre sua importância para a escola e qual a sua função na vida escolar dos alunos. Como já ressaltamos, muitas vezes, a atenção dada à leitura está, geralmente, atrelada ao trabalho com a literatura por se acreditar que ela colabora significativamente para a formação da pessoa, influenciando na forma de pensar e agir do homem. Os PCNs ao tratarem desta questão nos trazem a seguinte afirmação: A literatura não é cópia do real, nem puro exercício de linguagem, tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo e da história dos homens [...] A questão do ensino de literatura ou da leitura literária envolve, portanto, esse exercício de reconhecimento das singularidades e das propriedades compósitas que matizam um tipo particular de escrita. (In: RANGEL, 2005)
Esse reconhecimento de singularidades e propriedades que marcam um tipo particular de texto é praticamente uma afirmação de que muitas outras leituras podem circular na escola, como por exemplo, a estrutura de um livro, sumário, título e subtítulo, bula de remédio, música, reportagem, recibos de água e luz, entrevista... O ensino da leitura desses tipos textuais seria de grande relevância, porque o aluno reconheceria as características de cada gênero, além de adquirir habilidades sobre técnicas e métodos para buscar informações. Essas leituras, que são consideradas extra - escolar, não são consideradas adequadas pelas instituições de ensino, por acharem que não são formadoras de individuo, e que não são adequadas para que o aluno entenda o mundo, algumas delas podem ser trabalhadas como produção de texto, mas não como prática de leitura.
Segundo Ingedore Villaça, o processo de leitura e construção de sentido dos textos, levou em conta que a escrita/fala baseiam-se em formas padrão e relativamente estáveis de estruturação e é por essa razão que, em nossas atividades comunicativas, são incontáveis ás vezes em que não somente lemos textos diversos, como também produzimos diversos gêneros.
A lista dos gêneros é numerosa, é tanto que os estudiosos que objetivaram o levantamento e a classificação de gêneros textuais desistiram de fazê-lo, em parte porque os gêneros existem em grande quantidade, como prática sociocomunicativas, são dinâmicos e sofrem variações na sua constituição, que, em muitas ocasiões, resultam em outros gêneros, novos gêneros.
“Já se tornou trivial a idéia de que os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados á vida cultural e social. Fruto do trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia. São entidades sócio-discursivos e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa” (Luiz Antônio Marcuschi)

Isto é revelador do fato de que os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolve. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais, do que por suas peculiaridades lingüísticas e estruturais.
Sendo assim, a prática de leitura por meio dos diversos gêneros permite-nos construir uma intimidade muito grande com a língua escrita, através da internalização de suas estruturas e de suas infinitas possibilidades estilísticas; ou como declara Garcez (2004 p.23): Nosso convívio com a leitura de textos diversos consolida também a compreensão do funcionamento de cada gênero em cada situação. Além disso, a leitura é a forma primordial de enriquecimento da memória, do senso crítico e do conhecimento sobre os diversos assuntos acerca dos quais se podem escrever.

6. OBJETIVO GERAL
*Apresentar os diversos gêneros como um aliado no despertar do gosto pela leitura em nossos alunos.

7. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

•Ler por prazer.
•Comparar textos, buscando semelhanças e diferenças quanto às idéias e à forma.
•Debater temas propostos pelos textos e desenvolver habilidades de comunicação e argumentação orais.
•Observar e exercitar os elementos da narrativa.
•Produzir textos narrativos, tomando como base a noção de enredo e suas partes.
•Exercitar a coerência e a coesão textual tanto no nível da frase e do parágrafo quanto no nível do texto.
•Identificar e classificar as orações nos textos.
•Refletir sobre a juventude: seus valores, sua relação com a vida, seu sentimento de onipotência, suas contradições, etc.

8.CONTEÚDOS

GÊNEROS TEXTUAIS
CONTOS
O primeiro beijo (Clarice Lispector)
Felicidade Clandestina (Clarice Lispector)
Preciosidade (Clarice Lispector)

POEMAS
Soneto de fidelidade (Vinícius de Moraes)
Pela luz dos olhos teus (Vinícius de Moraes)

MÚSICAS
O que é o que é (Gonzaguinha)
Amor Y love you (Marisa Monte)
Já sei namorar (Marisa Monte)
Felicidade (Fábio Júnior)

REPORTAGENS
A paranóia do corpo ( VEJA, Letícia de Castro)
O Império da vaidade (VEJA Paulo Moreira Leite)
Culto a forma: saúde, vaidade ou escravidão? (VEJA)

CINEMA NA ESCOLA
Sociedade dos Poetas Mortos

ASPECTOS LINGUÍSTICOS
Frase, oração e período
Modo, tempo e vozes do verbo

PRODUÇÃO TEXTUAL
Produção de um trabalho acadêmico a partir dos contos de Clarice Lispector.
Análise dos textos em versos e leitura analítica das questões tematizada nas reportagens.

9. METODOLOGIA

•Introdução do tema proposto, levando os alunos a refletirem como se retrata o jovem atual, buscando semelhanças e diferenças entre os jovens de hoje e os de gerações passadas.

•Leitura reflexiva, a partir da música “O que é o que é “de Gonzaguinha, com a finalidade de lavar os alunos a falarem sobre o sentido da vida.

•Após ouvirem e interpretarem a música, os alunos farão um texto de qualquer tipologia textual, para expor suas idéias sobre o contexto da música.

•A partir dos textos produzidos pelos alunos, será feito um estudo sobre as tipologias textuais (Narração, descrição e dissertação), focando assim, as suas diferenças.

•Pesquisa feita pelos alunos sobre Clarice Lispector, para estudo mais aprofundado dos contos abordados.

•Leitura interpretativa do conto “O primeiro beijo” de Clarice Lispector, focando a introspecção, a sondagem psicológica e os momentos epifânicos (pré- epifânico.,epifânico e pós- epifânico) , na personagem protagonista.

•Estudo comparativo entre o conto e as músicas “Já sei namorar” e “Amor Y love You” de Marisa Monte, observando a estrutura, os aspectos gramaticais e estilísticos dos gêneros em estudo.

•Após o estudo feito, teremos uma conversa sobre a sexualidade, pois o texto trabalhado trata também, deste assunto.

•Leitura reflexiva, com a finalidade de contextualizar os fatos apresentados nas letras de músicas e do conto, transferindo-os para realidade vivenciada pelos jovens.

•Após a reflexão coletiva, os alunos deverão expor espontaneamente os seus anseios, desejos e conflito vivenciados nesta fase tão conturbada.


•Leitura interpretativa do conto “Felicidade Clandestina” de Clarice Lispector, com o propósito de estudar os elementos da narrativa, o gênero conto e especificamente a escritura de Clarice Lispector, quanto ao processo epifânico.

•Após o estudo feito, os alunos deverão relacionar o conto estudado com a música “Felicidade” de Fábio Júnior. Além disso, farão relação com as suas próprias vidas, e com a concepção que eles têm de felicidade.

•Leitura prévia pelos alunos do conto “Preciosidade” de Clarice Lispector, seguindo os seguintes passos:

•Leitura do texto observando os elementos da narrativa.
•Estudar a relação do título com a obra.
.Identificar as palavras - chave que vão nortear a interpretação do texto.
•Identificar a introspecção das personagens, e em especial a da protagonista.
•Buscar informações no texto que apontam o processo epifânico , da protagonista.
•Abordar de maneira explícita a transformação ocorrida com a protagonista, depois do processo epifânico.
•Relacionar o contexto da obra com o cotidiano de um adolescente e a relação deste Com a família.
•Posicionamento do aluno em relação às questões abordadas.
•Posicionamento do aluno a respeito da educação, do namoro, da família e o que é ser adolescente.
•Os alunos deverão assistir ao filme “Sociedade dos poetas mortos” e após assistirem preencherão uma ficha de leitura.

•Os alunos farão a relação do contexto do filme, com a sua própria vida de estudante, apontando os seus anseios, desejos e conflito enfrentados nesta fase, mostrando o que é ser adolescente.

•Após todo o estudo, os alunos deverão se dividir em grupo para a realização de um trabalho acadêmico e apresentação teatral a partir dos gêneros estudados.

•Confecção de cartazes para a divulgação das apresentações teatrais que acontecerão no evento “Chá Literário”.

•Para a culminância do trabalho, serão realizadas apresentações de peças teatrais para a comunidade escolar.



10.RECURSOS

Recursos comuns a sala de aula
Som e CD
Textos literários
Textos xerografados
Vídeo e filme
TV

11.FORMA DE SOCIALIZAÇÃO

O resultado final do estudo será apresentado a toda a comunidade escolar, numa data previamente escolhida e divulgada pelos alunos, através dos cartazes de divulgação para a realização do Chá Literário.


12.RESULTADOS ESPERADOS
Almejamos que os alunos atinjam uma aprendizagem efetiva e prática, que estes consigam associar a temática estudada ao contexto sócio-cultural levando-os a terem uma visão de mundo mais abrangente, consciente e crítica de si mesmo e do mundo.


13.AVALIAÇÃO

Os trabalhos serão avaliados a partir da participação dos alunos e das produções escritas realizadas em grupo e individual, para a realização do evento Chá Literário.
Também será feita uma avaliação das peças teatrais apresentadas no auditório da unidade escolar.


14.CRONOGRAMA

PERÍODO ATIVIDADE

Dois dias:Dinâmica de integração e discussão sobre a proposta do projeto

Uma semana:Exposição teórica sobre os gêneros textuais

Uma semana:Estudo dos gêneros textuais, observando semelhanças e diferenças
Uma semana:Leitura a análise dos textos
Leitura prévia dos contos

Uma semana;Orientação para a realização do trabalho acadêmico
Produção do trabalho em grupo
Uma semana:Assistir ao filme “Sociedade dos poetas mortos”
Análise do filme por escrito
Uma semana:Comentário do filme relacionando a vivencia do aluno com o contexto do filme
Oralidade e escrita
Dois dias:Socialização do trabalho em sala de aula
Três dias:Apresentação das peças teatrais no Chá Literário

REFERÊNCIAS:
BRAIT, Beth. A Personagem. São Paulo: Ática; 1998.
GANCHO, Cândido Vilares. Como Analisar Narrativas. São Paulo: Ática; 2004.
GARCEZ, Lucília H. do Carmo. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
KOCH, Ingedore Villaça. Ler e Compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2008
LEAL, Telma Ferraz. Prática social de leitura na escola e na sociedade. In: Leitura: Teoria & Prática. Ano 18 Números 34.
LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. São Paulo: Ática, 1997.
LISPECTOR, Clarice. Preciosidade. São Paulo: Ática, 1997.
LISPECTOR, Clarice. O primeiro beijo. São Paulo: Ática, 1997.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Da Fala para a Escrita: Atividade de Retextualização. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2004.
PASCHOALIN, Maria Aparecida. Gramática: teoria e exercício> São Paulo: FTD, 2008.
RANGEL, Jurema Nogueira Mendes. Leitura na Escola: Espaço para gostar de ler. Porto Alegre: Mediação. 2005.

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