QUE AULA SHOW!
Quem
milita na Educação tem ouvido falar muito das “aulas shows”. Eu ficava
me questionando muito se este era o melhor modo de lecionar, se não era
muita papagaiada, até adentrar numa sala de aula. Com o tempo, percebi
que a formação do profissional em Educação só acontece realmente na
prática, não adianta nenhuma forma, ou preparação, para anteceder esse
ato.
Educar é muito diferente de ensinar. Apesar de ambas serem de etimologia latina, o significado é oposto. Ensinar vem do latim in + signo, que quer dizer “pôr um sinal em”, implica um movimento de fora para dentro. Educar vem do latim ex + ducare, que significa “tirar de”, implica um movimento de dentro para fora.
Com
isso, quero dizer que educar é o termo correto quando nos referimos à
Educação e, para que ela verdadeiramente se faça, vale tudo hoje em dia,
inclusive as aulas shows e pintar o nariz de vermelho!
Conversando
com alguns amigos (todos educadores) na Universidade, falávamos sobre a
postura do professor em sala de aula e as atitudes dos alunos:
“Para
ser professor, hoje, a última coisa que ele tem que fazer é
licenciatura! Para ser professor, atualmente, o cara tem que fazer
teatro... As aulas têm que ser mais teatrais do que qualquer outra
coisa!” (Entendendo teatro aqui como representação da vida através do
entretenimento, do lúdico, do brincar fazendo, sem nenhum demérito para
essa grande arte!).
Todos
concordavam entre sorrisos e trocas de experiências valorosas.
Diziam-me para publicar um livro sobre o assunto, pois, numa certa hora,
monopolizei a conversa com as minhas alegrias, minhas frustrações e,
principalmente, com os meus sonhos em relação à Educação.
Frente
a tantas mudanças comportamentais, tecnológicas e culturais, há
professores que querem dar aulas como há trinta anos. Isso não é mais
viável, é óbvio. As expectativas são outras, em ambas as partes.
É
bem verdade que o nível da escola brasileira vem (de)caindo a olhos
vistos. Quando ouço meus pais e avós contando que a Escola Pública era
para aqueles que queriam estudar, que aprendiam a cantar até o hino
francês, estudava latim e grego, que existiam debates literários sobre
autores da Literatura Universal... Vejo que hoje estamos muito aquém da
época das palmatórias! Época triste em que se valorizava apenas o
conteúdo! Tudo bem, eram tradicionalistas e conservadores, mas que saíam
pessoas mais preparadas e respeitavam mais os profissionais do ambiente
escolar, isso ninguém duvida!
Pulando
para os dias atuais, fazer o aluno ter bom comportamento na sala só na
base do “terrorismo”. Muitas vezes não querem nada, não têm interesse
nem leituras prévias, não respeitam ninguém. Queixam-se a quase
totalidade dos professores. Então, há algo errado aí. Temos, nós,
professores, que modernizar. E isso pode se chamar aula show ou aula
interessante ou aula interativa. Seja lá como for!
Qual
o problema de fazer música com as fórmulas químicas, físicas e
matemáticas? Contar piadas sobre o assunto dado para distrair por alguns
minutos? Saber o conteúdo, dominar o assunto, e passar aos alunos de
uma forma que nunca foi feita? Tirar os discentes da sala de aula com
projetos e propostas práticas? Incorporar (com roupas e trejeitos da
época) os personagens literários, os inventores, os cientistas, etc.? E,
acima de tudo, qual o problema de ser amigo do aluno, tratando-o com
afeto, carinho e respeito?
Como
dizia Fernando Pessoa no seu verso mais conhecido: Tudo vale a pena, se
a alma não for pequena! E isso, em se tratando de Educação, vale ouro,
pois o verdadeiro educador não é o que acumula conteúdos nos alunos (de
formas até coercitivas!), arquivando coisas que eles nunca usarão na
vida. Mas é aquele que faz despertar a fome de conhecimentos, o desejo
da busca, sem se preocuparem com vestibulares ou testinhos.
EDUCADOR é aquele que prepara para a VIDA. Esta é a verdadeira aula show!
Gustavo Atallah Haun - Professor.
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