terça-feira, 31 de outubro de 2017

Conteúdos fundamentais para as características da turma e princípios norteadores da prática pedagógica

Conteúdos fundamentais para as características da turma e princípios norteadores da prática pedagógica


Conteúdos fundamentais para as características da turma e princípios norteadores da prática pedagógica
            Antes de iniciar as atividades com a turma e as avaliações iniciais para intervirmos no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, acho que devemos nos nortear em alguns princípios da prática pedagógica, tais como: realizar projetos interdisciplinares  com as disciplinas de história, geografia e ciências . Projetos que  são de interesse das crianças ou instigados pela professora, porém que enfatizem valores e atitudes de respeito em relação as diferenças entre as pessoas que estão relacionadas a etnia, questões de gêneros, diferenças na forma física  , pessoas com necessidades especiais, pluralidade cultural , diferenças de classes sociais, etc. Além de temas como respeito aos animais, preservação ambiental, desperdício de água e energia, ética, etc.             Estimular o pensamento crítico das crianças quanto às desigualdades sociais e conscientização de seus direitos e deveres.
            Planejar e direcionar atividades que envolvam em que as crianças sejam ativas no processo de ensino-aprendizagem. Realizar as atividades de forma que favoreça o diálogo, a curiosidade através de perguntas e pesquisas. Um planejamento que inclua atividades pedagógicas diversificadas e que estejam próximas do nível de aprendizagem dos alunos. Uma rotina diária para que as crianças tenham previsibilidade das atividades, favorecendo maior organização da sala e das atividades. Realizar junto com os alunos os combinados que estabelecem as regras de convivência da turma, para que possam conviver em um ambiente de respeito, afeto, e cooperação com o próximo, favorecendo a organização necessária para que os alunos avancem no processo de ensino-aprendizagem. Estreitar relações com os alunos demonstrando afeto e respeito, porém usando a autoridade em caso de desrespeito e se for necessário chamar os pais para conversar. Transmitir segurança aos alunos com um planejamento organizado em uma sequência didática, além de estar sempre pesquisando e ampliando o conhecimento para utilizar a metodologia mais adequada a fim de que as crianças possam aprender e avançar.
            Após avaliação inicial, constatei que a maioria dos alunos estão em níveis pré-silábico e silábico da escrita. As atividades serão planejadas de forma que intervenham nestas hipóteses dos alunos em um contexto de letramento com textos que tenham função social e sejam significativos para as crianças,  portanto as atividades  fundamentais estão relacionadas a  aquisição da escrita alfabética em um contexto de letramento.
             As  intervenções pedagógicas  nas crianças com níveis pré-silábicos e silábicos de escrita serão atividades como: reconhecimento dos nomes e de outras palavras de forma global/associando-as aos objetos ou seres. Reconhecimento das letras iniciais e finais ( vogais e consoantes), comparar semelhanças e diferenças entre os nomes e outras palavras. Relacionar fonema/grafema das iniciais das palavras. Organizar as letras, tendo como suporte outra palavra ( atividades com letras móveis ou em folhas xerocadas), distinguir letras e números, contar número de letras e sílabas das palavras. Completar com letra e sílaba inicial, escrever de acordo com a hipótese de escrita e intervir nessas hipóteses, até que relacionem fonema/grafema e avancem para o nível alfabético. Vincular o discurso oral e o texto escrito, distinção entre imagem e escrita, reconhecer suportes diferentes de textos distintos, reconhecer as letras como constituintes do texto, introdução à distribuição espacial do texto e da estrutura das frases, localizar qualquer palavra no texto, incluindo verbos , artigos e preposições, usar preferencialmente textos , cujo conteúdo já está memorizado para leitura.        Adaptar quando necessário as atividades dos alunos alfabéticos e realizar parcerias com estes nas atividades mais difíceis para os alunos com níveis iniciais de escrita, estimulando a inclusão e a cooperação entre os alunos.
            Desenvolver o gosto e a fluência na leitura, realizando leituras diárias de livros de histórias, empréstimos de livros, conversas e indicações sobre estes para os outros colegas. Estimular a produção de textos, levando um caderno de meia pauta para casa para desenhar e escrever sobre a história lida e compartilhar essa leitura e desenho com os outros colegas. Realizar também leitura e interpretações de textos individuais tais como: de contos de fadas, fábulas e outras histórias de autores como Mary França, Sônia Junqueira, Ziraldo, etc. Utilizar a leitura de outros gêneros textuais e a sua função social, como: textos informativos, poesias, narrativas, bilhetes, cartas, listas, cartões, etc.  Produções de textos coletivos , desenvolvendo a oralidade e organização do pensamento, para que depois possa expressar o pensamento nas  produções de textos escritos individualmente. Seja uma frase ou pequeno texto.
            Trabalhar a matemática, realizando atividades de construção da noção de número ( relação quantidade/numeral) e  situações–problemas relacionados a adição, subtração, noções de multiplicação e divisão.  Operações matemáticas de adição e subtração com unidades. Ampliar o sistema de numeração decimal até cem. Realizar estas atividades, envolvendo a função da matemática na vida cotidiana dos alunos e de forma concreta e lúdica, como  a contagem do total de alunos na sala, calendário, situações  envolvendo objetos e brinquedos que os alunos utilizam no dia a dia, jogos e brincadeiras , tornando as atividades pedagógicas gráficas mais fáceis de serem compreendidas pelos alunos, material concreto como tampinhas, palitos e material dourado, dinheirinho. Inserir as atividades de matemática nos temas interdisciplinares, quando o tema sugerir. 

      O processo de alfabetização inicia-se pelos nomes próprios, pois agiliza o processo de aquisição da escrita alfabética, por ser algo significativo e, portanto mais fácil de memorizar. São realizadas atividades na rodinha de reconhecimento global dos nomes, das letras iniciais e finais e percepção das diferenças e semelhanças entre os nomes. Em concomitância às atividades com os nomes , são trabalhadas atividades com o alfabeto mostrando que este é dividido em letras que são chamadas de vogais e consoantes, conforme as funções destas letras na sílaba que compõem a palavra. São destacadas as vogais , trabalhando-se os sons iniciais destas nas palavras, assim como a função das vogais nas sílabas ( toda sílaba tem vogal e sem esta a consoante não tem som). São realizadas atividades na rodinha e em folhas. As crianças começam a perceber o significado de sílaba, contando nos dedos quantas sílabas tem o seu nome e dos colegas. São realizadas atividades para completar com a letra e sílaba inicial dos nomes dos colegas, organizar as letras dos nomes, tendo o telhadinho como suporte, copiar os nomes de meninas e meninos, escrever de forma memorizada os nomes dos colegas, agrupar nomes que começam com a mesma letra, contar número de letras e sílabas dos nomes dos colegas,etc.
      As crianças conhecem um pouco da história da escrita, percebendo a necessidade do ser humano de registrar a linguagem, desde a pré-história até os dias atuais realizando atividades de leitura de textos informativos junto com a professora, pesquisas, produção de texto coletivo e de artes com pinturas rupestres do período da pré-história. Percebem que existem muitas outras formas de linguagem e expressão desta , que já sabem ler muitas coisas, como : imagens, símbolos e rótulos. Pesquisam sobre  rótulos e imagens que sabem ler, além de atividades em folhas. É necessário que as crianças conheçam todas as letras do alfabeto e comecem a relacionar o som das consoantes iniciais nas palavras, por isso, é mostrado e falado em interação com as crianças o alfabeto da sala de forma constante, além de atividades em folhas para relacionar o som das consoantes iniciais das palavras. Os alunos confeccionam um alfabeto com nomes próprios e outro de acordo com o tema trabalhado na sala. São realizados pequenos projetos com temas das áreas do conhecimento social e natural (o corpo, alimentos saudáveis, a escola, etc.) e que são do interesse dos alunos, nestes são realizadas atividades de forma interdisciplinar que trabalham a apropriação do sistema de escrita alfabética com palavras do campo semântico estudado, tais como: relacionar fonema/grafema dos sons das letras iniciais dos nomes dos objetos de higiene , completar palavras com as letras que faltam em nomes das partes do corpo, escrever conforme as hipóteses de escrita os nomes de frutas, etc.
       Depois dessas atividades as crianças começam a avançar rapidamente em suas hipóteses de escrita, pois conheceram todas as letras do alfabeto, além de realizar a relação fonema /grafema destas letras , tendo assim suportes para construirem a escrita e em maio avançam para níveis silábicos (com consciência sonora de vogais ou consoantes) e silábico-alfabéticos, porém é necessário sistematizarmos esse conhecimento, enfatizando o som de cada consoante e as sílabas inicias nas palavras. Os alunos ditam palavras que começam com o som da mesma letra (lista de palavras), destacando-se em vermelho a letra e sílaba incial. As sílabas nunca são trabalhadas de forma isolada, mas destacadas a partir da palavra. Elas percebem o que é sílaba, sabendo que cada vez que abrimos a boca sai uma sílaba ( pedacinho) . Realizam atividades em que percebem o som da letra inicial que foi destacada do alfabeto . Outras em que destacam das palavras as sílabas iniciais, escrevendo , lendo estas e descobrindo o grupo silábico da letra , são realizadas atividades de escrita de palavras como, auto-ditados e cruzadinhas, de leitura de palavras em atividades para ler e desenhar ou ler no caça-palavras. Atividades de produção e leitura de textos coletivos , escritas e leituras individuais de frases ou pequenos textos sobre o tema estudado.
      A sequência das letras ( fonemas) , podem ser trabalhadas de acordo com o projeto escolhido ou conforme a turma e a professora combinarem. Em cada letra do alfabeto conversam sobre uma figura relacionada e as crianças fazem pesquisas para aprofundar o conhecimento, além de outras atividades pedagógicas relacionadas aos temas do conhecimento natural ,social e matemático. Nestas atividades as crianças fazem listas de animais mamíferos, aves, tipos de casas, trabalhando-se todos os fonemas , escrevendo-se palavras com sílabas simples e complexas. As crianças ditam as palavras e a professora escreve no cartaz ou chama as crianças para escreverem, depois intervém nas hipóteses dessas. Nas atividades individuais as crianças desenham animais mamíferos, por exemplo, e escrevem de forma espontânea , tendo a intervenção da professora na hipótese do aluno de acordo com cada nível ou se a atividade não for diagnóstica . A apropriação do sistema de escrita , ocorre em um ambiente de letramento em que as crianças percebem a função social da escrita. São trabalhados vários gêneros textuais e seus suportes, tais como: poesias, textos de pesquisa(informativos), histórias ( narrativas), bilhetes , etc. As atividades estão também sempre relacionadas às artes ( plástica, música, dramatização e dança), tornando a alfabetização mais lúdica e prazerosa, além de ampliar o conhecimento cultural das crianças.
      As atividades com sílabas que não são iniciais são apropriadas aos alunos de níveis silábico-alfabético e alfabético. As crianças que estão nos níveis pré -silábico e silábico terão dificuldades em realizar atividades que se referem as sílabas que não são iniciais, principalmente àquelas de juntar as sílabas e formar palavras, no entanto podem realizar as atividades em que percebem o som da primeira letra e escrever esta abaixo do desenho. A sílaba inicial é percebida através do som da letra inicial. Os pré-silábicos irão aos poucos percebendo que cada vez que abrimos a boca sai uma sílaba da boca, e avançam para o nível silábico, só que a sílaba para eles representa uma letra . Para os alunos silábicos, proponho atividades para completar a palavra com a letra inicial , à fim de que relacionem fonema/grafema de vogais e principalmente de consoantes, pois as crianças apresentam mais dificuldades em perceber o som destas. Também são propostas outras atividades, como: trocar as vogais na sílaba transformando a palavra, contar o nº de letras e sílabas, pedir que lêem o que escreveram e colocar tracinhos para completarem com a letra que está faltando na palavra . Estes procedimentos interferem na hipótese silábica desses alunos , promovendo o avanço para os níveis silábico-alfabético e alfabético. Atividades com letras móveis são apropriadas para os alunos com hipóteses iniciais de escrita ( pré-silábicos e silábicos).
      Apesar dessas atividades sistematizarem o grupo silábico de determinada letra , este não é fruto de memorização , mas de idéias construídas logicamente pelas crianças que avançam em seus níveis de escrita, nos quais a intervenção da professora na lógica de pensamento dos alunos os fazem mudar as suas hipóteses iniciais sobre a escrita. Não são apresentadas somente as sílabas simples, mas as complexas também , que são reforçadas à partir do mês de agosto ou setembro. As atividades com chamadinha e nomes dos alunos não são realizadas somente no início do ano.
      Quanto a letra cursiva, as crianças passam a escrever com estas quando avançam para o nível alfabético de escrita. Isto não quer dizer que as crianças não são apresentadas a esta. São apresentadas aos quatro tipos de letras, só não são obrigadas a escrever com a cursiva. A seguir um pequeno texto sobre a utilização da letra de forma na alfabetização.
                                                      
                                                                                  Karla Cristina Carrozzino  Gaudencio

Na alfabetização, a letra de forma é ensinada primeiro que a cursiva
 
      É importante entender porque a criança aprende primeiramente a letrinha de forma e não a cursiva e não simplesmente ensinar só porque a maioria faz assim e dá certo! Realmente, dá certo, mas há uma explicação do motivo pelo qual essa maneira é a melhor!
      A criança está desenvolvendo a motricidade na fase da alfabetização e a letra do tipo bastão é mais fácil para se adequar neste momento. Os rabiscos começam a se endireitar e formar letras.
      As letras de forma são ideais para esta fase, pois os caracteres são individuais e podem ser escritos um após o outro. Os traços são resumidos a pauzinhos aglomerados uns nos outros. Já as letras cursivas exigem uma agilidade maior, uma vez que, além de outras finalidades, são utilizadas para tornar o registro mais rápido.       O traçado simples das letras de forma dão maior liberdade no ato da escrita, ao contrário das “letras de mão” que precisam de uma organização maior. O ato de ligar uma letra a outra também dificulta o processo, pois anula a ação de tirar o lápis do papel e investir as forças na próxima letra, o que ordena um esforço motor maior.
      Além disso, antes mesmo de serem alfabetizadas, as crianças já possuem contato com as letras de imprensa em jornais, na televisão, em livros, gibis. Elas não conseguem ler, mas fica na memória visual das mesmas.
      Logo, a percepção da letra de forma é mais rápida e fácil do que da letra cursiva. No entanto, é importante trabalhar com esta última, assim que o infante se habituar à primeira. Não há problemas se as duas formas coexistirem por um tempo, porque independente da letra o que deve sempre estar em foco é a escrita. Pois mais importante do que a letra que a criança escolhe, é a compreensão da escrita como um ato de comunicação.
·         Por Sabrina Vilarinho
·         Graduada em Letras

Nenhum comentário:

Postar um comentário